INFORMATIVO GUARARAPES- 2013              

                         AHIMTB/Resende
Mal.              Mal. Mário Travassos


 
Fundada em 23 de abril  de 2011
em continuidade a AHIMTB,
fundada
  em 1º Março 1996

 

O GUARARAPES

ÓRGÃO DE DIVULGAÇÃO DAS ATIVIDADES DA

 FEDERAÇÃO DAS ACADEMIAS DE HISTÓRIA MILITAR

TERRESTRE DO BRASIL (FAHIMTB) E DA AHIMTB/Resende

 MARECHAL MÁRIO TRAVASSOS

O CINQUENTENÁRIO DE PESQUISA NA ECEME, EM HISTÓRIA MILITAR CRÍTICA,

DO DESEMPENHO DO COMBATENTE BRASILEIRO

NA FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA

 

          CGC 0149.52/0001-09                                           www.ahimtb.org.br

 

Ano 2013,  nº14 – FAHIMTB AHIMTB/Resende  FEV.

    

 

O CINQUENTENÁRIO DE PESQUISA NA ECEME, EM HISTÓRIA MILITAR CRÍTICA,

DO DESEMPENHO DO COMBATENTE BRASILEIRO

NA FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA

Cel Claudio Moreira Bento

Presidente da FAHIMTB e da AHIMTB/Resende Marechal Mário Travassos

         Em 1971, transferido do IV Exército para o Estado-Maior do Exército fomos designados para servir em sua Comissão de História do Exército (CHEB) como adjunto de seu presidente, o Cel Francisco Ruas Santos, hoje consagrado patrono de cadeira na FAHIMTB pelo grande valor de sua obra no tocante à História do Exército. Entre nossas missões, uma era receber e organizar o acervo da extinta Seção de História e Geografia do EME proveniente do Rio. E dentro deste precioso acervo deparamos com uma preciosa e alentada pesquisa realizada pela ECEME em 1962, então subordinada ao EME, sobre o Combatente Brasileiro na Itália.

         E dela guardamos copia de seu Relatório do qual abordamos parte em nosso livro A participação das Forças Armadas do Brasil e de sua Marinha Mercante na 2ª Guerra Mundial (disponível em Livros no site da FAHIMTB www.ahimtb.org.br com capa desenhada pelo General Plínio Pitaluga então acadêmico da AHIMTB. A citada pesquisa, decorridos 17 anos da participação da FEB, foi baseada na pesquisa de 45 obras escritas sobre o assunto e em mais de 20 depoimentos de veteranos da FEB. Ela finaliza declarando:

“que todos os fatores de crítica histórica abordados, tiveram grande influência no procedimento dos integrantes da FEB, parecendo ser indispensável a sua desapaixonada critica histórica para se prever, o tanto quanto for possível, o procedimento de tropas do Brasil no futuro, em operações de guerra e, por via de consequência, incorporar os subsídios relevantes na instrução dos quadros e no desenvolvimento da Doutrina Militar Terrestre Brasileira.”

                                                                      

Palavras iniciais do Grupo Coordenador da Pesquisa

         Não seria justo iniciar este relatório sem ressaltar, brevemente, a natureza e a extensão do esforço dispendido pelos diferentes grupos de trabalho encarregados de proceder à Pesquisa dentro da metodologia aconselhada. O bom resultado alcançado patenteia bem o mérito da ação. Também se impõe assinalar o espírito de colaboração que permitiu ao Grupo Coordenador, sem medir sacrifícios, sem limitar o seu interes­se, assistir permanentemente aos Grupos de Trabalho, sugerindo medidas, obtendo meios e estabelecendo as necessárias ligações.

Ensinamentos colhidos

            Quanto aos muitos ensinamentos colhidos, parece-nos vantajoso dar destaque aos que se seguem:

1)   No que tange à Aplicação do Método, se faz indicado proceder a um exame prévio das exigências e imposições do método, e treinamento na sua aplicação, de modo a dissipar dúvidas e padronizar o procedimento.

2)   No que se refere ao Assunto Pesquisado, se mostra indispensável uma análise antecipada da matéria que é objeto da pesquisa, de modo a reduzir as possíveis discordâncias de conceituação e tornar mais precisa a interpretação dos termos técnicos que são peculiares à Estatística, à  Psicologia individual, à  Politica, à   Economia e a outras tantas Ciências Sociais.

3)  No que se refere ao Objeto de Pesquisa, impõe-se um estudo pré­vio e bem orientado pelos promotores da pesquisa, de modo a deixar sem dúvida a "interpretação da missão", único modo de assegurar coerência nas atividades de busca, de analise, de confron­to e de relacionamento.

4)  No que diz respeito à Seleção de Fontes, julgamos que não podem ser dispensadas fontes valiosas, sem prejuízo de exatidão da pesquisa. No caso, se impunha levar em conta que testemunhas dos fatos, ainda vivas, estavam em condições de prestar depoimento. Suas declarações, sem fins de publicidade, contavam com a vanta­gem de examinar os fatos sem o calor das emoções recentes, e sem as distorções naturais consequentes.

         Foram pesquisadas 45 obras escritas e colhidos mais de 20 depoimentos de integrantes da FEB, dos quais alguns não tiveram suas palavras documentadas por escrito.

Efeitos das condições de combate sobre as disposições, emoções e sentimentos do combatente

         Não se evidencia grande participação das condições de combate sobre o espírito de iniciativa.  É certo que, à noite, muitos soldados mostravam-se inibidos, especialmente no início da Campanha. Esse espí­rito de iniciativa refletiu bem outras condições, distintas das que caracterizavam o combate.

         A tolerância dos chefes, a despreocupação dos homens quanto às decisões dos escalões superiores, o acentuado individualismo e também a necessidade da auto-defesa, somada aos propósitos de autovalorização, integraram-se, moldando, em média,  uma conduta cheia de iniciativa, que se alterava porém em  face  de cir­cunstâncias novas.

         Coragem e bravura terão tido mais ocasião de se revelar no combate ofen­sivo e nas ações durante o dia. Foram, porém, normais nos combatentes, cabendo-nos lembrar que muitos dos atos assinalados pelas citações de combate, pelas medalhas e condecorações, não passaram de atos de rotina, enquanto que outras tantas ações importantes foram insuficientemente traduzidas em seu mérito. Não poucos terão sido os gestos de extrema bravura e os atos de destemor que permaneceram ignorados.

         Covardia, medo e pânico, tiveram lugar, também. A Defensiva propiciou atos de covardia, mas mesmo em ações ofensivas, o medo se manifestou era alguns homens, conduzindo-os à insubordinação e ao abandono de funções. O pânico ocorreu em condições de combate onde a surpresa marcou as ações. Não pode ser, no entanto, bem caracterizada a importância relativa dessas condições de combate.

         O Espírito de Sacrifício não sofreu tanto a influência das condições de combate, quanto os fatores psico-sociais e das características da organização militar. Os combatentes suportaram relativamente bem as dores físicas e morais e as tensões emocionais.

         Já o Espírito Ofensivo e Defensivo, interpretado não como agressividade ou falta de agressividade, mas como adaptação as exigências do combate, foi nitidamente influenciado pelas condições de que se revestiam as operações. Quando o inimigo retraia, a tropa era tomada por natural impulsiividade. Em face de contra-ataques, as reações foram da busca de proteção e de organização defensiva.

         O inverno favoreceu a uma disposição de espírito para a Defensiva. As noites faziam sentir-se o combatente sem dispo­sição para ações ofensivas. As dificuldades decorrentes da nevada criavam mais identificação com ações defensivas.

         A tropa brasileira chegou a Itália sem estar bem desembaraçada em receber, interpretar e cumprir as ordens. Era presa de condicionamentos afetivos, não dispensando atenção regular aos princípios hierárquicos, reconhecia autoridade até o escalão pelotão, do qual sentia direta e imedia­ta dependência.   

         As condições de combate modificaram tais características, agravando as duas últimas e abrandando a primeira. Nas ações defensivas do inverno, a manutenção de disciplina encontrou sérias dificuldades. Nos Centros de Recompletamento a disciplina foi um prolongamento do estado de espírito da tropa, revelado quando ainda no Brasil. Sobre tal tropa as normas disciplinadas moderadas surtiam algum efeito positivo.

         A experiência de guerra, impondo uma grande aproximação da morte, gerou, ao mesmo tempo, condições de extremo desapreço a vida e de exagerado apego a ela. Tais tendências, num ou noutro sentido, provocaram reações que variavam entre o pavor e a ousadia. Numa larga faixa distribuíram-se as emoções e as disposições dos combatentes, influindo de modo díspar sobre a disposição de acatamento as ordens, de subordinação hierárquica ou de atendimento aos regulamentos.

         Os brasileiros ter-se-ão portado de um modo que correspondia as reações normais de qualquer ser humano submetido aquelas contingências. É certo que a disciplina intelectual foi melhor testada entre oficiais, que no âmbito das praças. Incompreensões e insucessos nessa área resultaram, algumas vezes, da insufici­ência de treinamento e da falta de instrução.

         As demonstrações de disciplina foram relaxadas. A obediência aos chefes diretos significou menos a afirmação de um bom nível disciplinar do que a prevalência de aspirações afetivas ou de interesses pessoais, que se personalizavam naquele chefe e não em outro qualquer.

         Conduz-nos a Pesquisa a convicção de que a liderança na Força Expedicionária Brasileira, de um modo geral, mesmo no que tange aos chefes imediatos, resultou muito de certas contingências de combate. Exceto no que diz respeito a ligação direta entre os pelotões e os seus tenentes, toda a cadeia de comando se ressentiu de uma falta de sistematização prévia, antecipada e consolidada.

         A noção de cumprimento do dever, em muitos casos, compensou as insuficiências de liderança. Em grande parte, graças a isso, a disciplina foi mantida. Não se deve esquecer, sob tal aspecto, a importância dos fatores psico-sociais e logísticos.

         Após a cessação das hostilidades, mas ainda em território europeu, foi extremamente flagrante a falta de atenção aos laços hierárquicos. A qualidade dos chefes, bem testada nas operações, viu-se marcada por uma formação inadequada, que bem se acentuou diante das dificul­dades de emprego da tropa. Alguns comandantes, não obstante, revelaram-se particularmente hábeis na condução de seus subordinados. As normas rígidas não tiveram bom campo de aplicação. Alguns chefes mostraram-se desatentos aos seus deveres como condutores de homens, e esqueceram serem esses homens dotados de sensibilidade, de imaginação, de aspira­ções e de esperanças, limitando-se ao desempenho operacional frio ou ao papel tático ou administrativo seco. A parcela de chefes espiritualmente au­sentes foi expressiva.

         A resistência física do soldado não se revelou maior ou menor em algumas dadas condições de combate. Fez ele face ao frio com a mesma normalidade com que suportou o combate em localidades ou em regiões montanhosas. O combatente, selecionado, não estava suficientemente prevenido sobre as provações físicas a que foi submetido. A sua rusticidade, refletindo con­dições de vida no Brasil, essa sim, o terá tornado apto à rápida aclimatação e a satisfatória ambientação havidas na Itália.

         A resistência física, de que era dotado, não lhe assegurava, porém, uma capacidade de durar ou de realizar esforços mais violentos. As condições bio-tipológicas eram precá­rias e não deram lugar a reações especiais, peculiares a algum tipo de operação militar.

         O Espírito de Corpo existiu bem nos escalões mais baixos e isso resultou das próprias condições em que se realizavam os combates. No entanto percebeu-se um certo desejo associativo, que dava ensejo a criação de grupamentos diferenciados . É fato notório, que os integrantes da FEB sentiram-se como que pertencendo a um Exército diferente daquele que ficara no Brasil e com alguma razão.

         Na Itália, os que estavam na linha de frente, valorizavam-se, apelidando aqueles que ficassem nos escalões de reservas de "Saco B”.  E com justificado orgulho. Contudo não chegou a ser criado satisfatoriamente o espírito de corpo dentre as unidades. Houve é certo, alguma emulação desse espírito de corpo com a rivalidade natural entre os RI. Mas isso  não avançou muito além do domínio das palavras.

         A rudeza das condições de combate, resultante da agressividade  do clima, das formas abruptas do terrenos (serras), da excelência das posições inimigas, da ex­periência das tropas adversárias, criou e fortaleceu laços de afeto entre os homens. Assistiram-se provas eloquentes, conquanto paradoxalmente silen­ciosas, de uma grande estima que prevaleceu entre os brasileiros.

         Não foram, de um modo particular, evidenciadas maiores ou menores influências dessas ou daquelas condições de combate. Parece que falhas, erros, omissões  enganos e vícios ocorridos desde a seleção do pessoal para a FEB, e prolongados durante a organização da FEB  e durante sua instrução, preparação, execução do embarque e viagem, estenderam-se à Itália, repercutindo nas relações entre chefes e subordinados, dificultando o seu entendimento e prejudicando o surgimento da necessária estima recíproca.

         A afeição aos pares, tão pouco justificada durante a preparação para o combate, surgiu e afirmou-se decididamente durante a campanha. Pequenas riva­lidades, atritos maiores ou mesmo significativos conflitos, foram ultrapassados pela necessidade de união em face de um inimigo real e comum. Homens, antes desconhecidos e afastados, identificaram-se na dor, nas esperanças e no apoio recíproco. A camaradagem foi forjada na guerra. Em operações ofensivas, em ações noturnas e principalmente em patrulhas, a camaradagem foi consolidada.

         Sob os influxos predominantes da necessidade de auto-defesa os soldados brasileiros reagiram diversamente, ora revelando acentuada preocupação consigo mesmo, ora grupando-se, associando-se e partilhando de prazeres ou de dores, de encargos e distrações.

         Não pode ser bem definido o modo como  as características de combate atuaram sobre o instinto grupal. Sentimos, apenas, que houve uma influência dissociadora na Defensiva e na Perseguição. Vimos que as ações noturnas impuseram certa aproximação entre os homens e que os combates em localidades eram naturalmente separadores.

Fatores morais, éticos ou circunstanciais

         Ficou evidenciado amplamente que a conduta dos combatentes sofreu influên­cia particular de fatores de ordem moral, ética ou circunstancial. Merecem destaque, como fatores:

-    o hábito de auto-defesa;

-    a religiosidade, (temor do desconhecido, consolo pela assistência de sa­cerdotes, misticismo, divinização de tudo aquilo que foi admitido como irretorquível   ou insuperável);

-    a bondade, a piedade, o afeto aos semelhantes

-    a carência de ideal coletivo;

-    o pouco hábito de respeito aos chefes e as sanções disciplinares, de acatamento as ordens, de veneração, e o pequeno crédito concedido as normas regulamentares;

-    a necessidade de proteção e amparo (encontrados nos chefes imediatos até o tenente comandante de pelotão, nos sacerdotes, no serviço de saúde, na presença próxima de outro combatente e na impressão de poder ver o inimigo, graças a   claridade do dia.

         Um ideal coletivo, global e uniforme não estava presente nas tropas brasileiras. Cada militar tinha um ideal próprio. Suas pretensões, na maioria das vezes, eram nitidamente influenciadas pelo egocentrismo de uma formação individualista. O esforço de catequese, desenvolvido na campanha, foi facilitado pela sensação de euforia, proporcionada pela promoção social, pelo aumento de prestígio e pelo abandono    de muitos preconceitos deprimentes. Moldaram-se ideais, nos combatentes, pela guerra. Mas não foram tais ideais que deram forma  à  conduta desses combatentes na guerra.

         Ideais democráticos, ideais de liberdade, de comunhão, de fraternidade, não emularam os combatentes, conquanto até certo ponto tenham tomado conta deles após a campanha.

         Nem uma só Religião, ou um só Mito, ou uma só Crença, ou um só Dogma, ou uma só Doutrina Política e Social, um único propósito Conservador ou Renovador, ou uma exclusiva Esperança, foi sustentá­culo ou suporte das intervenções da média dos combatentes brasilei­ros.

         O exemplo dos chefes teve particular importância nos escalões mais baixos da hierarquia. Ele mesmo perdeu valor, dadas as condições da campanha, para os comandantes maiores. No quadro global de compor-tamento das praças nao paira dúvidas sobre a importancia desse exemplo de chefes, que, juntando-se a outros fatores, chegou a dar feições especiais à conduta de alguns grupos.

         Em geral, os chefes nao estavam homogeneamente preparados, ressentindo-se das característi­cas defeituosas de um recrutamento, que não obedeceu a critérios justos, bem definidos, ou bem seguidos e permanentes.

         Os oficiais da ativa, voluntários eram, alguns, meros carreiristas, sem maiores ideais que o de fazer nome, ganhar prestígio ou juntar dinheiro. Outros, sonhadores, idealistas, pretendiam pagar tributo à Patria de quem recebiam soldo. Terceiros, passivamente submete­ram-se ao cumprimento de ordens. Em combate, porém, eram outros os estímulos que mais fortemente inspiravam as ações de cada um.

         Inci­tações de natureza hormonal, metabólica, vibrações de ordem senso­rial, psico-motora e fundamentos morais tiveram seu papel na configuração do comportamento dos chefes. O copismo (imitação) como uma componente ética ou social, também influiu grandemente. O isolamento e escuridão mostraram-se como circunstancias de largo efei­to negativo sobre a eficiência em combate.

         A religião não era um componente decisivo da personalidade dos combatentes brasileiros. Lá na Itália, recebendo expressivo amparo espiri­tual e muita assistência religiosa, alguns dos combatentes, que se viam submetidos a tantas privações diferentes daquelas com as quais já estavam habituados, encontraram na religião um estímulo eficaz para suas ações. O temor da "morte" e o temor do "depois da morte" eram bem justificados pela ruidosa presença dos instrumentos de destruição.

Fatores psico-sociais

         O meio psico-social em que se encontravam os combatentes brasileiros na Campanha da Itália, era definido:

         No quadro militar, por um Exército enquadrante, organizado, bem suprido, mas com hábitos diferentes, normas regulamentares novas onde se prestava uma grande consideração aos subordinados, ao seu conforto e a sua vida, de modo todo invulgar para os brasileiros; e onde se premiava e se aplicavam castigos com regularidade e com presteza, sem frequentes distinções por favores, ou por prevenções;    

         No quadro territorial, por uma população vencida, dominada, sub­missa, desagregada, desmoralizada, com as reações e a emotividade comparáveis as dos brasileiros, por uma sociedade corrompida, pelo insucesso de guerra, envilecida pela carência de ideais e torturada pela fome e pelo desemprego. Dentro da população italiana havia parentes próximos de brasi­leiros. A índole do povo e certos costumes eram bem próximos aos das tropas vindas de S. Paulo. Isso tudo incrementava o desejo de dar combate aos alemães e amenizava os sofrimentos reservados aos militares brasileiros.

             Os principais fatores de natureza psico-social encontrados nesse ambiente geral foram os que se seguem:

         A mudança de atitude interna – Solidarização. A desvinculação dos homens entre si, verificada inicialmente, foi modificada pelo surgimento de fortes ligações internas, im­postas pelas dificuldades do novo meio psico-social, que a Itália representava e que também representava a inclusão num Exército onde se falava língua diferente e eram adquiridos hábitos novos. Essa mudança de atitude interna no meio militar teve fortes re­percussões durante toda a campanha, criando moral elevado e es­pírito de corpo, favorecendo a disciplina, a camaradagem e a afeição recíproca.

         Promoção social. Aqueles brasileiros anônimos, esquecidos, antes desassistidos e desamparados, agora são alvo de interesses de toda a sorte. Recebem cuidados médicos nunca vistos dantes, alimentação ja­mais provada ou sugada, dinheiro farto, roupa bastante, equipamento e utensílios diversos sem dificuldade, assistência religiosa e gozam de diversões e passatempos nas horas de lazer.  Essa promoção valeu um estimulo inconsciente à generosidade, ao desprendimento, ao destemor, ao bom humor e a eficiencia no combate.

         Prestígio. Sentiam-se, os soldados, alvo de preocupações do Povo Brasileiro. Uma tropa até então sem motivo particular de orgulho ou de vai­dade, via-se objeto de cuidados pela imprensa, de atenções pe­las madrinhas de guerra, de desvelo pelos familiares e pelos concidadãos, de preocupações dos superiores e de amparo e de proteção de todos. Os soldados brasileiros sentiam-se, numa terra estranha, tratados com respeito por aquela gente, que era de um país milenar e de uma cultura antiga, foram tratados como libertadores aqui, como senhores acolá, como fortes, como heróis, como ricos, como poderosos.

         Fizeram frente a homens treinados e equipados pelas podero­síssimas Nações do Eixo e ombreavam com americanos, franceses e ingleses; e recebiam tratamento similar ao dos soldados das nações Aliadas, ricas, poderosas e influentes. Isso tudo refor­çava, em alguns homens, não apenas a bravura, como ainda mais a resistência moral e o desejo de imitar os padrões de comba­te norte-americanos.

         Mudança de preconceitos. Novos juízos conquistaram os soldados brasileiros. Ideias originais eram recolhidas sem espanto e passaram a dominar no campo político, no campo moral e no campo social. Ate que ponto e por que motivo prevaleceram em alguns homens cer­tos conceitos, enquanto noutros combatentes foram juízos dife­rentes os de maior afirmação, não nos foi dado concluir. Contu­do, ficou bem constatada a importância dos preconceitos, seja no trato com a população italiana, seja no trato com os prisionei­ros de guerra, ou com os militares norte-americanos. Preconceitos religiosos, políticos ou morais foram explorados e inculcados sob a forma de dogmas ou doutrinas, servindo de estímulo às ações militares.

O novo estilo de vida, reservado aos brasileiros na Itália, era ex­presso por:

-    uma situação real de combate;

-    um risco de vida, se não permanente, pelo menos frequente e impressionante;

- uma necessidade imediata para salvar-se, bem como de execução oportuna para proteger ou vingar, intervenção rápida para salvar ou defender;

-    um clima original, estranho e hostil;

-    uma imposição de atitudes e gestos contrários aos costumes e aos gostos e tradições do povo  brasileiro;

-    um meio militar original, com armamentos diferentes, uniformes e equipamentos estranhos, chefes e  instrutores estrangeiros;

 - uma reavaliação de princípios éticos e morais, desde aqueles concernentes as mais comezinhas;    

-    praticas   diárias  (a da defecção, por exemplo) até os que implicavam em doutrina política (como o louvor da democracia e a denúncia do totalitarismo);

-    uma inserção num quadro social cheio de originalidades enquanto com grandes aproximações do meio brasileiro, dotado de uma cultu­ra própria e castigado pela guerra em todos os seus horrores;

-    uma saudade, uma impressão de afastamento do povo brasileiro;

-    uma desusada assistência individual, um conforto inesperado nas horas de lazer.

         Esse novo estilo de vida trouxe, junto com a estupefação, uma sensação de euforia, de surpresa alegre, que predispunha a boa acei­tação de todos os sacrifícios impostos pela guerra. Tudo significava em resumo e em conjunto, uma promoção social. Os brasileiros sentiam-se alvo de cuidados nunca dantes merecidos ou desfrutados, sentiam-se objeto de atenções nunca anteriormente desfrutadas, recebiam provas de afeto, de consideração e de acatamento de concidadãos de além mar, a quem jamais importaram. Notavam-se possuidores de um prestígio no ambiente italiano, que lhes criava uma sensação de superioridade, de domínio, de autoridade, ou pelo menos, de valor pessoal, que não tinham podido, até então, conhecer. O emparelhar-se a combatentes norte-americanos, a quem substituíam e por quem eram substituídos, valia o que se pode dizer uma promoção internacional.

         O nível de vencimentos dotava-os de um poder aquisitivo sensivelmente alto, realçando sua superioridade em relação ao povo italiano, que esmolava migalhas, vendia carinhos e suplicava atenções. O gozo de uma tal situação de privilégio significava uma grande ascensão para os minúsculos homens de outrora,  que passavam a ter projeção internacional, a serem conhecidos e se­rem comentados por agentes estrangeiros, respeitados e acata­dos por outros povos. A tudo se somava o natural orgulho de es­tarem combatendo e vencendo um inimigo que antes se fizera muito temido, mas que logo se mostrara inferiorizado diante do poten­cial militar aliado, e que agora cedia, vencido pela superiorida­de aérea, vergado pelo peso das bombas e desalojado pelas armas usadas por brasileiros.

Organização Militar e Processos de combate

         Como aspectos de organização militar e dos processos de combates de maior influência sobre o comportamento dos combatentes, a pesquisa assinalou:

-    alteração de técnicas e de métodos, imposta pelo emprego de material norte-americano;

-    a mudança de métodos disciplinares;

-    as frequentes alterações na composição das cadeias de comando;

-    a assistência material e espiritual, antes, durante e após o combate, proporcionada por uma organização militar que levava em alta conta o MORAL;

-    a aproximação enorme entre oficiais, especialmente subalternos  e praças;

-  a dependência, algumas vezes, de regulamentos e instruções escritas  em  inglês, por falta de tradutores, ou de um sistema de adap­tação oportuna;

- a alteração nos processos de combate, que passaram a ser ajusta­dos a uma farta disponibilidade de fogos e de armas e que exploravam não apenas a superioridade aérea, mas toda uma superiori­dade no potencial militar, que foi flagrante no TO da Itália. A conduta agressiva da tropa brasileira refletiu as condições favoraveis, sobrepujando os fatores adversos. Também podem ser notados outros fatores, tais como:

-    a inexperiência da tropa;

-    a grande extensão da frente atribuída a 1ª  DIE;

-    as próprias dificuldades operacionais do V Ex (tropas aliadas de diversos países, desvio de tropas mais  adestradas para o sul da França).

        Houve dessa composição uma resultante geral, que pode ser dita como a satisfatória adaptação dos combatentes a Organização Militar e aos Processos de Combate usados na Guerra. Não obstante, alguns senões fi­caram identificados.

         Um senão diz respeito ao interrogatório do prisioneiros de guerra, cuja falha denota inadequada aplicação das técnicas vigentes, muito embora sua reconhecida derivação de dificuldades no uso de idiomas.

         Outro senão refere-se a permanência demasiada na linha de frente, re­sultando em desgaste excessivo, cansaço, amolecimento e rotina.

         Por outro lado, houve um emprego prematuro de tropas não experimentadas, resultados obviamente desfavoráveis a moral, a disciplina, ao espiríto combativo e as demonstrações de coragem.

         Nas ocasiões em que o apoio da Artilharia e da Aviação esteve ausen­te a tropa sentiu-se pouco protegida, prejudicada em sua combatividade.

         A execução de ataque frontal sobre MONTE CASTELLO foi fator de grande abatimento moral da tropa, que recebeu pesadas sanções impos­tas pelo inimigo.

         No que tange à Administração do Pessoal, de muito se ressentiu a tro­pa brasileira. Faltou recompletamento oportuno. A Justiça e a Disci­plina não foram padronizadas e dependeram muito de critérios pes­soais de chefes. A movimentação do pessoal foi insatisfatória,

Sistema de apoio logístico e eficiência em combate

         As ações da tropa brasileira, individual e coletivamente, beneficiaram-se grandemente do sistema de apoio logístico adotado pelo Exercito Americano. Esse sistema mostrou-se capacitado a superar improvisações, reajustamentos resultantes da inexperiência ou de órgãos logísticos da DIE, dando resultados práticos que muito contribuíram para a eficiência do combate e para a resistência mo­ral dos combatentes.

         As maiores dificuldades disseram respeito ao despreparo da tropa, que foi surpreendida no que tange, particularmente , a Suprimento Classe I e a todo um regime alimentar estranho. Os artigos Classe II e Classe IV, levados do Brasil, tiveram que ser alterados ou abandonados.    O supri­mento de Classe III era farto e de pouco controle, criando reflexos pou­co aconselháveis para uma guerra conduzida em condições menos favo­ráveis, mas favorecendo amplamente a sensação de bem estar de muitos homens. Salvo em algumas situações, o Suprimento Classe IV foi abundante. E o estado moral da tropa refletiu essa abastança compensadora de sua despreparação psicológica. Os transportes eram fáceis, a evacuação e a hospitalização só' encontravam embaraço nos escalões inferiores, e os serviços de um modo geral foram excelentes.

         A organização norte-americana proporcionou assistência em alto grau a todos os combatentes. A oportunidade e a operosidade dos serviços, a adequabilidade e a suficiência dos suprimentos produziram nos homens uma sensação de amparo e uma impressão de proteção, que a cada instante os fatos vieram a confirmar, favorecendo o bom desempenho dos combatentes brasi­leiros.

Uniformes e Equipamentos

         O comportamento dos combatentes sofreu relativamente pouca influên­cia dos uniformes em uso. É de se registrar que o uniforme, proveniente do Brasil, teve modifi­cações, supressões e acréscimos ao gosto e arte de cada combatente. O equipamento, por outro lado, embora nem sempre fosse o mais aperfeiçoado, atendia as necessidades de seu emprego, servia aos objeti­vos propostos e era muito superior a qualquer outro já usado no Brasil. Desse modo, os brasileiros contentavam-se e mesmo entusiasmavam-se com o fato de disporem de tão fartos  recursos em material.

Considerações Finais

         Os fatores mais decisivos sobre o comportamento dos combatentes bra­sileiros, na Campanha da Itália, nos pareceram:

-    o sentimento da necessidade de auto defesa;

-    uma expressiva rusticidade Bio-psíquica;

-    uma limitada confiança nos superiores;

-    um reduzido hábito de subordinação;

-    uma nítida tendência afetiva;

-    um natural temor reverenciai pelo desconhecido;

-    uma submissão espontânea aos fatos considerados insuperáveis.

-    uma agradável surpresa com a forma de que revestiu a assistência e a administração do pessoal em campanha;

- uma compreensão das vantagens imediatas da adoção de novos mé­todos, e novas regras de conduta e de novos princípios, ajustados à situação nova em que todos se encontravam.

         Reservamos destaque especial aqueles fatores que consideramos preponderantes, tais como: a mudança no estilo de vida, a promoção social, e a organização assistencial do Exército Norte Americano. Todos esses fatores tiveram grande influência no procedimento dos integrantes da FEB, parecendo-nos indispensável o seu desapaixonado exame, para prever, tanto quanto possível, o procedimento das tropas do Brasil em outras operações de guerra. Concluiu a pesquisa.

A ECEME em 1962, algumas considerações do autor

         Comandava a ECEME nesta época o Gen Bda  Bda  Jurandyr Bizarria Mamete, de 4 Dez 1961 a 2 Jun 1964. E segundo a obra ECEME - ESCOLA DO MÉTODO, UM SÉCULO PENSANDO O EXÉRCITO. Rio de Janeiro: BIBLIEx, 2005, apresentada pelo acadêmico da FAHIMTB e comandante da ECEME Gen Bda Luiz Eduardo Rocha Paiva, prefaciada pelo acadêmico da FAHIMTB e ex-comandante  da ECEME Gen Ex Paulo Cesar de Castro e organizada pelos acadêmicos da FAHIMTB Coronéis Carlos Roberto Peres (atual vice presidente da FAHIMTB e AHIMTB/Resende) e Hiram de Freitas Câmara:

“O General Mamede foi assessorado por um grupo de assessores de alto nível de competência profissional e que dentre as realizações do General Mamede, destacam-se a implementação de novo currículo na ECEME e de um inovador plano geral de ensino para 1963. Dividia-se o ensino na ECEME em quatro áreas: Operações de Defesa Territorial e Segurança Interna, adotada pelo EME; Operações em TO Continental e Segurança Interamericana, a qual criou o "Invasor"; Operações em TO Extracontinental e Segurança Interna­cional, dando origem ao "Agressor"; e a área de Cultura Geral e Profissional, Chefia e Liderança, Técnicas de Comando e Funções de Estado-Maior em Tempo de Paz. Tiveram ainda destaque, durante seu comando, a sistematização de uma doutrina militar brasileira e a criação de uma doutrina de segurança interna.”

         Neste período o Gen Ex Humberto de Alencar Castelo Branco, historiador militar crítico e hoje consagrado patrono de cadeira da FAHIMTB e denominação histórica da ECEME, nome adotado quando seu comandante, comandava o IV Exército, ocasião em deu os primeiros passos para a concretização do hoje Parque Histórico Nacional dos Montes Guararapes inaugurado em 19 de abril de 1971 pelo Presidente Emílio Médici.

         Isto, depois de retornar vitorioso da FEB, onde atuara como seu Oficial de Operações e a seguir por longo período como seu instrutor, adjunto do Diretor de Ensino e Diretor de Ensino por longo período e por fim seu comandante  de 1954/1956  e, um pouco mais tarde, Chefe do EME de 13 Set 1963 a 17 Abr 1964 ao qual a ECEME estava subordinada. E daí à Presidência da República.

         E ele deixou assim preciosos ensinamentos militares que se perenizaram entre seus alunos na ECEME. Alunos dos quais exigia que além da Doutrina Americana em implantação a eles ministrada em substituição à Doutrina Francesa:

 “que eles raciocinassem sobre as adaptações apropriadas ao nosso Exército, (por ele chamado de Tupiniquim), o que ampliaria o seu significado como um Exército com o seu futuro vinculado à nação Brasil.”

         E nos deixou preciosos ensinamentos na seguinte obra realizada pelo Cel Francisco Ruas Santos e pelo Major José Fernando Maia Pedrosa, respectivamente hoje patrono de cadeira e acadêmico da  FAHIMTB: Marechal Castello Branco: seu pensamento militar 1946-1964. Rio de Janeiro: Imprensa do Exército, 1968.

         E dentre seus ensinamentos destaco:

“O oficial de Estado-Maior é renovador, um criador e um inovador. Deve lutar contra o conservantismo, tornando-se permeável a idéias novas, afim de que possa escapar à cristalização, ao formalismo e à rotina. Vede bem que a ECEME prefere mais a visão concreta da batalha do que as sentenças abstratas.” E mais este:

“Ao chefe militar não cabe ter medo de idéias novas. É preciso, isto sim, não perder tempo, implementá-las e realizá-las até o fim.”

         Ele foi estudado pelo General Otavio Costa, ex-combatente da FEB, em seu artigo Pequena Memória de um grande nome, na Revista do Exército, Volume 141, 1º quadrimestre de 2004.

         O Marechal Castelo Branco nos faz lembrar o Duque de Caxias, patrono do Exército e da FAHIMTB e academias filiadas, do seu ideal manifesto do Exército possuir um dia uma Doutrina Militar genuína, quando em 1861, como Ministro da Guerra e Presidente do Conselho de Ministros, adaptou a Doutrina Militar Terrestre de Portugal, às realidades operacionais sul-americanas que ele vivenciara em 5 campanhas militares vitoriosas  que comandara. E concluiu:

“Até que nosso Exército possuísse uma Doutrina Militar genuína”.

         Sonho a ser realizado e conquistado pelos integrantes do Exército do Presente e do Futuro, de o dotarem de uma Doutrina Militar Genuína, calcada em nossa História Militar Critica, de mais de 5 séculos, em grande parte a responsável por um Brasil de dimensões continentais que não é obra de um milagre, mas em grande parte resultado da ação inteligente de suas forças terrestres, fiéis ao pensamento militar de Portugal:

              “Julgada a causa justa atuar ofensivamente mesmo em inferioridade de meios”.

         Pensamento militar decorrente do pensamento político de Portugal  de Dilatar a Fé e o Império,  na feliz interpretação  do General Francisco de Paula Cidade, patrono de cadeira na FAHIMTB, cuja vida e opulenta obra de historiador do Exército abordamos na A Defesa Nacional (nº 709  1983  set/out.   13-35) , bem como o  seu pioneirismo no ensino no Realengo e na atual ECEME  da Geografia Militar.  Esta, do ponto de vista do fator da Decisão Militar, o Terreno, em seus elementos Observação e Campos de Tiro, Cobertas e Abrigos, Acidentes Capitais e Vias de Acesso. Estudo trazido da Europa pelo Cel José Pessoa e por ele implantado no Realengo através de Paula Cidade, assunto que este traduziu na sua obra Notas de Geografia Militar Sul-Americana,  editada no Realengo (1ª Ed) e em 1940 pela BIBLIEx. Obra que segundo o Cel Francisco Ruas Santos teve grande acolhida entre os exércitos sul-americanos irmãos.

         História Militar Critica analisada à luz dos Fundamentos da Arte e Ciência Militar, que abordamos no capítulo IV de nosso livro publicado pelo EME edições de 1978 e 1999, Como estudar e pesquisar a História do Exército Brasileiro, e a ser realizada por profissionais militares em todos os seus níveis e não por historiadores descritivos, aos quais cabe resgatar com regras próprias a História Descritiva com riqueza de detalhes, para análises criticas por profissionais dos mais variados ramos, com fundamentos de critica de sua especialidade.

         Doutrina Militar genuína que incorpore o que de melhor houver nas doutrinas dos melhores Exércitos do mundo. E ao que nos parece, hoje mais que no passado, esta medida é vital para melhor proteger os interesses do Brasil, com projeção mundial econômica e social crescentes, que não pode descurar da construção de poder militar defensivo dissuasório compatível, para proteger seu povo e suas riquezas de ambições internacionais, de nações poderosas militarmente, mas em crises econômicas.  Atitude coerente com esta lição da História da Humanidade:                        

“Nação rica deve ser forte militarmente!”

         E construir poder militar defensivo dissuasório compatível  é em última análise de responsabilidade dos Poderes Executivo e Legislativo eleitos pelo Povo Brasileiro, dos qual as Forças Armadas do Brasil são o seu Braço Armado. E armá-lo à altura, é missão dos poderes Executivo e Legislativo, deduzida da Constituição e com a assessoria das carreiras de Estado, os militares e os diplomatas. Isto deve ficar bem claro como responsabilidade histórica, salvo melhor juízo.

         Uma providência urgente nos transcurso do Centenário da Revista a Defesa Nacional neste ano é ressuscitar a evolução do Pensamento Militar Brasileiro sepultado em suas coleções que pouco valem se o pesquisador não dispor de um Índice da mesma de autores e assuntos, como o Instituto Histórico e Geográfico procedeu no número 400 de jul/set 1998, uma síntese do que foi produzido em mais de um século e meio. E mais, colocar esse índice na Internet junto com uma coleção digitalizada de A Defesa Nacional à disposição da inteligência nacional e em especial das pesquisas do alunos de nossas escolas militares. Assunto que abordamos com maiores detalhes no O Guararapes nº 13 FAHIMTB janeiro 2013 Centenário de A Defesa Nacional, que esta sendo distribuído em forma de livro.

         Assim a FAHIMTB dedica este Guararapes, em especial a apreciação dos responsáveis pelo desenvolvimento da Doutrina do Exército e aos instrutores e alunos das escolas do Exército EsSA, AMAN, EsAO e ECEME, em  razão dos seu extraordinário e original conteúdo e significado.       

Elaborado pelo jornalista e presidente da FAHIMTB e AHIMTB/Resende

"Para alimentar o cérebro de um Exército na paz, para prepará-lo para a eventualidade indesejável de uma guerra, não existe livro mais fecundo em meditações e lições do que o da História Militar."