CANHÃO EL CRISTIANO

 

 Cel Claudio Moreira Bento

Sócio Emérito do IHGB 

 


 


 

Foto do canhão El Cristiano da Fortaleza de Humaitá, objetivo militar aliado que barrava a navegação do rio Paraguai e só  conquistada depois de muitos sacrifícios e perdas humanas para os exércitos da Tríplice Aliança. Conquista  no 4º ano da guerra. por uma manobra de pinça combinada de nossa Marinha por água e pelo o Exército por terra. Manobra que impôs a vinda de balões cativos usados pelo Governo dos Estados Unidos contra os sulistas. Balões que se situam na origens de nossa Força Aérea, segundo o Brigadeiro Eduardo Gomes, herói dos 18 do forte , ao prefaciar a história da Aeronáutica do Brigadeiro Nelson Levanere Wanderley atual patrono da Delegacia da AHIMTB em Santos Dumont e patrono do Correio Aéreo (CAN). Este canhão foi fundido com o bronze dos sinos das igrejas de Assunção e trazido para o Brasil como troféu de guerra, representando a resistência vencida da Fortaleza de Humaitá, a Sebastopol  Americana que tantas vidas brasileiras imolaram e que por pouco não nos levou o intrépido e legendário General Osório no comando de um arriscado reconhecimento a  viva força de Humaitá.

 

 

 

 

O Jornal da Globo em reportagem no Museu Nacional abordou que o Ministério da Educação decidiu autoritariamente, sem consultar o povo, devolver ao Paraguai o troféu de guerra o canhão El Cristiano construído no Paraguai com sinos retirados de igrejas de Assunção e cuja atuação foi responsável por milhares de vidas brasileiras imoladas,  que foram até o Paraguai para lutar em defesa da Integridade e da Soberania do Brasil, numa guerra que não provocaram e que resultou da invasão do Brasil, por ordem do dirigente do Paraguai.  do Mato Grosso e do Rio Grande do Sul . E a decisão de devolver o canhão ao Paraguai foi uma atitude que fere a Democracia que o atual Governo proclama existir e respeitar. E uma demonstração de falta de cultura  do Ministério da Cultura, segundo alguns analistas

Um filosofo inglês Sherteston se bem me lembro o nome afirmou “Que a Tradição e a democracia dos mortos” , Ou seja os mortos desfrutam da Democracia quando as tradições por eles criadas são respeitadas pelos  vivos . E os milhares de brasileiros imolados nesta guerra não tiveram respeitadas as tradições que criaram . No caso do Canhão El Cristiano por tudo que ele significou para os brasileiros que combateram na guerra do Paraguai permanecer no Brasil. Já Péricles o pai da Democracia  grega sobre os morto gregos nas guerras afirmou

. “ Aquele que morre em defesa de sua pátria, faz por ela naquele instante que os demais em todas as suas vidas.

O próprio Exército de uns tempos para cá marcou como seu objetivo estratégico atual

Pesquisar, preservar, cultuar e divulgar a História, as Tradições e os Valores morais culturais e históricos do Exército .

        E o canhão El Cristiano se enquadra integralmente nesta definição. As grandes nações, potências e grandes potencias militares assim aprendi e ensinei na Academia Militar das Agulhas Negras não abrem mão de seus troféus de guerra. Como historiador militar há 40 anos nunca presenciei nenhuma atuação e iniciativa do Ministério da Cultura de apoiar ações de prestigio à Cultura Militar Brasileira. Hoje atividade mais importante do que nunca para que suas Forças Armadas desenvolvam suas doutrinas militares genuínas compatíveis com a crescente projeção geopolítica  social econômica e política mundial do Brasil para que lhes assegurem maior poder dissuasório. E isto é  fundamental para o Brasil ter o mínimo de condições para defender as riquezas  de sua Amazônia , Verde e a Azul, das ambições internacionais reais e potenciais sobre as suas riquezas. Temos convicção que o Barão do Rio Branco, um diplomata modelo com alma de soldado, não devolveria ocanhão El Cristiano. E se o fizesse seria o El Cristiano  fundido na forma de sinos para as igrejas de Assunção de onde eles foram retirados para fundir El Cristiano .Espero como historiador militar que o Exmo Senhor Ministro da Defesa e seus comandantes consigam junto ao Presidente abortar esta manobra, como conseguiram abortar em parte o Plano de Direitos Humanos que tantas reações tem provocado em diversos setores da Sociedade Nacional, impropriamente e maliciosamente denominada Sociedade Civil  . E que o Ministério da Cultura se volte para apoiar a Cultura Militar Brasileira com vistas a que  dela se  retire lições militares com vistas ao desenvolvimento de uma doutrina militar brasileira genuína ou com o máximo de nacionalização,  como o fizeram as grandes nações, potencias e grandes potencias militares. E  como o fez o Duque de Caxias em 1863 como Ministro da Guerra e Chefe do Estado do Brasil, ao adaptar a Doutrina de Portugal, de Influência inglesa, às realidades operacionais que ele vivenciara no comando de quatro campanhas pacificadoras e de uma guerra externa até que o Brasil dispusesse de uma doutrina militar genuína. E a hora chegou!  Pais rico tem de ser forte militarmente. Assim se negaria esta afirmação de um pensador brasileiro, ao analisar o momento brasileiro atual e considerar a existência de uma total alienação relativamente a memória nacional só valorizada pelas Forças Armadas e Auxiliares e pelos imigrantes que consideram viverem num paraíso o Brasil.

 

"NÃO HÁ CULTURA DOMÉSTICA, TRADIÇÕES NACIONAIS, SÍMBOLOS DE CONTINUIDADE FAMILIAR. A MEMÓRIA COLETIVA ESTÁ INTEIRAMENTE A MERCÊ DE DUAS FORÇAS ESTRANHAS:

 

A MÍDIA E O SISTEMA NACIONAL DE ENSINO

“QUEM DOMINAR ESSES DOIS CANAIS MUDARÁ 0 PASSADO, FALSEARÁ o PRESENTE E COLOCARÁ O POVO NO RUMO DE UM FUTURO FICTÍCIO.”

 

 

 Aqui meus cumprimentos pela reportagem do Jornal da Globo no Museu Nacional onde se pronunciou um dedicado  historiador civil Milton Teixeira, na forma como um militar brasileiro se sentiria. E creio que é como se sente a maioria dos soldados do Brasil e que não se pronunciam em respeito às duas vigas mestra do Ordenamento Jurídico nacional A Hierarquia e a Disciplina..  Foi uma reportagem do Jornal da Globo que honra a Fundação Roberto Marinho que tem prestado relevantes serviços à pesquisa e a  preservação da Memória Histórica Brasileira, o que se constitui um dever de Estado  pouco praticado entre nós. Só falta demolir as grades que cercam o Monumento ao General Osório na Praça 15. no Rio  que foram fundidas com material de canhões paraguaios que imolaram preciosas vidas de brasileiros ao atacarem de peito aberto suas posições defensivas e devolve-las ao Paraguai. O Ministério da Cultura deve atentar para as diversas dimensões da Cultura Brasileira. E se não puder as ajuda não as atrapalhar . Esta doação se efetivada farão se revolver em suas tumbas os civis Voluntários da Pátria que reforçaram o Exército  e inclusive os que receberam com compensação terras  onde hoje se ergue o  progressista e industrial ABC paulista

Na literatura mundial não se encontram nações que devolveram seus troféus de guerra.

Esta pretensa doação do canhão El Cristiano me faz lembrar o grande historiador da Amazônia Arthu Cesar Reis que mencionou que no Para existia um Museu com uma preciosa coleção de moedas. E  que numa partilha de cargos pelo grupo vencedor das eleições estaduais o museu coube a um político que não possuía tradição no trato e valorização do patrimônio histórico nacional. Mas era bom moço. Quando um amigo visitava o museu e achava uma moeda da coleção bonita. ele a apanhava e doava ao amigo. Perdoem-me. Mas até prova em contrário a idéia da devolução de El Cristiano me faz lembrar esta personagem irresponsável .