FALECIMENTO DO ACADÊMICO GENERAL VENTURA

    NECROLÓGIO

Faleceu em 12 de julho o nosso ilustre e muito querido   acadêmico General Domingos Pinto Ventura Junior, que foi o ultimo ocupante da cadeira Marechal João Batista Mascarenhas Morais ,na qual tomou posse em 20 de julho de 2002 em tocante cerimônia no Batalhão  de Policia do Exército  General Zenóbio da Costa do qual fora o comandante na Contra Revolução de 1964 e onde era chefe amado por seus integrantes  O General  Ventura integrou a FEB como capitão servindo na primeira Policiado Exército (MP) organizada por ocasião da Campanha da FEB.

        Foi o primeiro Policia do Exército, nomeado pelo General Zenóbio da Costa ainda a bordo no retorno para o Brasil. Ele teve notável desempenho para a vitória do 6ºRI em Fornovo , conforme se conclui de seu último elogio  nos campos da Itália.

 “Louvo o Capitão Ventura pela apreciável capacidade de comando, inteligência, bravura e espírito de sacrifício demonstrados na ação de Fornovo,  qualidades que o tornaram um elemento valioso para a vitória do 6° Regimento de Infantaria, o que redundou na rendição da 149a Divisão de Infantaria Alemã, da Divisão Itália e da 90a Divisão Panzer”.

.           Sua atuação na Força Expedicionária Brasileira foi bem reconhecia, tendo em vista as várias condecorações recebidas, entre elas a Medalha da Cruz de Combate de 2ª  Classe, e a sua inclusão na Ordem do Mérito Militar, no posto de Capitão. Sempre modesto, costumava  dizer no seu jeito simples:

            “Não fui herói de coisa nenhuma! ”. Entendíamos  o seu senso de dever, respeitosamente dele discordávamos. Antes de sua participação na 2ª Guerra Mundial, o Capitão  Ventura já era um veterano de combate, pois ainda na Escola do Realengo  havia lutado contra os revoltosos comunistas, que, em 1935, tentaram sublevar Escola de Aviação Militar. E o seu pelotão foi o responsável pela prisão dos líderes da revolta.

             Atuou durante 13 meses na Força Expedicionária Brasileira e, quando retornava, foi chamado à sala de armas do navio transporte Gen Mann, onde recebeu um encargo que iria transformar a sua vida e ditar o seu destino.

             Na presença de vários oficiais, o  General Zenóbio da Costa colocou em seu braço esquerdo o primeiro braçal da Polícia do Exército em tempo de paz. Este gesto deu início, simbolicamente, ao processo de estruturação e de consolidação da Polícia do Exército Brasileiro, conduzido posteriormente pelo Marechal Euclydes Zenóbio da Costa e pelo seu ajudante- de- ordens, o então major Ventura.

             A história e a missão da Polícia do Exército Brasileiro se confundem com a vida e o sonho do Marechal Zenóbio. Entretanto, o criador da PE que deixou-nos um fiel seguidor, que deu continuidade ao trabalho de divulgação e de consolidação da Polícia do Exército.

           O general Ventura nos deixou com mais de 93 anos na mesma idade do General Carlos de Meira Mattos que hoje terá aqui inaugurada cadeira especial. E sempre entusiasmado e vibrante nos gestos e palavras e com o seu peito  coberto de condecorações,0 General Ventura representou um exemplo de soldado e de admiração e de respeito ao seu comandante-amigo General Zenóbio, a sua Polícia do Exército e acima de tudo, de amor à Pátria.

           O falecido  acadêmico,  General-de-Divisão, Domingos Ventura Pinto Júnior, Ex-combatente da FEB, Ex-Comandante da PE, dedicou  toda a sua vida a Polícia do Exército e a divulgação dos feitos dos Ex-combatentes da FEB na Itália e ultimamente a cuidar dos interesses dos ex combatentes do Brasil como o haviam feito o patrono da cadeira que ele ocupava , o acadêmico emérito Gen Carlos de Meira Mattos e o acadêmico emérito  General Plínio Pitaluga que o Gen Ventura substituiu na Presidência da Conselho de Veterano de Guerra do Brasil que defende os interesses de todos os veteranos de guerras no Brasil

           Foi incansável a jornada cívica do Gen Ventura. Ele  se deslocava  pelo país inteiro para divulgar  a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial e sobre o surgimento neste conflito, da Polícia do Exército Brasileiro. Sempre enfatizava r que o Brasil foi a única Nação Sul Americana a participar ativamente nos campos de batalha da Europa.

         Assim procedia motivado pelo  desconhecimento por parte considerável da população sobre o envolvimento do Brasil neste conflito e a ausência deste tema nos escolas do país .E desde 1993 promovia , solenidades cívicas marcantes e com cerimonial próprio, a condecoração com a Medalha da Vitória.

Medalha da Vitória  acompanhada de um histórico, justificando os motivos que concorreram para a condecoração..

          Nestas ocasiões, o Gen Ventura fazia presente em espírito o Mal Zenóbio, na figura de seu fiel amigo General Ventura, formalmente como Vice-Presidente da Associação dos Ex-Combatentes do Brasil-Seção Rio de Janeiro e informalmente como o primeiro Policial do Exército Brasileiro, em tempo de paz.

        Para facilitar o seu trabalho de divulgação, iniciou sua carreira literária muito cedo, através de suas observações e anotações. Entretanto, somente em 1988, juntamente com o Gen Plínio Monteiro, publicou seu primeiro livro intitulado História da Polícia do Exército- PE, onde abordou a criação do embrião da Polícia do Exército Brasileiro, o Batalhão Marechal Zenóbio da Costa.

         Em 1993, por ocasião da celebração do centenário de nascimento do Mal Zenóbio, produziu para a Academia Militar das Agulhas Negras uma monografia intitulada “Vida militar do Marechal Zenóbio da Costa”.

           Em 1999, publicou o seu segundo livro em parceria com o Cel Murilo Toscano intitulado General Zenóbio da Costa e sua atuação, onde abordou a participação do Gen Zenóbio na Revolução de  1932 em São Paulo e  na 2ª Guerra Mundial e na Polícia do Exército, no pós-guerra.

          Não se dando por satisfeito, organizou recentemente o livro intitulado “A Polícia do Exército Brasileiro”, com o objetivo de resgatar um pouco mais a história da PE,com vista a  divulgar e integrar os Batalhões e frações de Policia do Exército  espalhados pelo país bem como   caracterizar a recente participação de Pelotões da PE na missão de paz das Nações Unidas no Timor Leste.

         Apesar de pequeno, o conjunto de sua obra literária é de grande valor histórico militar terrestre e de reconhecido significado para as futuras gerações. Não obstante, se considerarmos o envolvimento do Gen Ventura na revolução de 35, na 2ª Guerra Mundial e na Contra Revolução Democrática  de 64, quando era comandante do 1º BPE no Rio de Janeiro, veremos que se tratava  de uma testemunha viva da nossa história.

          E foi  por sua obra notável  que a Academia de História Militar Terrestre do Brasil decidiu como ato de justiça na voz da História,  eleger o Gen Ventura  para ocupar a sua cadeira Mal João Batista Mascarenhas de Morais, um patrono e soldado que dispensa apresentações e sobre o qual o novo acadêmico discorreu de forma emocionante  e condecorado como Comendador do Mérito Histórico Militar Terrestre em 22 de setembro de 2004 , no IME em ocasião que o nosso acadêmico general Paulo César de Castro foi condecorado como oficial da referida medalha

          Em nome do Colégio Acadêmico da Academia de História Militar Terrestre do Brasil, nosso grande pesar pela perda deste nosso distinto   acadêmico e  guerreiro incansável da preservação e da divulgação da memória histórica da FEB e da Polícia do Exército. E votos de que seja bem recebido pelos dois heróicos acadêmicos nonagenários como ele , generais Meira Mattos e Plínio Pitaluga e com a satisfação do dever bem cumprido para com o Brasil , para com seus companheiros veteranos . E que descanse em paz e que seu notável exemplo tenha seguidores entre os soldados do Exército Brasileiro ao estudarem a sua bela saga  como  exemplar  militar-cidadão brasileiro.

          Aproveito a oportunidade para formular os nossos sentidos pêsames aos seus familiares.

 

Em nome de todos os integrantes da Academia de História Militar Terrestre do Brasil

Acadêmico  Emérito Presidente

Cláudio Moreira Bento

MMLC  23 julho 2007 em seção da AHIMTB