O CENTENÁRIO DO PRESIDENTE MÉDICI NO CLUBE MILITAR E NO IHGB

 

Cel Cláudio Moreira Bento

(Veja ao final complemento importante sobre a homenagem ao Presidente Médici no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro(IHGB) noticiada por um jornal com não tendo ocorrido por divergências na sua Diretoria)

 

 

Em 14 de agosto, com o Salão Nobre do Clube Militar lotado, como jamais isto deve ali ter ocorrido, teve lugar um painel comemorativo do centenário do General de Exército Emílio Garrastazú Médici, ocorrido em 04Dez. Usaram da palavra os generais de Exército Luiz Gonzaga Schroeder Lessa, presidente do Clube Militar, Antonio Jorge Correia, antigo Chefe do EMFA, Jonas Morais Correia Neto, também ex-ministro Chefe do EMFA e o General de Divisão José Benedito Barros Moreira, comandante da Escola Superior de Guerra.

O General Lessa enumerou a grande obra administrativa do Gen Médici e falou da grande injustiça histórica que foi construída pelos vencidos na luta armada, com apoio em depoimento de um deles, de que visavam impor no Brasil um regime comunista e não redemocratizar o Brasil. Injustiça amparada na estratégia por eles usada depois de vencidos: "Perdemos a luta armada, mas vencemos na versão dominante pós nossa derrota na luta armada". E assim escolheram a figura do Presidente Médici para silenciá-la e deformá-la historicamente, amparada noutra estratégia alternada. Ou seja, silêncio sobre sua figura e realizações, e deformá-las. E isto foi conseguido em escala nacional por vencidos na luta armada infiltrados na Mídia, e mais os inocentes úteis, que não concedem o direito ao contraditório, ou direito de resposta. Esta é concedida a raros escritores, como o General Carlos de Meira Matos e Jarbas Gonçalves Passarinho, que se manifestaram sobre o centenário de Médici, denunciando as estratégias desenvolvidas contra o mesmo. Aliás, penso que a Jarbas Passarinho se deva, em 1968, a regulamentação da profissão de jornalista, ao que parece inexistente até então, fato de que sou testemunha acidental.

O General Lessa recordou trecho do discurso do então dirigente sindical Luiz Inácio da Silva, atual presidente do Brasil, dizendo que, na época, o Presidente Médici desfrutava de grande admiração entre os trabalhadores do ABC, que viviam tempos de pleno emprego e que podiam escolher onde trabalhar.

O General Antonio Jorge Correia, que foi comandado do General Médici várias vezes e, inclusive, foi o seu sub-comandante na AMAN, em 31 de março de 1964, recordou o grande carisma e liderança deste chefe militar e as razões da histórica decisão do mesmo, como Comandante, de interpor, em Resende, sobre a Via Dutra, seus cadetes, entre as forças favoráveis ao governo do Presidente João Goulart e as que eram contra. Ação da qual resultou um entendimento, por Médici presidido, evitando-se assim a tragédia de um sangrento combate, na altura de Resende. E leu para os presentes a documentação então produzida pelo General Médici para justificar esta sua atitude histórica, que o levaria mais tarde a ser conduzido, sem a pleitear, à Presidência da República, confirmado pelo Congresso Nacional.

O General Jonas de Morais Correia Neto recordou suas ligações quando tenente em Bagé com o Major de Cavalaria Médici.

O General Barros Moreira, comandante da ESG evocou sua lembranças do General Médici em 31 de março de 1964, quando era seu comandado como cadete da AMAN. E fez palestra com base em pronunciamentos do ex-presidente, que classificou como "poéticas". E de que era preciso mudar para melhor (o País), cabendo a Médici papel de destaque. É uma figura ímpar na nossa história, um visionário, um "sonhador". Médici, no comando da 3ª Região Militar, a sua grande escola administrativa, criou e estimulou este lema: "Servir e servir cada vez melhor", conforme abordamos na História da 3a Região Militar, 3º volume.

A vitória da estratégia desenvolvida contra a pessoa e obra do presidente Médici contaminou de forma geral, inclusive com apoio de inocentes úteis manipulados que fizeram e fazem coro a esta grande e manipulada injustiça.

E a verdade e a justiça histórica que tanto o Presidente Médici prestigiou e estimulou, inclusive possibilitando a construção de magnífico prédio do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, a Casa da Memória Nacional onde, por gratidão, existe sala com o seu nome, por iniciativa de Pedro Calmon, se transformaram, no seu caso, em inverdades e injustiças históricas, que contrastam com a grande admiração dos que com ele conviveram, mas que não têm tido a oportunidade, na Mídia, de se manifestarem. Quando o fazem é através de palestras, como esta do Clube Militar, na AMAN, entre os cadetes, com base no estudo das fontes históricas ali existentes sobre a sua atuação decorrente do 31 de março de 1964, ou em Bagé, sua terra natal no CMS, e particularmente pela Internet, a única oportunidade de contraditório ou direito de resposta numa conjuntura política em que a "Liberdade de Imprensa" tem sido uma rua de mão única e que não tem servido para um projeto de Verdade Histórica. Isto para que cada brasileiro possa se situar melhor numa Mídia de onde a História foi varrida. Constatar é obra de simples verificação e raciocínio.

E disto resulta a falsa impressão, no público, de que "quem cala consente", pois não é dada a oportunidade ao contraditório e ao direito de resposta.

O General Médici goza de conceito excepcional entre os militares brasileiros onde seu exemplo é cultuado e lembrado com muito respeito e carinho e onde é lamentada a grande injustiça histórica contra ele construída artificialmente pelos vencidos na luta armada que inauguraram em realidade os "Anos de Chumbo".

Aliás, injustiças como esta em nossa História são comuns. Basta lembrar o Caso do Marechal Gastão de Orléans, Conde D’Eu, cuja imagem e obra foram silenciadas ou deformadas, por aqueles que Rui Barbosa classificava de Magarefes da Honra Alheia.

Procuramos, como historiador militar, ao menos no Exército, amenizar certas cruéis injustiças, contaminantes, de desavisados, contra o General Médici e contra o Conde D’Eu, nos nossos livros sobre a História do Exército na Região Sul, História da 3ª Região Militar, 1953/2002 e Artilharia Divisionária da 6ª DE, AD Marechal Gastão de Orléans.

Espera-se que, um dia, seja feita justiça histórica nacional à figura do Presidente Médici e assim estabelecida a verdade, com os reparos que se impuserem como lições colhidas da História. E mais, que os historiadores brasileiros o julguem num Tribunal de História e não o pré-julguem, como tem acontecido em alguns casos. Sobretudo, que honrem a sentença - História é verdade e justiça! - E mais, que defendam a sua função social, tão invadida por mitos e por despreparados tecnicamente, para o exercício desta tarefa fundamental para o estabelecimento e consciência popular da identidade e da perspectiva histórica dos brasileiros.

A liderança do general Médici deixou marcas profundas entre seus comandados, em especial na AMAN, onde sua memória é recordada com carinho e apreço. Liderança na expressão literal da palavra comandar, ou seja, de "não mandar", mas "mandar junto" ou "comandar".

Permanece na memória o seguinte fato, que caracteriza esta sua virtude militar: causou surpresa geral o elogio que ele consignou para um oficial veterinário encarregado da área de exercícios da Academia que incluía a área do Estande de Tiro. E ele assim explicou: este oficial possui muito boa iniciativa. Sempre que me encontra, disciplinadamente me sugere melhoramentos em sua área e que ele poderia executar caso recebesse tais e tais apoios. E eu o atendia. E ao inspecionar sua área encontrava o que ele havia sugerido, tudo concretizado e da melhor maneira. Esta é a razão do elogio. Eu estimulo e premio as iniciativas dos meus subordinados, ao invés de só impor as minhas idéias. Ao comandar, ou mandar junto com os meus auxiliares, o rendimento é maior, e assegura a sensação nos subordinados de que eles são parte do sucesso administrativo, e assim lhes asseguro realização profissional.

Muitas outras histórias deste tipo correm de boca em boca entre os mais antigos, que as transferem às novas gerações, as quais, ao deixarem o cinema acadêmico, que leva o seu nome, deparam com sua imagem imortalizada em óleo.

Espero que o General Médici venha a merecer o devido reconhecimento histórico nacional, de igual forma que Getúlio Vargas, que integrou o Exército por seis anos e que construíria a AMAN 42 anos depois de ser desligado, injustamente, da Escola Preparatória e Tática do Rio Pardo (cuja história acabamos de resgatar), e que sempre prestigiou a Academia com sua presença. Vargas, na minha época de cadete (1953/54) era muito combatido e criticado como ex chefe do Estado-Novo, mas que hoje é muito reconhecido por sua obra administrativa, monumental e nacionalista, onde se destacam, entre muitas outras, a Petrobrás, a Eletrobrás, Volta Redonda, a monumental Academia Militar das Agulhas Negras, a ECEME, o IME, o PDC e vai por aí, sem esquecermos a Legislação Trabalhista. História é verdade e justiça!

(x) Historiador militar brasileiro

Complemento homenagem ao Presidente Médici no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro(IHGB)

Comparecemos as homenagens no Clube Militar, que acima descrevemos. E lá ao falarmos como Gen Ex Antônio Jorge Correia um dos painelistas e membro honorário do IHGB por sua destacada atuação com Presidente da Comissão do Sesquicentenário da Independência em 1972, ele nos informou decepcionado de haver lido em jornal que o IHGB não prestaria homenagem ao Presidente Médici o seu antigo Presidente de Honra por divergências em sua Diretoria .E sem entender as razões duma divergência no IHGB, como seu membro emérito e da sua Diretoria, e mesmo por não haver sido convidado para a citada sessão como é costume, retornei a Resende .E de lá telefonei para o Cel Arivaldo Silveira Fontes, 1 º vice presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil(AHIMTB) e Secretário da Comissão de Pesquisas Históricas (CHEPHAS) do IHGB, para saber o motivo da suspensão da reunião que fora programada .Foi então que ele me informou que a notícia do jornal em que muitos leram era falsa e que a reunião havia ocorrido com brilho e muito concorrida com a presença de oficiais generais da Ativa e da Reserva na qual falaram ex-ministros do Presidente Médici ,cujos pronunciamentos recolhera, menos o do deputado Delfim Neto feito de improviso mas que foi gravado e todos seriam publicados na Revista do IHGB. Mencionou que o presidente do IHGB e também sócio emérito da AHIMTB , professor Arno Wheling havia usado da palavra . Vale lembrar que a atual e magnifica e condigna sede do IHGB, a Casa da Memória Nacional deveu-se a empréstimo da CEF conseguido por Pedro Calmon junto ao Presidente Médici e intermediado por seu antigo instrutor, o historiador Marechal Estevão Leitão de Carvalho, líder dos Jovens Turcos e que presidira a Missão Militar Brasil –EUA durante a 2ª Guerra. E mencionava Pedro Calmon dera com garantia simbólica do empréstimo a invicta espada de campanha do Duque de Caxias , a maior relíquia da Casa da Memória Nacional , que desde 1925 se constitui em patrimônio do IHGB , da qual, em 1931, o coronel José Pessoa tirou o modelo para a fabricação dos espadins dos cadetes do Exército .Símbolo este que há 73 anos vem sendo distribuído aos cadete como o próprio símbolo da Honra Militar e com a denominação de Espadim de Caxias. Pedro Calmon como presidente do IHGB em gratidão deu o nome de uma das salas do IHGB , de Sala Presidente Médici, a qual com a morte de Pedro Calmon foi ao que parece eliminada. Este complemento era importante, como esclarecimento aos que leram a falsa notícia de jornal dizendo que o IHGB não evocaria o centenário de seu Presidente de Honra Presidente Médici, a cuja sensibilidade, para assuntos de História do Brasil, se deve em muito a majestosa e condigna sede do IHGB , a concretização de um grande sonho de Pedro Calmon, Edifício sede do IHGB que hoje é denominado Pedro Calmon.

História é verdade e justiça e também gratidão