Cel Cláudio
Moreira Bento - historiador militar e jornalista.
Presidente da FAHIMTB e AHIMTB/Resende
Marechal Mário Travassos
Óleo
em tela, de Álvaro Martins, representa a reunião de fundação, em 20
de Setembro de 1913, no Clube Militar, da revista A Defesa Nacional.
O original decora o
Gabinete do Comandante do Exército. Este óleo figura em preto e
branco em nosso artigo Reunião no Clube Militar para a fundação da
revista A Defesa Nacional em seu nº 715 e, a cores, na capa da
revista nº 750, mas com data de fundação errada, como sendo em 10 de
outubro de 1913. Ela ilustra a capa do livro Soldados da Pátria -
História do Exército Brasileiro 1889-1937 do historiador Frank
McCann. A ilustração a seguir representa os fundadores como o pintor
representou.
Identificação
da posição no óleo da página anterior em que o pintor colocou os 13
oficiais fundadores da revista A Defesa Nacional (Fonte: Artigo do
autor sobre esta reunião de fundação na revista nº 715 à página 165)
Foto de painel na sede da Revista a Defesa
Nacional, no Palácio Duque de Caxias no Rio de Janeiro, dos 12
fundadores e mantedores da revista e mais um mantenedor que
ingressou no grupo pouco depois.
Eles são descritos no texto a seguir, de 1 a 13, e na
seguinte ordem: de cima para baixo, da esquerda para a direita:
Klinger, Leitão de Carvalho, Mário Clementino, Euclydes Figueiredo,
Paula Cidade, Taborda, Parga Rodrigues, Mares Maciel, Epaminondas
Lima e Silva, Souza Reis, Jorge Pinheiro, e Amaro Azambuja Vilanova
(Fonte: Capa A Defesa Nacional nº 709 set/out 1983).
UMA
REUNIÃO HISTÓRICA NO CLUBE MILITAR, EM 20 SETEMBRO DE 1913
A
pintura o óleo focalizada e hoje no Gabinete do Comandante do
Exército é de autoria do pintor Álvaro Martins e foi elaborada com
apoio em nossas pesquisas e orientação, como Presidente da Comissão
de Pesquisa de História Básica da revista A Defesa Nacional, criada
em 10 de outubro de 1983, pela Cooperativa Militar Editora e Cultura
Intelectual, a pedido de seu Diretor o Cel Inf QEMA Aldílio Sarmento,
também Diretor da BIBLIEx.
O
óleo procurou perenizar a histórica reunião em que ficou decidida a
criação de A Defesa Nacional, em 20 de setembro de 1913, em
dependência do Clube Militar, por 12 jovens oficiais idealistas,
fundadores e mantenedores da mesma, apelidados à época de "jovens
turcos" e designados em sociedade de "patentes novas" do Exército,
segundo Pedro Calmon. A Reunião foi documentada em Ata nº1, adiante
publicada.
Somente 20 dias depois, em 10 de outubro de 1913, da data que o
grupo consagrou como a fundação da revista, é que teve lugar a
reunião na Papelaria Macedo, à Rua da Quitanda 74, onde os
fundadores receberam o primeiro número editado, o nº 1, com a data
daquele dia. Nessa Reunião, segundo Francisco de Paula Cidade, os 12
fundadores presentes "adotaram a
filhinha
recém-nascida".
O
grupo fundador era constituído de seis capitães, cinco 1º tenentes e
um 2º tenente. Pertenciam às seguintes armas: cinco de Infantaria,
seis de Artilharia e somente um de Cavalaria. A Engenharia não se
fez representar, pois, criada em 1908, estava em fase de
estruturação.
Do
grupo inicial, onze eram egressos da Escola Militar da Praia
Vermelha, sendo que nove com curso no Exército Alemão de 1910-1912.
Somente Paula Cidade era egresso da Escola de Guerra de Porto Alegre,
que substituiu a Escola Militar da Praia Vermelha, fechada em 1904 e
extinta em 1905. As idades variavam de 29 a 42 anos. Cinco se
situavam entre 29-32 anos, quatro entre 31-37 e três entre 40-42.
O grupo era
originário dos seguintes Estados: quatro do Rio Grande do Sul, um
do Paraná, quatro do Rio de Janeiro, um de Alagoas, um do Ceará e
um do Maranhão. Pouco mais tarde, juntou-se ao grupo fundador e
mantenedor inicial, como mantenedor, o 2º Tenente de Infantaria
José dos Mares Maciel da Costa, de São Paulo, passando o grupo ao
número de 13 mantenedores, dos quais só 12 fundadores.
Os
"jovens turcos" identificaram-se em torno dos objetivos de fundação
de uma revista de assuntos militares, em aulas de jogo de guerra,
patrocinadas na 9a Região de Inspeção Permanente (atual 1a
Região Militar) por seu comandante, General-de-Divisão Antônio A. de
Souza Aguiar.
Explicação do quadro da fundação da Defesa Nacional
Sentados, de forma
paritária
e
informal, a alegoria mostra, com o auxílio da ilustração de
silhuetas numeradas, como o artista concebeu os 13 mantenedores, com
apoio em fotos dos mesmos existentes na sede da revista,
no
Palácio Duque de Caxias.
São os seguintes os 13 sócios mantenedores, cuja memória hoje é
cultuada com muito respeito e admiração por todos quantos no Brasil,
em especial no Exército, têm se devotado a problemas relacionados
com a Defesa Nacional e ao desenvolvimento de nossas Forças
Armadas, à altura do destino de grandeza que o povo brasileiro vem
lutando para construir:
1)
1º Ten Art Bertoldo Klinger.
Nasceu em Rio Grande, RS, em 1º de janeiro de 1884. Foi um dos três
idealizadores
da
revista, em viagem marítima de retorno ao Brasil de Curso no
Exército Alemão, e um dos três primeiros redatores. Era o mais moço
do grupo. Foi eleito, por unanimidade, Presidente de Honra e
redator-chefe. Representava a tropa, servindo no 1º Regimento de
Artilharia. Foi o recordista em colaborações à revista nos mais
variados assuntos. Atingiu o posto de General-de-Brigada, na Ativa
(7 de maio de 1931). Sobre ele, já esquecido, escrevemos o artigo
Centenário do General Bertoldo Klinger, co-fundador da revista A
Defesa Nacional em seu nº 711,1984, jan/fev, p.5/16. Com seu
depoimento foi possível em grande parte produzirmos o livro Escolas
Militares de Rio Pardo 1859-1911. Porto Alegre: AHIMTB/IHTRGS/Gênesis,
2005, em parceria com o Cel Inf EM Luiz Ernani Caminha Giorgis,
presidente da AHIMTB/RS, Academia Gen Rinaldo Pereira da Câmara.
2)
1º Ten Inf Estevão Leitão de Carvalho.
Nasceu em Alagoas, em 6 de abril de 1881. Foi o lançador da idéia da
revista em viagem marítima, de retorno ao Brasil, de curso no
Exército Alemão, e um dos seus três primeiros redatores. Escreveu
sobre assuntos ligados à Infantaria. Foi chefe de
escól.
Comandou a 3a Região Militar, com papel destacado nas
manobras de Saican, RS, durante a 2a Guerra Mundial.
Foi representante do Brasil, nos
EUA, na Comissão Mista de Defesa Brasil-EUA que ajudou a concretizar
a cooperação do Brasil no esforço de guerra aliado, através em
especial da
FEB.
Atingiu o posto de General-de-Divisão na Ativa (24 de maio de 1940).
Foi historiador destacado do IGHMB e do IHGB. Sintetizou sua vida e
obra o acadêmico e vice-presidente da AHIMTB, coronel Arivaldo
Silveira Fontes, ao inaugurar cadeira da hoje FAHIMTB, em homenagem
ao General Estevão de Carvalho.
Cadeira que teve como ocupante o Gen Ex Paulo César de Castro,
ex-Cmt da ECEME e hoje tem por titular o Cel Antonio Augusto Vianna
de Souza, ex-comandante do CMPA.
A Oração do Cel Arivaldo está publicada na seguinte obra por ele
organizada AHIMTB - posses de acadêmicos 1996-1997. Brasilia: SENAI,
1998. p. 51/60. Ao historiador militar Estevão Leitão de Carvalho
muito está a dever o IHGB em relação à sua moderna sede, por haver
intermediado um empréstimo da CEF entre o seu presidente no IHGB,
Dr. Pedro Calmon, e o seu ex-instruendo e, depois Presidente da
República General Emílio Garrastazu Médici. Seu precioso arquivo
pessoal foi doado pela família ao acadêmico General Médico Alberto
Martins da Silva, em Brasília. O General Leitão de Carvalho doou
seus livros à Biblioteca da AMAN e presidiu por 20 anos a Fundação
Osório, dedicada à educação de órfãs de militares das Forças
Armadas.
3)
Cap
Inf Mario
Clementino
de
Carvalho.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 7 de maio de 1876. Formou-se na Escola
Militar da Praia Vermelha. Era Secretário do Clube Militar na época.
Autor da idéia do nome da revista, como síntese dos objetivos da
mesma. Foi o redator dos dois primeiros editoriais e, por largo
tempo, professor da Escola Militar do Realengo. Comandou como
coronel, posto que atingiu na Ativa. Era muito estimado por seus
alunos no Realengo. É patrono de cadeira na FAHIMTB. Desenvolvemos
seu currículo ao final, como homenagem da FAHIMTB.
4)
1º Ten Cav
Euclydes de Oliveira
Figueiredo.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 12 de novembro de 1883. Foi aluno
interno do Colégio Militar do Rio de Janeiro, 1896-1901. Cursou
Cavalaria no Exército Alemão em 1911-12, sendo o único representante
da nobre Arma no grupo e no 1º Regimento de Cavalaria (hoje Dragões
de Brasília). Atuou no Contestado, e mais tarde chefiou o Curso de
Cavalaria da histórica Missão Indígena da Escola Militar do
Realengo. Colaborou em assuntos ligados à Cavalaria. Comandou o 1º
RC, atual Dragões da Independência, que foi levado para Brasília por
seu filho Cel João Baptista de Oliveira Figueiredo. E também a 1a
Brigada de Cavalaria, em Alegrete e a 2a Divisão de
Cavalaria em
Uruguaiana,
como coronel. Comando mais tarde exercido por seus filhos generais
Euclides e Diogo de Oliveira Figueiredo. Abordamos a sua vida
militar na obra, em parceria com o Cel Luiz Ernani Caminha Giorgis,
2ª Brigada de Cavalaria Mecanizada - Brigada Charrua. Porto Alegre:
Metrópole/AHIMTB/IHTRGS, 2007. p. 123/125. Atingiu, na reserva, o
posto de General-de-Divisão.
5) 2º Ten Inf Francisco de Paula Cidade. Nasceu em Porto Alegre, em
22 de dezembro de 1883. Foi secretário da revista. Havia
participado em 1910 da fundação e direção da
Revista dos Militares1910/1922,
em Porto Alegre. Era o mais moderno e o único egresso da Escola de
Guerra de Porto Alegre. Comandou unidades de Infantaria em Corumbá e
Belo Horizonte, a ID/9 e a 8a Região Militar, em Belém,
como General- de-Brigada. Foi juiz militar da
FEB.
Infante de escol, historiador e geógrafo militar dos mais fecundos
do Exército, é hoje patrono de cadeira no IGHMB, que foi por nós
ocupada, e da FAHIMTB. Sobre sua vida e obra escrevemos artigo na
revista em seu nº 709, set/out 1983 às p.13 /35 intitulado “Paula
Cidade, um soldado a serviço do progresso do Exército”, no qual
levantamos toda a sua obra literária. Sua biblioteca foi entregue à
Biblioteca da AMAN. Foi o introdutor no Realengo, por decisão de seu
comandante Cel José Pessoa, do ensino de Geografia Militar, tendo
produzido a valiosa obra Notas de Geografia Militar sul-americana.
Rio de Janeiro: Escola de Realengo, 1934 1ª ed e pela BIBLIEx em
1942, 2ª ed.
Obra que abordava o Terreno, um dos fatores da decisão militar a
nível de América do Sul e que foi muito,apreciado pelos exércitos de
países irmãos.
6)
1º
Ten Art
Brasílio Taborda.
Nasceu em 20 de maio de 1877, no Paraná. Foi colaborador da revista
da qual mais tarde se tornou redator-chefe. Chegou a ser mobilizado
durante dois meses no período
da
I Guerra para lutar na Europa. Atingiu
o generalato
na Ativa, tendo comandado a 8a Região Militar, em Belém.
Foi um dos três oficiais que idealizaram a revista em viagem
marítima de retorno ao Brasil, de curso no Exército Alemão.
7)
1º Ten Art José
Pompeu
de
Albuquerque Cavalcanti.
Nasceu em 11 de março de 1879, no Ceará. Foi destacado colaborador
em assuntos relacionados com tiro de Artilharia. Também
representava a tropa, o 1º Regimento de Artilharia. Comandou a 9a
Região Militar em Mato Grosso. Depois atingiu
o generalato.
Ligou-se sentimentalmente à
A Defesa Nacional.
8)
Cap
Art
Cezar Augusto
Parga
Rodrigues.
Nasceu em 1 de dezembro de 1871. Foi colaborador assíduo da revista,
de capitão a general, sobre assuntos de Artilharia, virtudes
militares, remonta e profissionalismo militar. Atingiu o posto de
General-de-Divisão, tendo comandado o 1º Distrito de Artilharia de
Costa, a 1a Brigada de Artilharia Anti-Aérea e a 3a
Região Militar.
9) 2º Ten Inf José dos Mares Maciel da Costa. Nasceu em 1 de
setembro de 1877, em São Paulo. Não participou da fundação da
revista, embora esta o represente no quadro, em homenagem aos seus
serviços e sacrifícios por suas idéias, punido que foi
disciplinarmente
em 1915, junto com
Klinger
e
Pompeu
Cavalcanti, estes reincidentes, no célebre incidente gerado pelo
número da revista de 10 de dezembro de 1915 que publicou o artigo "Exame
do Batalhão", no qual denunciavam uma farsa na instrução, lesiva à
operacionalidade
do Exército e contado por Paula Cidade em
Síntese de três Séculos de Literatura Militar Brasileira.
Maciel da Costa servia no 52º BC. Como capitão transferiu-se para a
Intendência
de Guerra, tendo falecido em Porto Alegre. Fazia parte dos treze
mantenedores, mas não dos doze fundadores. E incluído no quadro
alegórico como homenagem da revista.
10) Cap Epaminondas de Lima e Silva . Nasceu em 26 de novembro de
1872 no Rio Grande do Sul. Cursou Artilharia no Exército Alemão.
Como major, foi presidente e redator-chefe da revista. Atingiu o
posto de
coronel, tendo comandado o
1º
Grupo
de Artilharia de Montanha e a 9a Região Militar. Era
ligado por laços de parentesco ao Duque de Caxias
-
Patrono do Exército e da FAHIMTB e AHIMTB filiadas. Foi chefe do
Curso de Artilharia da "Missão Indígena" da Escola Militar do
Realengo.
11)
Cap
Int
Joaquim de Souza Reis.
Nasceu em
2
de
novembro de
1881,
no Rio
de Janeiro. Cursou a Infantaria no Exército Alemão. Foi um dos três
primeiros
redatores
da
revista. Integrou o
58º
Regimento de Caçadores de Niterói, no Contestado. Faleceu como
major, em
7
de
agosto de
1924,
deixando duas filhas de seu consórcio com
a
alemã
Vali
Van der Kilen. Foi punido no incidente de crítica ao "Exame de
Batalhão", quando foi substituído por Maciel da Costa na
redação,
por
ter sido transferido para o Sul, sem nenhuma ligação com o
incidente.
12) Cap
Art
Francisco Jorge Pinheiro.
Nasceu em
25
de
março de
1873.
Cursou
a Artilharia no Exército Alemão. Foi
redator
da
revista. Comandou
a
4a
Região
Militar em Juiz de Fora de
1930-32,
sendo
transferido para a reserva como General-de-Divisão, em
25
de
novembro
de
1933.
Segundo o General Lyra Tavares, Jorge Pinheiro é o autor da letra
da Canção da Artilharia, colocada sobre a música da Canção da
Infantaria da Alemanha, com ritmo ou cadência lenta.
13) Cap
Inf
Amaro de Azambuja Vilanova.
Nasceu em
18
de
abril de
1879
no Rio
Grande do Sul. Cursou a Artilharia no Exército Alemão. Colaborou
com diversos assuntos e entre eles "Um combate aéreo na Frente Sul
no início da Revolução Paulista de
32".
Atingiu o posto de General-de-Brigada, tendo comandado a 7a
Brigada de Infantaria do seu tempo.
PROJEÇÃO
HISTÓRICA DA REVISTA
A
revista A Defesa Nacional
foi
criada no contexto da Reforma Militar
1898-45
e, na
Presidência da República do Marechal Hermes da Fonseca
—
o seu
grande artífice e dínamo de
1904-1914,
como
comandante da Escola de Aplicação do Realengo e do
4º
Distrito Militar,
atual
1a
Região Militar, Ministro da Guerra e Presidente da República.
Das
múltiplas e significativas
projeções
históricas da revista
registre-se:
-
A relevante contribuição para a consolidação da revolução cultural
do Exército, desencadeada pelo Regulamento de Ensino de
1905,
ponto
de inflexão do bacharelismo que vogorava desde 1874, para o
profissionalismo militar que até hoje vigora.
-
Haver cristalizado e suportado a corrente do pensamento militar
brasileiro que contribuiu para orientar as preocupações do
Exército para a sua operacionalidade,
atualização
e
modernização, circunstâncias que ajudaram a arrancar o Exército dos
ultrapassados padrões operacionais revelados em Canudos, no sertão
da Bahia, em
1897, inferiores aos da Guerra do Paraguai,
aos
notáveis revelados pela FEB, na Itália, em
1944-45.
-
Haver contribuído para produzir uma geração de escritores militares
que se tornaram notáveis nos mais variados
setores
da
problemática relacionada com a Defesa Nacional, em todos os seus
níveis.
Constatar isto é obra de simples verificação dos índices de autores
e assuntos de cada número em 100 anos de existência. Na falta de
um índice geral da mesma que facilitaria sobremodo esta verificação.
Pois por suas páginas, desde
1913,
desfilou expressiva parcela de inteligência nacional, civil e
militar, com contribuições as mais diversas, abordando os problemas
nacionais mais relevantes, muitos, inclusive, em
caráter
pioneiro. Abordagens hoje sepultadas em números das revistas por
falta de um indice geral de autores e assuntos e mesmo por falta de
uma colocação digitalizada da revista à diposição, na Internet, dos
alunos de nossas escolas militares para a elaboração de suas
monografia, dos historiadores, pensadores e planejadores do Exército
e em especial de seus chefes. Enfim um precioso tesouro a ser
desenterrado por traduzir a evolução do pendamento militar
brasileiro em um século.
Foram de seus quadros dirigentes, no passado, os
ex-presidentes
marechais Eurico Gaspar Dutra e Humberto de Alencar Castello Branco
e o General-de-Exército João Batista de Oliveira Figueiredo, filho
de um dos fundadores e o Presidente que levou o Brasil à Antártida,
um dos grandes sonhos da revista.
Por
tudo, os
13
"jovens turcos" ou "patentes novas" que tiveram a feliz inspiração
de fundar, manter, vivificar e
projetar
nacionalmente a revista, se tornaram credores da admiração
nacional.
Constituem-se
hoje
como um exemplo digno de ser imitado por todos quantos neste imenso
Brasil, no mar, na terra e no ar, dedicaram o melhor de si, num
trabalho
anônimo,
para
dotarem o Brasil de Forças Armadas à altura de sua atual expressiva
projeção economica e mundial. Tarefa grandiosa, cuja
responsabilidade maior é dos poderes Executivo e Legislativo que
representam o Povo Brasileiro que os elegeram para o representar e o
defender.
Os
"jovens turcos" e todos os colaboradores de “A Defesa Nacional"
1913-1944,
contribuíram com seus escritos, para a organização da Força
Expedicionária Brasileira, que representou o povo brasileiro de modo
condigno, ao lutar, lado a lado ou contra
frações
expressivas dos melhores exércitos do mundo presentes na Europa na 2a
Guerra Mundial.
"Não
cora o sabre de ombrear com o livro, nem cora o livro de chamá-lo
irmão"
Esta
parece ser a grande lição, reafirmada diversas vezes pela História,
a extrair hoje dos fundadores de A Defesa Nacional, patriotas,
escritores de circunstância e profissionais militares de escól ao
serviço da grandeza das Forças Armadas do Brasil.
Ação
meritória que o Tribunal da História julgou e consagrou como fato
nacional relevante, com sentença transitado em julgado que o óleo
da fundação da revista hoje no Gabinete do Comandante do Exército
consagrou para a posteridade.
Ata de
fundação de ‘A Defesa Nacional’
No
dia vinte de Setembro de mil novecentos e treze, numa das salas do
Clube Militar, na Capital Federal, presentes os abaixo assinados,
realizou-se
a
primeira reunião dos interessados na publicação de uma revista que
refletisse as
idéias
do
novo Exército e fosse, por consequência, um órgão de combate e um
instrumento de trabalho.
Aberta a sessão, às
4
horas
da tarde, tomou a palavra o 1o tenente Leitão de
Carvalho, que expoz os fins da reunião e os trabalhos realizados
até aquella data, por ele
orador, pelo capitão
Mario
Clementino de Carvalho e pelos
1º
tenentes B. Klinger e Souza Reis. Se cogitando dos meios e fins da
revista, de antemão
denominava-se
"A
Defesa Nacional", ficou resolvido que, salvos os casos expressos de
responsabilidade que cada qual assume pelas
idéias
e
juizos
que
publica, houvesse sempre a mais perfeita solidariedade em todos os
sentidos, especialmente quanto ao onus-pecuniário a que por ventura
venha a dar lugar a manutenção da revista.
E como nem todos os associados estivessem presentes, ficou também
resolvido que esta Ata fosse lida e assignada por todos.
Por
proposta do 1º tenente Taborda foram aclamados para dirigir a
revista os tenentes Klinger, Leitão e Souza Reis, ficando o
primeiro como chefe da redação;
tratando-se
da
escolha de um secretário, foi, ainda por proposta do tenente
Taborda, aclamado o
2º
tenente Cidade.
No
que diz respeito à impressão da revista, nada ficou resolvido,
deixando-se,
no
entanto, os diretores encarregados de a contratar com quem mais
vantagens oferecer. E como o fim principal deste livro de atas seja
facilitar futuramente o estudo das condições em
que surgiu
e
viveu esta revista, reclamada pelo momento histórico e pelas
condições atuais do Exército, que vamos combater atrasadas e
perigosas práticas, cumpre nos declarar que coube aqui toda a
iniciativa ao
1º
tenente Leitão de Carvalho, tendo como auxiliares
imediatos
o
capitão
Mario
Clementino, os 1ºs tenentes Klinger e Souza Reis. E como nada mais
houvesse a tratar, foi encerrada a sessão e marcada outra para o
dia que fosse escolher pela diretoria.
F. de
Paula Cidade, Secretário Confere: Bertoldo Klinger Io
Tenente, Estevão Leitão de Carvalho
1º
Tenente Joaquim de Souza Reis Netto, Brasílio Tarborda
E.
de Lima e Silva Parga Rodrigues
Scientes:
Mario
Clementino Cap,. Jorge Pinheiro José Pompeu de Albuquerque Cavalcan
Euclydes de 0liveira Figueiredo, Amaro de Azambuja Villanova
Editorial do nº 1 da revista A Defesa Nacional elaborado pelo
Capitão Mário Clementino de Carvalho
(preservada a grafia da época)
A DEFEZA NACIONAL,
que
inicia com este numero a sua carreira na literatura militar do pais,
tem o seu
programa
contido na fórmula que lhe serve de
epigrafe.
Como e fácil de ver, o escopo dos seus fundadores não é outro senão
colaborar, na medida de suas forças, para o soerguimento das nossas
instituições militares, sobre as quais repousa a defesa do vasto
patrimônio territorial que os nossos antepassados nos legaram, e da
enorme
soma
de
interesses que sobre
ele
se
acumulam.
De
resto, os interesses militares se acham hoje em dia e em todos os
países do mundo, de tal forma entrelaçados aos interesses nacionais,
que trabalhar pelo progresso dos meios de defesa de um povo e,
senão
o
melhor, pelo menos um dos
melhores
meios de servir aos interesses gerais desse povo.
O
caso do nosso pais apresenta, além disso, algumas características
particulares. Se nos grandes povos, inteiramente constituídos, a
missão do Exército não sai geralmente do quadro das suas funções
puramente militares, nas nacionalidades nascentes como a nossa, em
que os elementos mais variados se fundem apressadamente para a formação
de um povo - o Exercito - única força verdadeiramente organizada no
seio de uma tumultuosa massa efervescente
—
vai ás vezes um pouco além dos seus deveres profissionais para
tornar-se,
em dados momentos, um fator decisivo de transformação politica ou de
estabilisação social.
A nossa pequena historia, bem como a de outros povos
sul-americanos,
está cheia de exemplos demonstrativos dessa afirmação.
E' debalde que os espiritos liberais, numa justificada ânsia de
futurismo, se insurgem contra as intervenções militares na evolução
social dos povos:
é um facto histórico que as sociedades nascentes têm necessidade dos
elementos militares para assistirem á sua formação e
desenvolvimento, e que só num grau já elevado de civilisação elas
conseguem
emancipar-se
da tutela da força, que assim se recolhe e se limita à sua
verdadeira função.
Sem desejar, pois, de forma alguma, a incursão injustificada dos
elementos militares nos negócios internos do pais, o Exército
precisa entretanto estar
aparelhado
para a sua função conservadora e estabilisante dos elementos sociaes
em marcha
-
e preparado para corrigir as perturbações internas, tão comuns na
vida tumultuária das sociedades que se formam.
No que diz respeito ao exterior, o problema que o nosso Exercito
tem a resolver não é menos
complexo. Vasto pais,
opulento e formoso, com
1.200
léguas de costa,
abertas ás incursões
do lado do mar;
com
extensas
linhas fronteiriças
terrestres, do
outro
lado das quais se
agitam
e
progridem muitos povos também em formação
—
não seria absurdo admitir a hipótese de que o Brasil viesse um dia a
encontrar um sério obstáculo às suas naturais aspirações de um
desenvolvimento integral.
E nesse dia, que pode estar próximo ou remoto, e sem saber de que
lado virá o perigo, que pode vir do Norte como do Sul, do Oriente
como do Ocidente
—
o Brasil não poderá verdadeiramente contar senão com as suas
próprias forças, isto é, com a sua organização militar.
Mas a questão tem ainda um terceiro aspecto:
O
Exército, num pais como o Brasil, não é somente o primeiro factor de
transformação politico-social, nem o principal elemento de defesa
exterior:
ele
tem igualmente uma função educativa e organisadora a exercer na
massa geral dos cidadãos.
Um bom Exército é uma escola de disciplina hierárquica, que prepara
para a disciplina social, e é, ao mesmo tempo, uma escola de
trabalho,
de sacrificio
e de patriotismo.
Um Exército bem organisado é uma das criações mais perfeitas do
espirito humano, porque nele se exige e se obtém o abandono dos
mesquinhos interesses individuais, em nome dos grandes interesses
coletivos
;
nele se exige e se obtém que a entidade homem,
de
ordinário
tão pessoal e tão egoista, se transfigure na abstração dever;
nele se exige e se obtém
o sacrificio
do primeiro e do maior de todos os bens que é a
vida,
em nome do principio superior
de pátria.
Compreende-se facilmente que uma instituição dessa natureza, que
destaca, e põe em relevo, e fortalece aquilo que ha de nobre e
de heróico,
e de sublime no barro comum
—
tem que exercer forçosamente uma influência salutar sobre o
desenvolvimento dos
individuos
e das sociedades.
Se essa influência, que sempre se fez sentir nas sociedades cultas
da Europa, trabalhadas por dois mil anos de civilisação, é, nas
velhas sociedades já formadas, um meio valioso de aperfeiçoamento,
que os filósofos
reconhecem e assinalam — num pais como o Brasil
ela
será, com mais forte razão, um
fator
poderoso de formação e de transformação de uma sociedade retardada
e informe.
A necessidade, pois, de construirmos um Exército que corresponda às
nossas legítimas aspirações de desenvolvimento e de progresso, está
acima de qualquer discussão.
Num momento histórico, como o que atravessamos, em que a capacidade
social de um povo se mede e se avalia pela sua organização militar
- o Brasil, que é um dos mais opulentos países da terra, não pode
cruzar os braços
indiferente
aos rumores de luta, que nos chegam dos quatro pontos cardiais e
confiar a defesa do seu patrimônio aos azares do destino.
Há na história da nossa pátria a
memória
de algumas tentativas, que temos feito, no sentido de organizar um
Exército regular — tentativas que infelizmente ate hoje têm
encontrado apenas um
sucesso
parcial ou relativo.
Para não levarmos a nossa
análise
muito longe, basta relembrar os esforços destes 24
anos
de administração republicana. É um
fato
evidente que o pais inteiro
compreendeu
a necessidade, que temos, de um sólido instrumento de guerra, e que
sempre se mostrou nas melhores disposições para fazer sacrifícios
de toda a sorte, em nome da defesa nacional.
Essa convicção geral repercutiu no seio do Exército, e nós começamos
a trabalhar, de 1889 para cá.
Temos gasto nesse período um milhão e quinhentos mil contos de réis
aproximadamente;
fizemos duas reorganizações gerais e algumas parciais: o Regulamento
das Escolas Militares foi reformado 4 vezes: 2 vezes no sentido de
dar ao ensino teórico
uma importância maior que ao ensino prático
e
2 vezes no sentido contrário.
Alteramos várias vezes o
plano de Uniformes e os regulamentos das Armas.
O da arma de Infantaria foi transformado 4 vezes; e ha soldados de
20 anos de praça, porque há so os que sabem as quatro instruções
dessa arma.
Enfim, para não alongar muito esta enumeração basta dizer que
nós temos trabalhado. E entretanto é hoje uma convicção
generalizada, tanto no mundo militar como no mundo civil,
que o Exército
atual
não corresponde absolutamente ás nossas necessidades, e que o pais
está completamente indefeso.
Ora ai esta o nosso verdadeiro ponto de partida, queremos dizer o
da nossa revista A Defesa Nacional, que inicia com este número a sua
carreira nas letras militares do pais. Nós estamos profundamente
convencidos que só se corrige o que se critica: de que criticar é um
dever; e de que o progresso é obra de dissidentes.
Esta revista A Defesa Nacional foi fundada, por conseguinte, para
exercer o direito, que todos temos, de julgar as coisas que nos
afetam, segundo o nosso modo de ver, e de darmos a nossa opinião a
respeito.
Mas nós também não perderemos de vista que tudo neste mundo é
relativo, e que “...quand on comprend tout, on pardonne tout...”.
Nunca esqueceremos, nestas páginas, de fazer a mais rigorosa justiça
daquele que nos precederam nesta senda, e que hoje, embranquecidos e
trôpegos, os pés sangrando das durezas do caminho, se vão afundando,
nas glórias fúnebres do poente...
Em todas as coisas desta vida é preciso não esquecer nunca a época
em que elas foram feitas e o espirito que as ditou.
Muito do que hoje nos parece deslocado e anacrônico, foi racional e
acceitavel a seu tempo, assim como o que hoje nos parece excelente,
será criticável amanhã.
Profundamente compenetrados dessas verdades eternas, nós
desejamos que um largo espirito de tolerância e camaradagem estenda
sobre as páginas desta revista A Defesa Nacional duas grandes asas
brancas...
Não queremos ser absolutamente, no seio da nossa classe, uma horda
de insurretos dispostos a endireitar o mundo a ferro e fogo
—
mas um bando de Cavaleiros da Idéia, que saiu a campo, armado,
não de uma clava, mas de um argumento; não para cruzar ferros
mas para raciocinar;
não para confundir,
mas para convencer.
Foi com
estas ideias que resolvemos fundar
esta revista.
Nela
exerceremos necessariamente o direito
da critica:
— ás idéias, não aos indivíduos.
Mas, tanto
quanto
nos for possível, dentro da fabilidade das coisas humanas,
procuraremos
manter sempre uma nobreza
de
atitude
—
digna daqueles para quem escrevemos.
Não nos move de forma alguma a preocupacão
pretensiosa
de sermos os mentores dos nossos chefes nem dos nossos camaradas;
entramos na liça apenas com um pouco de mocidade, um pouco de estudo
e a maior boa vontade, e dos nossos chefes e camaradas ambicionamos
tão somente ser prestimosos
auxiliares e dedicados colaboradores.
Grupo Fundador:
Estevão Leitão de Carvalho, Mario
Clementino
de
Carvalho, Joaquim de Souza Reis
Bertholdo Klinger,
Francisco de Paula Cidade ,
Brasílio Taborda, Epaminondas
de
Lima e Silva,
Cesar
Augusto Parga Rodrigues,
Euclides de Oliveira
Figueiredo. José
Pompeo
Cavalcanti de Albuquerque, Jorge Pinheiro e Amaro de
Azambuja Villa
Nova.
Segundo o Marechal Odylio
Denys
em
Ciclo Revolucionário Brasileiro,
(Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1980, p. 104), o presidente do
Clube Militar na época era o General Pedro
Tito
Escobar,
também comandante da Brigada Mista de Caçadores. Esse chefe deu
apoio ao grupo fundador, acolhendo na sede do Clube várias palestras
proferidas por
Klinger,
Souza Reis,
Euclydes
Figueiredo e Leitão de Carvalho, antes da fundação.
Segundo Pedro
Calmon,
a Liga de Defesa Nacional, fundada por Miguel Calmon Du
Pin
e Almeida, ligava-se à revista pela solidariedade que ela emprestou
ao histórico discurso que ele pronunciou na Bahia, em 1915, de
retorno da Europa, de alerta ao despreparo militar do Brasil para a
eventualidade de seu envolvimento na1ª Guerra Mundial
A
projeção
de A Defesa Nacional" na instrução do Exército é focalizada
com riqueza de detalhes pelo Marechal
Odylio
Denys, na obra citada, no anexo sob o título "Renovação do Exército
—
Missão Indígena".
Merecem destaque as palavras de incentivo do Ministro da Guerra,
General Caetano de Farias:
"A Defesa Nacional
nunca se afastou do
terreno profissional. Seus leitores encontraram em suas páginas o
estudo de questões de organização militar, de regulamentações
táticas,
do modo de executar
serviços, mas nunca tiveram de distrair a atenção dos soldados,
para ltas cogitações filosóficas ou outros assuntos alheios à
profissão”.
A revista A Defesa Nacional traduz a evolução do pensamento
militar brasileiro de 1913 até o presente, bem como a evolução do
Exército, o que é expressivo para nosso Exército razão da
importância da elaboração como Instrumento de Trabalho dos
profissionais e historiadores do Exército de uma publicação com um
índice de autores e assuntos da revista A Defesa Nacional, como
procedeu o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro ao atingir o
seu nº 400 em jul/set 1998.
Antes recorríamos ao índice de nosso professor na 2ª serie ginasial
no Ginásio Gonzaga professor Planella e por ele elaborado quando
professor de História da PUC/Porto Alegre, do qual doamos uma cópia
ao IHGB e foi muito usada por seus membros e até copiadas por muitos.
Quando na Direção do Arquivo Histórico do Exército elaboramos
os seguintes instrumentos de Trabalho: o do desempenho escolar dos
alunos que estudaram na Academia Real Militar e o do livro registro
de Engenheiros Militares, e outros. E nos foi confiado pelo Cel
Francisco Ruas Santos o Índice da Revista da AMAN, e ele conseguiu
publicar pela BIBLIEx o livro Coleção Bibliográfica Militar, em
1960, com índices de publicações como O Boletim Estado- Maior do
Exército, e Revista Nação Armada. E elaborou índice de autores e
assuntos da A Defesa Nacional de 1913 à 1960 de cerca de 551 números
do qual possuímos exemplares hoje à disposição na sala da FAHIMTB e
AHIMTB/Resende - Marechal Mario Travassos, em sala ao fundo da
Biblioteca no andar do Gabinete do Comandante da AMAN e ali
acolhidas por seu comandantes Gen Div Edson Leal Pujol e Júlio César
Arruda, hoje acadêmicos da FAHIMTB .
E argumentava o Cel Ruas que uma revista sem o índice de
assuntos e autores é uma sepultura do pensamento militar, com o que
concordo, e que cada historiador ao tratar de um assunto sempre
inicia seu trabalho sem considerar, por desconhecer outros trabalhos
sobre o tema e por via de consequência não avança. E sempre recomeça
sem aprofundamentos ou avanços. O que nos leva a lembrar uma
definição de História de Honoré de Balzac de que “a História é doida
se repete, se repete, se repete”.
E assim ocorre no caso de nossas revistas e jornais militares sem
índice, os historiadores e profissionais militares se repetem, se
repetem, se repetem, por não integrarem ao seu trabalho os já
produzidos sobre assunto, por os desconhecerem.
Basta se imaginar como teriam sido mais desenvolvidas as
monografias produzidas por alunos de nossas escolas militares e
trabalhos profissionais militares se tivessem os autores ao seu
dispor, por exemplo, de índice de revista A Defesa Nacional e acesso
as suas coleções, que creio existir raras completas. E caso se
possa refazer uma coleção completa seria relevante a digitalizar e a
colocar disponível em um site na Internet.
Aqui fica a sugestão reiterada da FAHIMTB sobre comemorar-se o
centenário de A Defesa Nacional, com índice de assuntos e autores e
toda a sua coleção que deve contar hoje com cerca de 825 números.
A FAHIMTB pode contribuir com o concurso do índice de assuntos e
autores de sua coleção em sua sede na AMAN elaborada pelo patrono de
cadeira na FAHIMB Cel Francisco Ruas Santos.
Aliás, historiador militar ao qual o Exército esta a dever a
‘Teoria de História do Exército Brasileiro’ para cuja elaboração
concorremos como seu adjunto e que foi traduzida pelo EME na
publicação Sistema de Classificação de Assuntos das Forças
Terrestres Brasileiras.
Teoria que procuramos simplificar, abordando os casos de emprego
de forças terrestres do Brasil que figuram em nosso manual Como
estudar e pesquisar a História do Exercito Brasileiro, no Capitulo
V, com o título ‘Temas históricos sobre o emprego das Forças
Terrestres Brasileiras para a pesquisa e estudo militar crítico com
vistas a formação de seus combatentes e ao desenvolvimento da
Doutrina’ 1ª ed 1978, 2ª ed 1999, distribuídos a AMAN, EsAO e à
AHIMTB a última edição.
Lista de artigos publicados pelo autor na A Defesa Nacional
Artigos do autor
na revista A Defesa Nacional Revista
Convenção para
recuperação: Nº de ordem, título do artigo, nº da Revista, ano,
meses e páginas
1 – Evocação da Guerra do
Paraguai 632 1970 jul/ago 33-49 |
2 - O Exército no
desenvolvimento do Nordeste 633, 1970 set/out 91-92 |
3 - Um
sertanejo que foi um dos maiores generais do Brasil (Brigadeiro
Antonio de Sampaio) 637 1971 jul/ago 83-90 |
4 – A
guarnição federal do Recife há cem anos e o seu comandante
(Mal. Emílio Luiz Mallet) 641 1972 jan/
fev. 135 |
5 – Bagé e
o lanchão farroupilha “Seival” 636 1972 mar/abr.
119-122 |
6 –
Hipólito da Costa – fundador do jornalismo Brasileiro .
643 1972 mar/abr 59-68 |
7 –
Contribuição aos festejos do centenário de D. Pedrito (RS)
647 1973 jan/fev 19-26 |
8 – Centenário do Libertador
do Acre (Plácido) 652 1973 nov/dez 19-26 |
9 - Mallet – o artilheiro
símbolo do Brasil 663 1975 set/out 124/132 |
10 –
Bicentenário da conquista Forte de São Martinho 663 1975
set/out 71/76 |
11-
Bicentenário da Restauração do Rio Grande (Sul) aos
espanhóis 666 1976 mar/abr. 9-20 |
12 – Caxias e o uso militar
de aeróstatos 666 1976 mar/abr 195-197 |
13 –
Estudo militar dos fatores da decisão na Batalha de Passo
do Rosário Passo. 672 1977 62-107 |
14 –
Marchas estratégicas dos Exércitos para a Batalha do Passo
do Rosário 680 1978 nov./dez 71-88 |
15 –
General Osório – pensamento militar 684 1979 jul./ago. |
16 – Paula
Cidade – um soldado a serviço do progresso do Exército 709
1983 set/out. 13- 35 (Foi um dos fundadores da A Defesa
Nacional) |
17 –
Centenário de nascimento do Gen Bertoldo Klinger co-fundador
de A Defesa Nacional 711 1984 jan./fev. 5-16 |
18 –
Reunião no Clube Militar para a fundação de A Defesa
Nacional 715 1984 set./out. 168/169 |
19–
Apresentação a artigo de Artur César Ferreira Reis,
Imperialistas ou sub. Imperialistas. 715 1984 set/out
133. (A pedido de Pedro Calmon) |
20 – O
Poder Nacional e o estudo militar crítico da História
Militar. 717 1985 jan/fev. 75-81 |
21 – Registros Arquivo do
Exército tem novo Diretor 717 1985 jan fev 166 |
22 –
Travessia Militar de Brechas e Cursos D’água no Brasil
(1645-1986)722 1985 nov./dez. 90/106 ( Ilustrado) |
23 –
Revolução Farroupilha – Desenvolvimento Estratégico e ação
pacificadora de Caxias 723 1986 jan/fev. 90/106 |
24 – Mal
José Caetano de Farias – Projeção como Chefe do EME e
Ministro da Guerra na Reforma Militar 724 1986 mar/abr
93/124 |
25 – O
brasileiro que foi general de Bolívar 725 1986 mai/jun |
26 –
Sesquicentenário do Combate do Seival o berço da República
Brasileira 726 1986 jul/ago 44-85 |
27 – Pedro
Calmon e a AMAN 727 1986 set/out. 31/33 |
28 – Os 70
anos do 1º Sorteio Militar 727 1987 jun/fev 120-130 |
29 –
Marechal Denys uma vida inimitável 729 1987 jul/ago
132-135( Comentário de livro com sua biografia) |
30 – O aniversário do Mal
Deodoro 732 1987 mai/jun 149-153 |
31 – O
Exército e a Abolição pensamento e ação. Trabalho premiado
em 1º lugar e concurso promovido pela BIBLIEx 738 1988 jul/ago
7/37 |
32 –
Centenário do Colégio Militar do Rio de Janeiro 743 1989 mai/jun
104 |
33 –
Marechal Deodoro - saúde, pensamento e ação em 15 de
novembro de 1889 744 1989 jul/ago 7-26 ( Pesquisa
histórica básica) |
34 – Libertação de Angola
pelo Rio de Janeiro 744 1989 jul/ago 150-153 |
35 – Os
radicais da República 744 1989 jul/ago 155-156 |
36 – Sesquicentenário do
Marechal Floriano 744 1989 jul/ago 157-158 |
37 –
Cinquentenário da Visita do Gen George Marshall ao Brasil
746 1980 nov./dez. 155-157 |
38 –
Ensino Militar-Cultura Geral x Profissional 746 1980 nov/dez
157 |
39 – Sesquicentenário do
Combate do Rio Pardo 740 1988 nov/dez. 41-52 |
40 –100 anos do Gen Aurélio
de Góes Monteiro 747 1988 jan/mai 164-165 |
41 Enfoques sobre a
Proclamação da República 749 1990 jul/set ----- |
42 – Gen
Div A. Tasso Fragoso (biografia) 750 1990 out/dez 105-130 |
43 – Capa
óleo – Fundação de Defesa Nacional feita pelo pintor Álvaro
Martins, com base em pesquisa e orientação nossa a pedido da
BIBLEX 750 1990 out/dez capa (ver detalhes inicio este
artigo) |
44
– Ensino
Militar – Cultura Geral e Profissional 746 1989 nov./dez 155 |
45 –
Cinquentenário da visita do Gen. George Marshall 746 idem
idem 156 |
46
Controvérsias - Proclamação da República 749 1990 ju/set
750 1990 out/dez 17/37 |
47 – O
ilustrador da História Militar do Brasil (Miranda Jr.)752
1991abr/jun 148 |
48 – A
Revolta da Vacina Obrigatória 1904 752 1991 abr/jun 149 |
49– A
Fortaleza de Santa Cruz vista por um Alte. Inglês 752 1991
abr/jun 149 |
50 – O
Exército na 1ª Guerra Mundial 752 1991 abr/jun 145 (Importante) |
51 –
Caxias e a ponte do Passo Geral da Jacuí 852 1991 abr/jun
146 |
52 – Barão
do Rio Branco um diplomata da escola com alma de soldado 754
1991 out/dez 139 |
53–
Bicentenário da mais antiga academia militar das Américas
754 1991 out/dez 141 |
54 – Um
Capelão do Exército o 1° bispo do RGS 754 1991 out/dez 143 |
55 – As
duas faces da Glória 755 1992 jan./nov. 59-62 Resposta a
livro sob este título com abordagens sobre a FEB e
abordagens inéditas sobre o inimigo na frente da FEB. |
56 –
Vultos do Ensino Militar 755 1992 jan/nov 133 (Comentário
livro do Cel Arivaldo Silveira Fontes presidente da
Fundação Osório) |
57 –
Centenário do Marechal Odylio Denys .756 1992 abr/jun 131 |
58 – O
combate da Vila Amapá 756 1992 abr/jun 132 |
59 –
Sesquicentenário da pacificação de SP e MG 757 1992 jul/set
144 |
60 - Figuras e fatos de
Sergipe 758 1992 out/dez 159 (Comentário livro do Cel
Arivaldo Silveira Fontes presidente da Fundação Osório) |
61 – Um
jornal do Exército na Guerra do Paraguai 758 1992 out/dez
166 |
62 – O
Pioneirismo do Exército no Movimento Tradicionalista Gaucho
759 1993 jan/mar 155 |
63 –
Bicentenário do Ensino Militar Acadêmico nas Américas e do
Ensino Superior Civil 759 1993 jan/mar 156 |
64 –
Sistema Luiz Jacome de doma e a Cavalaria Brasileira 759
1993 jan/mar 156 ( Um picadeiro do CMRJ leva seu nome ) |
65 – A
Revolução Paulista de 1932 – Operações Militares 760 1992
abr/jun 101/102 (Foi palestra em Cruzeiro –SP no 60º
aniversário desta Revolução a convite do Instituto de Estudo
Valeparaibanos). |
66 – Formação de Oficiais do
Exército no RGS 1853-1911 761 1993 jul/set 181 (Mais tarde
produzimos Escolas Militares de Rio Pardo 1855/1911) |
67 –
Etimologia das graduações e posto dos Exército (1500-1553)
761 1993 jul/set 183/185 |
68 – O
centenário da Revolta na Armada (Esquadra) 762 1993 out/dez
25/58 ( Pesquisa histórica básica) |
69 – A
Heurística aplicada a seleção de fontes históricas
confiáveis 765 1994 jul/set 121/126 |
70 –
Revista da Escola Militar da Praia Vermelha 765 1994 jul/set
147 |
71 –
Centenário do sítio federalista de Bagé 764 1994 jan/mar
151/163 |
72 –
Cercos de Bagé e da Lapa – duas resistências épicas da
História Militar do Brasil 767 1995 jan/mar 103ss. |
73 – Centenário da
inauguração do 1° QG do Exército no RGS 767 1995 jan/mar 147
(Na cidade de Rio Grande próximo da Biblioteca da cidade) |
74 – As
repercussões do combate do Cerro do Ouro em São Gabriel na
invasão do Paraná 766 1994 out/dez |
75 – Uma
possível explicação a violência na Guerra Civil na região
Sul 1893/1895 768 1995 abr /jun p. 141 |
76 –
Contribuição Paulista ao Combate a Guerra Civil 1893-95 769
1995 jul/set p. 119-140 (Pesquisa Histórica básica) |
77 – Troféus de combate do Gen.
Tasso Fragoso no Museu AMAN 769 1995 jul /set 162/163 |
78 –
Marechal Floriano Peixoto – centenário morte 771 1996 1
trim. 111-120 |
79 – Pacificação da Revolução
de 93 (Guerra Civil no Sul 1893/95) 1 trim/ |
80 – Campo de
Concentração de Prisioneiros de Guerra da Marinha alemã em
Pouso Alegre –MG na 2ª Guerra Mundial
770 1995 4 trim |
81- Canabarro, filho adotivo
de Santana 773 1996 |
82 – Caserna de Bravos
Comentário livro de Osório Santana Figuei-redo sobre o
quartel de Mallet em São Gabriel RS 774 1996 4 trim |
83 –
Operações da Aviação do Exército em Resende, na Revolução de
1932 775 1997 jan/mar 115 /120 ( Pesquisa histórica básica) |
84 – O Duque de Caxias
Ministro da Guerra? 1998 jul/set.
25/58 |
85- O uso militar de jangadas
no Brasil em 1º Abril 1776. O uso militar de jangadas no
Brasil em 1º Abril 1776 779 139 |
87 - Um
significado de Canudos para as FTB 778 1997 out/dez |
88 –
Interpretação da Batalha de Passo do Rosário pelo Duque de
Caxias – 777 – 1997, 154/157; |
89 – As
Guerras Holandesas – Evocação no 350° Aniversário da 1ª
Batalha dos Guararapes – 780 – 1998, 5/26; |
90 –
Caminhos Históricos e estratégicos de penetração no Vale do
Alto Paraíba- 784, 1999, jan/ago – 113/130 |
91 –
Caxias e a doutrina militar terrestre brasileira – 788 –
2000, set/dez, 150/153; |
92 –
Influências estrangeiras na Doutrina Militar Terrestre
Brasileira – 789 – 2000. jan./abr – 143/146 |
93 –
Caxias vítima da manipulação da História – 792 – 2002, jan./abr.
2000 |
94 – A necessidade de
uma História Militar da Amazônia – 790, mai./ago. 133/138
(Em 2004 escrevemos Amazônia Brasileira Conquista.
Consolidação. Manutenção
História Militar Terrestre da Amazônia 1616-2004. Porto
Alegre:AHIMTB, 2004) 96 – A necessidade de uma História
Militar da Amazônia – 790, mai./ago. 133/138 |
95 –
Bicentenário da Guerra de 1801 no Rio Grande do Sul (conquista
dos Sete Povos) 791, 2001, set/dez, 5/9; |
96 –
Getúlio Vargas e a evolução da Doutrina do Exército.
802 2005, mai./ago – 51/57 (Pesquisa
histórica básica) |
97 – O
Exército e a Revolução Farroupilha, uma releitura (A
Revolução foi feita pela Guarnição do Exército e a Guarda
Nacional), 803 – 2005, set./dez. 54/56 |
Consagração dos
fundadores de A Defesa Nacional na capa do livro Soldados da
Pátria –História do Exército Brasileiro 1889´1937 de Frank D. Mc
Cann, publicado pela BIBLIEx. Quanto poderia ter
avançado mais Mc Cann, se tivesse tido ao seu alcance um índice de
autores de A Defesa Nacional para desenvolver ainda mais o seu
notável trabalho, incorporando trabalhos de oficiais brasileiros que
produziram sobre o assunto, mas com seus trabalhos sepultados por
falta de Indice Geral da Revista, que traduz a evolução do
pensamento militar brasileiro sepultado nesta preciosa coleção por
falta de um índice.
Votos de que em 1913,
centenário de A Defesa Nacional, ele possa ser perenizado com um
índice de autores e assuntos e mais do que isto com uma coleção de A
Defesa Nacional digitalizada acessível pela Internet aos alunos de
nossas escolas militares, aos instrutores de história, aos chefes,
aos pensadores e planejadores militares de nosso Exército, hoje de
um país com expressiva projeção econômica e social crescentes, mas
ao que nos parece, salvo melhor juízo, contraria esta lição da
História da Humanidade “País rico deve ser forte militarmente”.
Tarefa de responsabilidade dos poderes Executivo e Legislativo,
assessorados pelas carreiras de Estado, os militares e diplomatas.
Creio que a responsabilidade da Defesa Nacional é dos poderes
Executivo e Legislativo eleitos pelos brasileiros para os
representar e o defender, não por seu braço armados as suas Forças
Armadas, se não forem colocados a sua disposição os meios
necessários para que desenvolvam Poder Militar Defensivo dissuasório
compatível.
Cel Inf Mário Clementino de
Carvalho - a homenagem da FAHIMTB a um pensador militar brasileiro
esquecido
Integrou o grupo dos 12 fundadores da Revista
Nacional, o Capitão de Infantaria Mário Clementino de Carvalho. Ele
foi o autor do historic e contundente Editorial do nº 1 de A Defesa
Nacional que transcrevemos neste trabalho para a meditação dos
profissionais militares brasileiros de hoje e do amanhã.
Ele era até pouco tempo um desconhecido no
tocante a sua vida e obra e pensamento militar.
E este esclarecimento inicial foi feito pelo
acadêmico e presidente da AHIMTB/ Rio de Janeiro - Marechal João
Batista de Mattos - o Eng Ten R/2 Art Israel Blajberg, depois de
mergulhar em sua Fé de Oficio sob a guarda no Arquivo Histórico do
Exército.
Instituição esta de que nos orgulhamos de a
haver dirigido de 1985-1990. E foi com o auxílio do acadêmico
emérito Gen Ex Jonas de Moraes Correa Neto, então Secretário do
Exército e com a aprovação do Ministro do Exército Gen Ex Leônidas
Pires Gonçalves tivemos aprovada nossa proposta de mudar a sua
denominação de Arquivo do Exército, repartição então voltada para
basicamente para o fornecimento de certidões, para a de Arquivo
Histórico do Exército. E a partir daí voltado
para a preservação de fontes da História do Exército e de seus
integrantes do passado, com a nobre missão de Casa de Memória
Histórica do Exército.
Missão traduzida em placa de bronze, que
colocamos com em sua entrada, com a permissão do citado Secretário
do Exército, ao qual o Arquivo estava subordinado o Arquivo.
O acadêmico Israel selecionou da obra de Mário
Clementino estas preciosas lições de Arte Militar, extraídas de sua
obra Lições de História Militar – Notas de Aula, Rio de Janeiro.
Estado-Maior do Exército, 1931.
Lições preciosas que aprendemos na ECEME
(1967/69) e que as utilizamos desde 1971 ao produzirmos nosso
trabalho As Batalhas dos Guararapes – análise e descrição militar.
Recife: UFPE,1971.
Obra em que Mário Clementino condenou o
bacharelismo que se implantou no ensino do Exército de 1994-1905.
Bacharelismo também condenado por seu
colega de A Defesa Nacional, o Marechal Estevão Leitão de Carvalho
que viria a chefiar a Missão Militar Brasil-EUA, bem como outros
expressivos chefes de nosso Exército como o Marechais João Batista
Mascarenhas de Morais, o comandante da FEB, e Odylio Denys entre
outros chefes. E condenava os bacharéis que julgavam que podiam
fazer uma campanha com régua e compasso como quem faz Geometria.
E assim descrevia a relevância da Arte Militar.
"A Arte da Guerra
exclui qualquer esquematismo. E não há maior perigo do que se
pretender querer conduzir uma campanha com
régua
e
compasso, como quem faz geometria..."
Exemplificando
o pensamento do Marechal
Ferdinand Foch professor de História Militar da Escola Superior de
Guerra da França e que dali saiu para comandar a vitória aliada na
1ª Guerra Mundial. Mário Clementino escreveu em suas aulas de
História há 81 anos.
"Durante os
períodos de paz mais ou menos longos, é do estudo meditado da
História Militar que os comandos dos exércitos se preparam para as
eventuais campanhas futuras.
Esse
estudo é de tal forma proveitoso que se têm visto exércitos que
durante largo tempo só estudaram a guerra nos livros, baterem em
campanhas recentes exércitos aguerridos, porém que deram mostras de
menosprezo ao estudo teórico dos princípios da Arte da Guerra.
De 1815-1866 o
Exército da Prússia não tinha ido
à
guerra. Entretanto
venceu com notável maestria em 1866 o Exército da Áustria que vinha
de realizar campanha de 1859.
O Exército do Japão só
aprendeu a Arte da Guerra com a experiência alheia, adquirida de
missões militares alemã e francesa. E na
Manchúria
revelou conhecimento
completo da Arte da Guerra e fez campanha notável sob todos os
pontos de vista.
Não
se deve concluir disto que a mera acumulação na memória dos fatos da
História Militar (História Militar Descritiva) confira a capacidade
para comandar exércitos. Se assim fosse seria fácil ser um general
cabo de guerra. Mas não é isto!
A
Guerra é produto de um conjunto de circunstâncias múltiplas e várias,
e o que se pode afirmar é que nenhuma campanha se reproduz da mesma
forma no espaço e no tempo, de modo que possa ser copiada ou
rigorosamente imitada de campanhas recentes.
O que interessa
no estudo da História Militar (Crítica), no mais alto nível, é a
capacidade de discernir, destacar e isolar os princípios da Arte da
Guerra que regem o fenômeno, da massa enorme de fatos que deles se
depreendem, como uma emanação espiritual
(é o que nosso
Presidente Cel Bento classifica como História Militar Crítica).
E
mesmo depois que se fez isso, depois que os Princípios da Arte da
Guerra foram isolados,destacados e compreendidos ,aqueles que
aspiram as culminâncias da Arte Militar tem de ir um pouco além.
Tem que penetrar-lhes
(Princípios da Arte da Guerra) em seu senso filosófico e por vezes
esotérico, sua extrema elasticidade diante das circunstâncias, o seu
relativismo
inflexível,os
seus conflitos mútuo-aparentes ou reais,os paradoxos a que eles por
vezes conduzem e, ao lado disso, o seu caráter imutável e eterno, a
sua incoercibilidade irredutível em determinadas emergências, a
implacabilidade de seus decretos, as consequências desastrosas
que
às vezes acompanham as
suas mais elementares infrações.
Tudo isto deve o
general discernir e compreender em meio do tumulto e do
entrechoque
dos motivos, os mais
diversos, que entram no fenômeno da guerra: motivos/psicológicos,
biológicos, industriais, geográficos, topográficos,
climatéricos, místicos,
políticos e
outros....”
A vida deste
notável soldado que aqui resgatamos para conhecimento mais amplo com
a pesquisa do acadêmico Israel Blajberg, sua oração de posse na
AHIMTB onde recebido na pelo hoje acadêmico emérito e ex Ministro do
Exército e a seguir Comandante do Exército Gen. Ex. Gleuber Vieira
em 30 de novembro de 2006, no Museu Conde de Linhares.
Sessão preservada no Volume 39 de posses da
AHIMTB, p. 73/305, hoje depositada no interior da AMAN, no acervo da
FAHIMTB/AHIMTB/Resende – Marechal Mário Travassos.
Mário Clementino nasceu no Rio em 7 de maio de
1976, um ano antes da Revolta de Canudos. Com 12 anos freqüentou na
Fortaleza São João a Escola de Aprendizes de Artilharia.
Matriculado na Escola Militar do Ceará.
Por ocasião da Revolta da Armada 1893/94
embarcou no Cruzador Niterói da Esquadra Legal, formada pelo
Presidente Marechal Floriano Peixoto. Revolta que abordamos em
artigo: Centenário da Revolta da Armada A Defesa Nacional nº 762,
out/dez 1993.p.18/49.
Em 3 de nov. 1895 foi promovido ao posto de
Alferes de Infantaria, por serviços prestados à consolidação da
República.
Prosseguiu seus estudos na Escola Militar da
Praia Vermelha, sendo em 1900 graduado Bacharel em Matemática e
Ciências Físicas.
A seguir trabalhou na Construção do Sanatório
de São Paulo no alto da serra da Mantiqueira, a esquerda da rodovia
Pique te – Itajubá. E depois trabalhou na
Comissão de Linhas Telegráficas do Paraná.
Retornando ao Rio em 1904 foi auxiliar da
Comissão de Engenharia sendo cumulativamente como professor de
ensino teórico na Praia Vermelha no ano da revolta desta escola que
passou a História como a Revolta da Vacina Obrigatória titulo de
nosso pequeno artigo na A Defesa Nacional: nº 762 out/dez
1993.p.25/28.
Em 1905, ainda Alferes, serviu novamente na
Esquadra Legal em operações no litoral brasileiro.
Foi classificado no 3º BI em Rio Grande, no
histórico quartel do grupo de Artilharia Marques de Tamandaré, onde
foi instrutor geral. De retorno ao Rio, fez
viagem de estudos aos EUA em 1908.
Em 1910, como 1º Tenente ao retornar de viagem
de curso de Infantaria no Exército Alemão foi nomeado auxiliar do
Estado-Maior do Exército(EME) .
Em 1912, na época da fundação da A Defesa
Nacional foi promovido a Capitão e nomeado professor de inglês na
Escola de Artilharia e Engenharia no Realengo, local onde neste ano
funcionou a Escola de Guerra transferida de Porto Alegre e que foi
denominada em 1913, Escola Militar do Realengo com nova orientação.
Serviu na Companhia Regional do Alto Acre em
Rio Branco e no 53º no Batalhão de Caçadores em Lorena, São Paulo.
E depois foi nomeado, em 1916, internamente,
professor de 2º ano da atual ECEME.
Retornou a tropa ao 15º Batalhão do 5° RI em
Florianópolis e a seguir no comando em Itajaí-SC do 14º Batalhão do
5º RI. Já com Revolta do Contestado pacificada
pelo Gen Bda Fernando Setembrino de Carvalho. Em 1918 no Rio ficou
adido a Escola Militar do Realengo e assumiu a regência das aulas de
inglês.
Em 1919 foi reformado a seu pedido no posto de
major, por pressões resultantes de sua atuação na A Defesa Nacional.
Em 1931 reverteu ao serviço ativo em
decorrência da Revolução de 30, sendo promovido a Tenente Coronel a
contar de 1928 e a coronel a partir de 1930, devendo figurar no
Almanaque acima do Cel. Estevão Leitão de
Carvalho.
Em 1932 recebeu o seguinte elogio de seu
comandante o General Arthur Sílio Portela.
“Louvo o esforço e dedicação que dispensou
com a preocupação de bem servir o Exército no preparo de seus
oficiais. As lições que professava eram
eloqüentes atestados de um grau de cultura que muito honrou o corpo
de docentes militares”.
Em 1934 foi louvado pelo Cel Francisco José
Pinto ao deixar o comando das Escolas Técnicas do Exército e Militar
Provisória , para assumir a chefia do Gabinete de Ministro da Guerra
Gen Div Pedro Aurélio Góes Monteiro.
“Peço neste instante permissão ao Sr. Cel.
Mário Clementino, muito digno professor da 5ª
aula de História Militar do 3º ano, para testemunhar-lhe a minha
profunda admiração pelo cabal desempenho e inexcedível competência
com que rege a referida aula de História Militar Esses predicados
que ornam o Sr. Cel. Mário Clementino não constitui para mim
novidade. Desde o seu ingresso no oficialato do Exército brasileiro,
que me habituei a o ver muito justamente pela sua vasta cultura
intelectual e profissional e pela inteireza de seu diamantino
caráter, como um dos mais brilhantes ornamentos do quadro de
professores militares”.
Em 1934 integrou a Comissão Examinadora de
História Militar da Escola Militar Provisória. Em 1936 aos 60 anos
foi transferido para a Reserva, por haver atingido a idade limite.
Este foi o pensador militar esquecido e
professor de História da Escola Militar, autor do notável,
contundente e corajoso Editorial do n° 1 de A Defesa Nacional.
Revelação, justa e oportuna graças a notável pesquisa do acadêmico
Eng. Ten. R/2 Israel Blajberg, presidente da AHIMTB/RJ Marechal João
Batista de Matos.
E muito ainda precisa ser resgatado da vida e
obra de Mário Clementino, o que será possível quando se dispuser de
um índice de autores e assuntos da revista e A Defesa Nacional e de
uma coleção digitalizada da mesma e de um aprofundamento de sua Fé
de Ofício (Alterações no Arquivo História do Exército).
DEDICATÓRIA
A Federação de Academias de Historia Militar
Terrestre do Brasil (FAHIMTB) e suas 4 academias de Historia Militar
Terrestre do Brasil(AHIMTB) em Resende, no Distrito Federal, no Rio
de Janeiro e no Rio Grande do Sul, dedica este trabalhos como justa
homenagem a todos os autores que em 100 anos contribuíram com seus
artigos na Revista A Defesa Nacional para construir o precioso
tesouro que ela registra em especial a Evolução do Pensamento
Militar Brasileiro, durante um século. Tesouro que necessita ser
resgatado através de um índice de assuntos e de autores em uma
coleção digitalizada a disposição da Inteligência Nacional com
responsabilidades pela Defesa Nacional e em especial dos alunos das
Escolas de nossas Forcas Armadas para a elaboração de monografias
curriculares, cada vez mais aprofundadas incorporando idéias de
autores que já abordaram os assuntos objeto de sua monografia.
Cláudio Moreira Bento, Cel
Presidente da FAHIMTB e do IHTRGS