O EXÉRCITO E MARINHA NA 1ª GUERRA MUNDIAL (1914-18)
(No transcurso em 2014/2018 do centenário da 1ª Guerra Mundial)
Cláudio Moreira Bento
O Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) editou, de Francisco Luiz Vinhosa (do Dep. História - IFCS/UFRJ), o excelente e original trabalho O Brasil e a 1ª Guerra Mundial. (A diplomacia brasileira e as potências), que mereceu o 1º prêmio em concurso literário por ele promovido ao ensejo de seu sesquicentenário.
Segundo o IHGB:
"trata-se de livro bem escrito, estilo claro e equilibrado, notável trabalho de pesquisa e exposição histórica, bem fundamentado, em abundante, árdua e fidedigna documentação, com revelação de importantes documentos dos arquivos oficiais, até então inéditos, além de extensa e pertinente bibliografia - Trata-se de obra da melhor qualidade, com rigor metodológico... ".
Concordamos plenamente. E mais, conforme Arthur Cézar Ferreira Reis, "trata-se de obra que evidencia aos brasileiros a notável projeção internacional do Brasil àquele tempo". Mas o trabalho merece uma achega, em relação à participação operacional do Exército, ali omitida, o que é compreensivo, por havê-lo sido pela própria História do Exército, editada em 1972, pelo Estado-Maior do Exército, por ser considerado assunto confidencial, tratado em documentação reservada somente em 1997 revelada.
Trata-se da Comissão de Estudos de Operações e de Aquisição de Material na França, 1918/19, composta de 24 oficiais, sob a chefia do General Napoleão Felipe Aché. Com o fim de absorver, durante a Guerra, a maior quantidade de conhecimentos da Doutrina Militar Francesa e adquirir o material necessário à sua implantação no Brasil. Os oficiais dessa comissão combateram no Exército da França, de modo que oito deles foram promovidos por atos de bravura.
Constituíram a Comissão, além do General Aché, o Tenente-Coronel José Fernandes Leite de Castro (Sub-chefe), o tenente Octávio M. Aché (Secretário), o tenente José Nery Eubank Câmara (Administração), o Major médico Joaquim M. Sampaio (Veterinário), os tenentes Alzir M. Rodrigues Lima, Mário Barbado e Bento R. Carneiro Monteiro, da Aviação, tenentes Demócrito Barbosa, Sebastião Rego Barros e Carlos de Andrade Neves da Artilharia, major Tertuliano Potiguara, capitão Praxedes T. da Silva Júnior e tenente Onofre M. Gomes de Lima, da Infantaria; major Firmino Antônio Borba, tenentes Izauro Reguera, José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque e Cristóvão de Castro Barcellos, da Cavalaria, major médico Rodrigo de A. Aragão Bulcão, e capitães médicos Cleomenes L. de Siqueira Filho, João Afonso de Souza Ferreira, Alarico Damázio, João Florentino Meira, Manoel Esteves de Assis e tenente Carlos da Rocha Fernandes.
Dentre as contribuições à Doutrina do Exército trazida por esses oficiais registram-se: sua influência na contratação de missões militares francesas para a nossa Aviação Militar e para o Exército; a introdução de Blindados; a reformulação do ensino do nosso Exército, nos moldes da França; a idealização da construção da AMAN com suas mais caras tradições: a implantação de nossa Aviação Militar; a doutrina de emprego de gases e a atualização das doutrinas de Artilharia de Costa e Campanha, Infantaria, Cavalaria e Saúde.
Esses elementos foram pontas-de-lança do trabalho aqui desenvolvido pela Missão Militar Francesa (MMF) (1920-39), que foi substituindo, a partir de 1921, a influência da Doutrina Alemã (1910-21), exercida através de oficiais que estudaram na Alemanha (1910-12), tendo como principais instrumentos de difusão a revista A Defesa Nacional, criada por eles em 1913, e a Missão Indígena, da Escola Militar do Realengo (1919-21), viveiro de grandes soldados nacionalistas .
Com a revolução de 1930, dois deles, se destacaram no Exército os então generais Leite de Castro, que combateu na Artilharia da França, e o coronel José Pessoa Cavalcante de Albuquerque, que combateu na Cavalaria,
Segundo o seu biógrafo, o acadêmico da FAHIMTB Cel Hiram Freitas Cãmara em seu livro Marechal José Pessoa A Força de um ideal:
“Durante a campanha, o Tenente José Pessoa assumiu o Comando do 1.° Pelotão, de um Esquadrão do 4º Regimento de Dragões , composto de soldados turcos extremamente agressivos. O espírito do Marechal ficou muito marcado pela impressão causada por esses soldados rústicos, verdadeiras máquinas combatentes. Recorou o José Pessoa a impressão que aqueles soldados haviam causado no Marechal José Pessoa, capazes de, por sua impulsão levá-lo a atos de bravura que sem eles não seria possível realizar. Nesse momento, havia orgulho em seus olhos. Outras vezes, havia horror. Como ao lembrar daqueles homens ofertando-lhe, num preito da mais profunda admiração, um fio, do qual pendiam, como em um colar, as orelhas cortadas das cabeças dos inimigos que haviam acabado de vencer, em encarniçada luta corpo a corpo.É de se imaginar aquele jovem Tenente, tão impressionado com o polimento social dos Oficiais franceses e com um profissionalismo guerreiro quase romântico, ao estilo da Cavalaria medieval, plena de regras elegantes e éticas, em presença do insólito presente.”
José Pessoa recebeu inúmeros elogios de seus Comandantes franceses: do General H. Lasson, da Divisão de Cavalaria, do Coronel De Fournas, do 4.° de Dragões e do Capitão De Vivres, de seu Esquadrão..
Quase ao final da guerra, o Tenente José Pessoa foi acometido de tifo, doença muito grave para as condições da época, requerendo cuidados que fizeram com que o jovem Oficial fosse evacuado para um Hospital na França. Onde apaixonou-se por uma bela jovem inglesa, enfermeira voluntária da Cruz Vermelha na França, com a qual se casou em 1918, antes mesmo de terminar a guerra. O retorno ao Brasil, após realizar curso na Escola de Carros de Versailles, separou-o por 6 meses de sua esposa, D. Blanche Mary Edward Cavalcanti de Albuquerque.”
Consagrou-se herói do combate de São Quentim, o já legendário herói do episódio da Revolta da Vacina Obrigatória e do Contestado, o mais tarde General Tertuliano Potiguara.
Esse assunto foi objeto de profundo e original resgate pelo então Major de Engenharia Genino Jorge Cosendey,nosso sub comandante no 4º Batalhão de Engenharia de Combate em 1982, em Monografia para a ECEME (1987). Foi assunto por nós sugerido e apoiado pelo Arquivo Histórico do Exército (AHEx), no sentido de preencher lacunas na História do Exército, como agora aqui focalizada.Seu trabalho o publicamos como Diretor da Revista do Clube Militar no Centenário do Clube sob o título;Uma verdade esquecida o Exército na 1ª Guerra Mundial.em se nº 282, p.16/17.
Dentre as contribuições à Doutrina do Exército trazida por oficiais da Comissão de Estudos, Operações e Aqiisições registram-se: sua influência na contratação de Missão Militar Francesa ( MMF) para nossa Aviação Militar e para o Exército realizada pelo nosso Adido Militar na França, o então Capitão Alfredo Malan D`Angrone. História da MMF resgatada por seu filho Gen Ex Alfredo Souto Malan , então Chefe do Estado Maior do Exército, para o que coperamos como membro da Comissão de História do Exército a ele subordinada. E sua pesquisa só foi publicada em 1988 sob o titulo A Missão Militar Francesa de Instrução junto ao Exército Brasileiro . MMF que atuou no Brasil de 1920-1939 . e chefiada por um general e constituida por vinte instrutores que assumiram funções de instrutores na ECEME ,EsAO, Escola de Aviação, Curso de Oficiais de Intendência e Curso de Equitação. Menos na Escola Militar do Realengo onde atuava desde 1919 a Missão Indigena constituida de oficiais brasileiros selecionados em Concurso pelo EME e em maioria possuidores de cursos no Exército Alemão em 1910/1912. Mais tarde ali passou a atuar um instrutor frances como sub diretor de ensino militar. Como influência da Comissão de Estudos , de Operações e Aquisições registre-se a introdução de blindados em nosso Exército e a reformulação do ensino militar aos moldes da França, a idealização e projeto da construção de nossa Academia Militar das Agulhas Negras, a implantação de nossa Aviação Militar e atualização da doutrina de emprego e defesa de gazes e a atualização de nossa Doutrinas de emprego de Artilharia de Costa, de Campanha de Infantaria, Cavalaria e de Saude
Com a revolução de 30, dois deles, os então generai Leite de Castro, que combateu na Artilharia da França, e o coronel José Pessoa Cavalcante, que combateu na Cavalaria, tiveram marcante projeção na construção da AMAN e nas tradições da mesma (uniformes históricos, espadim de Caxias, Corpo de Cadete etc.) e no seu ensino, segundo padrões de Saint Cyr. O Coronel José Pessoa reforçou o ensino de História Militar e introduziu o ensino de Geografia Militar , no sentido da análise do fator da Decisão Militar o Terreno, nos seus diversos nivéis operacionais . Assuntos que na França mereciam grande importancia. Pois era professor de História Militar Critica na Escola Suprior de Guerra na França o General Ferdinand Foch que em 1917 assumiu o cargo de chefe de Estado-Maior do Exército Francês e em 1918 somou mais uma vitória ao conseguir ganhar a Segunda Batalha do Marne. Líder militar muito perspicaz segundo Wiston Churchil, cujo pensamento a seguir incorporamos nos diplomas concedidos pela Federação de Academias de História Terrestre do Brasil (FAHIMTB) que desde 23 de fevereiro de 1911 no bicentenário da Academia Militar das Agulhas Negras iniciou a sua instalação em seu interior com o seu precioso acervo de História do Exército á disposição de pesquisadores interessados.
“ Para alimentar o cérebro de um Exército na paz ,para melhor prepara-lo para a eventualidade indesejável de uma guerra, não existe livro mais fecundo em lições e meditações do que o livro da História Militar.”
Por nossa orientação e apoio como Diretor do Arquivo Histórico do Exército o nosso sub comandante do 4º Batalhão de Engenharia de Combate em Itajubá-MG em 1982 , o Major Genino Jorge Cosendey na França no final da Grande Guerra ,ou 1ª Guerra Mundial.
Em 1996 o professor Ivan Rodrigues de Faria, neto do Marechal Caetano de Farias Ministro da Guerra do Brasil durante a 1ª Guerra Mundial desenvolveu bastante a participação do Brasil na 1ª Guerra Mundial em precioso artigo ilustrado, Participação do Brasil na Primeira Guerra Mundial na Revista do Exército Brasileiro. Volume 133, 3º trimestre 1996, p.67/75.
Pereceram nesta guerra na Europa dois combatentes brasileiros netos do ex- Imperador do Brasil D. Pedro II e bisnetos do ex-Rei da França Luiz Felipe de Orleans e filhos do príncipe francês Luis Ferdinand Gaston de Orleans Conde D`Eu e Marechal do Exército Imperial do Brasil Marechal Gastão de Orleans. D. Luiz que combateu no Exército da França e falecido em 24 de maio de 1920 em decorrência de doença adquirida nos campos de batalha e D. Antonio que combateu como Capitão no Royal Canadian Dragoons.
Em missão de guerra atravessou o Canal da Mancha de avião que caiu em Edmonton, tendo falecido em Hospital Militar , tendo sido agraciado post mortem a Croix de Guerra. Abordamos com mais detalhes este assunto em nosso livro em parceria com o Cel Luiz Ernani Caminha Giorgis Artilharia Divisionária Marechal Gastão de Orleans da 6ª Divisão de Exército. Porto Alegre:AHIMTB,2003.
A Missão Medica do Brasil enviada a Paris na 1ª Guerra Mundial
Foto da Missão Médica do Exército tendo ao centro o Presidente Wenceslau Braz .
Foi enviada para Paris para cooperar com os Aliados na 1ªGuerra Mundial.
(Fonte:BIBLIEx. O Exercito na História do Brasil.v.3)
A expedição foi chefiada por Nabuco de Gouveia, homem de representação na classe e merecedor da confiança do Ministro da Guerra, General Caetano de Faria. Deputado, cirurgião, Professor de Ginecologia e Diretor do Hospital da Gambôa. Comissionado no posto de Coronel do Exército. A Missão era composta de 10 Diretores de Serviço, servindo na categoria de tenente-coronel; 20 chefes de enfermaria, no grau de capitão; 29 médicos na classe de 1º Tenente; 8 auxiliares como 2º Tenente e 15 doutorandos na mesma categoria. Farmácia, intendência e Secretaria. Incorporadas, uma delegação do corpo de saúde do Exército, com 5 representantes e outra da Marinha de Guerra, com 6 oficiais, e um contingente de 31 soldados.A Missão Médica foi constituída de 131 combatentes de Saúde.Toda ela foi organizada na base da competência, sem influência política. A Missão Médica chegou na França a 24 de setembro de 1918, pelo porto de Marselha, depois de uma viagem acidentada, cheia de privações, Uma vez em Paris, foram todos entregues ao alto comando francês que os distribuiu pelas Províncias, a fim de imediatamente prestarem serviço contra uma epidemia de gripe, que dizimava a população civil, enfraquecia a linha de frente e prejudicava a ação da retaguarda.. Do Ministério da Saúde Pública, receberam elogios e distinta condecoração: Reconaissance Française.
Enquanto uns foram espalhados pelo interior e cooperavam na saúde pública em geral, outros trabalhavam na Montagem do Hospital Brasileiro, remodelando o prédio de um antigo convento de Jesuítas, que existia na rue Vaugirard. A instalação foi feita em mês e meio, de trabalho acelerado. E seu Diretor Nabuco Gouveia deu prova de sua capacidade de organização. Seus auxiliares diretos receberam a Legião de honra: Tenentes-coronéis Benedito Montenegro, Eduardo Borges da Costa, Paulo Parreiras Horta e Jorge de Toledo Dodsworth. Nabuco já era legionário. O estabelecimento, classificado logo como de primeira classe, em condições de receber feridos, ficou nivelado ao hospital americano de Neuilly, no dizer dos próprios franceses, General Fevrier, inspetor sanitário da Região. Depois que o General Roger, Chefe do Serviço de Saúde, na Praça de Paris, visitou o Hospital Brasileiro ‘as 6 horas da manhã e declarou que não pensava encontrar um hospital tão bem montado, E daí em diante o Hos´pital Brasileiro passou a receber os casos tidos como grandes feridos. Nele dirigiam a seção de cirurgia os Coronéis Benedito Montenegro, Mauricio Gudin, Borges da Costa e Torreão Roxo, auxiliados pelos mais jovens: Ernâni de Faria Alves, Alfredo Monteiro, Roberto Freire e Pedro Paulo Paes de Carvalho. Este último já se achava na Europa, trabalhando no Hospital Franco-Brasileiro, mantido pela Colônia, à rue de La Pompe e dirigido pelo grande cirurgião Paulo do Rio Branco, filho do Barão de Rio Branco.
Terminada a guerra, foi extinta a Missão, em fevereiro de 1919. O Hospital, daí em diante, ficou sob a direção exclusiva dos médicos-titulares do Exército e da Marinha sob a chefia do Coronel-médico Rodrigo de Araújo Aragão Bulcão. Que já se achava na Europa. O Hospital Brasileiro ficou subordinado ao General Napoleão Aché, chefe da Comissão de Estudos de Operações de Guerra..
Seis meses depois, o nosso Governo doou o Hospital Brasileiro com todo o seu precioso equipamento à Faculdade de Medicina de Paris..
Quem hoje subir as encostas da rue Vaugirard, há de ler, no bronze, em grande fachada, o nome Hôpital Brésilien. Atestado vivo, do esforço de alguns brasileiros, que ali contribuíram com o esforço de guerra aliado.A Divisão Naval em Operações de Guerra DNOG
Durante a 1ª Guerra Mundial 1814/1918, em 1917 submarinos alemães torpedearam 8 navios brasileiros: Rio Branco, Pará, Tijuca, Macaé, Guaiba , Acari Taquari e Maceió.
Em 31 de Dezembro de 1917, ficou decidido o envio de uma Divisão Brasileira composta dos cruzadores Bahia e Rio Grande do Sul, os contratorpedeiros Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba e Santa Catarina, o transporte Belmonte e o rebocador de alto mar Laurindo Pita, para colaborar com o esforço aliado com unidades navais da Inglaterra, França e Estados Unidos, cabendo-lhe vigiar o setor compreendido pelo triângulo: DACAR – SÃO VICENTE ARQUIPELAGO CABO VERDE –GIBRALTAR.
Foi nomeado comandante desta força naval que passou à História como Divisão Naval em Operações de Guerra (DNOG), o Contra Almirante Pedro Frontim como ele se assinava.
De sua guarnição fazia parte o Capitão – Tenente Melciades Portela Ferreira Alves, como imediato do cruzador auxiliar Bahia, e qie mais tarde atingiu porto Almirante de Esquadra Fuzileiro Naval, depois de haver sido o Comandante Geral dos Fuzileiros Navais Era parente próximo dos irmãos Portela Ferreira Alves. J.V. e Noemil destacados integrantes da FAHIMTB J. Vitorino com acadêmico emérito e Noemil como patrono de cadeira e ambos editores do jornal Letras em Marcha.
Em 14 de maio 1918 deixou o porto do Rio o capitânia da DNOG o cruzador Rio Grande do Sul depois de receber visita do Presidente da República Dr. Wenceslau Braz.
Em 1º agosto 1918 a DNOG deixou o arquipélago de Fernando de Noronha com destino a Freetow (Serra Leoa).A guarnição da DNOG entre praças e oficiais era de 1502 voluntários para representar o Brasil no Teatro de Operações da 1ª Guerra Mundial.
Em 9 de agosto a DNOG aportou em Freetown. Em 25 agosto 1918, sofreu um ataque mal sucedido de um torpedo inimigo. No dia 26 de agosto a DNOG fundeou em DACAR.
A Gripe Espanhola atacou a DNOG
Em 6 setembro 1918 a DNOG foi atacada violentamente pela Gripe Espanhola.Alguns de seus navios ficaram com 95% de seu efetivo completamente prostrados.
O Capitão – Tenente Orlando Marcondes Machado, imediato do cruzador capitânia assim descreveu a tragédia da DNOG em seu trabalho intitulado: A nossa hecatombe em Dacar.
“Emudeceram-se os tambores as cornetas. Paralisou-se a movimentação de tudo a bordo.
“Parou a ventilação; apagou-se a luz; acabou-se a água destilada; apagou-se o fogo das cozinhas...”.O tratamento de cerca de 300 homens oficiais e praças durante alguns dias ficaram a cargo de dez ou doze abnegados heróis.Os primeiros homens mortos foram enterrados em caixões. Os demais atados em pedaços de tábuas. Alguns tiveram sua pálpebras cerradas; outros não tiveram quem lhes prestasse esta homenagem. Os cadáveres eram entregues a uma lancha francesa que fazia este serviço recebendo os mortos aliados nos diversos navios.”
Segundo o saudoso acadêmico emérito CMG (FN) Dino Wilhy Cozza, já falecido em artigo na Revista Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro:
“ Quem entrasse no cemitério de DACAR teria a sua atenção voltada para uma grande área em que se agrupavam 156 sepulturas brancas, perfeitamente iguais, em torno de um singelo símbolo que assinala o céu de nossa pátria, e que discretamente sobre ela se debruça, para ouvi-la se acaso ela soluça...”
Referia-se o saudoso acadêmico , Comandante Dino, ao Cruzeiro do Sul.
Mesmo no contexto desta tragédia o Conta torpedeiro Piauí deixou Dacar para policiar as águas adjacentes ao arquipélago de Cabo Verde. Permaneceu nesta missão de 9 setembro – 21 outubro 1918.
Dos 7 médicos de DNOG, pagaram com a vida dois deles seus médicos.
Em 1928, decorridos 10 anos da hecatombe da DNOG em Dacar os restos mortais dos 156 marinheiros brasileiros mortos vítimas da Gripe Espanhola foram exumados, repatriados e sepultados no Cemitério São João Batista.
Em 11 novembro 1918foi assinado o Armistício que pôs fim à 1ª Guerra Mundial.
No dia 9 de junho de 1919 a DNOG,com o Bahia a frente, entrava na Baia da Guanabara, sendo entusiasmadamente recebida pelo Povo, Imprensa, Marinha Mercante, Autoridades navais e Governo.A DNOG Foi dissolvida em 25 de junho 1919.
Aqui a nossa homenagem da FAHIMTB a estes bravos 156 heróis de nossa Marinha de Guerra que imolaram suas vidas em defesa do Brasil.
Bravos marinheiros que segundo Péricles, líder grego cujo século em que viveu levou o seu nome:
“Aqueles que morreram em defesa de sua pátria fizeram mais por ela naquele instante que os demais em todas as suas vidas.”
(x) Sócio emérito
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