9 -AS LUTAS PARA CONSOLIDAR A INDEPENDÊNCIA

Proclamada a Independência do Brasil pelo príncipe D.Pedro, em 7 de setembro de 1822 com o brado de Independência ou Morte, as margens do Ypiranga , o Brasil teve de combater reações armadas portuguesas na Província Cisplatina (atual Uruguai) no Pará , Maranhão e Piauí e, especialmente na Bahia ,a mais expressiva e ameaçadora

Antecedentes: Em 1808 a Família Real ,sob a liderança do Príncipe Regente D João, foi obrigada por Napoleão a transferir-se para o Rio de Janeiro e ali estabelecer o governo do reino de Portugal .E de 1808-21, como sede do reino de Portugal ,o Brasil através de várias medidas administrativas teve criada a infra-estrutura que o amadureceu para tornar-se independente e sustentar este status.

No campo militar ,o Brasil conquistou temporariamente Caiena ,em 1809 ,na Guiana Francesa ,em represália a Napoleão . D. João criou em 1810 a Academia Real Militar do reino de Portugal, aproveitando na Casa do Trem a estrutura de ensino e administrativa da Real Academia de Artilharia Fortificação e Desenho criada pelo vice rei Conde de Resende, quando já D. João já era Regente e no aniversário de sua mãe demente D.Maria I e ,em 17 dezembro de 1792 .Academia destinada a formação no Brasil Colônia de oficiais de Infantaria ,Cavalaria, Artilharia e Engenheiros militares e civis .Real Academia que tornou-se a pioneira no ensino militar acadêmico das Américas e do ensino superior civil no Brasil .

Foi criada a Fábrica de Pólvora no Jardim Botânico e o atual Regimento de Dragões da Independência de Brasília etc. D. João combateu no Prata interesses contrários aos de Portugal ,traduzidos pela Campanha do Exército Pacificador da Banda Oriental em 1811-12. E com o Brasil na condição de Reino Unido de Portugal e Algarve desde 1815, combateu Artigas em 1816,a Revolução Pernambucana de 1817 e a 2a Guerra contra Artigas de 1820 . E incorporou ao Brasil ,em 1821, o Uruguai como Província Cisplatina do Brasil .

A Revolução do Porto ,em 1821, com imposição de uma Constituição a ser jurada pelo agora rei D.João VI, terminaram por obrigá-lo a retornar a Portugal deixando aqui no Brasil seu filho, o príncipe D. Pedro como regente do reino do Brasil .

E no Brasil dois sentimentos conflitavam .Os dos portugueses de reduzirem os privilégios concedidos ao Brasil ,como sede do governo de Portugal por cerca de quase 13 anos e, os dos brasileiros de se livrarem da tutela das Cortes de Lisboa , e sob o estímulo da independência das antigas colônias americanas .

Algumas províncias não obedeciam a D. Pedro e sim às Cortes de Lisboa para onde enviavam saldos de impostos arrecadados .A situação financeira era crítica .E a animosidade entre portugueses e brasileiros se agravava .

Em Pernambuco, na noite de 21 julho 1821, o governador Luís do Rego, foi vítima de um tiro de bacamarte. Houve prisões e um combate próximo da ponte de Olinda. O governador, retirou-se para Portugal . Elegeu-se uma Junta Governativa Provisória, presidida por Gervásio Pires Ferreira.

Uma rebelião militar em Montevidéu, resultou numa Junta de Governo, sob a presidência do General Carlos Frederico Lecor. Ficou decidido que a Banda Oriental ( Uruguai )continuaria portuguesa, com a denominação de Província Cisplatina. Em São Paulo, aclamou-se uma Junta presidida por João Carlos Augusto de Oeynhausen.

Na Bahia, Maranhão e Ceará, a autoridade de D. Pedro foi contestada Elas prestavam obediência direta às Cortes de Lisboa .

Em Portugal se avolumavam os ressentimentos contra o Brasil na representação do Brasil nas Cortes e com as medidas restritivas aos direitos e privilégios brasileiros. Os deputados representantes do Brasil nas Cortes, como Antônio Carlos, Vilela Barbosa, Araújo Lima, Diogo Antônio Feijó e Campos Vergueiro, foram obrigados a emigrar para a Inglaterra. Tal a situação de coações e vexames impostos.

Para D .Pedro tratava-se de dar solução ao dilema entre brasileiros e portugueses: Independência ou Recolonização.

A Divisão Auxiliadora no Rio reage contra D. Pedro: .A Divisão Auxiliadora, comandada pelo Tenente-general Jorge de Avilez Zuzarte, Governador das Armas da Corte e que fora trazida de Portugal para o Brasil, em virtude da Revolução de 1817,em Pernambuco, era o suporte militar do partido português no Rio de Janeiro.

Avilêz, autoritário e prepotente, não se conformava com a atitude do de D Pedro de aproximação com os brasileiros. Ele arrogava-se o papel de guardião representante das Cortes e tutor do Regente. As intervenções e ponderações de Avilez tornaram-se impertinentes, Um dia, querendo D .Pedro adestrar a Artilharia de Milícias mandou buscar, os canhões necessários, no quartel de Avilêz que negou-se a fornecer as peças de Artilharia invocando a Constituição na recusa.

Os militares e os civis, partidários das Cortes, consideravam ilegal a autoridade de D .Pedro , originária de concessão do rei D. João VI, para a qual ,segundo A Constituição não estava capacitado.

D. Pedro comtemporizava entre a tolerância e a reação. Não possuía força militar para enfrentar Avilêz . Restava-lhe dar tempo ao tempo, preparando, uma base de apoio na opinião pública dos brasileiros para reagir no momento exato .

D .Pedro decide ficar : Em fins de 1821 era inevitável a marcha do Brasil para a emancipação. As posições políticas radicalizaram - se. Ou Independência ou submissão total a Lisboa .Não existia meio termo !

A autoridade de D. Pedro limitava-se, ao Rio de Janeiro, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Na maior parte das províncias, a idéia era de obediência à Lisboa . D. Pedro, chegou até a pedir ao pai o seu retorno para Portugal ,tal o nível de pressões sobre ele exercidas pelos dois partidos

Mas numerosos brasileiros e alguns portugueses simpáticos à Independência prestigiavam D. Pedro , auxiliando-o e evidenciando a insensatez da recolonização do Brasil,depois de haver desfrutado 13 anos como sede do Governo de Portugal e 6 como Reino Unido.

No Rio ,a situação deteriorava-se rápido . Os ministros da Regência dividiam-se entre a Independência e a recolonização .O conde de Louzã insuflou a Divisão Auxiliadora contra os brasileiros. Exaltavam-se os ânimos. D. Pedro devia decidir: brasileiros ou portugueses! A oficialidade da Divisão Auxiliadora apoiava os portugueses ou a recolonização .

D. Pedro decidiu pelos brasileiros . E resolveu enfrentar a arrogância dos militares portugueses. Decretou o recrutamento geral e formação de unidades de tropa brasileira , ou o embrião do Exército Brasileiro . A medida despertou grandes protestos e indignação.

Divulgaram-se as bases da Constituição Portuguesa, decretada pelas Cortes. O Conde de Louzã, e outros, entenderam dever D .Pedro jurar fidelidade a Constituição . Muitos acharam dispensável a formalidade: o juramento já havia sido prestado. Nesse entrechoque de opiniões, Louzã apelou para a Divisão Auxiliadora. E D. Pedro submeteu-se contrariado!

E a Divisão Auxiliadora exigiu mais : Um Conselho de Estado, responsável perante as Cortes, sem cuja sanção, nenhum assunto importante poderia ser decidido; a demissão do Conde dos Arcos e, uma Comissão Militar participante do Comando das Armas.

D. Pedro se submeteu . O Conde dos Arcos, embarcou para Lisboa. Criou-se uma Junta de 9 membros, para auxiliar o governo. Nomearam-se dois adjuntos para o Comandante das Armas. Sentiu o Regente a necessidade da criação de um Exército Brasileiro, que lhe desse prestígio e lhe amparasse a autoridade.

Em Lisboa, as Cortes orgulharam-se com a volta de D. João IV humilhado e submisso. A política contra o Brasil aumentou com volumosa onda de decretos de Lisboa. Reagiram os brasileiros ! A revolta dos espíritos culminou quando, de Portugal, chegaram os decretos nº s 124 e 125, suprimindo os tribunais do Rio de Janeiro e ordenando o regresso do Príncipe "para viajar à Europa e aprimorar a sua educação na França, Inglaterra e Espanha". Numerosas moções de partidos, câmaras e governos provinciais foram subscritas, solicitando a permanência de D. Pedro. Hesitava este, conhecedor da profunda repercussão da sua atitude. No dia 9 janeiro 1822, que passou a história como o Dia do Fico, e marcado para a audiência da entrega da petição dos fluminenses, recebeu D. Pedro representação de várias partes do país. José Clemente Pereira pronunciou histórico discurso, que em seu início, "a partida de Sua Alteza Real seria o decreto que teria de sancionar a independência do Brasil". Emocionado e conhecedor de que, em breve, novas adesões viriam de São Paulo e Minas Gerais, D .Pedro decidiu : - "Como é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, diga ao povo que fico".

Nasce o Exército Brasileiro :A decisão foi um desafio às Cortes. Os oficiais da Divisão Auxiliadora procuraram disfarçar a indignação. Sentiram-se feridos em seu orgulho. Igualmente, contrariados ficaram os partidários da recolonização.

O Dia do Fico foi festejado , na maior ordem. Dois dias depois, surgiram indícios anormais nos quartéis. A Divisão Auxiliadora, liderada pelo General Avilêz, tentou desautorizar a decisão de D. Pedro.

Avilêz com comitiva visitou os quartéis para excitar os ânimos e divulgou ter demitido por D .Pedro , recebendo a solidariedade da Divisão cujos soldados percorriam as ruas do Rio , quebrando vidraças e provocando os brasileiros e agredindo os que protestavam .

O 3º Batalhão de Caçadores, em São Cristóvão, manteve-se fiel a D. Pedro, o que desgostou Avilêz .

A posição de Avilêz obrigou os generais brasileiros Francisco Xavier Curado, Nóbrega e Oliveira Álvares a convocar seus comandados para defender D. Pedro . Este, irritou-se com as ações de Avilêz e decidiu preparar-se contra ele .

Aceitando os serviços dos três generais brasileiros ,os liberou do Comando das Armas. E deu-lhes a missão de reunir nos quartéis do Campo de Santana ( atual Palácio Duque de Caxias) as unidades de Linha e de Milícias brasileiras subordinadas diretas a ele . Convocou voluntários da província do Rio de Janeiro e solicitou reforços a São Paulo e Minas Gerais.

No Rio e arredores ocorreu um movimento cívico notável .Brasileiros válidos, de todas as camadas sociais , se dirigiram aos quartéis do Campo de Santana. Era o povo brasileiro em armas ! E ali disputaram o direito de formar a vanguarda no Exército Brasileiro de D .Pedro Em pouco foi mobilizada uma tropa brasileira de mais de 6.000 patriotas , frementes de patriotismo, disposta a guerrear o insolente General Avilêz .Até padres pegaram em armas !

O General Avilêz ao conhecer a concentração das forças brasileiras nos quartéis do Campo de Santana,(local do atual Palácio Duque de Caxias) ordenou aos que lá se reuniram dispostos a lutar que se recolhessem às suas residências e devolvessem as armas e peças de Artilharia. Em resposta, a disposição de só receberem ordens do Príncipe D. Pedro.

Face a esta resposta dos quartéis do Campo de Santana ,Avilêz foi para o palácio de São Cristóvão para apresentar queixa da desobediência a D. Pedro, Este respondeu-lhe que ele próprio ordenara ao General Oliveira Álvares para reunir nos quartéis do Campo de Santana as unidades brasileiras, a fim de manter a ordem e o sossego público ameaçados pela Divisão Auxiliadora

Confuso Avilêz , deixou o Palácio .E viu , nas ruas, o entusiasmo do povo que acorria ao Campo de Santana. Retornou à presença de D. Pedro . E assegurou-lhe a lealdade da Divisão Auxiliadora . D. Pedro declarou o haver demitido da função de Comandante das Armas da Corte .E, em assim sendo , já não lhe competia importar-se com o movimento das tropas brasileiras subordinadas agora ao General Joaquim Xavier Curado.

No bojo destes acontecimentos nascia de fato o Exército Brasileiro que seria criado de direito pela Organização de 1 odezembro 1824.

A tentativa de seqüestro de D. Pedro : Avilez, distituído do Comando , dirigiu-se para o quartel do Largo do Moura .Ali , com oficiais de sua confiança, planejou seqüestrar D.Pedro . O plano era surpreender e prender D. Pedro na saída do teatro. E levá-lo, com a Princesa D. Leopoldina e os 2 filhos, para a Fortaleza de S. João .E , embarcá - los à força para Portugal na fragata União, pronta para partir. Devia ser ação rápida e de surpresa para não dar tempo para reação das forças brasileiras. Contavam com a coragem habitual de D . Pedro de não faltar à sessão teatral, apesar das tensões do dia .

Ao anoitecer, houve alarma geral no Rio . Pois soldados portugueses promoviam desordens. No teatro, D .Pedro deu pela falta de Avilêz . Ordenou ao Brigadeiro Carreti o recolhimento da soldadesca indisciplinada. Quase ao final do espetáculo, D. Pedro soube que a força portuguesa cercaria o teatro. Protegido por patriotas, foi para S. Cristóvão. Mandou a família para Santa Cruz.(atual quartel do 1o BE Cmb) .Expediu ordens para a ofensiva, na manhã seguinte. As notícias da tentativa de seqüestro espalharam-se pelo Rio e causaram revolta geral !

D. Pedro expulsa do Brasil a Divisão Auxiliadora : Avilêz não desistiu. Reuniu suas forças e tomou posição no Morro do Castelo,(hoje arrasado) preparando-se para bombardear o Rio . O Campo de Santana encontrava-se preparado para o que desse e viesse . Além das forças de primeira linha, ali concentravam-se regimentos de Milícias e, batalhões Patrióticos, formados na ocasião. O povo, na praça, explodia em aclamações. O General Oliveira Álvares, mesmo enfermo, conduzia as operações.

Ao amanhecer, chegou, em meio a grande ovação popular, o heróico General Francisco Xavier Curado. Ele leu proclamação de D. Pedro, concitando os brasileiros a pegarem armas contra a "insubordinada e anarquisadora divisão portuguesa", oferecendo-se, para liderar os patriotas.

Por volta das 8 horas da manhã, D. Pedro visitou o acampamento das forças a ele fiéis no Campo de Santana., sendo recebido com grande entusiasmo.

As forças brasileiras e as portuguesas, estavam prontas para o confronto. Não restou dúvida que o fervor patriótico dos brasileiros os levaria de roldão em que pese a superioridade em equipamentos e instrução da Divisão Auxiliadora integrada por profissionais .

D. Pedro antes de ordenar o ataque, intimou Avilêz a retornar aos seus quartéis e preparar a Divisão Auxiliadora para embarcar para Lisboa.

E respondeu Avilêz : "Sentia não poder obedecer-lhe por ser a sua ordem contrária às decisões das Cortes".

Ao cair da tarde, mais uma vez intimado, comprometeu-se a se retirar para Niterói, desde que D. Pedro se responsabilizasse, perante as Cortes, pela retirada da Divisão e esta, paga em dia .

No mesmo dia, as forças portuguesas atravessaram a baía, e aquartelaram , na ponta da Armação, em Niterói. Ali contava receber reforços de Lisboa, a fim de restabelecer o domínio da situação. Para tanto precisava ganhar tempo .E isto ficou claro ao distribuir manifesto à população do Rio e na tentativa de apossar-se da Fortaleza de Santa Cruz. Circulou notícia que ele pretendia reunir-se, na Bahia, ao General Madeira de Melo.

D .Pedro ocupou o Campo do Barreto e bloqueou, por mar e terra o acampamento da Armação. A Fortaleza de Santa Cruz continuou com os brasileiros. Prontas as embarcações para o transporte da Divisão Auxiliadora, Avilêz protelou embarque, com vários pretextos. E D. Pedro ,a 9 fevereiro e 1822 embarcou na fragata União. E com os navios do bloqueio da Armação notificou Avilêz que atacaria, caso não embarcassem logo. Avilêz cedeu a pressão .Em 15 de fevereiro de 1822 levantaram ferros, de volta a Portugal, os navios transportadores da Divisão Auxiliadora . Um dos batalhões desembarcou na Bahia reforçando as tropas do general Madeira de Mello .Mas Avilêz permaneceu em Niteroi ,por longo tempo e instalações reais .

A Cortes decidiram enviar tropas ao Brasil, mas 1.200 homens .Eles não desembarcaram ficando os navios ao largo na baía de Guanabara, ao alcance da Artilharia das fortalezas. Cerca de 894 soldados abandonaram a expedição, preferindo o Brasil O restante retornou a Portugal, 2 semanas depois.

A expulsão da Divisão Auxiliadora de Avilêz ,colocou nas mãos de D .Pedro e do nascente Exército Brasileiro que assegurou a expulsão da Divisão Auxiliadora , o destino da Independência do Brasil .

A crise política paulista :José Bonifácio de Andrada e Silva, no dia da capitulação das tropas de Avilêz, foi nomeado Ministro do Reino e de Estrangeiros. Desde logo trabalhou para restaurar a Unidade do Brasil, esfacelado pela atitude das juntas provinciais .Assessorou D. Pedro ! Lutou infatigavelmente, pela Independência. Conseguiu decreto que dispunha : "Não ter valor nenhuma lei portuguesa sem o cumpra-se do Regente. " Promoveu a ida do Príncipe D. Pedro a Minas Gerais, pondo um fim lá as desordens provocadas pelo partido republicano.

Vale lembrar que José Bonifácio ,brasileiro santista encontrava-se em Coimbra, em 1807 .E se recusou a voltar para o Brasil junto com a Família Real que partiu de Portugal em 27 novembro 1807, em 8 naus,4 fragatas,3 brigues ,1 escuna e várias escunas e navios mercantes ,em número de mais de 15.000 pessoas .A maioria fugia para o Brasil .Mas o Ministro da Guerra ,o conde de Linhares deixou Portugal para fundar um Império .Hoje é nome de Museu do Exército na Quinta da Boa Vista ,com muita justiça .

A José Bonifácio não lhe pareceu decente fugir .E ficou ! Em 30 novembro 1807 o General Junot forte de 26 mil homens entrou em Lisboa sem reação .E em pouco a revolta popular tem inicío .Soldados franceses começam a ser vítimas de ações de guerrilheiros , por agressões físicas e desaparecimentos .Em junho 1808 ,Portugal se levantou contra a dominação .Em Coimbra foi formado o Corpo de Voluntários Acadêmico para lutar contra o invasor .José Bonifácio foi quem se encarregou de fabricar munições para o Corpo Acadêmico .E teria participação destacada na luta contra o invasor , da qual foi um dos mais eficientes líderes guerrilheiros .Participou com o seu Corpo de Voluntários Acadêmico ( integrado por alunos da Universidade de Coimbra ) da conquista do Forte Santa Catarina , em Figueira da Foz e ajudou a restaurar o governo de D. João em Condeixa , Ega , Saure , Pombal ,Leiria e Nazaré .

Em janeiro de 1809 nova invasão e José Bonifácio é um dos majores do Corpo de Voluntários Acadêmico e foi o fortificador de Coimbra .Bloqueou a ponte de Água dos Maias a um provável assalto inimigo .Marchou sobre o Porto que é libertado do invasor .Ali, já Tenente Coronel , passou a dirigir o Serviço Secreto como presidente do Conselho de Polícia e Segurança , encarregado de diversas funções ,inclusive a de sentenciar crimes de aleivosia e traição .E marchou sempre na Vanguarda de seu Corpo encarregado dos reconhecimentos mais arriscados , motivando ordens expressas para que não se arrisque .

Em 10 maio 1809 , em Albegaria participou do combate ,das 4 horas e meia às 10 horas da manhã, que colocou em fuga o invasor com o auxílio de tropas inglesas .José Bonifácio figurou entre os mais bravos .E participou da conquista do Porto ,em 12 agosto 1809 .

Foi nomeado intendente de Polícia e Superintendente da Alfândega e Marinha .Em 4 agosto 1809 pediu dispensa desta função .E o General inglês Carr Beresford comandante em Chefe do Exército o dispensou louvando "o seu patriotismo ,conhecimentos e valor ."

Em outubro 1809 face a nova ameaça de invasão ele foi nomeado comandante do Corpo Militar Acadêmico e com ele marchou para Peniche .Mas não houve combate , pois o general francês Massena se retirou .Este era o perfil do soldado José Bonifácio que se impunha fosse aqui lembrado .

Voltando ao problema Independência depois de traçar o perfil combatente do José Bonifácio em Portugal .

Em São Paulo, a Junta se dividira em duas .Uma integrada por Martim Francisco, irmão de José Bonifácio e o Brigadeiro Manoel Rodrigues Jordão. A outra, pelo comandante da força, Coronel Francisco Inácio de Souza Queiroz, o presidente da Junta, Oeynhausen, e o ouvidor da Comarca, Costa Carvalho, suposto mentor dos dois primeiros.

Em razão das ações energéticas e radicais, adotadas para evitar a corrupção no governo e as sedições internas, Martim Francisco caiu no desagrado do presidente da Junta e do Coronel Francisco Inácio. Foi pedida sua expulsão de São Paulo .Ele viajou para o Rio de Janeiro e o Brigadeiro Jordão foi mandado para Santos.

Martim Francisco convenceu o irmão José Bonifácio, de colocá-lo no ministério .E , ao mesmo tempo, convocar os três líderes da Junta paulista, para esclarecimentos .Eles atenderam ao chamamento. D. Pedro deslocou para São Paulo várias unidades militares .E nomeou o Marechal Arouche, de Toledo Rendon ,Governador Militar de São Paulo .Arouche fora o fundador da Faculdade de Direito do Largo do São Francisco.Mas a crise só teria fim em São Paulo com a presença de D. Pedro .

A preocupação com o Norte e Nordeste :Em todo o norte e nordeste do Brasil dominava o partido das Cortes, com a tendência de apoiar D .Pedro, com o passar dos tempos .

A província que mais o preocupava era Pernambuco .D. Pedro enviou a Pernambuco o jovem Antônio Menezes Vasconcelos de Drumond que agiu com tirocínio e eficiência. A Junta de Pernambuco deu adesão formal a D. Pedro, em 1º de junho 1822 Antes, embarcara para a Europa o Governador das Armas, José Maria de Moura .E mais ,a Junta impediu o desembarque de reforços militares vindos de Portugal.

Na Bahia, a nomeação do Brigadeiro Inácio Luís Madeira de Melo, para o Comando das Armas, decepcionou os brasileiros que consideravam-no seu maior inimigo.

A Junta Governativa não deu posse a Madeira de Melo, investindo no cargo o Brigadeiro Manuel Pedro de Freitas Guimarães, líder da corrente brasileira. Madeira de Mello submeteu a Junta Governativa e os patriotas. E os forçou a continuar a resistência fora de Salvador .

A Bahia, dominada por Madeira de Mello constituiu- se no maior baluarte do domínio português no Brasil e no palco mais sangrento da Guerra da Independência.

Independência ou morte ! A crise política em São Paulo continuou e D .Pedro foi solicitada a lá comparecer .Diante das solicitações, D. Pedro resolveu ir pessoalmente a São Paulo, saindo do Rio de Janeiro, 14 de agosto viajando a cavalo pelo vale do Paraíba .Foi bem recebido na capital .E ao retornar de viagem a Santos, junto ao riacho do Ypiranga, na tarde de 7 de setembro de 1822, D .Pedro recebeu emissários de José Bonifácio, trazendo importantes comunicações de Lisboa e da Princesa Leopoldina. Elas continham restrições humilhantes, adotadas pelas Cortes: Elas diminuíam a autoridade de D. Pedro, anulavam a convocação do Conselho de Procuradores Gerais das Províncias e nomeava novo ministério para o Brasil.

Inserido vinha um decreto mandando processar o governo de São Paulo e os signatários das petições de permanência de D. Pedro .Vinha uma carta de D. João VI, revelando a coação e documentação oficial particular expressiva.

Conforme depoimentos de testemunhas, D. Pedro, leu a documentação, pediu a opinião do padre Belchior, e recebeu como alternativa a Independência. Convocou, os participantes da comitiva , expôs-lhes a situação e a grave imposição das Cortes, em relação ao Brasil. Num gesto veemente, arrancou do uniforme o laço português, desembainhou sua espada a brandiu ao vento e proferiu o brado histórico :"Independência ou morte! "

Em São Paulo, espalhou-se, rápido, a notícia dos acontecimentos do Ypiranga. À noite, no teatro de São Paulo , D. Pedro foi aclamado pelo cônego Ildefonso Xavier Ferreira, como primeiro rei do Brasil.

Assim ,com o brado de Independência ou morte ,mais uma nação soberana surgia ao mundo. Era O Brasil ! Não foi livre de sacrifícios e derramamento de sangue, essa conquista vital ,no afã de consolidá-la . Portugal dispunha, no Brasil ,de grande respaldo político e militar, que reagiu à nossa Independência .

Heroismos , sacrifícios e martírios na resistência na Bahia :À Bahia seria o teatro das maiores violências, na luta para consolidar a Independência. Desde fevereiro de 1822, que os deploráveis episódios, originados pela intervenção autoritária do Brigadeiro Inácio Luís Madeira de Melo, mostraram a disposição dos portugueses. Salvador presenciou , após a tomada do Forte de São Pedro, cenas de barbárie da tropa de Madeira de Melo . No Convento da Lapa, arrombaram portas ,arrasaram altares, e assassinaram, cruelmente, a bondosa Sóror Joana Angélica, ao proteger com seus protestos a vida e a honra das freiras. com isto extremando o anseio de libertação da Bahia . Grande número de pessoas, brasileiros e amigos do Brasil, abandonaram Salvador em busca do Recôncavo para a formação de um núcleo de resistência.

Na vila da Cachoeira, criou-se, 25 junho 1822, uma Junta Conciliadora da Defesa, interina, para dirigir a reação nacionalista. O movimento estendeu-se a outras vilas. A Junta convocou todos os que pudessem concorrer. Instituiu uma Caixa Militar para reunir os meios necessários. Nas vilas revoltadas foram mobilizados milicianos e voluntários. Na falta de armas e munições fundiram-se peças de bronze, ferro e chumbo dos engenhos para fabricar-se material bélico.

Teve inicio a guerra de guerrilhas, sem tréguas, contra Madeira de Melo .Dela participavam, entusiasmados, crianças, padres, mulheres e até índios, utilizando arco e flecha.

Surgiram para lutar as companhias de Bellona e de Mavorte, a de Voluntários Cavaleiros, a dos Pedrões ou Encourados, a de Sertanejos do Rio das Contas,(comandada por frei José Maria Brayner) , a dos Pretos Libertos, a dos Voluntários do Príncipe também chamados Periquitos, a dos Índios, (chefiados por Bartolomeu Jacaré) e tantos outros grupos heróicos que, embora não dispondo de armamento comparável ao dos portugueses, sobrava a superioridade em bravura , patriotismo e disposição para a guerra de guerrilhas, a estratégia do fraco contra o forte . Estratégia que no passado havia contribuído para a expulsão dos holandeses de Salvador ,em 1625 ,e o surgimento da Guerra Brasílica que foi sublimada em Pernambuco ,conforme abordamos em guerras holandesas .

Esses audazes guerrilheiros brasileiros abordaram e tomaram a escuna inimiga que bloqueava o porto de Cachoeira; ergueram trincheiras e interditaram as passagens dos rios de Cachoeira e Santo Amaro; inquietaram e hostilizaram as tropas de Madeira de Melo, cortando-lhes as comunicações e prejudicando-lhes o suprimento .

Entre os integrantes dessa notável resistência distinguiu-se a figura feminina Maria Quitéria de Jesus Ela emocionada pela causa da independência, abandonou a casa, vestida de homem ,e assentou praça, num regimento de Artilharia, e transferida depois para o Batalhão dos Periquitos. Em fins de 1822, à frente de um grupo de mulheres, notabilizou-se pela bravura, entusiasmando os soldados, impedindo o desembarque adversário na foz do rio Paraguaçu. A heroína brasileira demonstrou, ainda, valor e patriotismo em outros episódios arriscados, recebendo uma condecoração do Imperador, e soldo de alferes de linha.

A reação nacional no Recôncavo baiano :Com o Manifesto das vilas confederadas de Cachoeira, São Francisco e Santo Amaro, em junho de 1822, a reação nacionalista alastrou- se pela Bahia . Era impositivo uma coordenação do esforço de guerra dentro de uma estratégia .Urgia coordenar as ações e dirigi-las dentro de estratégia adequada. E esta seria a retomada de Salvador ,dominada pelo General Madeira de Melo.

Da Vila de São Francisco, partiu o alferes Faria Dutra, com um contingente do 1º Regimento de Linha que tomou posição em Pirajá, nas alturas do local denominado Coqueiro. Uma força de milicianos, retirada da de Salvador ,em fevereiro, ao comando do Coronel Rodrigo Antônio Falcão Brandão foi atuar na região de Cabrito. Depois chegou o Tenente Alexandre Gomes de Argolo Ferrão, com um batalhão de Caçadores. Este era o futuro herói construtor da Estada do Chaco na Guerra do Paraguai , cujo filho ,General Francisco de Paula Argolo coube ,em 1904 e 1905 ,fechar a Escola Militar do Realengo, baixar o Regulamento de Ensino de 1905 ,que se constituiu no ponto de inflexão do bacharelismo no Exército de 1874-1905, para o profissionalismo militar que até hoje se sustenta ,e iniciado na Escola de Guerra de Porto Alegre 1906-11 que substitui a extinta Escola da Praia Vermelha .

Aos poucos crescia a força militar patriota bloqueando Salvador. Nesta força de bloqueio havia uma unidade de negros, formando a guarda de Henriques, comandada pelo Major Manuel Gonçalves da Silva.

O Tenente - Coronel Felisberto Gomes Caldeira Brant ,futuro Marquês de Barbacena e hoje denominação histórica da unidade de Artilharia de Juiz de Fora, dirigiu obras de fortificação, na vila de São Francisco de Sergipe do Conde, na ilha de Cajaíba, e ,em várias outras, para barrar o acesso das canhoneiras portuguesas. Fortificaram-se as ilhas das Fontes, Vacas, Frades, Bom Jesus, Madre de Deus e Santo Antônio.

Em terra ,existiam as defesas: Caipé, Marapé, Mataripe, Paramirim, Sambaré, Engenho do Conde, Gamboa, Encarnação, Barra do Garcez e outros locais. Foram mobilizadas várias unidades, em que pese a dificuldade na obtenção de armamento.

Da Casa da Torre, o Tenente - Coronel Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque, descendente de Garcia d 'Ávila, veio com reforços e acampou em Pirajá, onde assumiu o comando das forças ali existentes .

O Brigadeiro Madeira de Melo subestimou o movimento dos patriotas , convicto de que as suas tropas, mais bem armadas e adestradas, poderiam bater os patriotas facilmente. Ele considerava incompetentes os comandantes dos milicianos, mobilizados nos engenhos e no sertão e mal armados e municiados . Limitou-se Madeira de Melo ao rigoroso policiamento de Salvador, fechando os seus acessos com postos avançados , reconhecimento permanente no Recôncavo e patrulhamento marítimo . Ele ocupou a ilha de Itaparica, sem resistência em 1º de julho . Mas a abandonou por julgá-la sem valor estratégico .Erro que lhe custaria pesado preço .

Madeira de Mello envolvido com problemas do governo civil descuidou das atividades dos senhores da Torre que, ocupando a Feira do Capuame, barraram o acesso ao sertão, a via de suprimento de Salvador . Instalaram-se em Pirajá, distribuindo destacamentos pelas ilhotas e praias do Recôncavo. como postos avançados da defesa.

A chegada e ação do General Pedro Labatut :D. Pedro sentiu a necessidade de organização e enquadramento militar dos patriotas baianos Ele ordenou ao seu Ministro da Fazenda, Martim Francisco Ribeiro de Andrada, contrair, com particulares, o empréstimo de 400 contos de réis.

Preparou ,no Rio de Janeiro, força expedicionária, ao comando do General francês Pedro Labatut, veterano das campanhas de Napoleão.

Labatut seguiu para o norte, numa esquadrilha, ao comando do chefe de Divisão, Rodrigo Antônio de Lamare. Desembarcou em Alagoas, de onde marchou para Recife, a fim de mobilizar reforços.

A 4 setembro 1822, regressou a Alagoas transportando, através do São Francisco, 200 homens, para, de surpresa, atacar o Brigadeiro Pedro Vieira ,em Sergipe.

A resistência portuguesa foi vencida e Labatut marchou triunfante , de Laranjeiras a São Cristóvão, futura capital sergipana.

Chegando à Feira do Capuame, em 28 outubro 1822 ,estabeleceu o seu QG no Engenho Novo. Ocupou acidentes capitais .Reforçou as posições do Coqueiro, Cabrito e Pirajá. Nomeou o Tenente Coronel Felisberto Caldeira Brandt citado , comandante das forças de Itapoã. Despachou Rodrigo Falcão para Cachoeira, requisitando o urgente aprovisionamento da tropa de Cabrito e Pirajá. Solicitou, além de munições, a remessa de gêneros e gado para abastecer o seu exército. Captou a importância estratégica das posições do Recôncavo e a necessidade de reforçá-las.

Depois de 5 dias da sua chegada, o seu Exército estava reorganizado em brigadas. Criou um Arsenal de Guerra, em Feira do Capuame. Confiou a direção ao Capitão da Torre, João Sepulveda de Vasconcelos.

Em 4 novembro 1822 ,esta reequipada toda a guarnição dos postos ribeirinhos. Em Cabrito foi criada uma oficina de guerra. A maquinaria do engenho e a fábrica de artefatos de cobre transformaram-se em usina, , Antônio Marques, filho do proprietário, se incumbiu de fundir as peças de artilharia e revisar e manutenir as armas e munições, apreendidas dos portugueses.

As linhas brasileiras estenderam um cerco efetivo de Salvador,desde Cabrito a Passé. Ao comando de Manuel Pinto de Assunção e José Ribeiro Sanches, destacamentos vigiavam ilhas, praias, ancoradouros e arraiais. Em Itacaranha, segundo Labatut, chefe da defesa, foi concentrado o Batalhão de Negros e a Companhia de Caçadores de Santo Amaro.

A Artilharia, ainda deficiente ,foi articulada em posições adequadas, na Boca do Rio, na orla de Salvador e na ilha de Maré, com o Major Eusébio Gomes Barreiras.

Madeira de Melo reconheceu estar cercado ou sob sitio. Tentou rompê-lo ,mas foi sempre repelido. E agora ,sem sucesso , quis apossar-se da ilha de Itaparica .E Intensificaram-se os encontros entre elementos portugueses e brasileiros .

A batalha de Pirajá : Pirajá constituía para a força brasileira ponto chave da defesa, por sua posição dominante. Por ela passava a tradicional estrada das Boiadas, ligando Salvador com o norte da Bahia . A posse de Pirajá representava, para os patriotas , o domínio da enseada de Itapagipe e, o corte da entrada de víveres e de gado para o abastecimento de Salvador .

Ciente da relevância de Pirajá ,Madeira de Melo procurou controlá-lo. O seu plano de ação para 8 novembro e 1822, consistia:

Atacar o Exército Patriota em sua base de operações, Pirajá, dividindo-o em duas partes .Destruir uma parte e obrigar o restante a retirar-se na direção do norte. E, dessa forma ,esperava romper o cerco de Salvador e ter acesso ao sertão.

Ao amanhecer de 8, a Infantaria portuguesa desembarcou em Itacaranha e Plataforma, chefiada pelo Coronel João de Gouveia Osório, comandante da Legião Constitucional Lusitana. Ao mesmo tempo outras tropas atacaram Cabrito, ameaçando a retaguarda brasileira. Para lá acorreram reforços. Os nossos bravos , apoiados no Coqueiro, Bate-Folha e em São Caetano, resistiram. Dirigiu o combate o Tenente - Ajudante Alexandre de Argollo Ferrão já citado .

Nas encostas de Pirajá, a luta assumiu grandes proporções. Segundo o barão do Rio Branco, patrono de cadeira na AHIMTB, "o comandante da posição, Tenente - Coronel José de Barros Falcão, que trouxera ajuda de Pernambuco, possuía cerca de 1.300 homens, assim distribuídos: Batalhão de Pernambuco; Batalhão de Milicianos do Rio de Janeiro; Legião de Caçadores da Bahia; Corpo Henrique Dias; Uma companhia(-) do 1º Regimento de Infantaria da Bahia . Comandantes respectivos : Major José da Silva Santiago, Capitão Guilherme José Lisboa, Tenente Alexandre de Argollo Ferrão, Major Manuel Gomes da Silva, Alferes Francisco de Faria Dutra, e uma bateria de Artilharia do Rio de reforço .

O efetivo de Madeira de Mello englobava os 1º e 2º batalhões da Legião Constitucional, os 4º e 10º regimentos de Infantaria, e um contingente de Artilharia.

Combateram 5 horas, sem um resultado decisivo. Depois, um violento ataque de Madeira de Melo quase rompeu a linha brasileira, ameaçada de ser dividida em duas partes.

As colunas inimigas já progrediam sobre as alturas de Pirajá .Foi quando o Coronel Barros Falcão, para evitar o envolvimento ordenou a retirada.

Contou Accioli, contemporâneo do episódio, que o corneteiro Luís Lopes, num rasgo de iniciativa, ao invés de obedecer, tocou, com toda a firmeza: "Cavalaria, avançar!" As tropas portuguesas vacilaram, surpresas e, em seguida, ouviram o segundo toque: "Cavalaria, degolar!"

Hesitantes ,os inimigos recuaram ,enquanto os brasileiros, animados, avançavam, perseguindo-os a ponta de baionetas, levando-os de roldão até a praia onde embarcaram em desordem..

Em Cabrito, o mesmo ocorreu ,a fuga do inimigo. Assim derrotaram-se os soldados do arrogante Brigadeiro Madeira de Melo Eles tiveram baixas avaliadas em 200 homens, entre mortos e feridos. Baixas expressivas em relação ao efetivo total .

Na batalha de Pirajá, o nascente Exército Brasileiro conseguira firmar o seu valor, elevando o seu moral, ao derrotar forças experimentadas e mais bem equipadas.

Os portugueses renunciaram definitivamente à conquista das posições de Pirajá, conformando-se em manter Salvador em seu poder ,reconhecendo o poder e o prestígio do governo de Cachoeira .Os seus suprimentos se limitavam ao recebidos por mar, do apoio da esquadra inimiga .

Labatut passou à ofensiva, em 29 dezembro 1822 , liderando , em pessoa, as forças de Pirajá e Itapoã .Tentou desalojar os portugueses, fortemente entrincheirados ,sem conseguir dominar a defesa .O seu ataque evidenciou o espírito agressivo dos brasileiros.

O combate de Itaparica de 7 janeiro 1823 :Os lusos voltaram-se uma vez mais contra a ilha de Itaparica ,em 7 janeiro 1823. Empregaram uma força de 2 brigues e várias canhoneiras e outra de 41 lanchas e lanchões . Era impositivo aliviar o bloqueio de Salvador, cuja maior parte do povo era hostil aos portugueses e padeciam as aperturas da fome.

Por volta das 7 horas da manhã, os atacantes, em 2 embarcações, reconheceram o Forte de São Lourenço, defendido pelo Major patriota Luís Correia de Morais. Às 9,30 horas tentaram o desembarque com o grosso da flotilha. Uma divisão atacou as trincheiras das Amoreiras, de Isidoro, de São Pedro e o Forte de São Lourenço ; 2 canhoneiras da flotilha brasileira, e as trincheiras entre aquele e Mocambo. Os itaparicanos defenderam-se, valorosamente, liderados pelo Major Antônio de Souza Lima e tomaram de assalto uma embarcação inimiga . Às 18,00 horas cessou a luta, com a retirada dos atacantes. Os combates da Conceição e de Itapoã, em fevereiro e maio de 1823, não trouxeram qualquer alteração nas posições de ambas as defesas.

Embora os portugueses recebessem, nessa época, reforço de 2.500 homens, consideraram-se impotentes para uma ação definitiva contra o Exército patriota . Esse reforço agravou a escassez de víveres das tropas sitiadas. Desentendiam-se Madeira de Melo e o comandante da Esquadra, Pereira de Campos. O ambiente, na Bahia, para Madeira de Mello era cada vez mais difícil E foi agravado em 1º maio 1823, quando surgiram, frente à barra da Baia de Todos os Santos ,velas da Esquadra brasileira.

O reforço naval providencial :Compunha-se a Esquadra Brasileira de 8 navios: Nau Pedro I, fragatas Niterói e Piranga, corvetas Maria da Glória, Carolina e Liberal e brigues Guarani e Real.

Fora contratado por D. Pedro para comandá-la o bravo Almirante inglês, Lord Cochrane ,distinguido nas lutas pela independência de países americanos. Trouxe um grupo de oficiais ingleses: Greenfell, Taylor, Croosby, David ,Jewett, Hayden e Shepperde, que prestaram grandes serviços à Marinha Brasileira nascente , naqueles momentos difíceis de nosso formação política. A esquadra portuguesa possuía 13 navios: 1 nau, 5 fragatas, 5 corvetas e 2 brigues.

O primeiro combate deu-se a 4 maio 1823, nas costas da Bahia, sem engajamento geral. Cochrane fez a sua base no morro de São Paulo. Certo dia de junho ,tirando proveito de uma noite escura, entrou no porto de Salvador em reconhecimento . Destacou 2 navios, a nau Pedro I e corveta Maria da Glória para o bloqueio e a interceptação dos suprimentos destinados à Madeira de Melo Completava-se o cerco total patriota de Salvador .

Houve divergências entre os comandantes brasileiros . Foi preso e destituído, o General Labatut, em 22 maio 1823, e retirou-se para o Rio de Janeiro. (Mais tarde fracassaria a expedição terrestre que comandou para livrar Porto Alegre de sítio farrapo). A Junta de Cachoeira nomeou, comandante, o Coronel José Joaquim de Lima e Silva que em 3 junho 1823 desencadeou novo ataque contra a defesa inimiga em Salvador , sem resultado significativo.

A situação das forças portuguesas, a cada dia era mais precária. Eram hostilizados constantemente pelos baianos e sujeitos a privações e aborrecimentos. Nesta altura Madeira de Melo começou a desanimar. Enquanto de seu lado tudo rareava , crescia o entusiasmo e o vigor combativo do Exército patriota ,já numerando de 11.000 homens, provenientes da Bahia e de várias províncias. De Minas viera, pelo sertão, o Regimento de Infantaria Auxiliar de Vila Nova da Rainha (Caeté),e só regressando a Minas em 1829.

Os navios de Cochrane tornavam duvidoso o recebimento dos reforços mandados de Lisboa. Ao findar junho de 1823 , os portugueses, em Conselho Militar, decidiram pela Retirada, usando todos os barcos disponíveis. Concluíram-na, precipitadamente, em 2 de julho de 1823, memorável data: O Exército Libertador da Baia tendo à frente o General José de Lima e Silva, entrou triunfalmente em Salvador .E junto o Tenente Ajudante do Batalhão do Imperador Luiz Alves de Lima e Silva . o futuro Duque de Caxias e hoje patrono do Exército e da AHIMTB..

Lord Cochrane ordenou a perseguição dos navios inimigos. O Capitão John Taylor, comandante da fragata Niterói, capturou várias embarcações lusas, chegando à barra de Lisboa, foz do Tejo. Participaram dessas ações ainda jovens oficias ,os atuais patronos do Exército ,o Tenente Ajudante do Batalhão do Imperador Luiz Alves de Lima e Silva e o como Tenente o Marquês de Tamandaré ,atual patrono da Marinha de Guerra do Brasil.

As lutas no Nordeste e Norte: Foi com grandes sacrifícios e derramamento de sangue, que o nordeste e o norte integraram-se no seio da pátria Brasil independente. A população pagou pesado tributo nas lutas, principalmente devido à resistência do governador da província do Piauí, Major João José da Cunha Fidié., oficial de elite, culto ,poliglota, e veterano da guerra contra Napoleão.

A iniciativa da reação dos brasileiros no Piauí coube ao Coronel Simplício Dias da Silva, lançando o brado de revolta em Parnaíba. Ao conhecer o fato, Fidié, deslocou-se rapidamente de Oeiras, capital do Piauí ,para o litoral. Cobriu em pouco tempo, os 700 Km , separadores do foco rebelde de Parnaíba . Simplício, surpreso pela rápida progressão de Fidié, dirigiu-se para o Ceará, à procura de auxílio. Toda a sua família, foi prisioneira e os seus bens confiscados e levados para bordo do brigue português, D. Miguel, vindo do Maranhão.

A revolução alastrou-se pelo Piauí . De todas as partes chegaram dezenas de patriotas voluntários, dispostos a lutar pela Independência.

O combate de Jenipapo : Fidié de retorno a Oeiras , os patriotas do Piauí , reforçados por maranhenses e cearenses, ofereceram-lhe combate, perto de Campo Maior, no leito vazio do rio Jenipapo. Apesar da derrota, os patriotas capturaram os trens de retaguarda de Fidié, causando-lhe embaraço. Convidado pela Junta Maranhense a defender Caxias, Fidié para lá se deslocou em abril de 1823, fortificando-se, na elevação denominada Taboca.

Os portugueses, durante 3 meses, resistiram na cidade maranhense de Caxias, cercados por milhares de patriotas maranhenses, piauienses e cearenses, comandados, desde meados de julho, pelo chefe sertanejo do Ceará, José Pereira Filgueira .

Reduzido a situação crítica, sem nenhuma possibilidade de socorro ou suprimentos, Fidié passou o comando em 31 julho 1823. E Caxias capitulou ! As forças patriotas vitoriosas entraram em Caxias, em 1º agosto 1823 .

Jenipapo foi um mortal combate para os patriotas .O Marechal Humberto Castelo Branco ,patrono de cadeira da AHIMTB, afirmava que no combate de Jenipapo haviam morrido mais brasileiros do que na FEB , o que por si só demonstra a necessidade de um estudo de justiça histórica mais aprofundado deste confronto por algum historiador do Nordeste .

A reação a Independência no Maranhão e no Pará : Com a retirada dos portugueses da Bahia, Lord Cochrane deslocou-se para o Maranhão, com a nau D. Pedro I, a fim de impedir desembarques inimigos em São Luís. Lá aprisionou o brigue de guerra lusitano, São Miguel, e vários outros navios, surtos no porto.

Pouco tempo mais tarde, Cochrane enviou ao Pará o Capitão John Pascoe Greenfell com missão de pacificar aquela província.

No Pará o quadro era confuso devido às constantes divergências entre as lideranças locais. A rebelião libertadora, chefiada pelo Capitão Boaventura Ferreira da Silva e pelos alferes Antônio Loureiro Barreto e Mariano de Oliveira Belo, fracassara .E foram presos os chefes e numerosos implicados na luta pela Independência .

Greenfell, em 10 agosto 1823, chegou a Belém, com o brigue D. Miguel, ( mudado para Maranhão ) E , usando inteligente ardil, dominou a situação e estabeleceu uma Junta Governativa, composta de 4 militares: Coronel Geraldo José de Abreu, Capitão José Ribeiro Guimarães, porta-bandeira Feliz Antônio Clemente Malcher ,Capitão João Henrique de Matos e 1 religioso ,o cônego João Batista Gonçalves Campos.

As discordâncias entre radicais e moderados provocaram várias divisões que foram refletidas na disciplina das tropas e na onda de desordens e tropelias . Nessa e emergência ocorreu o trágico e cruel episódio no navio Palhaço ,m cujo porão morreram, por asfixia, mais de duas centenas de prisioneiros para lá enviados no contexto da repressão . Foi uma grande tragédia !

O Pará não se tranqüilizou, surgindo, mais tarde na Regência , a grave Revolta dos Cabanos fruto de animosidades e desacordos políticos. Só serenaram os ânimos no segundo reinado, graças ao ser pacificada a citada revolta que ameaçou seriamente a Unidade Nacional .

A reação a Independência na Cisplatina (atual Uruguai): Após a declaração da independência brasileira, as tropas da guarnição de Montevidéu dividiram-se . O General Carlos Frederico Lecor ficou ao lado de D. Pedro I, ou da Independência ,instalando o seu QG em Maldonado.

O General Álvaro da Costa permanecendo em Montevidéu ,assumiu o comando dos corpos de tropa fiéis às Cortes de Lisboa .

O povo daquela província assistia à luta entre as duas facções. Alguns orientais tomaram partido. O líder Manoel Oribe ficou com os portugueses e Rivera com o partido dos brasileiros . Chefes que o Brasil enfrentaria mais tarde ,em especial nas guerras de 1825-28 e 1851-52 .

Por 17 meses, Álvaro da Costa, com 4.000 homens, fortificados em Montevidéu, resistiu ao cerco imposto, por terra, pelo General Lecor e, por mar, pela Divisão Naval, fiel a D. Pedro. Forças do Rio Grande do Sul reforçaram o cerco de Montevidéu .

Dada a inutilidade da resistência, o General Álvaro da Costa capitulou, em 18 de novembro de 1823, embarcando para Lisboa com a Divisão de Voluntários Reais.

Assim caiu o último baluarte do domínio português no território brasileiro. Estava consolidada a Independência ,faltando o seu completo reconhecimento internacional ‘.

Destaques :Na guerra da Independência, despontou gloriosa a Marinha de Guerra do Brasil. Brilhou no Recôncavo, com as façanhas da força naval, improvisada pelo Tenente João das Botas. Nas terras e águas baianas, O Exército e Marinha nascente do Brasil - Império, irmanaram-se na luta vitoriosa pela consolidação e preservação da Independência.

Nela receberam o batismo de fogo, duas das maiores expressões de nossas lutas, em 5 décadas da vida nacional: O Tenente Luís Alves de Lima e Silva, ajudante do Batalhão do Imperador, no sítio da capital baiana, e o alferes Manuel Luís Osório, das forças brasileiras, que cercavam Montevidéu.

Dentro deste contexto de vulnerabilidades da segurança nacional ,o Brasil teria de enfrentar ,em 1824 no Nordeste ,a Confederação do Equador ,do que se aproveitaram em 1825 a Argentina e atual Uruguai para moverem guerra contra o Brasil de 1825-28 para o que brasileiros tiveram de fazer um grande esforço para compensar a ausência das 3 divisões de Portugal que foram expulsas com a Independência deixando o Brasil desfalcado de lideranças militares que tiveram de ser improvisadas ,face a um Exército Argentino veterano de lutas de Independência na América do Sul espanhola ,como se verá a seguir .