O GAÚCHO QUE COMANDOU A FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA NA 2ª GUERRA MUNDIAL 
                 E  CONSIDERADO A MAIOR ESPADA DO BRASIL REPUBLICANO

 

   

Coronel Cláudio Moreira Bento(X)

 

Em 13 de novembro de 2015 transcorre o aniversário  de nascimento do Marechal João Baptista Mascarenhas de Morais, de família modesta e sem tradição militar, na castrense São Gabriel que ele ajudou a consagrar como a terra sulina dos marechais e dos historiadores militares. Coube-lhe a suprema honra, na Guerra Mundial, (II GM) em fun­ção de Acordo Militar Brasil-Estados Unidos, de comandar as principais ações militares do Brasil, levadas a efeito contra o nazi-fascismo.

Primeiro ao bem organizar a defensiva no Nordeste, “O Tram­polim da Vitória”, e a proteção dos seus portos e das bases aéreas americanas, em Natal e Recife, e a ilha de Fernando de Noronha, con­tra um ataque alemão, partindo da África, até a conquista desta pelos Aliados.

Segundo, ao comandar, em Ofensiva, na Itália, a vitoriosa ação da Força Expedicionária Brasileira (FEB). Histórica e gloriosa missão que ele classificou antes de partir de,  “a maior aventura da História do Brasil e do Povo Brasileiro” , depois classificado , pelo Congresso Brasileiro “ De o mais brilhante empreendimento militar do Brasil na República”.

Atuação  brilhante, pela qual o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro IHGB), a Casa de Memória Nacional, em sua função de Tribunal da História, consagrou  Mascarenhas de Morais, “ Como herói nacional e, recomendá-lo como exemplo de patriota moderno.”Se o Duque de Caxias, sócio honorário do  IHGB, instituição   que abriga desde 1925, sua heróica e invicta espada de campanha, é o maior sol­dado do Brasil e a maior Espada do Império. Mascarenhas de Morais é o maior soldado da República e, ambos os líderes militares provi­denciais com que contou a Pátria Brasileira, em três dos seus mais graves momentos, para conduzir o Brasil à Vitória, em guerras exter­nas, a que foi forçado, contrariando a sua tradição pacifista e de re­púdio à Guerra de Conquista.Caxias, hoje patrono do Exército e da Federação de Academias de História Militar Terrestre do Brasil(FAHIMTB), na condução das guerras contra Oribe e Rosas 1851-52 e da Tríplice Aliança contra o Governo do Paraguai 1865-70, em defesa da Integridade e da Soberania do Brasil. O Marechal Mascarenhas, na primeira guer­ra extracontinental que o Brasil independente participou, ao lutar na Itália e fazer muito boa figura, em aliança ou contra, representações dos mais modernos e melhores exércitos do mundo, presentes na Eu­ropa Ocidental, no maior conflito da História da Humanidade, em de­fesa da Democracia e da Liberdade Mundiais.À medida que passam os anos, a semelhança de Caxias, que foi o seu modelo em vida, vem se agigantando a projeção da vida e obra do nosso Marechal “que somente viveu do Exército, para o Exército ao serviço do Brasil, na paz e na guerra, até o sacrifício sem reservas e vacilações” -Em função disso, nosso herói recebeu justas e honrosas homenagens tais como: Do povo norte-americano três citações pre­sidenciais, consagradoras de sua obra como Cabo- de- Guerra de proje­ção internacional; Dos gaúchos a , oferta de Espada de Ouro — hoje no Museu da República. Honraria concedida antes ao General Osório , também gaúcho  e o maior líder de combate de nossa História. E, do Povo Brasileiro, através da Assembléia Constituinte em 1946, a concessão das honras de Marechal- de- Exército e, do Congresso e Executivo do Brasil , em 1951, (Lei nº 1.448, de 10 dez 51), a sua reversão ao serviço ativo, em caráter vitalício, no posto de Marechal- de- Exército.Honraria igual à concedida depois da 1ª Guerra Mundial, pela França, aos seus marechais que a conduziram à Vitória e, pelos Esta­dos Unidos, ao General John Pershing, que comandou os americanos naquela guerra, na Europa.O nosso marechal faleceu em 17 set 1965 aos 85 anos, cercado de todo respeito do Exército e da Nação e da veneração de seus coman­dados da FEB que ele liderou e por eles se interessou até falecer. Isto, com a consciência tranquila de haver trasladado da Itália, os mortos na campanha da FEB, para o monumento condigno aos Mortos do Brasil na 2ª Guerra Mundial, que idealizou e construiu sob argumento: — “Eu os levei para o sacrifício cabe-me trazê-los de volta”.Exímio e edificante do maior soldado brasileiro con­temporâneo, e cumpre-nos realçar os relevantes serviços que prestou ao desenvolvimento da Cultura, ao culto às Tradições militares nacio­nais, da Geografia e da História do Brasil.Como comandante da Escola Militar 1935/1937, quando no Realengo, oficializou, estimulou e di­namizou as bibliotecas Central, a dos Cursos das Armas e Serviços e da Sociedade Militar Acadêmica, integrada por Cadetes, Sociedade entre outros presidida pelos cadetes Aurélio de Lyra Tavares e Jarbas Passarinho, ambos hoje patronos de cadeira na FAHIMTB e, criou, outras especializadas. Tudo visando, a despertar nos futuros ofi­ciais, o gosto pela leitura e o recurso ao autodidatismo no aprimora­mento da Cultura Geral, Profissional e Especializada.Na fase Defensiva do Nordeste ,contra um possível ataque alemão par­tindo da África, foi buscar inspiração, para si e para seus comanda­dos, nos Montes Guararapes, através de cerimônia cívico-militar memo­rável, de trasladação para a igreja, mandada construir pelo general vencedor daquelas memoráveis batalhas, dos restos mortais dos he­róicos Fernandes Vieira e André Vidal de Negreiros.Montes. Guararapes desde 21 de abril de 1971 inaugurado como o 1º Parque Histórico Nacional , pelo Presidente Emílio Médici. Parque Histórico do qual  recebi a honrosa missão como oficial do Estado – Maior do VI Exército de coordenar o seu Projeto, Construção e Inauguração e, escrever como missão o meu 1ºlivro As Batalhas dos Guararapes Descrição e Análise Militar. Recife: UFPE, 1970.Ao retornar da Itália, vitorioso, foi depositar os louros conquista­dos pela FEB, nos Montes Guararapes, proferindo palavras memorá­veis e antológicas que desde a inauguração do Parque Histórico Na­cional dos Guararapes, em 1971, encontram-se inscritas, em bronze, em local de destaque ao mesmo nível da Igreja N. S. dos Prazeres.Como demarcador das novas fronteiras, do Brasil com a Bolívia, no Acre e Mato Grosso,  decorrentes do Tratado de Petrópolis de 1903, prestou assinalados e relevantes serviços à Geografia do Brasil. Sua obra específica merece respeito e consagração dos brasileiros e em especial dos seu conterrâneos do Rio Grande do Sul.Prestou meritório serviço à Memória Nacional, ao produzir as obras A FEB por seu comandante e Marechal Mascarenhas de Moraes — Memórias, 2v, fontes preciosas de nossa História Contemporânea que o consagraram como patrono de cadeira da Federação de Academias de História Militar Terrestre (FAHIMTB) que fundamos em Resende em 1º de março de 1994 , no aniversário do término da Guerra do Paraguai. FAHIMTB .desde então acolhida em instalações da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) que ele comandara no Rio de Janeiro como Escola Militar do Realengo.Elas, ao lado de trabalhos históricos que produziu, focalizando o Duque de Caxias como a Maior Espada do Império e o General Gamelin, primeiro chefe da Missão Militar Francesa (MMF), no nosso Exérci­to, também o consagram como historiador militar. Revelam uma consciência histórica cristalina, serena e equilibrada dos tempos que viveu e teste­munhou, fruto de segura, madura, honesta e muito franca interpreta­ção. As suas Memórias, em particular, constituem uma das mais sere­nas e claras fontes da História do Exército, como Instituição e Força Operacional, no contexto de Reforma Militar. E, mais, indispensável item na bagagem e cabeceira dos oficiais, como um guia do Oficial do Exército Brasileiro. Elas traduzem a vivência militar de quem é hoje padrão, símbolo e patrono espiritual do soldado brasileiro moderno.Além de exemplo de ilustre e exemplar cidadão, cabo-de-guerra estu­dioso, dedicado, simples e corajoso.E para Menotti del Pichia —  “o Marechal historiador”, que ajudou a fazer e a escrever, um dos mais belos capítulos da História Contemporânea, ao comandar a FEB, na 2ª Guerra Mundial.

     Infância e o despertar para a carreira das Armas

Jango, como era conhecido em família, recebeu influência cultu­ral e espiritual de seu avô materno, pelotense que estudou no Caraça, em Minas. Seu avô venceu na vida, tornando-se estancieiro próspero em São Gabriel, onde foi vizinho e amigo de Deodoro da Fonseca. Sua infância foi feliz. Aos 10 anos, a Revolução Federalista de 93, com seus barbarismos, obrigou-o a imigrar para Porto Alegre, em companhia dos pais, com significativa perda patrimonial. Em Porto Alegre  durante o dia, auxiliava a mãe numa padaria, enquanto o pai percorria o Rio Grande como caixeiro-viajante. À noite estudava, visando a Escola Preparatória e Tática do Rio Pardo, cedendo à vocação de soldado. Esta, despertada na infância, “ao deslumbrar-se com o brilho das es­padas, o vibrar de clarins e com os desfiles do Regimento de Mallet, aos domingos, para assistir missa na Matriz”. E, como era tradição no Império, “com suas fardetas ajustadas, guritões de verniz, gravatas de couro e calças alvíssimas”.

Iniciou carreira militar, em 1º de abril de 1899, na Escola Tática do Rio Pardo, em turma de civis, onde se destacava, escreveu, “a fi­gura minúscula, como eu de Bertoldo Klinger,”

Em Rio Pardo foi meu calouro, escreveu, “Getúlio Vargas, senhor já daquele sorriso que nunca o abandonou”.

Sobre esta escola publicamos e parceria com o Cel Luiz Ernani Caminha Giorgis a obra Escolas Militares de Rio Pardo 1859/1911.  Porto Alegre:AHIMTB/Gênesis, 2005, que resgata a vida nesta Escola dos alunos Getúlio Vargas, Eurico Gaspar Dutra e Bertoldo Klinger. Este  memorialista que nos ajudou neste resgate, o mais difícil que enfrentamos, por carência de fontes primárias

Ele concluiu a escola com destaque, no início de 1902, quando to­mou contato com o Rio, terra adotiva, como aluno da Escola Mili­tar da Praia Vermelha. Ali foi colhido, ao final do 3º ano, pela Revolta da Vacina Obrigatória de 1904, que se recusou, de pronto, como pou­cos, a participar. Fechada e extinta a Escola, foi mandado apresentar-se à tropa como soldado raso de Infantaria e logo a seguir de Artilha­ria na Fortaleza de São João. Ali colheu através do, sargento Fontoura, um correto exemplo de profissional modelar e consciente. Em 23 de agosto de 1905, após exames, foi de soldado a alferes-aluno, posto lembrança, do que classificou de “ De um Exército de teó­ricos” à cuja última turma pertenceu. Aliás, denominação abandona­da, desde então, em função do Regulamento de 1905, pela atual de Aspirante a Oficial. Regulamento que transformou o episódio político da Revolta da Vacina, na maior revolução doutrinária ou cultural do  Exército. Isto por se constituir em ponto de inflexão do Ensino Militar, de bacharelismo, para profissionalismo militar. E, na prática, por ele­var os padrões de operacionalidade do Exército, dos descoloridos e tristes de Canudos e Revolução Federalista, para os destacados pa­drões atingidos pela FEB, que Mascarenhas teve a honra e o privilegio cívico de conduzir à Vitória, na Itália.

Coube-lhe assim, como representante da última turma do bacha­relismo, da Praia Vermelha, impregnada por um Positivismo mal in­terpretado no Campo Militar, dar a volta por cima e tornar-se o maior expoente do profissionalismo militar, ao comandar a FEB.

Demarcador de fronteiras no Brasil- Bolivia no Acre

Sua primeira missão foi na demarcação das fronteiras com a Bolívia, no Acre e Mato Grosso, em função do Tratado de Petrópolis se 1903. Nela demorou-se cinco longos anos. Percorreu os vales dos rios da Prata, Paraná, Paraguai, Madeira, Abunã, Xipamano, Rapina e Ama­zonas. Num intervalo da missão cursou Engenharia e Estado-Maior. Como engenheiro praticou na construção do Forte Copacabana. Acu­sou de ridículo e pretensioso o Ensino Militar da época, ao conferir a um 2º tenente o título de oficial de Estado-Maior.Este  modificado, pela Missão Francesa, ao entendimento atual. Conseguiu driblar a malária e aumentar suas rendas para auxiliar seus pais e realizar o sonho de constituir família. Consciente, de forma clara, dos momentos históri­cos que viveu, registrou a coincidência de quatro conterrâneos  gabrielenses terem ti­do participação ativa na incorporação do Acre ao Brasil. Gentil Nor­berto, ao iniciar a Revolução Acreana; Plácido de Castro ao colocar-se frente do movimento armado e torná-lo vitorioso; o diplomata e juris­ta J. F. Assis Brasil, como negociador plenipotenciário, junto com Rio Branco, do Tratado de Petrópolis de 1903 e, finalmente, ele Mas­carenhas de Morais, como um dos demarcadores das novas fronteiras com a Bolívia, no Acre.

Início de suas ligações sentimentais

De retorno da demarcação no Acre, em 1915, teve lugar duas fortes ligações sentimentais: — Primeiro o casamento com sua conter­rânea Adda Brandão com quem viveu ligação modelar e teve um casal de filhos. A segunda, sua ligação com o Regimento de Artilharia Montada — Grupo Floriano, onde penetrou afetivamente nos mistérios de Artilharia, inclinação despertada na infância à vista do heróico e legendário Regimento Mallet e por ouvir suas bélicas tradições. Ali foi guia seguro e esclarecido — o seu amigo desde o Rio Pardo — o Capitão Bertoldo Klinger, que cursara, de forma brilhante, Artilharia no Exército Alemão.

Era a época da Revolução Cultural levada a efeito na Defesa Nacional entre outros, por Klinger, Leitão de Carvalho, Euclides Fi­gueiredo, Paula Cidade. Klinger e Paula Cidade eram gaúchos Klinger filho de Rio Grande e Paula Cidade porto-alegrense e meu patrono no Instituto de Geografia e História Militar do Brasil e ambos hoje patronos de cadeiras numeradas na FAHIMTB.

Consciente disso e das constantes intervenções da Escola Militar na vida política do Brasil, desde a campanha republicana, no Império, o Coronel Mascarenhas de Moraes fez um levantamento de todos os movimentos ocorridos em escolas do Exército (Praia Vermelha, Rea­lengo, Porto Alegre e Rio Pardo). Determinou suas causas e tratou de erradicá-las.

Ao eclodir a desastrada, Intentona Comunista de 1935, empregou os cadetes na erradicação do foco na Escola de Aviação, em apoio à ação da Vila Militar e à reação liderada pelo então Tenente- Coronel Eduardo Gomes, no Re­gimento de Aviação.

Coube a cadetes render e conduzir à sua presença, na Escola Mili­tar, os dois principais chefes do levante na Escola de Aviação e conduzi-los, presos, à Região Militar.

O dia 27 nov 1935, foi também marco da erradicação de revoltas da Escola Militar, fruto da manipulação externa, da pureza e roman­tismo cívico da juventude militar, combinada com desassistência inter­na. Sobre isto registrou o Coronel Mascarenhas: “

Sob o meu coman­do, pela primeira vez no Brasil, os alunos da Escola Militar saíram do quartel para defender a ordem e as instituições”.

 Mediante assistência dedicada e permanente, diligenciei no sentido de que os cadetes, futu­ros chefes, fossem preservados da deformação mental provocada pelo espírito revolucionário extremista, apregoado pelo Comunismo e Inte­gralismo. Foram sobretudo orientados e instruídos no respeito à Lei e à Disciplina, fundamentos de todo o Ordenamento Jurídico do Brasil.

Em janeiro de  1936, dirigiu em presença do Chefe da Nação, aos aspi­rantes da turma de 1935, saudação que chamou de “Modesto Catecis­mo” com 15 itens, para orientar a vida dos aspirantes e que conserva até hoje grande atualidade.

Dele destaco 4 conselhos, fruto de reflexão madura duma vivência militar de 35 anos. Conselhos de um chefe extremamente responsável e mais do que isso o pai de um dos cadetes em forma:

-“Ampliai vossa cultura profissional, em proveito próprio e no do adestramento da Tropa que comandais.” (Cultura e Operacionalida­de).

-“Economizai e conservai, com carinho, os bens da Fazenda Na­cional e em especial o material de guerra que além de caro è diminuto para nossa necessidade. (Economia e zelo pelos bens da Nação).

-“ Sede brandos e justos para com vossos comandados, subordi­nados e leais para com os superiores, severos convosco, abnegados no serviço, tudo na forma sublime do sacerdócio militar.” (Justiça, Lealda­de dar o Exemplo Carreira Militar Sacerdócio).

-“ Senti bem a força de vossa autoridade, sem vos esquecerdes de que ela é uma delegação do próprio Estado, através de todos os esca­lões da Hierarquia. Ela emana da Soberania Nacional e, como tal, só se exerce em defesa do Brasil e de suas Instituições” (Autoridade Militar é Delegação para Defesa da Pátria).

Modesto Catecismo tambem ouvido  aspirante Carlos de Meira Mattos, mais tarde seu capitão na FEB, seu amigo, prefaciador de suas Memórias, e hoje seu biógrafo, e considerado uma das maiores autoridades em Gepolitica do Brasil e também ex- comandante da AMAN e o primeiro a tomar posse como acadêmico da FAHIMTB, inaugurando a cadeira numerada Marechal Mascarenhas de Morais, cadeira hoje que tem por titular seu único neto o acadêmico Cel Art Roberto Mascarenhas de Morais

E mais, pelos cadetes do ano, entre os quais o seu próprio filho Roberto Brandão Mascarenhas de Moraes. No ano, formavam, entre outros, os cadetes João Baptista de Oliveira Fi­gueiredo e Délio Jardim de Mattos.

Dentre os capitães e tenentes que integraram a FEB muitos foram seus ex-cadetes na Escola Militar.

Pelo Boletim Escolar nº 31 de 06 Fev 1937, reconheceu e ficiali­zou a Biblioteca Escolar, bem como as dos cursos da Sociedade Aca­dêmica. Autorizou os departamentos de Equitação e Educação Física a organizar bibliotecas especializadas.

Seu gesto sucedeu de um ano ao da criação do Instituto de Geo­grafia e História Militar do Brasil, do qual é patrono da cadeira nº 79. Antecedeu um ano, a reorganização da BIBLIEX com o espírito, então, de dar preferência a trabalhos de militares do Exército, para es­timular o surgimento de novos escritores militares e apoiar, com bi­blioteca de consulta, os militares da Guarnição do Rio. Tudo como parte de um contexto de apoio e estímulo ao desenvolvimento e difu­são da corrente do Pensamento Militar Brasileiro que emergiu da Reforma Militar e a orien­tou. Pensamento visando o longo prazo, a formula­ção de uma Doutrina Militar Brasileira genuina. Sonho que vinha sendo sonha­do e perseguido por Caxias, Deodoro, Floriano, Medeiros Mallet, Hermes e Clodoaldo da Fonseca, e pelos “Jovens Turcos” da Revista a Defesa Nacio­nal, os veteranos de nosso Exército, que lutaram ao lado da França na Guerra, os missionários indígenas da Missão Indigena da Escola Militar do Realengo 1919/1921, os pensadores militares J.B. Magalhães e Castelo Branco e muitos ou­tros, que seria exaustivo enumerar, até 1945.

Como outros eventos marcantes de seu comando na AMAN registre-se:

O recebimento do Espadim de Caxias, das mãos do Presidente Getúlio Vargas, pelo primeiro recipiendário do Espadim de Caaxias a atingir a Presidência da Nação e a Chefia Suprema das Forças Armadas o ex-Presidente General  João Figueiredo. Envio de representação de um Pelotão de Cavalaria a Porto Alegre, para o Centenário da Revolução Farroupilha.Definição de 23 de abril, data início do funcionamento da Academia Real Mili­tar em 1810, como data oficial do aniversário da AMAN.Consagração da Escola Militar como Campeã Universitária de Atletismo e, finalmen­te, incorporação à Escola, em 25 fev 1937, do bronze “Pela Pátria, pela Humanidade”, alegoria ao gesto heróico do Aspirante Humberto Pi­nheiro Vasconcelos, que deixou mutilar sua mão e braço, colocado do lado de fora da sala, por uma janela.  para evitar que granada de mão, acionada acidentalmente, atingisse a tropa que instruía numa sala.

A partir de 1936, o Coronel Mascarenhas registrou o brilhante auxílio que passou a receber do então major Tristão Alencar de Arari­pe, emérito instrutor da Tática Geral na ECEME, como seu Diretor de Ensino, personalidade que destacou-se na 2a. Guerra Mundial na defesa de Fernando de Noronha e depois, como historiador e Presi­dente, diversas vezes, do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil, além de membro do IHGB e comandante da Es­cola de Estado-Maior, e também um grande defensor do ensino de História Militar Crítica à luz dos Fundamentos  Ciência e da Arte Militar e não como História Descritiva.

Atuação na 2ª Guerra Mundial

A ação de nosso herói moderno foi providencial, relevante e vito­riosa na II GM. Tanto nas fase Defensiva no Nordeste  e na Ofensiva na Itá­lia, em resposta ao acordo Militar Brasil — EUA (Mar 1942).

Na fase Defensiva, como comandante da 7ª  Região Militar, no Recife para:

Assegurar a integridade do Nordeste “O Saliente Nordestino” in­cluído no cinturão de Defesa Estratégica dos EUA, contra possível ata­que alemão partindo da África”, até que ocorreu o desembarque vito­rioso americano naquele Continente.

O correto e eficaz desempenho dessa missão é atestado pela cita­ção do presidente dos EUA — Franklin Delano Roosevelt, ao conceder-lhe a Ordem da Legião do Mérito:

Conduta excepcionalmente meritória, de setor que incluía bases aéreas e portos. Organizou e dirigiu a defesa dos mesmos quando era constante a ameaça de ataques. Sua previsão, excelente critério, inicia­tiva, habilidade para organização, faculdade inventiva e superior dire­ção, contribuíram de maneira inestimável para a continuação do es­forço de guerra no Nordeste”.

Nessa honrosa missão teve o concurso de cerca de 50.000 milita­res. Entre eles alguns historiadores do IHGB.. O primeiro , o general Estevão Leitão de Carvalho que lhe “fez inspeção severa e preciosa com obser­vações úteis e plausíveis”. O terceiro, após ter deixado o Nordeste,  o General Tristão de Alencar Araripe, no comando da defesa de Fernando de Noronha “A guarnição sacrifício”, cujos 99 canhões 152, desembarca­dos em trabalhos hercúleos e épicos, pelos pontoneiros do 4º Batalhão de Engenharia de Combate de Itajubá, que tive a honra de comandar em 1981/82. Canhões que  foram instalados e apontados, pelo nosso estimado confrade nos IHGB e IGHMB General Francisco de Paula Azevedo Pondé, também Presidente do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil e hoje Patrono de cadeira na FAHIMTB.

Na fase Ofensiva, coube-lhe conduzir a FEB à vitória, nos cam­pos da Itália. Feito maior que trataremos sinteticamente por se achar bem preservado e divulgado e com suas fontes significativamente arro­lados, pelo  Coronel Francisco Ruas Santos, expedicionário da FEB e introdutor na AMAN em 1961 do ensino de História Militar Crítico à luz dos fundamentos da Arte e Ciência Militar Trabalho editado pela BIBLIEX, sob o estímulo de seu diretor, à época e também nosso ilustre consócio, Ge­neral Umberto Peregrino que se preocupou em editar trabalhos sobre a FEB e que apoiou o Marechal, através da BIBLIEX, na primeira ce­rimônia, realizada no Monumento aos Mortos da 2ª GM, ainda em construção.História da FEB cujas fontes primárias reunimos numa sala especial no Arquivo Histórico do Exército quando o dirigimos em 1985/1991, sendo Secretário do Exército o hoje Acadêmico Emérito Gen Ex  Jonas de Morais Correia Neto, ocasião em que conseguimos mudar o nome de Arquivo do Exército para Arquivo Histórico do Exército , com sua missão definida em placa de Bronze em sua entrada Atuaram em apoio ao Marechal mais três ilustres consócios e che­fes militares, primeiro o general Estevão Leitão de Carvalho, como re­presentante do Brasil na Comissão Mista Brasil — EUA, intermediário entre os dois governos, em tudo que se referia à FEB e ex-comandante da Escola de Estado-Maior. Segundo, nosso confrade no IHGB ,o então tenente-coronel Nelson Lavanére- Wanderley, pioneiro do primeiro vôo do CAN, e hoje seu patrono e também patrono de Delegacia da FAHIMTB em Santos Dumont -MG, e como integrante da comitiva do Marechal na África, para os primeiros con­tatos com oficiais dos EUA no TO do Mediterrâneo e que permaneceu naquele TO, como Oficial de Ligação de Aeronáutica das forças brasi­leiras com as norte-americanas.

Em terceiro lugar, o então tenente-coronel Aurélio Lyra Tavares, integrando a Chefia do Estado-Maior do Interior no Brasil, encarrega­do de assuntos relacionados com a FEB, na Itália, cujos detalhes nos fornece em sua obra o Brasil de minha geração v.2 e que, na qualida­de de Ministro do Exército, baixou ato em 1968, incluindo foto e da­dos sobre o Marechal, no Almanaque dos Oficiais do Exército, logo a seguir a página reservada ao Duque de Caxias — como Patrono do Exército.

Além das vitórias colhidas na FEB, pelo Marechal Mascarenhas e os cerca de 25.000 brasileiros que comandou (militares do Exército e Força Aérea, enfermeiras e civis do Banco do Brasil) merece destaque o grande feito pouco percebido e enfatizado, mesmo por especialistas. Feito semelhante ao milagre da transmutação da água em vinho! Ele consistiu na adaptação da FEB na Itália, da Doutrina Francesa em im­plantação há 24 anos no Brasil, para a Doutrina Americana, graças à criatividade e adaptabilidade do soldado brasileiro e o valor de chefe do Marechal.

Doutrinas com diferenças gritantes em seus processos e equipa­mentos. A americana baseada na motorização, no fuzil Garand, nos canhões anticarro, 105 e 155, na observação aérea, etc, coisas desconhecidas do Brasil, com seu Exército hipomovel, voltado para a Defesa das fronteiras Sul e Oeste e não para uma Expedição Ultra Marinha.

Durante a campanha, Mascarenhas tomou duas decisões históri­cas de grande repercussão na sucessão de vitórias da FEB, segundo Meira Mattos.

A primeira, foi a centralização do comando, depois dos insuces­sos de Monte Castelo, particularmente o preparo e conduta das opera­ções de combate. Daí por diante, as ações da FEB, foram conduzidas com sucessos assinalados pelas vitórias de Monte Castelo, Castel Nuevo, Montese, Coléchio. Sobre isto escreveu:

“A FEB somente passou a resplandecer no cenário da guerra, quando centralizei em minhas mãos o comando periclitante de nossa Divisão Expedicionária”.

A situação traz-me a lembrança a conduta da guerra do Paraguai, até o desastre de Curupaiti, que determinou a ida de Caxias para assu­mir o Comando Único e Centralizado.

À primeira vista é uma preciosa lição da História Militar do Bra­sil. É um assunto importante a ser analisado como lição.

A segunda, foi embarcar a Infantaria nos caminhões da Artilha­ria, na fase da Perseguição as forças inimigas em retirada. O Marechal foi formado na era hi­pomóvel.

Esta decisão determinou a Surpresa Tática das unidades alemãs que tiveram a retirada cortada pela FEB, através do rio Pó. Isto resul­tou na rendição de 15.000 alemães e o abreviamento da campanha.

Este feito traz à lembrança a manobra desbordante de Caxias, de Piquicirí, através do Chaco, com o desembarque de Surpresa, em Santo Antonio, entre o grosso adversário e a capital Assunção.

Por sua brilhante atuação no comando da FEB, Mascarenhas de Morais foi alvo das citações do Presidente dos Estados Unidos cujo termos sintetizo:

Demonstrou em grau superlativo, habilidade, liderança e coragem. Conduziu a FEB por 299 dias de ação contínua, contra o inimigo, sob intempéries por ela desconhecidas. Suas tropas fizeram cerca de 20.000 prisioneiros. Cumpriu todas as missões recebidas dos oficiais do Exér­cito dos EUA, sob cujas ordens serviu, demonstrando suas magníficas qualidades de líder de combate.”

A outra citação:

 “Dirigiu hábil e corajosamente operações contra resistências sob condições adversas do Terreno. Neste afã se expôs a grave perigo nas áreas avançadas. Pela sua vigorosa e sábia direção a FEB mostrou adaptabilidade e zelo na execução de cada missão. O largo conhecimento profissional e habilidade para cooperar e coorde­nar com as unidades aliadas, envolvidas nas operações, granjearam-lhe créditos e estão em acordo com as mais altas tradições dos exércitos aliados”.

Do Povo Brasileiro recebeu consagração através de Projeto Lei 115 de 1948 do Congresso Nacional, assinado por 143 deputados, en­tre os quais foram sócios do IHGB, general Jonas Correia e Afonso Arinos, Foi também deputado signatário  Euclides Figueire­do, Jovem Turco e Missionário Indígena, e pai do ex- Presidente General João Figueiredo

Projeto transformado na Lei nº 1.488 de 10 de dezembro de 1951, sancionada pelo seu antigo calouro do Rio Pardo, o então Presi­dente Getúlio Vargas e com seguinte espírito:

 Investidura no posto de Marechal- do- Exército, reversão e per­manência no Serviço Ativo até morrer. Na justificação do projeto seus signatários se expressaram entre outros nos seguintes termos:

“Sob seu bravo comando a FEB realizou os mais gloriosos feitos. Onde quer que tenha atuado antes da guerra, deixou a marca de uma forte individualidade e de militar dotado das virtudes essenciais à pro­fissão de soldado. Democrata nas idéias e nos hábitos, discreto, inimi­go do ruído em torno de seu nome e atos. Modelo em resumo, do ofi­cial completo para quem o serviço da Pátria é o objetivo supremo da existência.

Na direção das tropas, no estrangeiro, longe da Pátria, mostrou, finalmente, como era de fato incomum a sua capacidade de chefe mili­tar e de esplêndido condutor de homens. Capacidade de comando re­velada pela  ascendência sobre os subordinados, baseado no exemplo e na confiança que soube conquistar, pela prática das verdadeiras virtu­des militares e provas positivas e permanentes das qualidades de chefe.”

 

Significação histórica

O Marechal Mascarenhas de Morais, — é símbolo e padrão do soldado brasileiro moderno. Comandou à vitória forças brasileiras, na Itália, no esforço de guerra dos Aliados na 2ª Guerra Mundial, que culminou com a derrocada ameaça nazi-fascista, no maior conflito da Humanidade.

Por esta razão, principalmente, conquistou lugar de grande rele­vo, entre os maiores guerreiros do Brasil, cultuados, evocados e apon­tados como exemplos à Nacionalidade,

Nosso marechal conheceu em vida a glória e a consagração, como herói nacional militar, em demonstrações espontâneas oportunas e jus­tas de parte do Povo Brasileiro e do Exército do Brasil. Iniciando a vida militar, como aluno, passou pela graduação de soldado raso e atingiu a culmi­nância da Hierarquia militar no posto de Marechal, por vontade sobe­rana do Povo Brasileiro. Esta, manifestada através do Congresso Na­cional. Por vontade desse mesmo Povo Brasileiro  reconhecido, teve o privilégio da vitaliciedade no Serviço Ativo e o de ser soldado na Ativa por 65 anos, até morrer.

Sua espada honrada só foi desembainhada em defesa da Lei, da Ordem e das Instituições, no campo interno, e da Democracia e da Li­berdade Mundial, no campo internacional. Prestou assim brilhantes serviços, de grande projeção no Brasil, em sua marcha rumo à con­quista de seu destino de grandeza.

Concentrando no comando da FEB, na Itália, e no retorno vito­rioso da mesma, grandes poderes legais e, potenciais de fato, em suas mui dignas mãos, jamais abusou dos mesmos, virtualmente soldado, não cedeu às tentações políticas, em que caíram vários generais, ao re­tornarem cobertos de glórias do campo de batalha, conforme o regis­tra a História da Humanidade.

Suas glórias imortais e consagradoras, como a maior espada até o presente, da República, ele as conquistou com soldados tropicais no montanhoso e por vezes nevados campos de batalhas na Itália, já se­xagenário, e na condição, de o mais velho general Aliado em campa­nha, naquele Teatro de Guerra.

Lá, segundo seu Oficial de Operações, o então Tenente-Coronel Humberto Castello Branco, nosso herói afrontou a morte, com sereni­dade, expondo-se aos lances e perigos da guerra, com característica de Ato de Bravura. Esta, reconhecida, em citação do Presidente Harrry Truman dos EUA. Bravura capaz de justificar a concessão de medalha específica a “única que não recebeu e que mereceu mais do que ninguém” e que completariam as suas 27 condecorações, das quais 11 nacionais e 16 internacionais.

Escolhido por sua ciência e virtudes para comandar a FEB, se­gundo o acadêmico Menotti dei Pichia, “o Marechal que aliava dignidade à bravura, transformou aquela força, de um punhado bravos, num corpo de combate, homogêneo, eficiente, não raro audaz e impetuoso que nos trouxe as vitórias de Castel Nuevo, Montese, Fornovo e o instante épico de Monte Castelo que iluminou de glória: as virtudes do soldado brasileiro”

Nosso Marechal à frente da FEB, e a História o comprova, revelou ao Brasil, um espírito superior : ao chamar a si a responsabilidade do revés e dividir os louros da vito­ria. Mostrou-se modelar como chefe e líder militar brasileiro, consciente e alto grau de seus deveres e responsabilidades em sua histórica missão de “comandar a maior aventura militar do Brasil na República ”. Ele, revelou calma, equilíbrio intelectual e emocional no insucesso e hu­mildade e modéstia na vitória. Foi organizador silencioso, discreto, meticuloso e previdente. Estrategista e tático inspirado. Planejador só­brio e objetivo. Condutor sereno, tenaz, enérgico, perseverante, estói­co e capaz dos maiores sacrifícios.

O grande historiador brasileiro Dr Pedro Calmon.assim definiu o Marechal Mascarenhas  de Morais

“Herói providencial por ter sido sem injustiça, sem ilegalidade, sem egoísmo e impelido por sua única paixão, compatível com os de­veres cívicos — a paixão do Bem Comum. Providencial por ter feito como soldado modelo, do destino nacional a sua diretiva da glória sem mácula, a sua ambição, do sacrifício o seu timbre heráldico, das vitórias ganhas pelo país os títulos impessoais de sua carreira militar honrada.”

Todos os seus feitos que o consagraram na galeria dos maiores soldados guerreiros do Brasil, foram praticados sem alardes, arruidos, violência desnecessária e abusiva. Não se embriagou com a glória. Não tripudiou sobre os vencidos. Ao contrário, exigiu, para os prisio­neiros de guerra, trato humano coerente com as melhores tradições brasileiras e recusou assinar proclamações que expusessem seus ho­mens a manipulações psicológicas.

Como gaúcho foi fiel às características de Firmeza e Doçura, do gaúcho histórico que encontraram no General Osório a sua expressão maior e mais autêntica. Características inscritas na bandeira da Repú­blica Rio-Grandense sob a forma de dois amores-perfeitos:

Firmeza no combate ao lutar com toda a bravura, garra, firmeza, tenacidade e de­terminação. Doçura. depois da vitória, traduzida pelo respeito, como religião, à vida, à honra, à família e ao patrimônio do vencido.”

Foi além, a expressão viva da dignidade e do respeito à ética e a encarnação da lealdade autêntica à Ordem, à Lei e às Instituições, pe­lo que sua dignidade pagou alto preço em 1930.

Não foi um líder carismático arrebatador. Mas sim líder que firmou sua liderança, em função de suas elevadas capacidades profissio­nal, militar e administrativa. Esta decorrente das aptidões de muito bem planejar, organizar, comandar, controlar e coordenar. Tudo embasado em: inteligência e saúde mental invejáveis; caráter superior; espírito público e integridade em grau superlativo; coragem física e moral, provada em diversas ocasiões; capacidade de decisão e de diag­nosticar situações humanas, como no caso de seu Estado-Maior antes da vitória de Monte Castelo; grande capacidade de auto-análise e au­to-domínio e fortaleza de espírito que resistiu na guerra às enormes pressões, que não lhe deixaram seqüelas na paz, caso comum entre ve­teranos de campanhas.

Comparando-o com um iceberg, a ponta era representada por sua figura humana que ele classificou certa feita de minúscula.

Sob ela, a parte restante e a maior do iceberg era representada por seu espírito superior e providencial, para comandar os brasileiros na primeira participação militar extracontinental da Nacionalidade.

Chefe e amigo de seus subordinados, foi o arquiteto de seus entu­siasmos, levou-os todos os dias, em todos os recantos de sua Zona de Ação a sua presença, a sua assistência moral, a palavra certa e sobretu­do a confiança. Na paz continuou atento aos seus destinos e na luta pela defesa de seus legítimos interesses.

Além das qualidades excelentes e modelares de cabo-de-guerra e cidadão brasileiro, foi esposo modelar. Alimentou um amor-veneração correspondido por sua esposa Adda Brandão, exemplo de filha, espo­sa, mãe e avó de soldados do Exército Brasileiro. Heroína brasileira moderna que repousa ao lado do Marechal, no Mausoléu dos Veteranos da FEB, no cemitério São João Batista, que inaugura­ram com seus veneráveis despojos. Eis mais um traço comum do Marechal com o Duque de Caxias, entre tantos outros es­tudados em Letras em Marcha pelo seu oficial de Logística na FEB, do falecido  general Agnaldo Senna Campos, autor do anteprojeto do célebre distintivo da FEB,  “A cobra está fumando”.

Bravo histórico e providencial cabo-de-guerra brasileiro!

Marechal Mascarenhas de Morais, hoje denominação histórica da gloriosa 1" Divisão de Exército, da Vila Militar que carrega as mais caras tradições da Divisão Expedicionária da FEB, à frente da qual colhestes com teus bravos soldados, louros imarcescíveis para armas brasileiras, na Itália na II Guerra Mundial.

Hoje, nesta Memória Evocação  para o Circulo de Pesquisas Literárias (CIPEL) através da palavra deste relator, modesto soldado e pesquisador e divulgador da História do teu Exército, prestar-te, por justiça e dever, uma das poucas home­nagens que te eram devidas e mais do que isto, para consagrar-te!

Como historiador e geógrafo brasileiro e, fundamentalmente co­mo padrão, símbolo e patrono espiritual do soldado brasileiro moder­no, com projeção histórica que mais se aproxima do ínclito Duque de Caxias — o Patrono do Exército.

Como general brasileiro que conquistou nos campos de batalha, na Itália: lugar na galeria dos capitães da História Militar Mundial; o de maior soldado latino-americano deste século e um dos maiores da História do Brasil e que esteve à altura e honrou as tradições milita­res brasileiras dos Guararapes, Catalan, Taquarembó, Passo do Rosá­rio, Monte Caseros, Paissandu, Passo da Pátria, Tuiuti, Curuzú, Humaitá, Itororó, Avaí, Lomas Valentinas e Campo Grande.

 Bravo Marechal Mascarenhas de Morais!

Que o teu imortal exemplo de soldado gaucho moderno conti­nue a inspirar e alicerçar o presente e o futuro do Brasil e em especial o do Exército Brasileiro — o teu Exército — o Exército do Duque de Caxias — O Pacificador.

Finalizando:

O Major de Engenheiros Alfredo de Taunay, ao falar em nome do Exército, no sepultamento do Duque de Caxias, assinalou como maior característica do Patrono do Exército —  “A grandeza de sua sim­plicidade”.

Do Marechal Mascarenhas, falando em nome das instituições históricas que eu presido ou  integro  creio  inter­pretando os sentimentos gerais, podemos afirmar que suas maiores ca­racterísticas foram: A grandeza de sua dignidade e a de sua consciência profissional.


FONTES CONSULTADAS (Além das referidas no texto e produzidas por patronos de cadeiras d acadêmicos da FAHIMTB)


BENTO, Claudio Moreira. Marechal Mascarenhas de Morais-Significação Histórica. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.344:119-136, jul/set 1984. (Nosso oração no Centenário do Marechal a convite do Dr Pedro Calmon.).

(_____).O Dia da Vitória. Letras em Marcha, 07 mai 77.

(____).A participação das Forças Armada e da Marinha Mercante do Brasil na 2ª Guerra Mundial. Volta Redonda: Gazetilha,1994 1ed.E a 2ed .Porto Alegre:ANVFEB /Porto Alegre: Contursi Produções,2.000.A 1ed prefacio do General Plínio Pitaluga e a 2ed de José Conrado de Souza, ambos acadêmicos da FAHIMTB e veteranos da FEB.E disponível em Livros no site www.ahimtb.org.br .

(____).As duas faces da Glória. Revista A Defesa Nacional.nº 255. Abr/jn  1992.p 131ss.

(____).Marechal Mascarenhas de Morais. Significação histórica síntese.Revista do Clube Militar.nov/dez1983.p.21/24. Mensário Letras em Marcha. nº 146. Nov 1983.Diário Popular Pelotas Nov 1983 e Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso,tomo 69,1983.p.93ss.

(____).Evocação do Comandante da FEB nos 60 anos do Dia da Vitória. in: O Guararapes nº 45 da AHIMTB, abj/jun 2005, disponível em Informativo no site www.ahimtb.org.br.

(____).et GIORGIS, Luiz Ernani Caminha.A participação do Brasil na 2ª Guerra Mundial.in:Brasil Lutas contra invasões, ameaças e pressões externas ...Resende:FAHIMTB/IHTRGS, 2014.p.388/420.

(____).Palavras finais na posse como acadêmico do General Domingos Ventura Pinto Junior na cadeira Marechal Mascarenhas de Morais, disponível em artigos no site www.ahimtb.org.br

FAHIMTB. Orações de posse na Cadeira Marechal Mascarenhas de Morais:General Carlos de Meira Mattos, Cel Germano Seidl Vidal, General Domingos Ventura Pinto Junior e Cel Roberto Mascarenhas de Morais, no Arquivo da FAHIMTB, na AMAN.

FIGUEIREDO, Osório Santana. João Baptista Mascarenhas de Morais.in:Terra dos Marechais.Santa Maria: Pallotti,2.000. p.77/103.

Mascarenhas de moraIs, Roberto. Meu avô Mascarenhas de Moraes (depoimento de 4 páginas cedido ao autor).

MATTOS, Carlos de Meira. Marechal Mascarenhas de Morais e sua época.Rio de Janeiro: BIBLIEx,1983( Tomos I e II).

(_____). Traços da personalidade do Comandante da feb. Revista Militar Brasileira, nº especial dedicado à feb, 1973 p. 84-85.

OLIVEIRA,Tácito Theophilo Gaspar de. Marechal Mascarenhas de Morais, Centenário. Revista doInstituto do Ceará.1981, Tomo 97, p,1/7.

PERES, Carlos Roberto (Org).Cel João Baptista Mascarenhas de Morais.in: Dois séculos formando oficiais para o Exército. Resende: IPSIS-Graf.Ed.2011. p. 88/89.

VIDAL, Germano Seidl. A figura excelsa de Mascarenhas de Morais. Revista do Exército. v. 139. 3º quadrimestre 2002.

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 (x) Natural de Canguçu- RS. Jornalista e historiador militar, sócio do CIPEL e Presidente e Fundador da Federação de Academias de História Militar Terrestre do Brasil(FAHIMTB), do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS) , da Academia Canguçuense de História (ACANDHIS) e sócio Benemérito do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) e do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil(IGHMB). Integrou a Comissão de História do Estado Maior do Exército 1970/1974, foi instrutor de História Militar da Academia  Militar das Agulhas Negras 1978/ 1980 e foi Diretor do Arquivo Histórico do Exército 1985-1991.É correspondente do IHGRGS e da Academia Riograndense de Letras.