Alguns aspectos humanos da figura do Duque de Caxias

Numa pequena amostragem exemplificaremos aspectos da figura humana de Caxias:

Seu casamento foi contrariado pela mãe da noiva pela seguinte razão.O sogro de Caxias fora uma espécie de Prefeito do Rio , Defronte sua residência que se situava na esquina fronteira ao canto da atual praça da Republíca ,próximo ao Hospital Souza Aguiar, havia construído um belo jardim público de que muito se orgulhava.A necessidade de exercitar o Batalhão do Imperador pra a guerra da Indepedência na Bahia determinou a trasformação do jardim público em campo de instrução, tarefa em que se envolvera o tenente ajudante do Batalhão do Imperador, o mais tarde Duque de Caxias.Este fato teria desgostado o pai de sua futura esposa que" teria morrido(sic) "em consequência de mágoas pela destruição do jardim público, por necessidade imperiosa de adestramento militar.

E Caxias simbolizava um destruidor do jardim público para servir à defesa nacional numa emergência.Sua futura esposa tinha então cerca de 7 anos.

Mas casaram e tiveram uma união muito feliz e de muito amor conforme o demonntrou o seu biografo dr Vilhena de Moraes e do que aqui se darão amostras documentais com apoios em seus biógrafos Vilhena de Morais,Osvaldo Orico e Affonso de Carvalho:

Escreveu a sua Anica do Maranhão em 10 ago 1840:

"Meu bem! Esta foi escrita as 11 horas da noite em uma barraca de palha em que eu estou morando..........Tal é o cuidado que me dás e o amor que te tenho que cheio de trabalhos me não esqueço de ti .

Dá um beijo nos meus anjinhos e saudades a a todos de casa.Sou só teu .Luiz."

Às preocupações da esposa pela possibilidade de ser atingido por balas ele respondeu:

"Sou fatalista e desprezo e sempre desprezei a morte ,porque sei que nada se pode fazer senão o que Deus for servido .E tanto se morre no meio de balas e dos pântanos, como em boas cidades."

Pacificando a Revolução Liberal em Minas Gerais em 1842 ,escreveu a esposa:

"Creio que os rebeldes não se baterão comigo a quem disseram que iriam quebrar o encanto. Dá saudades as nossas filhinhas, para quem tenho uma bonecas feitas de pedra(sabão) feitas aqui ."

Ao pacificar São Paulo ,Caxias mandou-lhe a quantia 200 mil réis que equivalia a um mes de seu soldo de brigadeiro ,para que ela comprasse um vestido bonito para juntos irem no primeiro baile que tivesse lugar na Côrte e que foi transcrito na sua Cronologia.

Durante a Revolução Farroupilha,, em 2 abr 1844, do Acampamento da Guarda Velha de Santa Maria ,em marcha sobre Bagé escreveu-lhe algumas considerações sobre sua missão

"Meu bem ,para evitar que os rebeldes do Rio que são piores que os daqui possam espalhar alguma notícia que possa afligir-te."E mais adiante -"Eu estou bem e sempre atráz dos farrapos que passam e repassam para o Estado Oriental(Uruguai),mais rápido que eu mudo de camisa .Não creias em mentiras que por ai se espalham sobre o poder deles."E entra no assunto pessoal:

"Bem me tenho lembrado de que depois de amanhã é o dia de visitação das igrejas e que não as irá visitar por eu não estar aí, o que bem me penaliza(causar pezar). Li nos jornais a chegada aí na Côrte de uma Companhia Italiana de Canto. Como não terá voce pena de não poder ir ao teatro. Eu lhe prometo que ao aí chegar tomarei um camarote efetivo para as peças e lhe prometo não saio mais do Rio ,custe o que custar! Saudades a sua mãe e beijos as nossas filhinhas . Seu marido que a adora-Luiz."

Do Paraguai escreveu a sua Anica reafirmando-lhe o seu imenso amor :

"Eu tenho o coração maior do que o mundo .Tu bens sabes .E nele só tu cabes !
Que te parece ? Até estou poeta
! "

A interpretação fica a cargo do leitor.Caxias sairia ainda do Rio para as lutas externas 1851-52 e 1866-69.Ao retornar vitorioso do Paraguai a única pessoa que o esperava no porto era a sua Anica.Nenhum representante do Governo,fato muito conhecido!

Ao falecer sua esposa agradecendo os votos de pêsames enviados por seu genro Visconde de Ururay de Quissamã (Macaé)escreveu-lhe:

"Meu Manoel Carneiro!

Recebi sua carta de de 29 março, e lhe agradeço o sentimento que mostra pela prematura morte de minha idolatrada mulher.Sem dúvida ainda na minha longa vida havia sentido dor maior ! Parece que ainda sinto o aguçado punhal cravado em meu coração!!!Altos destinos da Providência Divina !Ela está no céu ,sem dúvida ,pois que é o derradeiro dos anjos e não neste mundo infame de enganos e ilusões.

Diga a minha pobre filha (Ana de Loreto) que sua mãe não se esquecia dela um só instante e que repetiu o seu nome e o de Aniquita poucos instantes antes de perder a vida.

Resta-me a única consolação de que nada lhe faltou.Pois cinco médicos a viram.Dois de um sistema e três de outro,mas o mal era de morte, e seus dias estavam contados....e eu só fiquei para chorá-la....

Peço-lhe que agradeça a seus manos ,cunhados e Exma Sra Viscondessa,os pêsames que me enviaram e me desculpo por não lhes responder agora ,pois ainda estou atordoado com o golpe que sofri e nem sei o que escrevo.

Logo que Aniquita ( Ana de Loreto )esteja desembaraçada ,espero que venham, pois não desejo morrer sem abraçar meus filhos e meus netos .

Seu sogro que muito o estima -Luiz"

À dama do Paço D.Maria José de Siqueira ,amiga íntima, prima e comadre de sua Anica ele escreveu em em 20 abr 1874 :

"Minha estimável comadre e senhora.

Entre os papéis da miha adorada Anica ,encontrei uma nota em que ela tinha escrito, por sua letra,que pretendia deixar ,como sinal de lembrança,à sua prima e comadre Maria José ,os seus brincos de esmeraldas e brilhantes .

Minha comadre sabe que a vontade desse Anjo de bondade ,tem força de Decreto para mim que tanto a amava,por isso aí vão os brincos .Lhe peço que os aceite como presente da sua íntima amiga ,que Deus levou para o Céu,deixando-me só neste mundo para chorá-la.

Não os vou entregar pessoalmente como devia ,porque sou um covarde ,e não me animo para isso.

Seu compadre que muito a estima .Ass: Duque de Caxias."

Caxias ,segundo testemunhos de parentes 21 residentes em Quissamã-Macaé em 1955, tratava a esposa de Meu Bem,Minha idolatrada mulher e no final de seus dias Minha querida Duquesa ou Minha Duquesa e por Anica na intimidade .Suas filhas tratava de Anicota e Aniquinha e seu filho Luiz ,enquanto viveu tratava e era tratado de Cadete ou Cadete Luizinho e Luizinho em família .Na intimidade Caxias era tratado de Luiz e assim assinava suas cartas.

Em 1876 ,Chefe do Governo do Brasil pela 3a e última vez escreveu a um amigo:

"Vivo agora muito triste depois do golpe que sofri com a morte da minha Duquesa,a quem eu amava muito e hoje só desejo ir para onde Deus a levou."

Era um bom cavalheiro.Fora instrutor de equitação de D.Pedro II e seu Ajudante de Campo .O cavalo douradilho que montava no seu crítico momento em Itororó o trouxera do Paraguai e o mantinha em cocheira na Tijuca e, segundo Vilhena de Moraes, mandava que lhe fosse dada ração em dobro e sempre qua ia até lá lhe dava um torrão de açucar e lhe agradecia o seu desempenho em Itororó.Foi também instrutr de esgrima de D.Pedro II.

Em Santa Mônica nos primeiros tempos ,seu grande prazer matinal era cavalgar.Certa feita o cavalo assustou-se e Caxias foi ao solo batendo com a cabeça e ficando desacordado.Ao ser exumado foi encontrado em seu crâneo uma fissura restaurada, não se sabendo se foi devido a queda na igreja de Assunção onde desmaiou ou se a queda citada em Santa Mônica.

Um momento muito triste para o Duque de Caxias segundo testemunhos colhidos por Vilhena de Moraes e e enfatizados por Pedro Calmon e que acelerou seu fim, foi o dia em que deixando seu quarto no segundo andar ,estava sendo esperado por seu filho de criação,o índio maranhense Luis Alves, com o seu cavalo encilhado.E ao tentar alçar-se a sela faltou-lhe perna o que o encheu de profundo desgosto,chorou e não mais montou.

Certa feita ao reclamarem haver promovido em campanha um oficial mais jovem ao invéz de um mais antigo ele justificou:

"Depois dos primeiros combates numa guerra, forma-se nos exércitos a aristocracia da bravura."

Ao prender o Regente Feijó em Sorocaba que tanto havia servido como Regente na manutençào da ordem e da lei na Côrte travou-se entre ambos um diálogo mais ou menos assim;

Feijo-"E então general ,ontem ao lado do povo e hoje contra ele.?"

Caxias-"Não senhor! Ontem ao lado da lei e hoje ao lado da lei !"

Conta-se que Pedro Américo pintou Caxias na batalha de Avaí com a túnica desabotoada.E quando Caxias foi visitar a obra em companhia do Imperador ,visivelmente contrariado teria falado a D.Pedro II:

"Gostaria de saber onde o pintor me viu de farda desadotoada e, nem no meu quarto."

Dizem que Pedro Américo procurou ali representar Caxias com o fígado inchado ,em consequência de moléstia hepática crônica que adquirida no Maranhão e se agudizara no início da Farroupilha ,em Santana,o atormentara na Guerra contra Oribe e Rosas ,de onde voltou ao Brasil desesperançado de cura,a qual encontrou temporariamente em Caxambú e em banhos de Cachoeira em São João del Rei.

Mal que viera a se manifestar agudo no Paraguai tendo voltado a Côrte com o fígado inflamado ,encontrando um alívio em águas gasosas engarrafadas de Baependi(Caxambú) que comprava no Rio, segundo escreveu a um amigo e mais num longo repouso na fazenda Machadinha em Quissamã-Macaé ,junto sua filha Ana de Loreto e com sua Anica.

Durante um Te Deum na Catedral de Assunção em que Caxias compareceu com todo o seu Estado-Maior ,sofreu uma síncope,caiu ao solo e bateu forte com a cabeça.Ficou desacordado cerca de meia hora segundo Affonso de Carvalho.

O cirurgião mór que o acompanhava insistiu para que deixasse o comando e fosse se tratar-se no Brasil.E Caxias concordou por convencido do término da guerra ao nível estratégico com a conquista que liderou dos objetivo militar da Tríplice Aliança -a conquista de Humaitá e do objetivo político -a conquista de Assunção.

Deixou o Paraguai na noite de 22 jan 1869 e,em 7 fev 1869, de seu Quartel General em Montevidéu deixou o comando e em sua Ordem do Dia n o 275 justificou:

"Achando-me , gravemente enfermo , e tendo obtido licença (médica) para tratar de minha saúde no Brasil ,é com o coração oprimido pela dor que sinto ,ao separar-me do Exército ,a quem me coube a honra de comandar ,que me dirijo aos meus camaradas para dizer-lhes...... Se porventura ,eu tiver ainda a fortuna de restabelecer-me nos lares pátrios, contem os meus bravos companheiros de glórias e fadigas ,que ainda um dia voltarei para continuar a ajudá-los na árdua campanha que nos achamos empenhados ......Ass:Marques de Caxias."

E foi com o fígado inchado, dizem ,que Pedro Américo quis imortalizá-lo.Em cartas reveladas por Vilhena de Moraes, Caxias certa feita dizia não poder usar a faixa e mesmo fechar a túnica ,em razão da dor que lhe causava pressionar o fígado.

Caxias ao retornar do Paraguai recolheu-se ao seu palacete na Tijuca(local da Mesbla) e vez por outra era visto caminhando saboreando seu charuto e apontado como heroi.Costuma ir até a horta no fundo do palacete e pessoalmente colher verduras e hortaliças que destina a casas de órfãos e a mutilados de guerra ,segundo A. de Carvalho.

Possuia grande amizade com o gen Osório e formaram uma dupla complementar de um líder de Batalha com um líder de Combate.

Esta amizade será abordada ao final e conseguiram os políticos liberais abalá-la .E em especial o senador Liberal por Goayaz José Ignacio Silveira da Mota.22

Quando Caxias foi sepultado o Visconde de Taunay ,também major de Engenheiros disse a certa altura falando em nome do Exército:

"Os soldados que circudam esta gloriosa cova e a minha voz que se levanta para falar em nome deles, são o corpo e o espírito de todo o Exército Brasileiro.Representamos o preito derradeiro de um reconhecimento inestinguível que nós militares ,de norte a sul de leste a oeste deste Império viemos render ao nosso velho marechal,que nos guiou como general,como protetor ,quase como um pai ,durante 40 anos .."

E em 1881 começava a inquietação no Exército e Marinha pela indiferença das elites políticas dominantes com os problemas do Exército e Marinha e de seus integrantes.

Em 1881 ainda na Irmandade Santa Cruz dos Militares foi criado um Diretório Militar com vistas a eleger-se militares do Exército e Marinha pelos três partidos: Conservador,Liberal e Republicano para defenderem no Parlamento os interesses dos militares e da Marinha e Exército desamparados desde a morte dos dois herois .Nenhum conseguiu eleger-se. Foram ".cristianizados! "

Integraram este Diretório dentre outros, o mal Deodoro e o cel Sena Madureira.Mas a luta continuou,sob a liderança dos marechais Deodoro da Fonseca e Cãmara.E veio a Questão Militar,a fundação do Clube Militar em 1887 com os citados marechais irmanados ; o protesto do Clube Militar de que o Exército não fizesse o papel de servir de capitão de mato na perseguição de escravos fugidos ,através de manifesto do mar Deodoro e, finalmente a República ,uma resposta ao esforço erradicador do Exército pós Guerra do Paraguai,conforme abordagens recentes no centenário da República 23 .

Depois de os militares de 1817-1870 viverem quase em carácter permanemte lutando em lutas internas e externas de consolidação da pátria brasileira nascente ,se estabeleceu entre as elites civis dominantes um preconceito,segundo pesquisa recente 24 ,contra jovens brasileiras se unirem a militares, por representarem estes viuvêz e orfandade potenciais, sem amparo previdenciário.compatível os bons partidos eram os médicos,advogados,engenheiros ou doutores ,além de filhos de fazendeiros ,comerciantes e industriais etc.Para contornar esta distorsão e ao mesmo tempo fazer frente ao ânimo erradicador das Forças Armadas surgiu a idéia de o Exército formar doutores que disputariam os bons partidos e fariam dos oficiais instrumentos do desenvolvimento do Brasil.

Por isto o Exército padeceria cerca de 30 anos.Houve uma distorsão grave em que Caxias não tomou parte por fora do poder.Os doutores não estimavam serem tratados por seus postos.Os não doutores ou profissionais dedicados à segurança da pátria eram tratados preconceituosamente como tarimbeiros(tarimba-cama coletiva de quartel).Os doutores gozavam de prestígio social e faziam carreira na cátedra ou em cargos públicos civis.

Até a Doutrina Militar que deveria ser formulada pela Congregação da Escola Militar, dominada por doutores e bacharéis, foi descurada.Isto tudo se refletiu no péssimo desempenho do improvisado Exército que teve que lutar contra revolucionários na Região Sul 1893-95,em Mato Grosso ,revoltosos na Armada 1893-94 e Guerra de Canudos 1897 na Bahia

Foi após Canudos que começou a reação para reprofissionalizar o Exército de parte de veteranos ilustres ou filhos de veteranos da Guerra do Paraguai.Reação que começou ainda em Canudos com o Ministro da Guerra Marechal Carlos Machado Bittencourt que lá pessoalmente organizou o Sistema de Apoio Logístico às forças do Exército e Polícias Militares.

Somente em 1905 ,com o Regulamento de Ensino profissionalizante ,espírito que até hoje perdura ,a prioridade do Exército passou a ser a formação de profissionais.Foi uma amarga lição!Estas considerações se impunham para demonstrar as grandes perdas para o Exército de Caxias e Osório e o papel de expressivas parcelas das elites civis dominantes, relativamente à segurança do Brasil.

Caxias ao assumir o comando na Guerra do Paraguai preocupou-se com os prisioneiros de guerra que até então, em que pese a avançada legislação brasileira, estavam sem proteção efetiva e nem existiam registros deles.Criou e Livro Registro de Prisioneiros ,relacionando-os. Livro localizado pelo autor no Curso de Intendência da AMAN em 1980 e levado para o Arquivo Histórico do Exército, depois de fazer-mos comunicação ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro ,com cópias anexas.

Segundo Vilhena de Moraes, Caxias trouxe do Maranhão um índio órfão de mãe, filho de um cacique.Deu-lhe o seu nome Luis Alves .Era de toda a confiança da família e ajudaria a criar o filho legítimo de Caxias.Contam que, vez por outra ,atingido por um sentimento misterioso ,saia de casa e passava dias vagando pela floresta da Tijuca até se refazer de uma espécie de depressão.Foi a ele que o grande soldado deixaria em testamento todas as suas roupas de uso pessoal.

Na Biblioteca Nacional funcionário muito categorizado afirmou existir carta íntima de Caxias a sua amada esposa Anica que " guardada a 7 chaves pelo seu conteúdo ".Penso que nos dias de hoje revelado seu teor evidenciaria o ser humano Caxias orgulhoso de sua virilidade.

O texto seria uma resposta a sua Anica preocupada com uma irmã sua que casada fazia muito tempo ainda não havia engravidado .A isto Caxias já herói nacional e classificado pela Mídia da época como sendo a "Primeira espada do Império ,"teria respondido numa intimidade que o casamento permitia exaltando sua virilidade:

-"É Anica, a sua irmã ainda não engravidou porque não casou como voce ,meu bem com " a primeira espada do Império.""

É uma intimidade de um homen de carne e osso que não o diminui,pelo contrário, acrescenta pontos a sua grandesa.O leitor que decida!

Caxias antes de conhecer sua Anica teve uma namorada que muito lhe impressionou quando foi servir em Montevidéu durante a Guerra Cisplatina .Foi a belissima filha da Marquesa de Montes Claros- Angela Furriol Gonzales Luna y Zaias ,filha por sua vez do magistrado ,como juíz corregedor de Montevidéu -D.Miguel de Furriol ,casado com Madalena Gonzales Luna y Zaias ,Marquesa de Montes Claros ,cujo solar era um point social onde se reunia expressiva parte da sociedade local.Casal que possuia uma belissima filha Angela .

Parece aos biógrafos haver sido Angela a primeiro amor de Caxias.Mas tendo ele que retornar para o Brasil ,o então cel Eugênio Garzón, já consagrado herói da Batalha de Ayacucho em 1824 e veterano da Batalha de Passo do Rosário ,onde comandara um dos 4 batalhões de Infantaria do Exército Argentino , levou a melhor e com ela casou.

Eugênio fez brilhante carreira ao ponto de comandar o Exército do Uruguai e ser forte candidato à Presidência daquele pais .Mais tarde Caxias e Garzón, lado a lado, comandaram forças brasileiras e uruguaias contra Oribe em 1851 e tornaram-se amigos como o mostra trechos desta carta que Garzón escreveu a Caxias ,em 26 jul 1851 :

"Exmo Sr.Mariscal,Conde de Caxias,general em Jefe del Ejército Imperial.

Cuartel General em Dayman ,26 Julio 1851.(a seguir traduzidos trechos da carta).

......................................................................................................................................O Brasil que entrou em campanha militar para tão gloriosa obra (combater o ditador Rosas),através de seu ilustrado Governo confiou-lhe o Comando-em Chefe de seu Exército.

Este fato me proporciona a grande honra de felicitar V.Excia e apresentar-lhe meus respeitos e oferecer-lhe meus francos e sinceros serviços para o que tiver por bem encarregar-me a seguir.

Posso assegurar a V.Excia que possuo grande desejo que as operações de guerra liguem mais nossos quartéis generais ,para então poder manifestar-lhe pessoalmente a distinta estima que dedico a V.Excia .Pois não é de hoje que sou admirador de seus honrosos antecedentes e heroicos feitos militares .General Eugênio Garzón."

E de fato consolidaram boa amizade,nesta convivência em campanha militar.

Caxias reecontrou-se com Angela no Acampamento do Arroio Pantanoso, próximo a Montevidéu ,na barraca do seu marido gen Garzón ,por ocasião de entrevista que Caxias ali marcou com o gen Urquiza ,argentino , e relacionada com problemas da aliança para combaterem Oribe e Rosas.

Nesta ocasião com modelar anfitriã gaúcha,Angela serviu mate aos generais aliados.E alí se restabeleceu a antiga amizade de 16 anos atráz.E em poesia à Paulita filha de Angela,Caxias recordará este encontro no Pantanoso .

Neste mesmo ano morreu Garzón.Caxias foi visitar o sogro de Garzón já viúvo e seu velho amigo e ,a viúva e amiga Angela que encontrou amparada então pela bellissima filha Paulita que lembrava muito a mãe Angela na mocidade.

E aí fala o Caxias poeta, como o foi Osório.E ,à bela jovem que tinha idade para ser sua filha , Caxias dedicou depois este poema de sua lavra ,conforme Dino Willy Cozza em "Caxias lado romântico".RIHGB.no 383,abr/jun 1994.p.395:

Poema que Caxias escreveu no albúm de Paulita, ao lado de impressões de outras altas autoridades que frequentavam o solar da casa do corregedor D.Miguel, como o barão de Porto Alegre,o alte Grenfell e Marques do Paraná ,além de outras personalidades:

"Paulita

Entreaberto botão,entrefechada rosa,

Um pouco de menina ,um tanto de mulher.

Lindo botão bem conheço,

A rosa de onde procedes:

Olha... e verás que ainda hoje,

Em beleza não na excedes.

 

No Pantanoso eu a vi,

Inda tão bela e viçosa.

Hoje o Pampeiro da vida,

Dobra -lhe a fronte formosa.

 

Não importa ,inda eu vejo,

Com toda a nobreza e graça,

Que só o sepulcro extingue,

Beldades que são de raça.

 

 

Lindo botão ,deves ter,

Justo desvanecimento,

Por nasceres de uma rosa,

De tanto merecimento.

 

Saberás que as flores têm,

Sucessiva Dinastia,

E pertenceu sempre a rosa,

A mais nobre Hierarquia.

 

Os espinhos que te cercam,

Não são para te ferir.

Simbolizam as virtudes,

Que sempre deves seguir.

 

 

Servem para defender,

Tua angélica beleza,

Da ímpia mão que pretenda,

Manchar tua pureza.

 

Ai fica a poesia atribuída a Caxias e o episódio para interpretação mais precisa quando se dispuser de mais dados .

Foi do gen Eugênio Garzón que em convivência amistosa e prolongada Caxias colheu elementos para interpretar a Batalha do Passo do Rosário em 1854 ,em atendendo pedido do IHGB e recém focalizado em O Guararapes n o 8,jan/mar 1997 ,da Academia de História Militar Terrestre do Brasil ,de que Caxias é patrono.

Quando Caxias fora do Governo como presidente do Conselho de Ministros desde 24 mai 1862 e sofrendo a grande perda de seu filho Luiz Alves com 14 anos ,em 28 jun 1862, decorrido cerca de meio ano ,em 10 dez 1862 ,recebeu a seguinte carta de sua antiga amiga do Uruguai, a viúva Angela Garzón que aqui é apresentada na forma de uma tradução de carta original constante da obra de Affonso de Carvalho.25 .

"Sr Marques de Caxias

Montevidéu ,10 dez 1862.

Meu apreciado amigo.Tenho em mãos a sua carta e a do barão(?).Por este motivo volto a ocupar suas atenções,para agradecer-lhe a presteza e a boa vontade com que atendeu minha última carta,pois de um amigo tão gentil ,eu não poderia esperar outra coisa .

Antonino(genro viúvo de Paulita)foi chamado pelo Governo da Argentina.Recomendou-me antes de viajar que lhe agradecesse pela atenção .

Senti muito saber que perdeu seu filhinho (Luizinho).Mas estes males (dores) nunca faltam aos pais .Eu também faz 3 anos que perdi minha Paulita(a que Caxias fizera poesia),casada com o Antonino e até agora não consigo me conformar com a perda.

Antes da última carta que lhe remeti tomei a liberdade de pedir seu retrato para colocá-lo entre os dos meus amigos e mais um retrato de sua família para ter o prazer de conhecê-la.

Antonino(genro) e Eugênio(filho) tem o prazer de saudá-lo,bem como esta sua mais mais atenta e gentil amiga.Ass: Angela Garzón."

 

Sobre a perda do filho Caxias escreveu a sua Anica do Paraguai de seu Acampamento em Tuyu Cuê em 1868:

"Minhas duas filhas ,Deus me deu tempo de criar,educar e arranjar(encaminhar na vida).Fomos é verdade infelizes com o nosso querido filho ,mas o que fazer senão contentar-nos com a vontade de Deus."

Em 1 o out 1861 quando seu filho Luiz era vivo Caxias pela 2 a vez na Chefia do Governo do Brasil recebeu carta de Domingos Gonçalves Magalhães e Visconde de Araguaia que fora seu secretário na pacificação do Maranhão e do Rio Grande do Sul .Carta na qual, a certa altura tocava no cadete Luizinho filho único de Caxias:

"Com que prazer não verá V.Excia crescer e prosperar o seu Luizinho ,já com 13 anos e todo entregue aos estudos! Possa V.Excia vê-lo em posição de aumentar sua o brilho de sua Casa .Não lhe faltarão para isso nobres exemplos nos pais e avós.

Que carreira lhe destina ?Pelo meu voto ele seguiria a de V.Excia.Um moço com a instrução ,meios(recursos) e o Nome que tem ,não poderá deixar de ser feliz e de ilustrar-se na nobre carreira das Armas ........"

Luizinho faleceria quase 9 meses após escrita esta carta e em 18 jun 1862.

Caxias apezar da vultosa correspondência que produziu não se considerava possuir estilo de escritor e isto ele mesmo declarou por ocasião da rumorosa Questão Cristie em carta ao seu grande amigo e comprade -o Visconde de Rio Branco:

Caxias fora do governo,mas senador e nos intervalos do Senado ,Conselheiro de Guerra ,a certa altura indignado com o ultimato do ministro inglês ao Brasil escreveu ao amigo Visconde do Rio Branco:

"Tenho vontade de quebrar a minha espada quando vejo que ela não me pode servir para desafrontar o meu pais."

Em 15 jan 1863, convocado pelo Ministro da Guerra participou com outros oficiais generais e inclusive seu tio Barão de Surui de reunião ,cuja pauta era como aumentar os efetivos do Exército e, pedido do Imperador da opinião de cada um sobre a Defesa do Império.

Em carta do dia seguinte ao Visconde do Rio Branco em que lhe comunicou a reunião convocada pelo Ministro da Guerra e o pedido que o Imperador fizera a cada um,escreveu:

"Estou rabiscando as minhas idéias sobre a Defesa do Império e hei de rogar a V.Excia ,para as limar (polí-las,corrigí-las e, hoje copideská-las) e por em estado de poderem ser vistas pelo mesmo Senhor,acrescentando-lhes , o que lhe ocorrer ou o que não me tiver lembrado ,pois como sabe ,não me campo( não me tenho) por escritor."

E apesar disto foi considerado com justiça Nume tutelar da Nacionalidade.Sabia que a comunicação não devia ser privilégio só de escritores ou filólogos.Estes por vezes primorosos na forma ,como dom divino,mas à vezes vazios ,superficiais, imprecisos e insinceros no conteúdo,havendo casos de penas de aluguel a serviço de quem der mais,para escrever bonito ,mal ou bem sobre um assunto a manipular.

Noutra carta ao amigo Visconde do Rio Branco ,em missão no Uruguai ,onde os horizontes estavam ameaçadores ,escreveu-lhe ao final ,depois de dizer-lhe que havia com a esposa visitado a família do Visconde e que a encontrara toda bem ,mencionou:

"Ainda ontem( 7 dez 1864)estive com o Juca que esta cada vez mais bonito.Já estou no Flamengo (casa de verão) para onde vim para banhos de mar."

O Juca era o jovem de 19 anos ,José Maria da Silva Paranhos ,o futuro Barão do Rio Branco que entraria para o serviço diplomático pela mão de Duque de Caxias, quando presidente do Conselho de Ministros em 1875.

O Barão além de um diplomata que serviu ao Império exemplarmente ,serviu à República a partir de sua convocação pelo presidente Floriano Peixoto para atuar na Questão de Palmas com a Argentina .Foi um diplomata com alma de soldado e prestaria relevantes serviços à preservação da memória e do fortalecimento militar do Brasil.Sobre o historiador militar Rio Branco e sua ligação com Caxias escrevemos :Um diplomata de escól com alma de Soldado.A Defesa Nacional.n o 754,out/dez 1991.p.146.

Sua preocupação em abolir os Artigos de Guerra do Conde de Lippe já referidos anteriormente é muito reveladora:

Ao derrogá-los justificou nos seguintes termos as razões de sua abolição:

"Trata-se de Legislação que se acha em formal antogonismo com as instituições que nos regem ,e a cujas penalidades repugnan a razão e o direito e assim reclamam altamente uma reforma ,de que resulte quanto possível um Código Penal Militar ,que abranja em sua sanção os crimes propiamente militares cometidos por praças e oficiais em serviço como fora dele."

Ao dotar o Exército do Regulamento correcional de transgressões disciplinares ,avô do atual Regulamento Disciplinar do Exército assim justificou a medida:

"Tal regulamento ,é propiamente o regulamento policial da disciplina interna dos corpos ,o qual deve ser considerado base ,como o principal elemento da alta disciplina .Ele é essencial para coibir o abuso ,infelismente tão generalizado no Exército ,da aplicação de arbitrários castigos correcionais."