Sabe-se hoje que ele teve, como seu Posto de Comando, a
cadeia pública, mandada construir em 1843 pelo comandante da Ala
Esquerda do Exército de Caxias, que teve aquela, então vila
Canguçu , por Base de Operações. Cadeia que só foi demolida
cerca de um século mais tarde e que ficava no local onde hoje se
ergue o Teatro Municipal. Era subordinado, Sampaio, à 2ª
Brigada, esta ao comando do Cel Manoel Marques de Souza III,
futuro Conde de Porto Alegre, que seria o seu comandante
superior na Batalha de Monte Caseros em 2 de fevereiro de 1852,
como comandante da Divisão Brasileira.
A seguir, Sampaio empenhou-se a fundo no comando
sucessivo de batalhões e brigadas de Infantaria. Em pouco se
transformou num consumado condutor de homens, conhecedor
profundo do terreno e mestre em adestrar e empregar a Infantaria
Brasileira. Combateu na guerra contra Oribe e Rosas (1851-52)
quando participou da Batalha de Monte Caseros, como integrante
da Divisão Brasileira, ao comando do agora Conde de Porto
Alegre, já citado.
Comandou um Batalhão da Divisão de Observação que penetrou
em Montevidéu em 07 Mai 1859, a pedido do Presidente oriental
Venâncio Flores. Na guerra contra Aguirre, do Uruguai, teve
atuação destacada à frente de uma brigada, na conquista da
cidade uruguaia de Paissandu, o que lhe valeu a sua promoção a
brigadeiro.
Durante a guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai
(1865-70), que fez como oficial-general, teve atuação destacada
até Tuiutí.
Sobre o seu conceito e o de sua tropa escreveu, em
Reminiscências da campanha do Paraguai, Dionísio
Cerqueira, o maior cronista deste conflito, que foi integrante
da Divisão Encouraçada e subordinado de Sampaio:
"A idéia de eu passar para a Infantaria não me
abandonava. Esta arma exercia sobre mim indizível fascinação.
Quando passava um daqueles belos batalhões da Divisão Sampaio, a
Encouraçada, de bandeira desfraldada, os pelotões alinhados,
guardando bem as distâncias, marchando airosos e elegantes, ao
som alegre de um dobrado vibrante, não me podia conter, e
punha-me a marcar passo..."
E mais adiante: "Fui apresentar-me ao brigadeiro
Sampaio. O ilustre general, já glória do Exército, pelo valor e
amor à disciplina, estava uniformizado debaixo de uma ramada
lendo uma história de Napoleão Bonaparte, o seu capitão
predileto. Quando me viu fechou o livro marcando-o com o
indicador da mão esquerda".
Sampaio era cearense de Tamboril, onde nasceu em 24 Mai
1810. Foi morto heroicamente aos 56 anos, após sublimar as
Virtudes Militares de Coragem, Bravura, Honra Militar e
Desprendimento.
Vive ainda Sampaio na memória do Brasil, na alma do Exército
e sobretudo nas melhores tradições e valores da Infantaria
Brasileira, que ele ajudou a forjar, e hoje cultuados pelas
Legiões de Infantaria espalhadas por diversas guarnições do
Exército.
Os seus restos mortais repousavam, desde 1873, em mausoléu
no Cemitério São João Batista, em Fortaleza-CE. Hoje estão em
Panteon defronte a Fortaleza N.Sª da Assunção em Fortaleza, onde
nosso herói ingressara no Exército Imperial em 1830 como soldado
voluntário e que hoje abriga o comando da 10ª Região Militar.
É denominação histórica, desde
19 de janeiro de 1940, do 1° Regimento de Infantaria,
hoje 1º BIMtz, que integra na Vila Militar, no Rio de Janeiro, a
1ª Divisão de Exército – Divisão Marechal Mascarenhas de Morais.
Unidade
originária do Terço Velho de Mem de Sá, e a única unidade do
Exército que participou de duas expedições extra-continentais.
Em 1648, de expedição partida do Rio de Janeiro e que libertou
Angola do dominio holandês e, em 1944/45, na Europa, integrando
a Força Expedicionária Brasileira onde conquistou a expressiva
vitória na conquista de Monte Castelo aos alemães.
Nesta Guerra, o seu nome foi lembrado na criação da
Medalha de Sangue para os que fossem feridos em ação, ao
colocarem três estrelas na mesma, lembrando os três ferimento à
bala recebidos pelo patrono da Infantaria em Tuiutí.
As tradições de sua 3ª Divisão de Infantaria - Divisão
Encouraçada, são cultuadas em especial por duas grandes unidades
de origem comum em 1908, as hoje centenárias 8ª Brigada de
Infantaria Motorizada, sediada em Pelotas, que tem entre suas
unidades o 9º Batalhão de Infantaria Motorizada - Batalhão
Tuiutí, e a 3ª Divisão de Exército - Divisão Encouraçada, em
Santa Maria-RS, onde ele figura como o seu primeiro comandante
Grandes Unidades estas cujas histórias resgatamos no
Projeto História do Exército na Região Sul, em parceria com o
historiador militar Cel Inf Luiz Ernani Caminha Giorgis, nas
obras 8ª Brigada de Infantaria Motorizada – Brigada Manoel
Marques de Souza I e 3ª Divisão de Exército - Divisão
Encouraçada.
No Dia da Infantaria, em 24 de maio de 1967, foi emitido
selo comemorativo da Efeméride do Centenário de morte do
Brigadeiro Sampaio em Tuiutí com uma tiragem de três milhões de
exemplares, no valor de 5 centavos, com a sua efígie e, sob ela,
três estrelas lembrando os três ferimentos à bala recebidos em
Tuiutí. A Espada do herói integra o patrimônio do Batalhão
Sampaio na Vila Militar.
A nação, reconhecida ao seu grande herói, o inscreveu
no Livro de Aço dos heróis do Brasil no Panteon da Pátria, Praça
dos Três Poderes, em Brasília, por certo lembrando Péricles,
líder democrata ateniense, chefe de Estado de Atenas por 14
anos, com grande e benéfica influência na construção da
Democracia grega e cujo século em que viveu recebeu o seu nome.
Foi dele esta declaração:
“Aquele que morre por sua Pátria serve-a mais em um só dia que
os outros em toda a vida”
Enviamos este trabalho em versão em português e inglês para
possível publicação pela Military Review
(x)Presidente da Academia de História Militar Terrestre do
Brasil (AHIMTB) Instituto de História e Tradições do Rio Grande
do Sul (IHTRGS) e da Academia Canguçuense de História (ACANDHIS)
e autor do livro Bicentenário do Brigadeiro Antônio de
Sampaio , o Patrono da Arma de Infantaria do Exército,
em lançamento
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