ANÁLISE DA MANOBRA LUSO-BRASILEIRA
- Manobra
Os luso-brasileiros, decidem em Conselho de Guerra não atacar os holandeses em posição nos Guararapes. Isto diante da posição dominante que o inimigo tomara nos Montes Guararapes, dispondo seus regimentos à distância de apoio mútuo, combinado com a superioridade inimiga de aproximadamente 1,4 para 1.
Acertaram, no entanto, manter a coberto das vistas do inimigo o seu dispositivo e efetivo. Isto ao camuflá-los nos alagados e matas abertas. E, tão logo o inimigo se dirigisse para o Recife, ou para o sul, deveriam ficar em condições de atacá-lo.
Através de um judicioso aproveitamento do terreno, dispuseram o grosso de suas forças repartido sobre as alas do inimigo.
Grande parte do Terço de Fernandes Vieira ficou defronte do Boqueirão, em condições de avançar sobre este acidente capital, em caso de retraimento do inimigo, como de fato aconteceu, ou de barrar o grosso inimigo em direção a Muribeca.
Outro grupamento de forças, ao comando de Vidal de Negreiros, ficou defronte à ala direita inimiga, em condições de barrar um avanço para o sul na direção de Muribeca, ou envolvê-lo, em caso de retraimento para o Recife.
- Forma de Manobra
Ataque foi desencadeado em toda a frente, com esforço nas alas, aproveitando-se da surpresa obtida sobre o dispositivo do inimigo, parcialmente organizado para marchar em direção contrária à do ataque, e já em movimento.
- Oportunidade da execução da manobra
A ação deu-se quando a coluna de marcha, formada por dois regimentos, já havia abandonado o Boqueirão e outros dois regimentos deslocavam-se, ainda distantes do Boqueirão abandonado, para integrarem a retaguarda da coluna de marcha e ainda outros dois ainda se encontravam em posição para cobrirem o retraimento.
- Conduta da manobra
Os luso-brasileiros lançaram sobre os holandeses, em curso de mudança de dispositivo, todo o seu poder de combate. Não mantiveram tropas em Reserva, a não ser, segundo Frei Rafael de Jesus, pequenos elementos de serviço e moradores do local, liderados por Barreto de Menezes.
Jogou Barreto, na luta, todo o seu poder de combate: grave decisão.
Os terços, ordenado o ataque, atuaram até o final da batalha com grade iniciativa, dentro de um quadro de aproveitamento de êxito seguido de perseguição. Por esta razão, o Mestre de Campo General Barreto de Menezes não teve oportunidade de intervir na manobra, pois ficara sem reserva compatível.
Durante a execução da manobra, no momento em que Diogo Camarão se sentiu em apuros, diante da ação do Regimento Hauthyn, armado de lanças, foi socorrido pela cavalaria. Esta provavelmente enviada por Vidal de Negreiros cavalaria esta que funcionou, ao que parece, como um segundo escalão de batalha, pela presteza com que acudiu a Diogo Camarão, compensando assim a fraquíssima reserva nas mãos de Barreto de Menezes.
A 2ª Batalha dos Guararapes não possui o classicismo da primeira, caracterizada por uma ruptura seguida de um envolvimento de ala, após criados flancos no dispositivo inimigo.
Ela se caracteriza mais como um aproveitamento de êxito seguido de perseguição, motivada pela surpresa obtida com o ataque sobre o inimigo, no momento em que este se encontrava mudando seu dispositivo de defensiva para coluna de marcha. E por acreditar na debilidade luso-brasileira, seguindo informações de fugitivos do Arraial.