FORTE DE COIMBRA

DOIS SÉCULOS DE HISTÓRIA, DE FÉ E DE GLÓRIAS

 

Cel Cláudio Moreira Bento

Presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil

 

 

 

De todos os fortes fronteiriços, o bicentenário e legendário Coimbra foi o único a enfrentar e lutar valentemente contra dois potentes ataques inimigos, bastante superiores as suas forças.

Por esta razão, principalmente, é o forte que possui história mais heróica, além de pontilhada de episódios e tradições originais, dignos de  buscar-se neles  motivações e inspirações em  rica  História Militar .

O Forte de Coimbra é lembrado, com freqüência através dos exemplos heróicos e das obras, com sabor de epopéia, de seus  intrépidos defensores luso-brasileiros com concurso decisivo dos índios cavaleiros guaicurus, que ajudaram com  sacrifícios, sangue e vidas preciosas,a alicerçar  um Brasil íntegro, soberano e de dimensões continentais.

Lembramos Coimbra no seu bicentenário, para apontar à consideração eterna da nacionalidade o nome do Capitão Mathias Ribeiro da Costa, fundador da estacada primitiva do Presídio de Nova Coimbra, sob a invocação de N. S. do Carmo e sob dois erros geográficos, hoje considerados providenciais, pela grande projeção geopolítica que tiveram. Ou ou sejam: Fundação do forte no local onde se encontra, ao invés de em Fecho-dos-Morros, 44 léguas abaixo e na margem direita do rio Paraguai, tudo contrariando instruções expressas do Governador e Capitão-General de Mato Grosso.

 

1 PARTE

 

FUNDAÇÃO DA ESTACADA DE NOVA COIMBRA

 

 

Fundada por equivoco

 

Em 13 de setembro 1775, após 5 meses de viagem desde Vila Bela (atual cidade estado de Mato Grosso), o Capitão Mathias Ribeiro da Costa fundou, no estreito São Francisco Xavier, na margem direita do médio Paraguai e, sob a forma de uma estacada - o Presídio de Nova Coimbra, origem do atual Forte de Coimbra.

Isto, 15 dias após haver aportado no local, distante 292 km (44 léguas) rio abaixo, do local  onde fora mandado construir e guarnecer um ponto forte - Fecho-dos-Morros, por sua vez distantes 20 dias de canoa, de Cuiabá.

Mathias, ao assim proceder, estava convicto de haver cumprido sua missão, conforme comunicação que fez ao governador de Mato Grosso.

"... Nesta situação até agora chamada Fecho-dos-Morros aonde me acho..."

 

Expedição Fundadora

 

A expedição fundadora de Coimbra constituiu-se de 245 homens, repartidos por 15 canos e divididos em 3 corpos:

-                Corpo de Dragões - Comandante - Capitão de Auxiliares Mathias Ribeiro da Costa, também comandante da Expedição.

-                Corpo de Auxiliares - Comandante - Ajudante Francisco Rodrigues Tavares.

-                Corpo de Ordenanças - Comandante - Capitão Miguel Rodrigues.

A expedição foi guiada rio abaixo, desde Cuiabá, por um índio idoso. Dela participaram, também, os alferes Luiz Amorim e Francisco Lopes Barreto.

 

A Estacada Primitiva

 

A estacada primitiva, com alguns pequenos acréscimos e modificações, prestou á geopolítica luso-brasileira, na área, relevantes serviços durante os 22 anos seguintes, até o início de atual forte, a seu lado, em 1797, pelo Coronel Ricardo Franco.

Suas características são reproduzidas, em desenho, quer publicamos em artigo Forte Coimbra na Revista Militar Brasileira , v. 107 ,1975 ,Edição Especial comemorativa do bicentenário deste forte e editada por comissão sob a nossa Presidência.. A principal modificação decorreu de um incêndio que destruiu, na noite de 4 de fevereiro de 1777, toda a rancheira situada ao centro da estacada, além de matar um escravo doente.

 

 

Projeção Geopolítica da Estacada de Nova Coimbra

 

 A estacada do Capitão Mathias balizava o rastro de intrépidos bandeirantes paulistas que, mais de um século antes, após destruírem as missões jesuíticas do Itatins, estabeleceram nas margens do rio Miranda, em Santiago de Jerez (atual Colônia Bodoquena) uma fortificação com a finalidade de impedir o avanço espanhol para o norte, além de assegurar, naquele ponto, a ligação São Paulo - Mato Grosso.

A estacada de Coimbra passou a desempenhar, além de outros, os seguintes papéis na definição das dimensões continentais do Brasil, no mesmo ano em que, na América do Norte, os estados Unidos tratavam batalhas decisivas que culminariam com sua independência, no ano seguinte.

-                Dificultar o acesso  espanhol a navegação no curso médio do Paraguai.

-                Impedir incursões hostis de índios Paiaguás que infestavam os rios e que hostilizaram até Vila Maria (Cáceres atual).

-                Assegurar a posse portuguesa, definitiva, do médio Paraguai.

-                Separar os espanhóis de Assunção dos de Chiquitos e Moxos, enfraquecendo-os estrategicamente.

-                Criar segurança ao Sul, para a ligação por água, Vila Bela, então capital de Mato Grosso, com Lisboa e o Rio de Janeiro, pelos rios Guaporé, Amazonas e Oceano Atlântico, bem como para a construção do majestoso Forte Príncipe da Beira (1776-1797) no atual território de Rondônia.

-                Criar segurança e condições para uma aliança com os índios cavaleiros da nação Guaicurus, que habitavam o rico território do Pantanal, entre os rios Apa e Miranda e que, a partir de 1791, além de incorporarem-se á Coroa de Portugal, desempenharam papel militar decisivo na definição destino brasileiro do rico território sul mato-grossense ao norte do Apa.

-                Enfim, Coimbra contribuiu decisivamente para definir brasileiro o sul mato-grossense, o território de Roraima e outros importantes tratos de terra sobre os vales dos rios Paraguai e Guaporé.

 

 

Dois erros providenciais

 

Em conseqüência dos erros geográficos cometidos em fundar Coimbra no estreito São Francisco Xavier e na margem direita do Paraguai, distante 44 léguas de Fecho-dos-Morros, reza e tradição que o Capitão Mathias foi destituído do comando do Presídio e de sua patente militar, proibido de exercer função pública, além de deportado para a África.

O que parece provável, no entanto, é que ele tenha caído na descraça temporária do Governador  e Capitão General da Capitania de Mato Grosso, Luiz de Albuquerque de Mello Pereira e Cáceres.

Em ato de 29 de dezembro de 1791, daquela autoridade, transcorridos 16 anos de fundação de Coimbra, Mathias Ribeiro da Costa, ainda na patente de Capitão, é nomeado para um importante cargo de confiança em Vila Bela  como  Fiscal da Real Intendência e Casa de Fundação para o primeiro trimestre de 1892.

Talvez o Capitão Mathias tenha sido assistido, em seus erros providenciais, pela milagrosa N.S. do Carmo, que escolheu para padroeira do Presídio e sua gente e que nunca os desamparia, conforme comprovação os fatos posteriores.

N.S. do Carmo, hoje padroeira de outros locais do sul até Mato Grosso, além do Forte de Coimbra, era a quem o maior herói português. Nuno Alvares Pereira, o Condestável, dedicava especial atenção.

Nuno  Alvares exemplo de intrepidez e fé, sob a inspiração de N.S. do Carmo vencera os espanhóis em diversas batalhas na Península até consolidar o reino de Portugal.

 

Justificativas estratégicas do local escolhido para o Presídio

 

O local que Mathias escolhera era estrategicamente certo, pelos seguintes motivos, dentre outros:

-                Estava dentro de uma distância de apoio militar compatível, em relação a Cuiabá. Fecho-dos-Morros estava separado de Cuiabá por enorme distância, 20 dias de canoa, e pelo Pantanal habitado pelos hostis índios cavaleiros guaicurus.

-                Guardava maior distância de fortes contingentes militares baseados em Assunção e em Concepición fazia 2 anos, e cujos movimentos rio acima, Coimbra  tinha mais facilidade de detectar e barrar, principalmente a partir de 1789, com a aliança com os guaicurus.

-                Possuía melhores condições militares para impedir o acesso espanhol e dos índios Paiaguás, ao médio Paraguai.

A queda em mãos espanholas, menos de dois anos após a fundação de Coimbra, das praças fortes portuguesas isoladas de N.S. dos Prazeres do Iguatemi, no vale do Paraná, sob jurisdição de São Paulo e a de Colônia do Santíssimo Sacramento no atual Uruguai, sob jurisdição do Rio de Janeiro, viriam provar que a escolha do local pelo Capitão Mathias fora providencial.

As resistências épicas do forte de Coimbra contra ataques inimigos, em 1801 sob a liderança do Coronel Ricardo Franco de Almeida Serra e em 1864, sob a liderança do tenente-coronel Hermenegildo Portocarrero, viriam comprovar, ainda mais, o acerto da escolha do Capitão Mathias.

Se isso não bastasse, o próprio Capitão-General do Mato Grasso, Luiz de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, ao conhecer  o resultado desfavorável do reconhecimento da posição de Fecho-dos-Morros, que mandou proceder pelo substituto do Capitão Mathias, não determinou a correção do erro pelo qual, segundo a tradição, punira este soldado.

A partir de 1850 e até 1937, Fecho-dos-Morros seria objeto de 5 projetos brasileiros de ocupação militar, todos frustados.

Segundo uma das tradições locais, desde que por ali passou o apóstolo S. Tomé, procedente de São Vicente com destino ao Peru, Fecho-dos-Morros tornou-se um sítio sagrado, destinado, eternamente, a ser um local de lazer, pacífico e vedado á ocupação militar.

 

II PARTE

 

COIMBRA E A NAÇÃO GUAICURUS

 

 

Guaicurus massacram Guarnição de Coimbra

 

 

Em 6 de janeiro 1778, um grupo de índios guaicurus trucidou, fora do Presídio de Coimbra, 54 homens de sua guarnição, enquanto estes, como parte de uma armadilha, confraternizavam com as índias que integravam o grupo indígena.

A saída do Presídio, de 54 soldados desarmados, atendendo a pedido dos índios, para que suas mulheres não fossem assustadas pelas suas armas, facilitou o massacre.

A um assobio de um cacique, o grupo indígena lançou-se com fúria assassina sobre os defensores de Coimbra, que caíram na armadilha.

Eles foram trucidados com auxílio das índias que, pouco antes, lhes davam amor. Sobreviveu ao trucidamento somente um grupo muito pequeno de homens de Coimbra, que não deixara a proteção de suas estacadas para ceder as tentações das índias.

 

                          Animosidade antiga Portugueses X Guaicurus

 

O massacre de maior parte da guarnição de Coimbra pelos guaicurus era o resultado de uma animosidade, mais que secular, contra os portugueses, que remontava o período das bandeiras.

Algumas delas haviam atingido o território guaicurus, outrora, parte das reduções jesuítas do Itatins, arrasadas pelos bandeirantes paulistas na primeira metade de século XVII, juntamente com as de Guaíra, no Paraná, e do Tape, no Rio Grande do Sul, tudo com a finalidade estratégica de conter o expansionismo jesuítico, a serviço da Espanha, com apoio , em suas reduções, na direção de São Paulo, principalmente.

A nação Guaicurus,  constituída de exímios cavaleiros e canoeiros, quando a fundação de Coimbra habitava e dominava os campos, serras e rios do sul de Mato Grosso, entre os rios Apa e Miranda.

Seu rico território era constituído, em parte, pelos campos do antigo Itatins, ricos em gado alçado, ou chimarrão( selvaem) e extensas reservas nativas de erva-mate e, por isso, ambicionadissimo por portugueses e espanhóis.

Quando da descoberta de riquezas em Cuiabá, o  norte do território guaicurus, no vale do rio Miranda, foi por algum tempo articulação da ligação Cuiabá - São Paulo, na transposição do vale do rio Paraná para o do Paraguai, por terra e por água.

Os choques entre luso-brasileiros e índios guaicurus na região, tornaram-se freqüentes e diversas expedições punitivas foram despachadas contra eles, de Cuiabá.

Caso Coimbra tivesse sido erigido na margem esquerda do rio Paraguai e em Fecho-dos-Morros, conforme era desejo do Governador e Capitão General de Mato Grosso, da época, teria sido destruído ou isolado de Cuiabá, por terra e por água, por haver sido estabelecido em território hostil da nação Guaicurus e distante, 20 léguas de canoa, dessa localidade.

 

Aliança e União perpétuas Portugal - Nação Guaicurus

 

Durante os primeiros 11 anos de Coimbra, perduraram as hostilidades e escaramuças entre a nação Guaicurus e o Presídio de Nova Coimbra.

Por volta de 1789, o Major Engenheiro José Joaquim Ferreira, comandante de Coimbra, conseguiu pacificar a nação Guaicurus e com ela celebrar um tratado de aliança e união perpétuas.

O tratado previu a incorporação da nação Guaicurus, com seu rico território, à coroa de Portugal, à qual passaria a prestar vassalagem.

Em contrapartida, os índios guaicurus seriam considerados súditos e protegidos de Portugal .

Aquele tratado teve grande projeção no destino brasileiro do sul mato-grossense. Tal território ficaria com quem granjeasse a amizade e aliança da nação Guaicurus. Portugal levou a melhor, graças ao êxito do Presídio de Coimbra, em atraí-los e torná-los amigos.

 

Contribuição militar dos Guaicurus

 

Por volta de 1796, a nação Guaicurus tornou-se inimiga irreconciliável dos espanhóis e de seus descendentes na área, em razão de aliança que estes celebraram com a nação indígena Paiguás, sua inimiga. Na época, os espanhóis incursionaram no território dos guaicurus, através do rio Apa, em represália as ações desses índios em suas estâncias ao sul do rio.

Mataram, por degola, 11 caciques e executaram ou prenderam 300 guerreiros guaicurus.

Da aliança perpétua celebrada entre Portugal e a nação Guaicurus e inimizade desta com os espanhóis e seus descendentes na área, resultou decisiva e prolongada contribuição militar dos intrépidos cavaleiros guaicurus.

Eles, como cavaleiros e canoeiros exímios, foram os valiosos instrumentos militares que tornaram  possível a Portugal e, após ao Brasil, manter e defender a fronteira do sul de Mato Grosso, manter ligações militares rápidas por terra e água, além de aumentar o poder defensivo do Forte de Coimbra nos ataques que sofreu em 1801 e 1865 e, ofensivo, de algumas expedições contra os espanhóis e descendentes, como a conquista do forte espanhol de São José do Apa, em 1801 e, por volta de 1850, do Forte Olimpo (ex-Bourbon, fundado em 1792 em Três Irmãos, como uma respostas ao Presidio de Coimbra).

 

 

Heróis Guaicurus

 

Nestas ações destacaram-se alguns heróis guaicurus: capitão Lapogate, cacique Caminino e o índio Nixinica.

O último encontrava-se  de passagem em Concepción, no Paraguai, em 1801, onde veio a saber que aí chegara uma esquadra para atacar o Forte de Coimbra.

Sem perda de tempo, numa pequena canoa e, incansavelmente, remou 500 km rio acima até atingir o Forte de Coimbra e avisar seu comandante do perigo iminente.

Lapagate e Caminho destacaram-se nas lutas contra o inimigo na fronteira do Apa.

Os guaicurus foram aldeados em torno de Miranda juntamente com os gunas.

 

Dívida Brasileira com os Guaicurus

 

Quem quiser escrever sobre a épica conquista, manutenção e definição brasileira das terras adjacentes ás nossas fronteiras do sul de Mato Grosso, não poderá deixar de reconhecer a decisiva contribuição dos valorosos índios cavaleiros guaicurus, brasileiros por opção, cujo sangue generoso corre nas veias de grande parte da heróica e patriótica população brasileira daquela área.

D. Pedro II,  compreendendo, na exata medida, a contribuição histórica dos guaicurus na defesa da Soberania e Integridade do Brasil, na fronteira do Paraguai, votava-lhes grande amizade e gratidão, desde 1839, ao conhecer-lhes na Revista do Instituto Histórico Geográfico Brasileiro, fundado sob sua égide.

Ao saber de um ex-presidente do Mato Grosso que estes bravos guerreiros estavam em processos de extinção e absorção progressivas, falou:

"Os guaicurus muito me merecem e ao menos por gratidão não deveríamos chegar a este ponto."

Hoje, desempenha parte da histórica missão que coube por quase um século aos guaicurus, os integrantes da 4ª Divisão de Cavalaria, a última no Brasil, ainda a usar o cavalo, instrumento com o qual guerreiros guaicurus se celebrizaram naquela fronteira.

A 4ª DC foi apelidada de Divisão Guaicurus  por seu ex-comandante, General Plínio Pitaluga (que comandou o intrépido Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado da FEB na Itália).

Nesta época foram cunhadas diversas medalhas da 4ª DC tendo como símbolo um índio  guaicurus numa carga de cavalaria.

Estes índios, bem como os índios cavaleiros minuanos e charruas do Rio Grande do Sul prestaram relevantes serviços militares na definição das dimensões continentais do Brasil no Oeste e no Sul.

 

Um comandante de Coimbra ohistoriador da Nação Guaicurus.

 

De 1792-97 comandou o Presídio de Nova Coimbra o Ajudante do Terço Auxiliar de Voluntários de Vila do Cuiabá, Francisco Rodrigues do Prado (1758-1804), descendente de bandeirantes, natural de São João del Rei, MG, e que seria um dos maiores fronteiros do oeste brasileiro colonial.

Durante seu comando estreitou a amizade, a aliança e o convívio com a  nação Guaicurus, com vistas a obter colaboradores para a vigilância e manutenção das fronteiras portuguesas naquela frente e conhecer-lhes melhor culturalmente.

Do contato estreito com esta nação, consegui elaborar, no interior da velha estacada de Coimbra, um Dicionário Guaicurus e, principalmente, sua famosa História dos índios Cavaleiros ou Nação Guaicurus, trabalho original sobre assunto virgem, que seria publicado em 1939, no Tomo I da revista do recém-fundado Instituto Histórico Brasileiro.

Antes, nos números de julho e agosto do jornal O Patriota, de 1814, do Rio de Janeiro, sua História dos Índios Cavaleiros, fora publicada.

Foi neste jornal que Albert Southey  se baseou para introduzir  no Volume VI de sua  História do Brasil, versão inglesa, um apanhado sobre os guaicurus que tornou  aqueles índios conhecidos nos meios científicos mundiais.

Francisco Rodrigues do Prado, além de indianista, escritor e historiador foi, principalmente, um grande  herói militar brasileiro da luta pela fixação de nossas fronteiras com a Espanha, nos vales dos rios Paraguai e Guaporé, no período 1778-1804.

Foi fundador do Forte de Miranda em 1797, a frente do qual teve atuação decisiva na Guerra de 1801 na conquista definitiva, pela guerra, de ricos territórios espanhóis até o rio Apa, em conseqüência da ação militar que comandou pessoalmente contra o fortim espanhol de São José do Apa que culminou com a conquista e arrasamento desta posição.

Rodrigues Prado, soldado-historiador e indianista, morreu com cerca de 46 anos consumido por doenças contraídas no serviço da Pátria, após relevantes serviços militares prestados á Segurança e ao Desenvolvimento de Mato Grosso. Seus serviços não analisados em todas as suas repercussões, por seu biógrafo, o General Raul Silveira de Mello, na obra  Para além dos Bandeirantes. Pela BIBLIEx .

 

 

III PARTE

 

O FORTE DE COIMBRA PROPRIAMENTE DITO

 

                 O Milagre da Construção do Forte de Coimbra

  

Em 3 novembro 1797, foi lançada a pedra fundamental do atual forte, construído ao lado da primitiva estacada.

Consolidada a situação na Fronteira do rio Guaporé, com a construção do majestoso Forte Príncipe da Beira, o governo de Mato Grosso voltou-se para fazer face à perigosa ameaça na Fronteira do rio Paraguai.

Essa tomada de consciência de perigo surgiu a partir de 1790, quando o Vice-rei do Prata enviou em pequena e discreta expedição fluvial, rio Paraguai acima, com a finalidade de intimidar e reconhecer as posições militares portuguesas de Coimbra e Albuquerque.

Esta operação conhecida como EXPEDIÇÃO BONE - PASSOS, um capitão e um piloto de marinha, resultou em minucioso relatório inimigo, o qual nos permitiu reconstruir em gravura que faz parte de nosso citado artigo na Revista Militar Brasileira, a configuração aproximada de Presídio de Nova Coimbra ou de Coimbra a Nova, período 1775-1797.

Comandou as operações de construção do forte, o intrépido, valoroso e competente Tenente Coronel Engenheiro Ricardo Franco de Almeida Serra, após sua investidura nos comandos da Fronteira Sul do Mato Grosso e do Presídio de Nova Coimbra.

Premido pela urgência, face a ameaça de ataque iminente, Ricardo Franco, durante quase três anos, contando com parcos recursos locais em mão-de-obra e materiais e com o mínimo dispêndio para a Fazenda Real, realizou um milagre, misto de persistência, patriotismo, engenhosidade e liderança, na construção do forte.

Nesta obra ele serviu ao mesmo tempo "de arquiteto, de feitor, de mestre-de-pedreiro e carpinteiro."

 

 

Batismo de fogo do forte de Coimbra

 

O esforço de Ricardo Franco na construção do forte, contando com dificuldades técnicas, de mão-de-obra especializada, de materiais de construção e de recursos financeiros não foi em vão.

Durante 9 dias, de 16-24 de setembro de 1801, sob a proteção do incompleto forte, Ricardo Franco, liderando 49 soldados e 60 civis apoiados em 110 fuzis e 6 canhões, conseguiu repelir violento e potente ataque da Flotilha de D. Lazaro de Ribera, Governador de Assunção, composta de 4 goletas armadas com 12 canhões e guarnecidas por cerca de 900 homens.

 

 

Resposta Imortal a um "Ultimatum"

 

Após prolongado reconhecimento da posição, D. Lazaro de Ribera, ex-governador da Província de Moxos (atual Bolívia), onde atuara contra o Forte Príncipe da Beira, convicto de sua superioridade numérica, cerca de 8x1, enviou  um "Ultimatum" a Ricardo Franco dando-lhe uma hora para render-se e entregar Coimbra.

Ricardo Franco respondeu-lhe com altivez:

" A inferioridade numérica foi um estímulo que sempre animou os luso-brasileiros a não abandonarem seus postos e a defendê-los até ás ultimas conseqüências: Ou repelir o inimigo ou sepultarem-se debaixo das ruínas dos fortes cuja defesa lhes confiaram."  (para frase)

Este bravo militar, extremamente patriota e religioso, manteve-se fiel ao pensamento militar português - DILATAR A FÉ E O IMPÉRIO tão presente em  Os Lusíadas de Camões - o poeta-soldado responsável pelo grande império construído no passado pelo minúsculo territorial e gigante moral e espiritual Portugal: Pensamento político português  do que decorria este pensamento militar:

"Julgada a causa justa, pedir proteção divina e atuar ofensivamente mesmo em inferioridade de meios" (segundo interpretação do Gen. Paula Cidade).

Em represália ao ataque, Ricardo Franco mandou atacar o forte espanhol de São José no corte de rio Apa.

Aí contou com o concurso dos bravos guerreiros cavaleiros guaicurus e liderança do historiador e aldeador dos mesmos, capitão Francisco Rodrigues do Prado, comandante do Forte de Miranda.

Com esta manobra foi incorporado ao Brasil-Colônia, valioso território até o rio Apa, não reclamado pela Espanha para não ter de devolver, na península ibérica, a cidade de Olivença que conquistara de Portugal nesta guerra.

 

Ricardo Franco símbolo do dever militar

 

Na véspera do ataque, após atendida pessoalmente por Ricardo Franco em seu desejo de ser batizada católica, morreu no interior do forte uma jovem índia xamacoco que há muito vinha doente.

Ela pediu e foi sepultada na capela do forte, com honras militares da guarnição comovida com seu gesto. Até hoje atribuísse a essa jovem índia graças alcançadas por fiéis locais.

Ricardo Franco morreu no forte, ás 14 horas de 21 janeiro 1809, após relevantes serviços prestados á Segurança e ao Desenvolvimento da Amazônia e de Mato Grosso, tão bem apreciados e estimados em suas repercussões, por seu biógrafo, o General Raul Silveira de Mello na obra Um homem do dever.( BIBLIEX)

O construtor do Forte de Coimbra foi o maior fronteiro do oeste de Brasil-Colonial e é hoje um símbolo do dever e dedicação militares levados as ultimas conseqüências.

Seus restos mortais repousaram por algum tempo no interior do forte, até serem transladados para a Vila Bela para descanso na capela de Santo Antônio dos Militares.

Decorrido quase século e meio de permanência de seus restos mortais naquele local, eles foram localizados, após dificílima, paciente e demorada pesquisa empreendida pelo General Silveira de Mello, seu biógrafo e historiador do Forte de Coimbra.

Hoje eles se encontram em Coimbra, para repouso eterno, ao abrigo do solo e muralhas sagradas da legendária fortaleza que idealizou, projetou, construiu, comandou por 10 longos anos e em cuja defesa, em 1801, escreveu uma das mais belas epopéias militares brasileiras e, mais ainda, sob os pés da milagrosa imagem de N.S. do Carmo que adquirira e entronizara ainda na capela da antiga estacada em 1798, em substituição á primitiva trazida pelos fundadores e cujo destino ignora-se.

Mas Coimbra teve para Ricardo Franco outro grande significado:

Foi ali que o soldado solteirão, ao final de sua vida, encontraria, se uniria e amaria a bela índia Marina da nação Guanás que lhe deu dois filhos - Augusto Mariano e Ricarda Manoela, ambos reconhecidos pelo grande fronteiro com seus herdeiros. De Ricarda se originou sua deiscência em Mato Grosso. Morreu jovem Augusto Mariano.

 

 

IV PARTE

O FORTE NA GUERRA DA TRÍPLICE ALIANÇA

 

 

             Forte de Coimbra  o primeiro ataque ao Brasil nesta guerra.

 

O primeiro ataque ao Brasil na Guerra da Tríplice Aliança foi desfechado, de surpresa, contra as muralhas e os bravos defensores de Coimbra.

Ao anoitecer de 26 de dezembro 1864, foi avistada próximo do forte, poderosa esquadra inimiga sob o comando do Coronel Barrios. Ela se compunha de 11 navios de Guerra, com 39 peças de artilharia de bordo e posição e 3200 homens.

A guarnição brasileira era constituída de 115 soldados, que seriam reforçados na luta que se seguiria, por 40 civis, 18 presos, 10 índios guaicurus e 70 mulheres, em sua maioria esposas dos militares. Em síntese, cerca de 250 pessoas.

Assumiu o comando da resistência em Coimbra, o Tenente Coronel Hermenegildo de A Portocarrero, Comandante do Distrito Militar do Médio Paraguai que ali se encontrava em inspeção, acompanhado de sua esposa, D. Ludovina, hoje, uma das grandes heroínas brasileiras, além de símbolo do valor, patriotismo, abnegação e espírito de sacrifício da esposa militar brasileira.

 

"Ultimatum" Recusado

 

Na manhã seguinte o comandante inimigo intimou o Forte a render-se dentro de uma hora.Portocarrero, inspirado no exemplo de Ricardo Franco, respondeu:

 

"Tenho a honra de declarar que segundo a doutrina que rege o Exército Brasileiro, a  não ser por ordem de autoridade superior a quem transmito cópia desta nota, somente pela sorte das armas entregarei Coimbra". (Pará frase)

 

Ao meio dia de 27 dezembro, o inimigo deu início ao ataque combinado terra-água, numa superioridade esmagadora de 30x1.

Coimbra contava com o  apoio da heróica canhoneira "Anhambaí" de nossa Marinha de Guerra, armada com dois canhões. A ela estaria reservado heróico e decisivo papel.,

 

                               Atuação de D. Ludovina e das 70 heroínas

 

D. Ludovina lideraria entre as mulheres o apoio logístico aos defensores e a resistência moral e espiritual. No auge da luta passou, simbolicamente, o comando do forte à Nossa Senhora do Carmo, ao depositar aos pés da imagem a banda de seda vermelha do uniforme de seu marido.

Na noite de 27/28 dezembro, 70 mulheres manufaturaram, sob sua liderança e com o auxílio de buchas fabricadas inclusive com suas vestes e pela adaptação de projetis de maior calibre, 3500 balas de fuzil.

Por outro lado, assumiram os encargos de rancho e abastecimento às posições, para aumentar  o número de soldados nas muralhas.

 

                            Intervenção na Batalha de N.S. do Carmo

 

Quando no segundo dia de combate a situação do forte tornou-se gravíssima, reza a tradição que D. Ludovina pediu ao soldado músico Verdeixas que subisse nas muralhas do forte e mostrasse aos assaltantes a imagem de N. Srª . do Carmo.

Verdeixas atendeu ao pedido. Exposto ao fogo inimigo elevou a  imagem da Padroeira bem alto sobre sua cabeça e gritou:

"Viva N.Sª do Carmo".

Ato contínuo, irmãos separados pela guerra mas unidos pela fé religiosa, descansaram suas armas e passaram a gritar:

                             "Viva Nuestra Senhora".

Estes Vivas, misturados com saudações políticas unilaterais, duraram o tempo suficiente para duas heroínas de Coimbra, mulheres simples do povo - Aninha Cangalha e Maria Fuzil, descerem até o rio em busca de água para os defensores mitigarem a sede e recobrarem o ânimo para a resistência.

 

                             A retirada Coimbra - Corumbá - Cuiabá

 

Após heróica resistência, durante 2 dias, a guarnição do forte decidiu pela  retirada, para evitar o esmagamento prometido no "Ultimatum" inimigo.

A frente do cortejo em retirada e nos braços da menina Carlota, filha do Comandante e de D. Ludovina, ia a imagem de N. S. do Carmo.

A guarnição deixou Coimbra na noite de 27/28 de dezembro de 1864 sem ser pressentida pelo inimigo.

A seguir, embarcada na heróica canhoneira " Anhambaí", atingiu Corumbá, sem incidentes de monta, apesar da perseguição que lhe moveu a esquadra inimiga.

A imagem de N.S do Carmo, precedida de fama milagrosa, atingiu Cuiabá. Neste local, após calorosa recepção e solene e concorrida procissão, foi abrigada na Igreja Matriz de São Gonçalo.

Neste histórico episódio foram lhe atribuídos os seguintes milagres:

-                Incoluminade total dos defensores de Coimbra durante dois dias de renhido combate contra forças numericamente superiores que apresentaram muitas baixas fatais.

-                Proteção para que a retirada Coimbra - Corumbá não fosse pressentida e alcançada pela esquadra inimiga, tornando possível a todos os retirantes atingirem o primeiro destino, incólumes.

-                Proteção da integridade física dos retirantes que acompanharam seu cortejo fluvial Corumbá - Cuiabá, poupando-lhes do triste destino reservado a muitos brasileiros atingidos pela atuação da frota inimiga em Corumbá e ao longo da retirada Corumbá-Cuiabá.

 

Estes fatos lamentáveis entrariam para a História, por suas tristes conseqüências em perdas de vidas brasileiras e outros males, como a Hecatombe de Corumbá.

 

                            Retorno do Forte ao Brasil

 

Após 3 anos em poder do invasor, Coimbra foi evacuada em abril de 1868, sob pressão de avassaladora ofensiva, ao comando do Marquês de Caxias, em torno de Humaitá - A Sebastopol sul-americana.

Dele não restou pedra sobre pedra, a não ser parte de sua muralha norte. Tudo o mais foi demolido pelo inimigo.

Coube reocupá-lo, em fins de julho de 1868, com um contingente de 50 homens, o bravo dos bravos nos episódios que acabamos de narrar, o então capitão João de Oliveira Mello.

Ele tinha dado exemplos inesquecíveis de valor, coragem, bravura e patriotismo na resistência de Coimbra e na liderança da retirada Corumbá - Cuiabá, por terra, durante quase 120 dias, de cerca de 300 pessoas, na maioria integrantes da guarnição do Forte de Coimbra que foram ultrapassados, mas não percebidos pelo inimigo, quando da retirada de Coimbra se dirigiam a Corumbá após deixarem "Anhambaí" e serem transportados numa escuna argentina que avariou.

Este bravo faleceu como general, em 17 de abril 1895, no porto da Usina da Conceição no rio Paraguai.

 

 

Reconhecimento aos Heróis de 1864

 

  Em 8 de junho 1865, o governo imperial criou uma medalha do mérito para premiar o exemplo dos heróis de Coimbra.

Portocarrero foi agraciado mais tarde com o título de Barão de Coimbra. Ele, na ocasião do ataque, encontrava-se em Coimbra em inspeção, como Comandante do Distrito Militar do Médio Paraguai e do 2º Corpo de Artilharia de Mato Grosso. Nesta condição ele assumiu o comando da resistência. O forte era comandado pelo Capitão Benedito Faria.

Coimbra foi reconstruído com suas feições atuais no período janeiro 1874-junho1878, sob a direção do Tenente Belmondy.

Em2 agosto 1874, após 2 anos e meio de afastamento a milagrosa imagem de N.S do Carmo retornou triunfante a Coimbra, via fluvial, sendo alvo, ao longo de todo o percurso e na chegada ao destino, de expressivas homenagens civis, militares e eclesiásticas.

A história do forte de Coimbra se confunde com a de sua milagrosa padroeira e também de Corumbá, Miranda e da Fronteira do Sul de Mato Grosso, da qual aqueles três locais constituíram seu triângulo defensivo.

A de N.S. do Carmo é abordada pelo General Raul Silveira de Mello com riqueza de detalhes na obra Heroicidade e Fé.

 

 

V PARTE

 

CONCLUSÃO

 

                                               O Forte de Coimbra e a Marinha

 

No ano de 1855, quando as relações Brasil - Paraguai estiveram ao ponto de se romperem, o Presidente de Mato Grosso, Augusto Leverger, oficial de nossa Marinha, deslooou o governo da Província para o Forte de Coimbra onde ficou em condições de, mediante ordem, ocupar Fecho-dos-Morros.

Nesta ocasião criou em Coimbra, junto ao morro conhecido como da Marinha, a Companhia dos Imperiais Marinheiros, origem da Flotilha de Mato Grosso de nossa Marinha de Guerra, sediada em Ladário.

Na resistência de Coimbra de 1864, a canhoneira "Anhambaí", ao comando do intrépido Tenente Baldoíno José Ferreira, após abrir fogo contra o inimigo em operação de desembarque  participar da resistência, conseguiu realizar a épica proeza de transportar sãos e salvos, até próximo de Corumbá, cerca de 250 brasileiros retirantes de Coimbra.

Mais tarde, em 1883, quando o forte de Coimbra já havia, há muito cumprido sua missão histórica, relatório do Tenente Alexandrino de Alencar, jovem gaúcho de Rio Pardo e mais tarde Ministro da Marinha de três governos republicanos, recomendava em certa altura:

"Procedi estudos minuciosos sobre o Forte de Coimbra e concluí que esta posição, atualmente com os meios modernos de ataque, não se presta ao fim a que se destina.

Ele está muito internado na Província e quando aí chegar o inimigo grande dos habitantes já terá sofrido nos seus interesses como aconteceu na última guerra.

Sou de opinião que se abandone completamente esta posição, fazendo convergir todos os elementos em Fecho-dos-Morros, ficando as arruinadas muralhas e edifícios de Coimbra como memória indelével de seus feitos passados".

O jovem  Tenente Alexandrino, transportado pelo couraçado "Mariz e Barros" até Assunção, foi despachado para Ladário com as seguintes missões:

-                Montar uma oficina de torpedos em Ladário.

-                Estudar o rio Paraguai do Apa a Corumbá.

-                Levantar detalhadamente, do ponto de vista geográfico-militar, as posições de Coimbra e Fecho-dos-Morros.

-                  Planejar a ocupação  militar de Fecho-dos-Morros e sua posterior defesa mista-fixa e móvel (fortificações e navios da flotilha)

 

Tentativas de ocupação de Fecho-dos-Morros

 

Esta missão fazia parte do 4º projeto, num total de 6, todos frustados, de ocupação militar de Fecho-dos-Morros, desde o projeto de 1775 que resultou na fundação de Coimbra.

O segundo projeto, em 1850, foi o único a ser tentado efetivamente. Em 14 outubro 1850 o destacamento  brasileiro que lá se instalara, composto de 31 brasileiros, foi obrigado a deixa-lo ao custo de 3 mortos e 1 ferido, sobre a pressão de uma expedição de 400 a 500 adversários.

O último projeto foi do General José Pessoa Cavalcante, o idealizador da Academia Militar das Agulhas Negras. Nasceu quando por ali passou, em 1936 na qualidade de Comandante da Artilharia de Costa.

Para tal foi criado o Grupamento Coimbra - Fecho-dos-Morros composto de um Grupo de Artilharia de Costa em Coimbra, menos uma bateria que seria instalada em Fecho-dos-Morros.Poucos meses após foi tornada sem efeito a criação do Grupamento.

Com isto, abdicou-se, em definitivo, a idéia de uma posição fortificada no local.

O fato de Fecho-dos-Morros, região de grande expressão estratégica e de rara beleza paisagística, , haver resistido a ocupação existem em várias crendices indígenas.

Para uns foram os índios paiaguás, que após matarem o explorador João de Ayolas, em 1537, quando por ali transitava com destino ao Peru, espetaram sua caveira para que outros brancos não tentassem invadir sua terras.

Segundo um velho índio guaicuru, "existe uma caveira de burro enterrada no local que traz azar para os militares que ali tentem, ou venham estabelecer-se".

Para um índio guarani, Fecho-dos-Morros, desde que por ali passara o apóstolo São Tomé, procedente de São Vicente com destino ao Peru, tornou-se um sítio sagrado e destinado, eternamente, a ser um local acolhedor, pacífico e vedado á ocupação militar.

Verdade ou lenda, Fecho-dos-Morros resistiu misteriosamente á ocupação militar como está a provar a História, o que contribui para tornar mais providenciais os erros geográficos cometidos na fundação do Presídio de Coimbra, em 13 de setembro de 1775, pelo Capitão Mathias Ribeiro da Costa.

Aqui encerramos, num esforço de síntese, nossa abordagem sobre tão vasto e palpitante assunto, pinçando para os leitores os fatos mais marcantes do Forte de Coimbra em seus mais de dois séculos de história, de fé e de glórias.

Indicamos no texto as principiais fontes sobre o assunto a maior parte da lavra do Patrono de cadeira na Academia de História Militar Terrestre do Brasil de autoria do General Raul Silveira de Mello, gaúcho natural de Cruz Alta que cursou a Escola Preparatória e Tática do Rio Pardo e a EsCOLA Militar de Porto Alegre .Cadeira inaugurada pelo General Plínio Pitaluga  e hoje ocupada pelo acadêmico e delegado da Academia de História Milita Terrestre do Brasil .Delegacia de Mato Grosso do Sul Dr Carlos Eduardo Contar

                        

Observações

 

1-Ricardo Franco é o Patrono dos Engenheiros  Militares do Exército Brasileiro

 

2- O autor é membro da Academia Portuguesa da História

 

3- A gravura do forte de Coimbra e da obra do autor A História do Brasil através de

seus fortes. Porto Alegre:GBOEX,1982.