OPERAÇÕES DA 
					AVIAÇÃO DO EXÉRCITO, A PARTIR DE RESENDE, NO COMBATE À 
					REVOLUÇÂO DE 1932 NO VALE DO PARAÍBA E FRENTE MINEIRA
					
					
					
					Cel Claudio Moreira Bento - Historiador 
					Militar e Jornalista - Presidente da FAHIMTB e da AHIMTB/Resende 
					Marechal Mário Travassos
					
					
					
					 
					
					
					
					 
					
					
					
					          
					Na faixa branca, posição aproximada da Pista de Pouso da 
					Aviação do Exército durante a Revolução de 1932 ao comando 
					do Major Eduardo Gomes, estendendo-se hoje entre o Portão 
					Monumental e o conjunto de Piscinas.
					
					
					
					 
					
					
					          
 
					
					
					
					Fonte: 
					INCAER. História Geral da Aeronáutica v.2
					
					
					         A Revolução de 1932 durou noventa e 
					cinco dias - de 9 de julho a 3 de outubro de 1932. Resende, 
					na maior parte desse movimento revolucionário, o de maior 
					expressão até hoje, foi o centro de gravidade das operações 
					terrestres e aéreas que contra ela se desenvolveram em todo 
					o Brasil. 
					
					
					         Sediou, o (QG) do Destacamento 
					Exército do Leste, na Estação Ferroviária, em um comboio 
					ferroviário, ao comando do General Pedro Aurélio 
					
					Goes 
					Monteiro, 
					que havia sido, também, o comandante militar da Revolução 
					de 1930. Agora dirigia as operações na principal frente, a 
					do Vale do Paraíba, apoiado pelo grosso do Grupo de Aviação 
					do Exército, o único existente, comandado pelo Major 
					Eduardo Gomes, herói dos 18 do Forte de Copacabana (5 de 
					julho de 1922), quando ainda era tenente de Artilharia. O 
					Campo do Grupo de Aviação foi, de 8 de julho a 6 de outubro, 
					no atual Campo de Paradas da Academia Militar das Agulhas 
					Negras 
					(AMAN) 
					e que serviu de Base 
					Aérea do Destacamento Resende do Grupo de Aviação que aí 
					instalou seu QG, transferindo-o do Campo dos Afonsos  para 
					Resende. Sua pista se desenvolvia numa reta balizada hoje 
					entre o Portão Monumental e o Conjunto de Piscinas.
					
					
					         O Major Eduardo Gomes, hoje patrono 
					da FAB, atuou como observador em voos de ligação das tropas 
					da Frente do Vale
					
					do Paraíba com as da Frente de Minas Gerais, 
					da 4a Divisão de Infantaria (4a
					
					DI). 
					Inclusive, 
					tomou parte no bombardeio do campo de pouso de Guará em 23 
					de agosto, e de um pouso noturno em campo iluminado, façanha 
					digna de registro na época, durante a noite de 14 de agosto, 
					tendo como piloto o legendário Tenente “Mello Maluco”. Era o 
					Tenente Francisco de Assis Correia de Melo, que se tornou 
					lendário por sua perícia, coragem e audácia como piloto.
					
					
					         A mudança do Grupo para Resende em 
					reforço ao Destacamento foi motivada por terem ficado 
					provadas as inconveniências de atuar, a partir dos Afonsos, 
					no Rio, devido a enorme distância dos objetivos e por ter, 
					na ida e na volta, de enfrentar a travessia da Serra do Mar, 
					com problemas de condições meteorológicas adversas 
					que abortavam operações, além de grande desgaste dos 
					motores.
					
					
					
					         O Destacamento Resende 
					instalou-se
					
					em Resende no 
					18° 
					
					dia da Revolução, iniciando a ampliação e 
					melhoria da pista, derrubando mangueiras do Horto 
					Florestal, então administrado pela ferrovia Central do 
					Brasil.
					
					
					
					  
					
					
					
					 Principais aeronaves que foram usadas por 
					governistas e revolucionarios paulistas em 1932 nas frentes 
					do Vale do Paraiba e Mineira. Da esquera para a direita de 
					cima para baixo;1-WACO Vermelhinho da Aviação do 
					Exército, modelo conservado pelo Museu Aeroespacial no Campo 
					dos Afonsos. 2- Avião WACO igual ao anterior, mas com 
					pintura diferente. 3-Avião MOTH. 4-Avião POTEZ. 
					5- Avião Neuport Delage. 6-Avião Curtiss Falcon. 
					A seguir eles serão citados como presenças entre as forças 
					governistas e revolucionárias.(Fontes: Diversas 
					pesquisadas na Internet)
					
					
					
					         
					
					Atuaram, 
					
					com base em Resende, como comandantes do 
					Destacamento, os seguintes oficiais da Arma Aviação do 
					Exército, que havia sido criada em 
					
					1927: 1º 
					
					tenentes Joelmir Campos de Araripe Macedo, 
					José Cândido da Silva Muricy Filho, e Capitão Henrique Dyott 
					Fontenele. Este, foi quem ampliou o campo de pouso ao custo 
					de árvores importantes do Horto Florestal. Alertado por um 
					resendense de que eram essências raras, assim consolou o 
					reclamante, segundo nos contou e mais tarde Brigadeiro 
					Lavenère-Wanderley (àquele tempo citado como Vanderlei):
					
					
					"Fique 
					
					tranquilo, 
					
					se estas árvores eram raras, ficarão mais 
					raras ainda".
					
					
					
					         Foram pioneiros do Destacamento, além do Tenente 
					Araripe, os tenentes Nelson Freire Lavenére-Wanderley e 
					Júlio Américo dos Reis. Também 
					atuaram
					
					em Resende os tenentes José Sampaio Macedo, 
					Francisco de Assis Correia de Melo (“ Melo Maluco)”, João 
					Adil de Oliveira, Waldemiro A. Montezuma, Benjamin Manuel 
					Amarante, Homero Souto de Oliveira, Joaquim Tavares Libânio, 
					Antônio Lemos Cunha, José Vicente Faria Lima, Anizio Botelho 
					e Geraldo Aquino que, destacado no Campo de Marte, em São 
					Paulo, conseguiu escapar de ser preso, evadindo-se. 
					Atingindo o Rio em 
					15 
					
					de julho, foi enviado para Resende, não tendo 
					a mesma sorte sua os outros oficiais lá destacados, 
					inclusive o tenente  Casemiro Montenegro.
					
					
					
					         Estiveram eventualmente operando em Resende os 
					gaúchos Rui Presser Bello, Nero Moura e outros, na fase 
					final, como França, Capitão Alves Seco, 
					etc. 
					
					Durante os 
					70 
					
					dias em que o Destacamento 
					atuou 
					
					a partir de Resende, foi a 
					fração
					
					governista mais 
					atuante 
					na primeira e única batalha Aérea travada no Brasil, 
					realizando operações aéreas pioneiras, como se verá. Nesse 
					período, executou 
					665 
					
					missões de combate, em 
					1.043 
					
					horas de voo, além de 
					255 vôos
					
					de treinamento. Consumiu 
					85.200
					
					litros de gasolina, lançou 
					2.476 
					
					bombas, tirou 
					847 
					
					fotos aéreas, e consumiu 
					21.900
					
					cartuchos de metralhadoras.
					
					
					
					
					
					         Seu esforço operacional 
					
					concentrou-se, 
					em 
					agosto, sobre formações revolucionárias em São José do 
					Barreiro, Morro Frio, Areias, Silveiras, Cachoeira 
					Paulista, Vila Queimada e Pedreiras, e sobre o trem 
					blindado revolucionário. Em 
					13 
					
					de agosto, o Destacamento Resende recebeu o 
					primeiro caça Niuport Delage, pilotado pelo "Melo Maluco". 
					Este era o tenente Francisco Assis Correia de Melo que foi 
					assim apelidado por sua invulgar perícia, coragem e audácia. 
					Mais tarde. Foto ao lado seria o Ministro da Aeronática do 
					Presidente Juscelino Kubitschek e ambos lutaram como 
					governistas na Revolução de 32.Melo Maluco como lendário, 
					audaz, habil corajoso piloto da Aviação do Exército e 
					Resende e Juscelino como Coronel Medico da Policia Militar 
					de Minas Gerais, na Frente do Tunel da Mantiqueira ligando 
					Passa Quatro-MG e Cruzeiro-SP.
					
					
					
					         E foi nesse dia 
					13, 
					
					pela madrugada, entre 01h30 e 03h00, que um 
					audaz e ousado piloto revolucionário, partindo de Lorena, 
					depois de sobrevoar o Campo de Pouso de Resende e o QG do 
					Destacamento do Exército do Leste na Estação Ferroviária de 
					Resende, lançou 
					três 
					
					bombas em campos da orla resendense, só para 
					efeito psicológico sobre a tropa e o povo. 
					
					Constituindo-se assim, 
					no 
					1º bombardeio 
					noturno
					
					na América do Sul, 
					e causou grande
					
					temor e 
					sensação de medo aos
					
					resendenses 
					que, no dia seguinte, fizeram romarias aos locais de 
					impactos. Em resposta, ao amanhecer do dia seguinte,
					
					partiu de 
					Resende uma esquadrilha que bombardeou o Campo de Pouso em
					
					Lorena, 
					mas não 
					impediu que aviões revolucionários o evacuassem, ilesos, e 
					fossem
					
					para São 
					Paulo, contando com o ousado feito do dia anterior.
					
					
					         Na noite de 14 de agosto, a 
					população de Resende passou por outro susto, ao divisar, à 
					noite, aviões iluminados sobrevoando a cidade. Acreditavam 
					ser um bombardeio mais efetivo que o da madrugada anterior, 
					até que souberam, no outro dia, do que se tratava. Eram 
					aviões 
					
					Moth,
					
					governistas, testando o equipamento de 
					iluminação de campanha do campo de pouso (farol e grupo 
					eletrogêneo). O primeiro vôo teste foi pilotado pelo Ten 
					Melo ("Melo Maluco") tendo como observador o Major Eduardo 
					Gomes, comandante do Grupo de Aviação e, o segundo, o 
					capitão Fontenele, então comandante do Destacamento 
					Resende.
					
					
					         A crônica e a memória local 
					registram o susto que levaram os resendenses pensando 
					tratar-se de outro bombardeio aéreo, mas, agora para valer! 
					Pouco depois o campo de Resende passou a ter cobertura 
					antiaérea com metralhadoras recebidas. Ficou na memória da 
					população os voos do aviões denominados Vermelhinhos. 
					Em realidade assim eram denominados os aviões do Governo e 
					também ficaram na memória dos resendenses as manobras 
					ousadas de” Melo Maluco”.
					
					
					         Em 22 de agosto, o espaço aéreo 
					entre Resende e Queluz teria testemunhado o primeiro combate 
					aéreo registrado no Brasil, entre dois aviões governistas, 
					pilotados pelos tenentes Lavenére-Wanderley
					
					e Muricy, contra dois aviões 
					revolucionários. Depois de se enfrentarem com 
					metralhadoras, os revolucionários tomaram a iniciativa de 
					romper o contato, por estarem distantes de sua base. Os 
					governistas eram um Potez de observação e bombardeio, 
					e um Waco com metralhadora, pilotado pelo Tenente 
					Lavenére, que socorreu o Tenente Muricy atacado por um caça
					Niuport Delage e um Waco. Consideramos este, salvo 
					melhor juízo, o primeiro combate aéreo no Brasil, pois houve 
					reação recíproca, ao contrário do ataque sofrido pelo 
					Potez 25 TOE A-l 17 na tarde de 8 de agosto, na região 
					de Buri, por três aviões governistas. Sem reação, atingido 
					seu 
					
					radiador, 
					conseguiu aterrar em território sob controle 
					governista sem danos pessoais, mas com perda total do 
					equipamento. Este Potez é considerado o primeiro 
					avião abatido na América do Sul em operação aérea. Foi uma 
					perseguição sem reação, face à superioridade revolucionária 
					,liderada pelo mais tarde Brigadeiro 
					
					Lysias 
					Rodrigues, nosso primeiro mestre em 
					
					Geopolítica 
					do Brasil, 
					com a obra 
					
					Geopolítica 
					do Brasil, 
					para iniciantes Ele foi uma legenda na aviação dos 
					Gaviões de 
					
					Penacho,
					
					apelido dos pilotos revolucionários.
					
					
					         Em 5 de julho um Waco, 
					pilotado pelo Tenente Botelho, tendo como observador o 
					Tenente Balloussier, ao aterrar, capotou. Chegava de um 
					reconhecimento de Areias, Queluz e Morro Frio. Ficou 
					indisponível.
					
					
					         Em 9 de agosto,
					um Potez, 
					pilotado pelo Tenente 
					
					Araripe, 
					tendo como observador o Tenente Montezuma, 
					foi atingido por balas revolucionárias, em Silveiras. Em
					19 de agosto,
					um
					
					
					Moth
					
					pilotado pelo Tenente 
					
					Amarante, 
					tendo como observador o Tenente Muricy 
					quebrou o trem de pouso contra um barranco ao aterrar.
					
					
					         Em 25 de agosto, o Destacamento 
					Resende recebeu 4 Waco CSO (que se popularizam como
					
					"vermelhinhos") 
					adquiridos 
					nos EUA, sendo um deles pilotado pelo Tenente 
					
					Nero 
					Moura, 12 anos mais tarde comandante do 1º 
					Grupo de Caça (o Senta 
					
					Pua),
					
					na Itália, ministro da Aeronáutica e atual
					
					
					patrono da Aviação 
					de Caça da FAB.
					
					Vinham 
					equipados com metralhadoras e porta-bombas, com capacidade 
					de bombardeio picado. Com esse avião ele tomou parte no 
					bombardeio de Lavrinhas, em 29 de agosto. 
					
					
					
					         Em 30 de agosto, foi constituído o 
					Destacamento de Aviação de Pouso Alegre-MG, subordinado ao 
					Grupo Misto de Aviação, sendo destacados, de Resende para 
					lá, os tenentes 
					
					Araripe 
					(chefe), Júlio e 
					
					Nero 
					Moura.
					
					
					         No início de setembro, o Major 
					Eduardo Gomes fez ligações de coordenação entre os 
					destacamentos de Resende e o de Pouso Alegre, que apoiava a 
					4a 
					DI
					
					de Juiz de Fora, no Vale do Paraíba mineiro. 
					Foi piloto o Tenente Lavenére-Wanderley.
					
					Hoje são patronos da Força Aérea Brasileira
					(FAB) e do Correio Aéreo Nacional (CAN), e 
					ambos foram ministros da Aeronáutica. O último, 
					historiador da FAB, tem obra prefaciada pelo primeiro, a 
					qual  mencionamos nas fontes consultadas.
					
					
					         Privamos com o Brigadeiro Lavenére 
					nos IGHMB e IHGB, do qual guardamos excelente recordação. 
					Lembro que em tom de brincadeira o convidamos para uma 
					palestra no Arquivo Histórico do Exército, que dirigíamos, 
					dizendo-lhe: 
					"Confrade, o 
					Arquivo Histórico do Exército está necessitando de apoio 
					aéreo". 
					E ele 
					prometeu comparecer, pois tinha grande orgulho de sua origem 
					como artilheiro do Exército. Nesse ínterim, ocorreu sua 
					internação urgente em São Paulo, onde veio a falecer. Não 
					se esqueceu de, nesse momento, encarregar um familiar de 
					telefonar-me, desculpando-se de não poder comparecer. 
					Deixou muita saudade entre seus confrades historiadores, 
					que lembram o seu carinho e devoção pela História da 
					Aeronáutica, que ajudara a escrever, com modéstia incrível, 
					encobrindo sua participação destacada. Em sua homenagem, 
					criamos em Santos Dumont-MG a Delegacia da FAHIMTB Ten Brig 
					Nelson Freire Lavanére Wanderley, por sua ligação com Santos 
					Dumont, através de seu casamento com Dona Sofia, da família 
					do Patrono da Aeronáutica.
					
					
					         Em 8 de setembro, mais  3 
					Waco CSO reforçaram o 
					
					
					Destacamento Resende
					
					e tomaram 
					parte no apoio aéreo às conquistas de Silveiras, Pinheiros 
					e Cruzeiro, em 13 de setembro, e Cachoeira Paulista 
					
					
					em
					
					14 do mesmo 
					mês.
					
					
					         A 11 de setembro pousaram no campo 
					de Resende 2 aviões 
					
					Curtiss Falcon
					
					apreendidos dos revolucionários, o que 
					causou sensação entre curiosos civis e militares de 
					Resende, que fizeram romaria ao campo de pouso. Um acidente 
					antecedeu a chegada do Destacamento em Resende. O Potez 
					TOE A 216 pilotado pelo Tenente Faria Lima, ao aterrar 
					com os tenentes Anízio e 
					
					Aquino, 
					quebrou o trem de pouso ao entrar numa vala, 
					tendo de ser levado, para o Rio de trem. Foi em 27 de julho.
					
					
					
					         Em 16 de setembro, o Destacamento 
					Resende recebeu mais 3 Waco CSO de reconhecimento, 
					equipados com dispositivos fotográficos e rádio. Em 17 de 
					setembro, recebeu mais 3 WACO e passou a usar 
					Cruzeiro como Campo de Pouso Avançado. 
					
					
					
					         Em 20 de setembro, o Campo de Pouso 
					de 
					Lorena 
					passou a ser 
					usado como Campo Avançado do de Resende. Ainda em 20 de 
					setembro, dois aviões do Destacamento de Pouso Alegre foram 
					queimados no solo, por bombardeio da aviação 
					revolucionária, sendo seus pilotos os Tenentes França e 
					Guilherme. 
					
					
					         Em 21 de setembro, aviões do 
					Destacamento 
					
					de
					
					Aviação de 
					Resende bombardearam os campos 
					
					
					de
					
					pouso 
					revolucionários 
					
					
					de
					
					Guará e
					
					Taubaté. Esta última é 
					hoje sede do 
					Comando de Aviação do Exército, a base de helicópteros.
					
					
					
					         No dia 23 de setembro, o Pelotão de 
					Bombardeio, com 5 aviões, do Destacamento Resende 
					bombardeou, pela manhã e pela tarde, o Campo de 
					
					Guaratinguetá 
					(no 
					
					Hipódromo) 
					sendo que, 
					no último, foi atingido e destruído no solo o Potez TOE, 
					dos revolucionários. Foram pilotos os Tenentes Macedo, 
					Lavenére-Wanderley,
					
					Muricy, “Melo Maluco” e 
					
					Araripe. 
					O último, à tarde, conduziu, como observador, 
					o Major Eduardo Gomes, comandante do Grupo Misto de 
					Aviação, baseado em Resende, no hoje Campo de Paradas da 
					AMAN. Esse pelotão bombardeou, pela terceira vez, o campo 
					de Guará, no 
					
					Hipódromo, 
					em 24 de agosto. Ainda no dia 23, o piloto 
					Capitão Alves Seco, tendo como observador o tenente 
					
					Amarante, 
					
					bombardearam o Campo de Guará, com o Waco CSO 18.
					
					
					         De 23 a 26 de setembro, tiveram 
					lugar diversos voos de ligação do Campo de Resende com seu 
					Campo Avançado em 
					
					Lorena, 
					sendo que, em 25 desse mês, o tenente “Melo 
					Maluco”, 
					partindo de 
					
					Lorena, 
					realizou um reconhecimento aéreo noturno das 
					posições revolucionárias em Guará.
					
					
					         Em 26 de setembro, ocorreu o 
					bombardeio de Aparecida, a partir do Campo Avançado de
					
					Lorena, 
					em avião 
					Waco 19, pilotado pelo tenente 
					
					Lampert, 
					tendo como observador o Tenente Montezuma e, 
					ataques a Guará - Aparecida, à bomba, e com reconhecimento, 
					pelos Waco 14 e 19, dos tenentes Loiola e 
					
					Amarante, 
					em horários 
					diferentes, e reconhecimento fotográfico pelo Tenente
					
					Araripe 
					(futuro 
					Ministro da Aeronáutica) com o Waco 21, tendo como 
					observador o Tenente Balloussier. O Waco 18, 
					pilotado pelo Tenente Lampert executou uma missão de 
					regulação de tiro de Artilharia. 
					
					
					         O dia 27 foi movimentado. Aviões 
					partem de Resende e executam missões de reconhecimento 
					armado sobre 
					
					Guaratinguetá 
					e Aparecida 
					e aterram nos campos avançados de Cruzeiro e 
					
					Lorena. 
					São cerca de 14 missões de reconhecimento e 
					bombardeio. Neste dia caiu, na decolagem, por perda de 
					força, um 
					
					Moth
					
					pilotado pelo Tenente Rui Presser Belo, tendo 
					como observador o Coronel Alzir.
					
					
					         O avião ficou inutilizado. O Coronel 
					Alzir, pilotando outro Moth, decolou de Resende com 
					destino ao Campo dos Afonsos, tendo como observador o 
					Capitão 
					
					Aroldo. 
					Em virtude do mau tempo, o Moth se chocou com 
					a Serra de Itaguaí, com perda total do equipamento, 
					perecendo o observador, Tenente 
					
					Aroldo, 
					e ficando gravemente ferido o Coronel Alzir.
					
					
					         No dia seguinte, decolaram de 
					Resende 6 Waco e 1 Moth para localizar o Moth 
					sinistrado, do qual não se possuíam informações em Resende. 
					Ainda nesse dia, decolaram, do Campo Avançado de 
					
					Lorena, 
					6 aviões 
					para reconhecimentos com ataques a bomba sobre alvos em 
					Guará-Aparecida, consumindo-se 30 bombas de 25 libras, 
					segundo o Diário de Campanha.
					
					
					         Em 29, correu a notícia do início 
					das negociações para a cessação das hostilidades. Nesse 
					dia, tiveram lugar quatro missões de reconhecimento, 
					inclusive fotos, e 11 voos de treinamento.
					
					
					         Dia 30, intensificam-se 
					reconhecimentos, com ataques a bomba sobre alvos em 
					Aparecida e Guará. Foram realizadas 31 missões. O Major 
					Eduardo Gomes, no Waco 19, pilotado pelo tenente 
					Lavenére-Wanderley, coordenou as atividades dos 
					destacamentos Resende e Pouso Alegre, fazendo o voo de 
					ligação Pouso Alegre- Caxambu- Cruzeiro- Resende. Em Iº de 
					setembro desenvolvem-se negociações de paz. Intensificam-se 
					voos de reconhecimento sobre a concentração revolucionária 
					em Guará. 
					
					
					         No dia 2 de outubro, conhecida a 
					cessação das hostilidades, o Destacamento de Aviação de 
					Resende acompanha o movimento de evacuação das forças 
					revolucionárias, sendo realizadas 8 missões nessa tarefa.
					
					
					         Dia 3 de outubro, foram suspensas as 
					hostilidades e só houve um voo de reconhecimento sobre os 
					eixos de Retirada para prevenir congestionamentos.
					
					
					         No dia 6 de outubro, os aviões do 
					Destacamento Resende começaram a se retirar para o Campo dos 
					Afonsos só permanecendo três, para uma emergência.         
					
					
					
					         O 
					Diário de Campanha do Destacamento Resende do Grupo de 
					Aviação do Exército, da Diretoria de Aviação, 
					assinalou: 
					
					
					"A organização da 
					Aviação Militar (do Exército) era a mais precária que se 
					possa imaginar ao estourar a Revolução de 32". 
					
					E, 
					prossegue: 
					"falta, de 
					recursos pessoais e materiais e de organização 
					principalmente".
					
					
					         Ao final da revolução foi 
					reconhecida a ação da Aviação Militar, que manteve a 
					superioridade aérea na Frente do Vale do Paraíba, sem 
					nenhuma perda humana ou material em combate, nos seguintes 
					termos, em documento oficial:
					
					
					"...A Aviação Militar se lançou galhardamente 
					para a frente e, com verdadeira elegância, soube sofrer, 
					lutar e vencer..." Para esta útil atuação não prendeu-se à 
					teoria, idealizada para recursos que não logrou reunir. 
					Aceitou as situações como elas se apresentaram, resolveu-as 
					com os recursos existentes e dentro das circunstâncias 
					ambientais em que se desenvolveram. Assim, terminou a 
					campanha gozando a confiança das armas irmãs. E o 
					resultado obtido não foi sem sacrifícios..."
					
					
					 
					
					
					
					A Aviação Constitucionalista
					
					         ‘A aviação 
					que combatia do lado de São Paulo era chamada de Aviação
					Constitucionalista. Os 
					aviões de que dispunha pertenciam à Aviação Militar. Alguns 
					já se achavam no Campo de Marte quando a 
					Revolução 
					de 1932 teve início. Outros foram levados em voo do Campo 
					dos Afonsos, por oficiais que aderiram à Revolução.
					
					         No início 
					da Revolução, os aviões de emprego militar de que dispunham 
					os paulistas eram: os Potez TOE. A-116 e A-212, os 
					Wacos CSO C-2 e C-3 e o avião de caça 
					Nieuport 
					Delage K-421. Os 
					2 Potez 
					e 
					o Waco C-2 
					já se achavam destacados no Campo de Marte, quando 
					deflagrou a Revolução.
					
					         O Waco 
					C-3 foi levado para São Paulo, no dia
					21 de julho, pelo 
					1º Ten Tenente Arthur
					da 
					Motta Lima Filho 
					que, simulando a realização de um voo de treinamento local, 
					rumou para São Paulo, levando, como passageiro, o soldado 
					da Escola de Aviação Militar José 
					Cesar Falcão, 
					que desconhecia as intenções do piloto.
					
					         O 
					Nieuport Delage K-421 foi levado para São Paulo, na 
					segunda quinzena de agosto, pelo Capitão 
					Adherbal 
					da Costa Oliveira, que, iludindo a 
					vigilância, decolou do Campo dos Afonsos e foi aderir à 
					Revolução. Além dos aviões acima mencionados, os 
					revolucionários paulistas possuíam um Fleet e um
					Moth 
					de instrução primária e alguns aviões 
					civis que eram utilizados ora na instrução, ora como aviões 
					de ligação na Zona do Interior.    Os outros oficiais da 
					Aviação Militar, que tomaram parte na Revolução, 
					deslocaram-se do Rio de Janeiro, clandestinamente, por via 
					marítima.
					
					         Os 
					seguintes oficiais da Aviação Militar do Exército 
					participaram da Revolução de 1932: Major 
					Ivo 
					Borges, que ficou como Comandante das 
					Unidades Aéreas da Aviação 
					Constitucionalista, o 
					Major 
					Lysias Augusto Rodrigues, que 
					ficou como comandante do Grupo de Aviação 
					Constitucionalista, 
					Capitão Adherbal da Costa Oliveira, 
					Primeiros-Tenentes José 
					Angelo Gomes 
					Ribeiro, Orsini 
					de 
					Araujo Coriolano, Arthur 
					da 
					Motta Lima Filho e Nicanor 
					Porto Virmond.
					
					         A grande 
					maioria, porém, das missões aéreas foi realizada pelo Major 
					Lysias, Capitão Adherbal e Tenentes Gomes Ribeiro e 
					Motta 
					Lima. Vários oficiais da Força Pública de São 
					Paulo e civis participaram das operações aéreas, quer como 
					pilotos, quer como observadores.
					
					         O 
					Campo-base da Aviação 
					Constitucionalista, na cidade 
					de São Paulo foi o Campo de Marte que teve, na ocasião, as 
					suas instalações muito ampliadas; os hangares existentes na 
					orla leste, próximo ao Corpo da Guarda, foram construídos 
					durante a Revolução de 1932.
					
					         Os 
					revolucionários paulistas aproveitaram sempre a sua posição 
					central, em relação às três frentes de combate para, com os 
					mesmos aviões e pilotos, fazerem incursões de surpresa, ora 
					numa frente, ora noutra. Durante o mês de agosto, os 
					revolucionários compraram, na fábrica de montagem da 
					Curtiss Wright 
					Corporation, instalada no Chile, 9 aviões de 
					observação e bombardeio Curtiss
					"Falcon", 
					tipo O-IE. 
					Estes aviões, de 
					construção extremamente robusta, equipados com motor Curtiss 
					D-12, de 435 
					HP, com velocidade máxima de
					224 
					km/h, capazes de realizar "piques" verticais 
					de bombardeio, com raio de ação
					de 
					1.000 quilômetros 
					e teto de 4 600
					metros, foram os 
					aviões militares mais aperfeiçoados, entre os que 
					participaram da luta aérea, durante a Revolução de 
					1932.
					
					         
					No começo de setembro, os 
					referidos aviões Curtiss "Falcon" começaram a ser 
					transladados em voo, 
					um a um, do Chile para o 
					Brasil, por pilotos 
					norte-americanos e 
					chilenos. Os dois primeiros aviões foram entregues aos 
					pilotos brasileiros na cidade 
					de Encarnación, no 
					Paraguai, na fronteira com a Argentina. Um terceiro avião
					acidentou-se 
					na Argentina, próximo à 
					fronteira com o Chile. Um quarto avião 
					acidentou-se 
					na aterragem em 
					Concepción, tendo 
					sido apreendido pelas autoridades paraguaias. Daí para 
					diante os aviões "Falcon" começaram a ser levados até a 
					cidade de Campanário, no sul de Mato Grosso, onde eram 
					entregues aos pilotos revolucionários.
					
					
					         Ao chegar em São Paulo, os aviões "Falcon" ainda 
					tinham que ser armados com metralhadoras e 
					porta-bombas. Um 
					dos aviões ficou inutilizado por ter a sua hélice sido 
					perfurada por tiros de metralhadora, numa experiência de 
					sincronização. A primeira vez que os aviões Curtiss "Falcon" 
					foram empregados foi a 20
					de setembro, no 
					bombardeio do campo de aviação de Mogi-Mirim. Em 
					24 
					de setembro, uma semana antes do término da 
					Revolução, a Aviação Constitucionalista sofreu a sua 
					primeira perda de pessoal em combate: o Primeiro-Tenente 
					José Angelo Gomes Ribeiro, como piloto, e o civil 
					Dr. 
					Mário Machado Bittencourt, como observador, 
					num avião Curtiss "Falcon", foram abatidos pelo fogo 
					de armas antiaéreas, quando atacavam o 
					cruzador 
					"Rio Grande do Sul", em Santos.
					
					
					Fontes consultadas
					
					
					AVIAÇÃO CONSTITUCIONALISTA. 50 anos de textos - Gaviões de 
					Penacho contra Vermelhinhos (Consultar na Internet 
					‘Vermelhinhos’).
					
					
					BASTOS, Expedito Carlos Stephani. Aviação 
					Constitucionalista de 1932. Luta aérea nos ceus do Brasil. 
					www.defesa.ufif.br.
					
					
					BENTO, Cláudio Moreira, Cel. Uma História 
					Militar do Vale do Paraíba.
					Volta Redonda, 
					1996. (Conferência no XIII Simpósio de História do Vale do 
					Paraíba).
					
					
					(_____).Resende: Cenário do único combate 
					aéreo no Brasil. O Ponte Velha. Resende: jun/1996.
					
					
					(_____).Resende: alvo do 1° bombardeio aéreo 
					noturno na América do Sul. O Ponte Velha. Resende: 
					ago/1996. (Focaliza bombardeio de Resende na madrugada de 13 
					de agosto de 1932, por um avião revolucionário.
					
					
					(_____).
					
					
					
					BOPP, 
					Itamar. Resende 1848-1948. São Paulo: 
					1975, p. 248-256 (Revolução 1932).
					
					
					DONATO, Hernani. História da Revolução de 
					1932. São Paulo, 2002.
					
					
					INSTITUTO HISTÓRICO-CULTURAL DA AERONÁUTICA.
					História Geral da Aeronáutica Brasileira. (Revolução 
					1932). Rio de Janeiro: 
					
					INCAER, 
					1990. 
					
					p. 
					
					339-363.
					
					
					INCAER. Diário de Campanha do Destacamento 
					de Aviação dc Resende do Grupo de Aviação da Diretoria de 
					Aviação do Exército em 1932.
					
					
					
					LAVENÉRE-WANDERLEY, Nelson Freire, Ten-Brig 
					Ar. 
					História da Força Aérea Brasileira. 
					Rio de Janeiro: MAer, 1975. 2a 
					
					ed. 
					(Revolução de 1932), p.113-123.