Resende - A Cidade dos Cadetes - 8 de agosto de 2010

 

 

Ilmo. Sr. João Paulo dos Reis Velloso

Presidente do Fórum Nacional

 

       Agradeço a V. Sª o convite para participar do FÓRUM NACIONAL, com entrega prevista aos candidatos e candidatas à Presidência da República, do PLANO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO - A HORA E A VEZ DO BRASIL.

Recebi o convite como sócio emérito do INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO BRASILEIRO (IHGB), mas permita V.Sª manifestar-me como presidente da ACADEMIA DE HISTÓRIA MILITAR TERRESTRE DO BRASIL AHIMTB), instituição que há 14 anos desenvolve a HISTÓRIA DAS FORÇAS TERRESTRES BRASILEIRAS: Exército, Fuzileiros Navais, Infantaria da Aeronáutica, Polícias e Bombeiros Militares.  E de nossa rica e História Militar de cinco séculos, mas insuficientemente inexplorada criticamente, à luz dos fundamentos da Arte Militar para, dela, retirar lições de Arte e Ciência Militar Brasileiras, que foram responsáveis em grande parte pelas dimensões continentais do Brasil e por sua preservação.

Atividade que visa a formação, em Arte e Ciência Militar Brasileira, dos quadros de nossas forças terrestres, e produzir subsídios para o desenvolvimento de uma Doutrina Militar Terrestre Brasileira genuína, como a sonhou em 1861 o Duque de Caxias, como Ministro da Guerra e Presidente do Conselho de Ministros.

Naquela oportunidade, Caxias adaptou a Doutrina Militar de Portugal, de influência inglesa, e coerente com as realidades operacionais européias, às realidades operacionais sul-americanas, que ele vivenciara como comandante militar de quatro campanhas pacificadoras no Maranhão, Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul. E também na guerra externa contra Oribe e Rosas em 1851-53. Dizia ele:

 

“até que o nosso Exército dispusesse de uma doutrina militar terrestre genuína”.

 

Sonho ainda a realizar! E foi o que fizeram as grandes potências, que se tornaram ricas econômica e socialmente, e militarmente fortes.

Isto foi o que aprendemos e lições que ensinamos, de 1978/80, na condição de instrutor de História Militar Terrestre Crítica, na Cadeira de História Militar da Academia Militar das Agulhas Negras.

Lições traduzidas na seguinte síntese:

- PAÍS RICO DEVE SER MILITARMENTE FORTE -

 

E, no caso do Brasil, possuir poder militar dissuasório compatível, para proteger as riquezas das suas AMAZÔNIAS VERDE e AZUL e, nelas, as suas grandes reservas de água e petróleo, alvos de ambições internacionais crescentes.

Desconhecemos existir outra solução para um país econômica e socialmente rico ser militarmente fraco. O Barão do Rio Branco, um diplomata com alma de soldado, preocupava-se com este importante tema.

                  Creio, assim, caber razão de o Brasil ser classificado, pelo historiador e pensador militar brasileiro, General Luiz Eduardo Rocha Paiva, ocupante da cadeira Marechal Humberto de Alencar Castello Branco em nossa Academia, como PSEUDO POTÊNCIA, por estar enriquecendo econômica e socialmente, mas enfraquecendo militarmente, sem dispor, como potência econômica e social emergente, de poder militar dissuasório compatível, ou em desenvolvimento efetivo neste sentido.

Creio que isto deva preocupar o FÓRUM NACIONAL, presidido por V.Sª e deve ser transmitido aos candidatos e candidatas à Presidência da República para que, com o concurso dos militares das nossas FORÇAS ARMADAS e de nossos DIPLOMATAS, carreiras de Estado compromissados com o futuro do Brasil e não com os seus governos, desenvolvam estratégias compatíveis para conciliar nossa  riqueza com o poder militar dissuasório compatível para proteger a AMAZÔNIA E O PRÉ-SAL.

E arrisco-me a ir mais longe, ou seja, formularem-se Estratégias e Planos Militares conjuntos entre os países do Bloco Econômico do MERCOSUL, para o proteger militarmente.

É o que me cumpria como brasileiro e historiador militar, e também jornalista, expor a V. Sª, como Presidente do FÓRUM NACIONAL que, creio, salvo melhor juízo, não pode deixar de lado a sua preocupação com o desenvolvimento do poder militar dissuasório do BRASIL e do MERCOSUL.

A propósito do Soneto 45 de Camões, que abre o PLANO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO, justificando-o, recorremos ao referido texto, que se aplicaria ao Plano de Desenvolvimento de uma DOUTRINA MILITAR TERRESTRE BRASILEIRA, compatível com um BRASIL-POTÊNCIA ECONÔMICA E SOCIAL:

 

“A disciplina militar prestante

Não se aprende, Senhor, na fantasia,

Sonhando, imaginando ou estudando,

Senão vendo, tratando e pelejando”. (Os Lusíadas)

 

Traduzindo este pensamento para nossa realidade militar, a Doutrina Militar Terrestre Brasileira não se formulará na fantasia, sonhando, imaginando ou estudando, senão analisando criticamente nosso passado militar de cinco séculos, à luz dos fundamentos da Arte e Ciência Militar. E isso isolando as lições de nossas seculares pelejas predominantemente vitoriosas, testando-as em manobras militares e regulamentando-as em um Corpo de Doutrina Militar Terrestre Brasileira.

 

Atenciosamente,

 

 Acadêmico Emérito Cláudio Moreira Bento, Coronel

Presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil e

Sócio Emérito do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro

End: ACADEMIA DE HISTÓRIA MILITAR TERRESTRE DO BRASIL

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