CORONEL MARIO DAVI ANDREAZZA (1918-1988)

 

Cel Claudio Moreira Bento
 Historiador militar e jornalista, Presidente da FAHIMTB e AHIMTB/Resende Marechal  Mário Travassos

 

O Coronel Mario Davi Andreazza nasceu em Caxias do Sul-RS, em 20 de Agosto de 1918, filho de Atílio Andreazza e de D.Inez Corso Andreazza. Casou com D. Liliana Urtiga Andreazza de cujo consórcio  nasceram o Eng Mario Gualberto e o Administrador de Empresa Atílio.

Cursou o Colégio Militar do Rio de Janeiro onde foi aluno brilhante e muito apreciado por seus colegas. Ingressou no Exército na Escola Militar do Realengo, em 1938, onde iniciou a praticar seu esporte favorito o Jiu Jitsu. Foi declarado Aspirante a Oficial de Infantaria em Dezembro de 1940. 2º Ten em Agosto de 1941, 1º Ten em Abril de 1943 e Cap em Dez 1945. Major por Merecimento em Abril de 1943. Ten Cel por Merecimento em Dez 1960 e Cel por Merecimento em Dez 1960

 Cursou com destaque as EsAO, ECEME e ESG, tendo sido instrutor da Missão Brasileira de Instrução no Paraguai. Foi adjunto das 2ª 3ª Seções do III Exército ( atual CMS) além de Adjunto do Estado-Maior das Forças Armadas e membro  do Corpo Permanente da ESG.

Em 1961, como Adjunto do Conselho de Segurança Nacional(CSN) participou do embrião do Serviço Nacional de Informações( SNI) que funcionava      na Secretaria do CSN. Em 15 de Abril de 1964 foi nomeado Oficial de Gabinete do Ministro da Guerra Gen Ex Arthur da Costa e Silva, para cuja eleição para a Presidência da República trabalhou intensamente, sendo então convidado pelo Presidente a ocupar o Ministério dos Transportes onde permaneceu por 7 anos ,continuando na função na Presidência do General Emílio Médici.

No Ministério dos Transportes cuja posse ocorreu 15 Mar 1967. inscreveu-se na Galeria dos maiores tocadores de obras que o Brasil conheceu. Construiu a Rodovia Transamazônica com 1750 Km, numa distância equivalente a ligação Berlim-Moscou . Entre suas realizações cito;

- Inauguração d 2ª Pista da Rodovia Presidente Dutra São Paulo- Rio em novembro de 1967.

- Inauguração da Rv Paranaguá- Assunção- Paraguai em março de 1969;

-Inauguração em jul 1971, da ponte sobre o arroio Chui, ligando O Brasil ao Uruguai

-Inauguração em outubro de 1971, da RV Porto Velho- Rio Branco.

-Inauguração em março de 1978 de Trecho do Tronco Ferroviário Sul Uberlândia- Araguari.

-Inauguração da Transamazônica em 30 jan 1974.

-Inauguração em fevereiro de 1974 do asfaltamento da RV Belém Brasília e a Belém-  São Luiz(Rodovia Pedro Teixeira)

-Inauguração em 4 de mar de 1974 da Ponte Rio de Janeiro- Niterói que batizou de Ponte Presidente Arthur da Costa e Silva.

- Criou a Medalha Barão de Mauá para agraciar personalidades que tenham se destacado em Integração Nacional e lutou para a nacionalização dos transportes marítimos nacionais.

Deixou o Ministério em 1974 indo trabalhar na iniciativa privada como Presidente da CEC Equipamentos Marítimos e Industriais e como Vice Presidente da Cia de Seguros Boa Vista em São Paulo.

Em 1977 foi um dos principais articuladores da Campanha do General João Figueiredo à Presidência e que eleito o convidou para assumir o Ministério do Interior o que ocorreu em janeiro de 1979, tendo como plataforma o desenvolvimento da Amazônia através da SUDAM e o Nordeste através da SUDENE. E também mostrou preocupação com as condições de saneamento e habitação das periferias de áreas urbanas, para cujas ações utilizou o Banco Nacional de Habitação (BNH). Saneou as palafitas da Maré no Rio de Janeiro e as dos Alagados em Salvador e instituiu a Política de Meio Ambiente.Em abril de 1979 participou da abertura do XI Ciclo de Altos Estudos Amazônicos, onde fez considerações sobre o Projeto Jari, ocupando uma área 36.000 KM², explorada pela Jari Comercial e Agropecuária Ltda controlado por Daniel Ludwig.

Em sua gestão no Ministério do Interior enfrentou disputas entre índios e posseiros e dinamizou a construção de casas populares, implantando conjuntos habitacionais em vários locais do Brasil.

Como historiador, militar membro da Comissão de História do Exército do Estado- Maior(1971-1974)CHEB/EME recebemos a missão de atender a seguinte solicitação do Ministro Andreazza. Definir o exato local onde foi descoberto o Brasil, se em Porto Seguro ou Baia de Cabrália? Caso fosse em Porto Seguro ele não construiria a Rodovia até Baia de Cabrália . E nosso Parecer foi definir Baia de Cabrália como local do Descobrimento, sendo publicado nosso Parecer na obra ROCHA MAIA,Augusto Cesar de Sá. Do Monte Pascal a Baia de Cabrália.(Rio de Janeiro:Ministério dos Transportes,1973. p.25).

E fomos convidados junto com o Cel Francisco Ruas Santos,meu Presidente na CHEB, para participar da inauguração do trecho Porto Seguro-Baia de Cabrália, viajando de avião de Brasília a Porto Seguro, numa comitiva de altas autoridades convidadas para a inauguração da Rv Porto Seguro-Baia de Cabrália e inclusive o então Comandante Max Justo Guedes, historiador naval que havia definido Baia de Cabrália como o local do Descobrimento, em função de seus estudos da viagem marítima Portugal - Brasil de Pedro Álvares Cabral

Cooperamos na cerimônia de inauguração das rodovias Belém Brasília e Belém -São Luiz com a plaqueta lá lançada A Conquista da Amazônia por Pedro Teixeira, por solicitação do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem(DNER).Antes tivemos o seu apoio na construção e asfaltamento das rodovias do Parque Histórico Nacional dos Montes Guararapes, por  cuja coordenação do Projeto,Construção e Inauguração, em 19 de Abril de 1971, fui incumbido pelo Comandante do IV Exército, o Gen Ex Arthur Duarte Candal da Fonseca, bem como o escrever um livro sobre as Batalhas dos Guararapes que ele prefaciou e foi lançado em 19 de Abril de 1971 na inauguração do Parque pelo Presidente Médici.

O Cel Andreazza faleceu em São Paulo, em 19 de agosto de 1988, no Hospital Sírio Libanês vitima de câncer no pulmão esquerdo, em decorrência de ser um fumante que consumia três maços de cigarros por dia. Morreu abraçado a sua esposa e filhos e foi transportado até o Rio de Janeiro para seu sepultamento, em avião pago por cotas por seus amigos, por ele não dispor de recursos financeiros para tal despesa, embora no Ministério dos Transportes tenha aplicado enormes verbas na construção das obras que tocou,c ontrariando a ideia que tenha enriquecido com propinas  pagas por empreiteiros.E esta injustiça ele havia previsto em carta a integrante de sua equipe, ao assumir o Ministério dos Transportes:

“Administração é sobretudo coragem. Coragem de assumir calculadamente e ficar indiferente aos medíocres que não perdoam o sucesso de ninguém. Até de ladrões seremos chamados ! Temos capacidade e imaginação e lutaremos contra a vaidade. Sei que é difícil. Mas venceremos a tentação, pois a vaidade gera o ódio e sentimentos mesquinhos...”

O Coronel Andreazza foi sepultado em concorrida cerimônia, com a presença do ex-presidente João Figueiredo e amigos e antigos colaboradores. E foi registrada pela revista Veja ( de 27 de abril 1988, nº 1025,p91) Foi um líder nacionalista  carismático, otimista com grande capacidade de persuasão e articulação e de convivência  agradável e acolhedora. Era modesto e passou a história do Brasil como um grande líder da Integração Nacional por rodovias, e em especial da Amazônia e desta com o restante do Brasil, com a Transamazônica, a Belém Brasília e a Belém- São Luiz e a Porto Velho- Rio Branco, atuação  comparável, guardadas as devidas proporções, no tempo, a Integração Nacional realizada pelo Marechal Rondon, de que era um grande admirador, através da implantação da rede telegráfica que uniu os diversos brasis. O Cel Andreazza é nome de uma Escola Estadual em Rio Branco- Roraima e de rua na cidade de São Paulo.