O CINQUENTENÁRIO DE PESQUISA NA ECEME, EM HISTÓRIA
MILITAR CRÍTICA,
DO DESEMPENHO DO COMBATENTE BRASILEIRO
NA FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA
Cel Claudio Moreira Bento
Presidente da FAHIMTB e da AHIMTB/Resende Marechal Mário
Travassos
Em 1971, transferido do IV Exército para o Estado-Maior do
Exército fomos designados para servir em sua Comissão de História do
Exército (CHEB) como adjunto de seu presidente, o Cel Francisco Ruas
Santos, hoje consagrado patrono de cadeira na FAHIMTB pelo grande
valor de sua obra no tocante à História do Exército. Entre nossas
missões, uma era receber e organizar o acervo da extinta Seção de
História e Geografia do EME proveniente do Rio. E dentro deste
precioso acervo deparamos com uma preciosa e alentada pesquisa
realizada pela ECEME em 1962, então subordinada ao EME, sobre o
Combatente Brasileiro na Itália.
E dela guardamos copia de seu Relatório do qual abordamos
parte em nosso livro A participação das Forças Armadas do Brasil
e de sua Marinha Mercante na 2ª Guerra Mundial (disponível em
Livros no site da FAHIMTB
www.ahimtb.org.br com capa
desenhada pelo General Plínio Pitaluga então acadêmico da AHIMTB. A
citada pesquisa, decorridos 17 anos da participação da FEB, foi
baseada na pesquisa de 45 obras escritas sobre o assunto e em mais
de 20 depoimentos de veteranos da FEB. Ela finaliza declarando:
“que todos
os fatores de crítica histórica abordados, tiveram grande influência
no procedimento dos integrantes da FEB, parecendo ser indispensável
a sua desapaixonada critica histórica para se prever, o tanto quanto
for possível, o procedimento de tropas do Brasil no futuro, em
operações de guerra e, por via de consequência, incorporar os
subsídios relevantes na instrução dos quadros e no desenvolvimento
da Doutrina Militar Terrestre Brasileira.”
Palavras iniciais do Grupo Coordenador da Pesquisa
Não seria justo iniciar este relatório sem ressaltar,
brevemente, a natureza e a extensão do esforço
dispendido
pelos
diferentes grupos de trabalho encarregados de
proceder à Pesquisa dentro da metodologia aconselhada. O bom
resultado alcançado patenteia bem o mérito da ação. Também se impõe
assinalar o espírito de colaboração que permitiu ao Grupo
Coordenador, sem medir sacrifícios, sem limitar o seu interesse,
assistir permanentemente aos Grupos de Trabalho, sugerindo medidas,
obtendo meios e estabelecendo as necessárias ligações.
Ensinamentos colhidos
Quanto aos muitos ensinamentos colhidos,
parece-nos vantajoso dar destaque aos que se seguem:
1)
No
que tange à Aplicação do Método, se faz indicado proceder a
um exame prévio das exigências e imposições do método, e treinamento
na sua aplicação, de modo a dissipar dúvidas e padronizar o
procedimento.
2)
No
que se refere ao Assunto Pesquisado, se mostra indispensável
uma análise antecipada da matéria que é objeto da pesquisa, de modo
a reduzir as possíveis
discordâncias
de conceituação e
tornar mais precisa a interpretação dos termos
técnicos que são peculiares à Estatística, à Psicologia individual,
à Politica,
à Economia e a outras tantas Ciências
Sociais.
3)
No que se refere ao Objeto de Pesquisa,
impõe-se um estudo prévio e bem orientado pelos promotores da
pesquisa, de modo a deixar sem dúvida a "interpretação da missão",
único modo de assegurar coerência nas atividades de busca, de
analise, de confronto e de relacionamento.
4)
No que diz respeito à Seleção de Fontes, julgamos que não
podem ser dispensadas fontes valiosas, sem prejuízo de exatidão da
pesquisa. No caso, se impunha levar em conta que testemunhas dos
fatos, ainda vivas, estavam em condições de prestar depoimento. Suas
declarações, sem fins de publicidade, contavam com a vantagem de
examinar os fatos sem o calor das emoções recentes, e sem as
distorções naturais
consequentes.
Foram pesquisadas 45 obras escritas e colhidos mais de 20
depoimentos
de integrantes da
FEB,
dos quais alguns não tiveram suas palavras documentadas por escrito.
Efeitos das condições de combate sobre as disposições, emoções e sentimentos
do combatente
Não se evidencia grande participação das condições de
combate sobre o espírito de iniciativa. É
certo que, à noite, muitos soldados mostravam-se
inibidos,
especialmente no início da Campanha. Esse espírito de
iniciativa refletiu bem outras condições, distintas das que
caracterizavam o combate.
A tolerância
dos chefes, a despreocupação dos homens quanto às
decisões dos escalões superiores, o acentuado individualismo e
também a necessidade da auto-defesa, somada aos
propósitos
de autovalorização,
integraram-se, moldando, em média, uma conduta cheia de
iniciativa, que se alterava porém em face
de
circunstâncias novas.
Coragem e bravura terão tido mais ocasião
de se revelar no combate ofensivo e nas ações durante o dia. Foram,
porém, normais nos combatentes, cabendo-nos lembrar que muitos dos
atos assinalados pelas citações de combate, pelas medalhas e
condecorações, não passaram de atos de rotina, enquanto que outras
tantas ações importantes foram insuficientemente traduzidas em seu
mérito. Não poucos terão sido os gestos de extrema bravura e os atos
de
destemor
que permaneceram ignorados.
Covardia, medo e pânico, tiveram lugar,
também. A Defensiva propiciou atos de covardia, mas mesmo em ações
ofensivas, o medo se manifestou era alguns homens, conduzindo-os à
insubordinação e ao abandono de funções. O pânico ocorreu em
condições de combate onde a surpresa marcou as ações. Não pode ser,
no entanto, bem caracterizada
a importância
relativa dessas condições de combate.
O Espírito de Sacrifício
não sofreu tanto a influência das condições de combate, quanto os
fatores psico-sociais e das características da organização militar.
Os combatentes suportaram relativamente bem as dores físicas e
morais e as tensões emocionais.
Já
o Espírito Ofensivo e Defensivo,
interpretado não como agressividade ou falta de agressividade, mas
como adaptação
as exigências
do combate, foi nitidamente influenciado pelas condições de que se
revestiam as operações. Quando o inimigo retraia, a tropa era tomada
por natural
impulsiividade.
Em face de contra-ataques, as reações foram da busca de proteção e
de organização defensiva.
O inverno favoreceu a uma disposição de espírito para a
Defensiva. As noites faziam sentir-se o combatente sem disposição
para ações ofensivas. As dificuldades decorrentes da nevada criavam
mais identificação com ações defensivas.
A tropa brasileira chegou
a Itália
sem estar bem desembaraçada em receber, interpretar e
cumprir as ordens. Era presa de condicionamentos afetivos, não
dispensando atenção regular aos princípios hierárquicos, reconhecia
autoridade até o escalão pelotão, do qual sentia direta e imediata
dependência.
As condições de combate modificaram tais
características, agravando as duas últimas e abrandando a primeira.
Nas ações defensivas do inverno, a manutenção de disciplina
encontrou sérias dificuldades. Nos Centros de Recompletamento a
disciplina foi um prolongamento do
estado de espírito da tropa, revelado quando ainda no
Brasil. Sobre tal tropa as normas disciplinadas moderadas surtiam
algum efeito positivo.
A experiência de guerra, impondo uma grande
aproximação da morte, gerou, ao mesmo tempo, condições de
extremo desapreço a vida e de exagerado apego a ela. Tais
tendências, num ou noutro sentido, provocaram reações que variavam
entre o pavor e a ousadia. Numa larga faixa distribuíram-se
as emoções e as disposições dos combatentes, influindo
de modo díspar sobre a disposição de acatamento as ordens, de
subordinação hierárquica
ou de atendimento aos regulamentos.
Os brasileiros ter-se-ão portado de um modo que
correspondia as reações normais de qualquer ser humano submetido
aquelas contingências. É certo que a disciplina intelectual
foi melhor testada entre oficiais, que no âmbito das praças.
Incompreensões e insucessos nessa área resultaram, algumas vezes, da
insuficiência de treinamento e da falta de instrução.
As demonstrações de disciplina foram relaxadas. A
obediência aos chefes diretos significou menos a afirmação de um bom
nível disciplinar do que a prevalência de aspirações afetivas ou de
interesses pessoais, que se personalizavam naquele chefe e não em
outro qualquer.
Conduz-nos a Pesquisa a convicção de que a liderança na
Força Expedicionária Brasileira, de um modo geral, mesmo no que
tange aos chefes imediatos, resultou muito de certas contingências
de combate. Exceto no que diz
respeito a ligação direta entre os pelotões e os seus
tenentes, toda a cadeia de comando se ressentiu de uma falta
de sistematização prévia,
antecipada e consolidada.
A noção de cumprimento do dever, em muitos casos,
compensou as insuficiências de liderança. Em grande parte, graças a
isso, a disciplina foi mantida. Não se deve esquecer, sob tal
aspecto, a importância dos fatores psico-sociais e logísticos.
Após a cessação das hostilidades, mas ainda em território
europeu, foi extremamente flagrante a falta de atenção aos laços
hierárquicos. A qualidade dos chefes, bem testada nas operações,
viu-se marcada por uma formação inadequada, que bem se acentuou
diante das dificuldades de emprego da tropa. Alguns comandantes,
não obstante, revelaram-se particularmente hábeis na condução de
seus subordinados. As normas rígidas não tiveram bom campo de
aplicação. Alguns chefes mostraram-se desatentos aos seus
deveres
como condutores de homens, e esqueceram serem esses
homens dotados de sensibilidade, de imaginação, de aspirações e de
esperanças, limitando-se ao desempenho operacional frio ou ao papel
tático ou administrativo seco. A parcela de chefes espiritualmente
ausentes foi expressiva.
A resistência física do soldado
não se revelou maior ou menor em algumas dadas condições de combate.
Fez
ele face ao frio com a mesma normalidade com que
suportou o combate em localidades ou em regiões montanhosas. O
combatente, selecionado, não estava suficientemente prevenido sobre
as provações físicas a que foi submetido. A sua rusticidade,
refletindo condições de vida no Brasil, essa sim, o terá tornado
apto à rápida aclimatação e a satisfatória
ambientação
havidas na Itália.
A resistência física, de que era dotado, não lhe
assegurava, porém, uma capacidade de durar ou de realizar esforços
mais violentos. As condições bio-tipológicas eram precárias e não
deram lugar a reações especiais, peculiares a algum tipo de operação
militar.
O Espírito de Corpo
existiu bem nos escalões mais baixos e isso resultou das próprias
condições em que se realizavam os combates. No entanto percebeu-se
um certo desejo associativo, que dava ensejo a criação de
grupamentos diferenciados . É fato notório, que
os integrantes da FEB
sentiram-se como que pertencendo a um Exército diferente daquele que
ficara no Brasil e com alguma razão.
Na Itália, os que estavam na linha de frente,
valorizavam-se, apelidando aqueles que ficassem nos escalões de
reservas de "Saco B”. E com justificado orgulho. Contudo
não
chegou a ser criado
satisfatoriamente o espírito de corpo dentre as unidades.
Houve é certo, alguma emulação desse espírito de corpo com a
rivalidade natural entre os RI. Mas isso não avançou muito além do
domínio das palavras.
A rudeza das condições de combate, resultante da
agressividade do clima, das formas abruptas do terrenos (serras),
da excelência das posições inimigas, da experiência das tropas
adversárias, criou e fortaleceu laços de afeto entre os homens.
Assistiram-se provas
eloquentes,
conquanto paradoxalmente silenciosas, de uma grande estima que
prevaleceu entre os brasileiros.
Não foram, de um modo particular, evidenciadas maiores ou
menores influências dessas
ou daquelas condições de combate. Parece que falhas,
erros, omissões enganos e vícios ocorridos desde a seleção do
pessoal para a
FEB,
e prolongados durante a organização da FEB e durante
sua instrução, preparação, execução do embarque e viagem,
estenderam-se à Itália,
repercutindo nas relações entre chefes e subordinados, dificultando
o seu entendimento e prejudicando o surgimento da necessária estima
recíproca.
A afeição aos pares, tão pouco justificada durante a preparação para
o combate, surgiu e afirmou-se decididamente durante a campanha.
Pequenas rivalidades, atritos maiores ou mesmo significativos
conflitos, foram ultrapassados pela necessidade de união em face de
um inimigo real e comum. Homens, antes desconhecidos e afastados,
identificaram-se na dor, nas
esperanças e no apoio recíproco. A camaradagem foi forjada na
guerra. Em operações
ofensivas, em ações noturnas e principalmente em patrulhas, a
camaradagem foi consolidada.
Sob os influxos predominantes da necessidade de auto-defesa
os
soldados
brasileiros
reagiram
diversamente, ora revelando acentuada preocupação consigo mesmo, ora
grupando-se, associando-se e partilhando de prazeres ou de dores, de
encargos e distrações.
Não pode ser bem definido o modo como as características
de combate atuaram sobre o instinto grupal. Sentimos, apenas, que
houve uma influência dissociadora na Defensiva e na Perseguição.
Vimos que as ações noturnas impuseram certa aproximação entre os
homens e que os combates em localidades eram naturalmente
separadores.
Fatores morais, éticos ou
circunstanciais
Ficou evidenciado amplamente que a conduta dos combatentes
sofreu influência particular de fatores de ordem moral, ética ou
circunstancial. Merecem destaque, como fatores:
-
o hábito de auto-defesa;
-
a religiosidade, (temor do desconhecido, consolo pela assistência de
sacerdotes, misticismo,
divinização
de tudo aquilo que foi admitido como irretorquível ou
insuperável);
-
a bondade, a piedade, o afeto aos
semelhantes
-
a carência de ideal coletivo;
-
o pouco hábito de respeito aos chefes
e as sanções
disciplinares,
de
acatamento as ordens, de veneração, e o
pequeno crédito concedido as normas
regulamentares;
-
a necessidade de proteção e amparo (encontrados nos chefes imediatos até o tenente
comandante de pelotão, nos sacerdotes, no serviço de saúde, na
presença próxima de outro combatente e na impressão de poder ver o
inimigo, graças a claridade do dia.
Um ideal coletivo, global e uniforme não estava presente
nas tropas brasileiras. Cada militar tinha um ideal próprio. Suas
pretensões, na maioria das vezes, eram nitidamente influenciadas
pelo egocentrismo de uma formação individualista. O esforço de
catequese,
desenvolvido na campanha,
foi
facilitado pela sensação de euforia, proporcionada
pela promoção social, pelo aumento de prestígio e
pelo abandono
de muitos preconceitos deprimentes. Moldaram-se
ideais,
nos combatentes,
pela guerra.
Mas
não
foram tais ideais que deram forma à conduta desses combatentes na guerra.
Ideais democráticos, ideais
de
liberdade, de comunhão, de fraternidade, não
emularam
os combatentes,
conquanto até certo ponto tenham tomado conta deles após
a
campanha.
Nem uma só
Religião,
ou um só Mito, ou uma só Crença, ou
um só Dogma, ou uma só Doutrina Política e Social, um
único propósito Conservador
ou Renovador, ou uma
exclusiva Esperança,
foi
sustentáculo
ou suporte das intervenções
da
média dos combatentes
brasileiros.
O exemplo dos chefes
teve particular importância nos escalões mais baixos
da
hierarquia. Ele
mesmo perdeu valor, dadas
as condições da campanha, para os comandantes maiores. No quadro
global de compor-tamento
das praças
nao
paira dúvidas sobre
a importancia
desse exemplo de chefes, que, juntando-se a outros
fatores, chegou a dar feições especiais à conduta de alguns grupos.
Em geral, os chefes
nao
estavam
homogeneamente
preparados, ressentindo-se
das características defeituosas de
um
recrutamento, que não obedeceu
a
critérios justos, bem definidos,
ou
bem seguidos e permanentes.
Os oficiais
da
ativa, voluntários eram, alguns, meros carreiristas, sem
maiores ideais que o de fazer nome, ganhar prestígio ou juntar
dinheiro. Outros, sonhadores, idealistas, pretendiam pagar
tributo à
Patria
de quem recebiam soldo.
Terceiros, passivamente submeteram-se
ao
cumprimento de ordens. Em combate,
porém,
eram outros
os
estímulos que mais fortemente inspiravam
as ações
de
cada
um.
Incitações
de
natureza
hormonal,
metabólica,
vibrações
de ordem
sensorial,
psico-motora e fundamentos morais
tiveram
seu papel na configuração
do comportamento dos chefes. O copismo (imitação) como uma
componente ética ou social, também influiu grandemente. O isolamento
e escuridão mostraram-se como
circunstancias de
largo efeito negativo sobre a eficiência em combate.
A religião não era um componente decisivo da personalidade
dos combatentes brasileiros. Lá na Itália, recebendo expressivo
amparo espiritual e muita assistência religiosa, alguns dos
combatentes, que se viam submetidos a tantas privações diferentes
daquelas com as quais já estavam habituados, encontraram na religião
um estímulo eficaz para suas ações. O temor da "morte" e o
temor do "depois da morte" eram bem justificados pela ruidosa
presença dos instrumentos de destruição.
Fatores psico-sociais
O meio psico-social em que se encontravam os combatentes
brasileiros na Campanha da Itália, era definido:
No quadro militar, por um Exército enquadrante, organizado, bem
suprido, mas com hábitos diferentes, normas
regulamentares
novas onde se prestava uma grande consideração aos
subordinados, ao seu conforto e a sua vida, de modo todo
invulgar
para os brasileiros; e onde se premiava e se aplicavam
castigos com regularidade e com presteza, sem
frequentes
distinções por favores, ou
por prevenções;
No quadro territorial, por uma população vencida, dominada, submissa,
desagregada, desmoralizada, com as reações e a emotividade
comparáveis as dos brasileiros, por uma sociedade corrompida, pelo
insucesso de guerra,
envilecida
pela carência de ideais e torturada pela fome e pelo
desemprego. Dentro da população italiana havia parentes próximos de
brasileiros. A índole do povo e certos costumes eram bem próximos
aos das tropas vindas de S. Paulo. Isso tudo incrementava o desejo
de dar combate aos alemães e amenizava os sofrimentos reservados aos
militares brasileiros.
Os principais fatores de
natureza psico-social encontrados nesse ambiente geral foram os que
se seguem:
A mudança de atitude interna –
Solidarização. A desvinculação dos homens entre si, verificada
inicialmente, foi modificada pelo surgimento de fortes ligações
internas, impostas pelas dificuldades do novo meio psico-social,
que a Itália representava e que também representava a inclusão num
Exército onde se falava língua diferente e eram adquiridos hábitos
novos. Essa mudança de atitude interna no meio militar teve fortes
repercussões durante toda a campanha, criando moral elevado e
espírito de corpo, favorecendo a disciplina, a camaradagem e a
afeição recíproca.
Promoção social.
Aqueles brasileiros anônimos, esquecidos, antes desassistidos e
desamparados, agora
são
alvo de interesses de toda a sorte. Recebem cuidados
médicos nunca vistos dantes, alimentação jamais provada ou sugada,
dinheiro farto, roupa bastante, equipamento e utensílios diversos
sem dificuldade, assistência religiosa e gozam de diversões e
passatempos nas horas de lazer.
Essa promoção valeu um estimulo inconsciente à
generosidade, ao desprendimento, ao
destemor,
ao bom humor e
a eficiencia
no combate.
Prestígio.
Sentiam-se, os soldados, alvo de preocupações do Povo
Brasileiro. Uma tropa até então sem motivo particular de orgulho
ou de vaidade, via-se objeto de cuidados pela imprensa, de atenções
pelas madrinhas de guerra, de desvelo pelos familiares e pelos
concidadãos, de preocupações dos superiores e de amparo e de
proteção de todos. Os soldados brasileiros sentiam-se, numa terra
estranha, tratados com respeito por aquela gente, que era de um país
milenar
e
de uma cultura antiga, foram tratados como libertadores aqui, como
senhores acolá, como fortes, como heróis, como ricos, como
poderosos.
Fizeram frente a homens treinados e equipados pelas
poderosíssimas Nações do Eixo e
ombreavam
com americanos, franceses e ingleses;
e
recebiam tratamento similar ao dos soldados das nações
Aliadas, ricas, poderosas e influentes. Isso tudo reforçava, em
alguns homens, não apenas a bravura, como ainda mais a resistência
moral e o desejo de imitar os padrões de combate norte-americanos.
Mudança de preconceitos. Novos juízos
conquistaram os soldados brasileiros.
Ideias
originais eram recolhidas sem espanto
e
passaram a dominar no campo político, no campo moral e no campo
social. Ate que ponto e por que motivo prevaleceram em alguns homens
certos conceitos, enquanto noutros combatentes foram juízos
diferentes os de maior afirmação, não nos foi dado concluir.
Contudo, ficou bem constatada
a
importância dos preconceitos, seja no trato com a
população italiana, seja no trato com os prisioneiros de guerra, ou
com os militares norte-americanos. Preconceitos religiosos,
políticos ou morais foram explorados e inculcados sob a forma de
dogmas ou doutrinas, servindo de estímulo às ações militares.
O novo estilo de vida, reservado aos brasileiros na Itália, era
expresso por:
-
uma situação real de combate;
-
um risco de vida, se não
permanente,
pelo menos
frequente
e
impressionante;
- uma necessidade
imediata para
salvar-se,
bem como de execução oportuna para proteger ou vingar, intervenção
rápida para salvar ou defender;
-
um clima original, estranho e hostil;
-
uma imposição de atitudes e gestos contrários aos costumes
e
aos gostos e tradições do povo brasileiro;
-
um meio militar original, com armamentos diferentes, uniformes e
equipamentos estranhos, chefes e instrutores estrangeiros;
-
uma reavaliação de princípios éticos e morais, desde aqueles
concernentes as mais comezinhas;
-
praticas diárias
(a
da defecção, por exemplo) até os que implicavam em doutrina política
(como o louvor da democracia e a denúncia do totalitarismo);
-
uma inserção num quadro social cheio de originalidades enquanto com
grandes aproximações do meio
brasileiro,
dotado de uma cultura própria e castigado pela guerra em todos os
seus horrores;
-
uma saudade, uma impressão de afastamento do povo brasileiro;
-
uma desusada assistência individual, um conforto inesperado nas
horas de lazer.
Esse
novo estilo de vida trouxe, junto com a
estupefação,
uma sensação de euforia, de surpresa alegre, que predispunha a boa
aceitação de todos os sacrifícios impostos pela guerra. Tudo
significava em resumo e em conjunto, uma promoção social. Os
brasileiros
sentiam-se
alvo de cuidados nunca dantes merecidos ou desfrutados,
sentiam-se objeto
de atenções nunca anteriormente desfrutadas, recebiam provas de
afeto,
de consideração e de acatamento de concidadãos de além mar, a quem
jamais importaram.
Notavam-se
possuidores de um prestígio no ambiente italiano, que lhes criava
uma sensação de superioridade, de domínio, de autoridade, ou pelo
menos, de valor pessoal, que não tinham podido, até então, conhecer.
O
emparelhar-se a combatentes norte-americanos,
a
quem
substituíam e por quem eram substituídos, valia o que se
pode dizer uma promoção internacional.
O nível de vencimentos dotava-os de um poder aquisitivo
sensivelmente alto, realçando sua superioridade em relação ao povo
italiano, que esmolava migalhas, vendia carinhos e suplicava
atenções. O gozo de uma tal situação de privilégio significava uma
grande ascensão para os minúsculos homens de
outrora,
que passavam
a
ter projeção internacional, a serem conhecidos e serem
comentados por agentes estrangeiros, respeitados e acatados por
outros povos. A tudo se somava o natural orgulho de estarem
combatendo e vencendo um inimigo que antes se fizera muito temido,
mas que logo se mostrara
inferiorizado
diante do potencial militar aliado, e que agora
cedia, vencido pela superioridade aérea, vergado pelo peso das
bombas e desalojado pelas armas usadas por brasileiros.
Organização Militar e Processos de combate
Como aspectos de organização militar e dos processos de
combates de maior influência sobre o comportamento dos combatentes,
a pesquisa assinalou:
-
alteração de técnicas e de métodos, imposta pelo emprego de material
norte-americano;
-
a
mudança de métodos
disciplinares;
-
as
frequentes
alterações na composição das cadeias de comando;
-
a
assistência material e espiritual, antes, durante e
após o combate, proporcionada por uma organização militar que levava
em alta conta o MORAL;
-
a aproximação enorme entre oficiais, especialmente subalternos e
praças;
- a dependência, algumas vezes, de regulamentos e
instruções escritas em inglês, por falta de tradutores, ou de um
sistema de adaptação oportuna;
- a alteração nos processos de combate, que passaram a
ser ajustados a uma farta disponibilidade de fogos e de armas e que
exploravam
não
apenas a superioridade aérea, mas toda uma
superioridade no potencial militar, que foi flagrante no TO da
Itália. A conduta agressiva da tropa brasileira refletiu as
condições favoraveis,
sobrepujando os fatores adversos. Também podem ser
notados outros fatores, tais como:
-
a inexperiência da tropa;
-
a grande extensão
da
frente atribuída a 1ª
DIE;
-
as próprias dificuldades operacionais do V Ex (tropas aliadas de
diversos países, desvio de tropas mais adestradas para o sul da
França).
Houve dessa composição uma resultante
geral,
que pode ser dita como a satisfatória adaptação
dos
combatentes a Organização
Militar e aos Processos de Combate
usados na
Guerra. Não obstante, alguns
senões
ficaram
identificados.
Um senão diz respeito ao interrogatório do prisioneiros
de guerra, cuja falha denota inadequada aplicação das técnicas
vigentes, muito embora sua reconhecida derivação de dificuldades no
uso de idiomas.
Outro senão
refere-se a permanência
demasiada na linha de frente, resultando em desgaste excessivo,
cansaço,
amolecimento
e rotina.
Por outro lado, houve um emprego prematuro de
tropas
não experimentadas, resultados obviamente
desfavoráveis a
moral,
a disciplina, ao espiríto combativo e as demonstrações de coragem.
Nas ocasiões em que o apoio da Artilharia e
da
Aviação esteve ausente a tropa sentiu-se pouco protegida,
prejudicada em sua
combatividade.
A execução de ataque frontal sobre MONTE
CASTELLO
foi fator de grande
abatimento moral da tropa, que recebeu pesadas sanções impostas
pelo inimigo.
No que tange à Administração do Pessoal, de muito se
ressentiu a tropa brasileira. Faltou recompletamento
oportuno. A Justiça
e
a Disciplina não foram
padronizadas e dependeram muito de critérios pessoais de chefes. A
movimentação do pessoal foi insatisfatória,
Sistema de apoio logístico e
eficiência em combate
As ações da tropa brasileira, individual e coletivamente,
beneficiaram-se grandemente do sistema de apoio logístico adotado
pelo Exercito Americano.
Esse
sistema mostrou-se
capacitado a superar improvisações,
reajustamentos
resultantes da inexperiência ou de órgãos logísticos da DIE, dando
resultados práticos que muito contribuíram para a eficiência do
combate
e
para a resistência moral
dos combatentes.
As maiores dificuldades disseram respeito ao despreparo
da tropa, que foi surpreendida no que tange, particularmente , a
Suprimento Classe I
e a todo um regime alimentar estranho. Os artigos Classe II e Classe
IV, levados do Brasil, tiveram que ser alterados ou abandonados.
O suprimento de Classe III era farto e de pouco controle, criando
reflexos pouco aconselháveis para uma guerra conduzida em condições
menos favoráveis, mas favorecendo amplamente a sensação de bem
estar de muitos homens. Salvo em algumas situações, o Suprimento
Classe IV foi abundante. E o estado moral da tropa refletiu essa
abastança compensadora
de sua despreparação psicológica. Os transportes eram
fáceis, a evacuação e a
hospitalização
só' encontravam embaraço nos escalões inferiores,
e
os serviços de um modo
geral foram excelentes.
A organização norte-americana proporcionou assistência em
alto grau
a
todos os combatentes. A oportunidade e a operosidade dos serviços, a
adequabilidade
e a suficiência dos suprimentos produziram nos homens
uma sensação de amparo e uma impressão
de
proteção, que a cada instante os fatos
vieram
a
confirmar, favorecendo o bom desempenho dos
combatentes brasileiros.
Uniformes e Equipamentos
O comportamento dos combatentes sofreu relativamente pouca
influência dos uniformes em uso. É de se registrar que o uniforme,
proveniente do Brasil, teve modificações, supressões e acréscimos
ao gosto e arte de cada combatente. O equipamento, por outro lado,
embora nem sempre fosse o mais aperfeiçoado, atendia as necessidades
de seu emprego, servia aos objetivos propostos e era muito superior
a qualquer outro já usado no Brasil. Desse modo, os brasileiros
contentavam-se e mesmo entusiasmavam-se com o fato de
disporem
de tão fartos recursos em material.
Considerações Finais
Os fatores mais decisivos sobre o comportamento dos combatentes
brasileiros, na Campanha da Itália, nos pareceram:
-
o sentimento da necessidade de auto
defesa;
-
uma expressiva rusticidade Bio-psíquica;
-
uma limitada confiança nos superiores;
-
um reduzido hábito de subordinação;
-
uma nítida tendência afetiva;
-
um natural temor reverenciai pelo desconhecido;
-
uma submissão espontânea aos fatos considerados insuperáveis.
-
uma agradável surpresa com a forma de que revestiu a
assistência e
a
administração do pessoal em campanha;
- uma compreensão das vantagens imediatas da adoção de novos
métodos, e novas regras de conduta e de novos princípios, ajustados
à situação nova em que todos se encontravam.
Reservamos destaque especial aqueles fatores que
consideramos preponderantes, tais como: a mudança no estilo de
vida, a promoção social, e a organização
assistencial
do Exército Norte Americano.
Todos esses fatores tiveram grande influência no procedimento
dos
integrantes da
FEB,
parecendo-nos indispensável o seu
desapaixonado exame, para prever, tanto quanto possível, o
procedimento das tropas do Brasil em outras operações de guerra.
Concluiu a pesquisa.
A ECEME em 1962, algumas considerações do autor
Comandava a ECEME nesta época o Gen Bda Bda Jurandyr
Bizarria Mamete, de 4 Dez 1961 a 2 Jun 1964. E segundo a obra
ECEME - ESCOLA DO MÉTODO, UM SÉCULO PENSANDO O EXÉRCITO. Rio de
Janeiro: BIBLIEx, 2005, apresentada pelo acadêmico da FAHIMTB e
comandante da ECEME Gen Bda Luiz Eduardo Rocha Paiva, prefaciada
pelo acadêmico da FAHIMTB e ex-comandante da ECEME Gen Ex Paulo
Cesar de Castro e organizada pelos acadêmicos da FAHIMTB Coronéis
Carlos Roberto Peres (atual vice presidente da FAHIMTB e
AHIMTB/Resende) e Hiram de Freitas Câmara:
“O General
Mamede foi assessorado por um grupo de assessores de alto nível de
competência profissional e que dentre as realizações do General
Mamede, destacam-se a implementação de novo currículo na
ECEME e
de um inovador plano geral de ensino para 1963. Dividia-se o ensino
na
ECEME
em quatro áreas: Operações de Defesa Territorial e Segurança
Interna, adotada pelo EME; Operações em TO Continental e Segurança
Interamericana, a qual criou o "Invasor"; Operações em TO
Extracontinental e Segurança Internacional, dando origem ao
"Agressor"; e a área de Cultura Geral e Profissional, Chefia e
Liderança, Técnicas de Comando e Funções de Estado-Maior em Tempo de
Paz. Tiveram ainda destaque, durante seu comando, a
sistematização
de uma
doutrina militar brasileira e a criação de uma doutrina de segurança
interna.”
Neste período o Gen Ex Humberto de Alencar Castelo Branco,
historiador militar crítico e hoje consagrado patrono de cadeira da
FAHIMTB e denominação histórica da ECEME, nome adotado quando seu
comandante, comandava o IV Exército, ocasião em deu os primeiros
passos para a concretização do hoje Parque Histórico Nacional dos
Montes Guararapes inaugurado em 19 de abril de 1971 pelo Presidente
Emílio Médici.
Isto, depois de retornar vitorioso da FEB, onde atuara como
seu Oficial de Operações e a seguir por longo período como seu
instrutor, adjunto do Diretor de Ensino e Diretor de Ensino por
longo período e por fim seu comandante de 1954/1956 e, um pouco
mais tarde, Chefe do EME de 13 Set 1963 a 17 Abr 1964 ao qual a
ECEME estava subordinada. E daí à Presidência da República.
E ele deixou assim preciosos ensinamentos militares que se
perenizaram entre seus alunos na ECEME. Alunos dos quais exigia que
além da Doutrina Americana em implantação a eles ministrada em
substituição à Doutrina Francesa:
“que eles raciocinassem sobre as
adaptações apropriadas ao nosso Exército, (por ele chamado de
Tupiniquim), o que ampliaria o seu significado como um Exército com
o seu futuro vinculado à nação Brasil.”
E nos deixou preciosos ensinamentos na
seguinte obra realizada pelo Cel Francisco Ruas Santos e pelo Major
José Fernando Maia Pedrosa, respectivamente hoje patrono de cadeira
e acadêmico da
FAHIMTB:
Marechal Castello Branco: seu pensamento militar 1946-1964.
Rio de Janeiro: Imprensa do Exército, 1968.
E dentre seus ensinamentos destaco:
“O oficial de
Estado-Maior é renovador, um criador e um inovador. Deve lutar
contra o conservantismo, tornando-se permeável a idéias novas, afim
de que possa escapar à cristalização, ao formalismo e à rotina. Vede
bem que a ECEME prefere mais a visão concreta da batalha do que as
sentenças abstratas.” E mais este:
“Ao chefe militar não
cabe ter medo de idéias novas. É preciso, isto sim, não perder
tempo, implementá-las e realizá-las até o fim.”
Ele foi estudado pelo General Otavio Costa,
ex-combatente da FEB, em seu artigo Pequena Memória de um grande
nome, na Revista do Exército, Volume 141, 1º quadrimestre
de 2004.
O Marechal Castelo Branco nos faz lembrar o Duque de
Caxias, patrono do Exército e da FAHIMTB e academias filiadas, do
seu ideal manifesto do Exército possuir um dia uma Doutrina Militar
genuína, quando em 1861, como Ministro da Guerra e Presidente do
Conselho de Ministros, adaptou a Doutrina Militar Terrestre de
Portugal, às realidades operacionais sul-americanas que ele
vivenciara em 5 campanhas militares vitoriosas que comandara. E
concluiu:
“Até que nosso Exército possuísse uma
Doutrina Militar genuína”.
Sonho a ser realizado e conquistado pelos integrantes do
Exército do Presente e do Futuro, de o dotarem de uma Doutrina
Militar Genuína, calcada em nossa História Militar Critica, de mais
de 5 séculos, em grande parte a responsável por um Brasil de
dimensões continentais que não é obra de um milagre, mas em grande
parte resultado da ação inteligente de suas forças terrestres, fiéis
ao pensamento militar de Portugal:
“Julgada a causa justa
atuar ofensivamente mesmo em inferioridade de meios”.
Pensamento militar decorrente do pensamento político de
Portugal de Dilatar a Fé e o Império, na feliz
interpretação do General Francisco de Paula Cidade, patrono de
cadeira na FAHIMTB, cuja vida e opulenta obra de
historiador do Exército abordamos na A
Defesa Nacional (nº 709 1983 set/out. 13-35)
,
bem como o seu pioneirismo no ensino no Realengo e na atual ECEME da
Geografia Militar. Esta, do ponto de vista do fator da Decisão
Militar, o Terreno,
em
seus elementos Observação e Campos de Tiro, Cobertas e Abrigos,
Acidentes Capitais e Vias de Acesso. Estudo trazido da Europa pelo
Cel José Pessoa e por ele implantado no Realengo através de Paula
Cidade, assunto que este traduziu na sua obra Notas de Geografia
Militar Sul-Americana, editada no Realengo (1ª Ed) e em 1940
pela BIBLIEx. Obra que segundo o Cel Francisco Ruas Santos teve
grande acolhida entre os exércitos sul-americanos irmãos.
História Militar Critica analisada à luz dos Fundamentos da
Arte e Ciência Militar, que abordamos no capítulo IV de nosso livro
publicado pelo EME edições de 1978 e 1999, Como estudar e
pesquisar a História do Exército Brasileiro, e a ser realizada
por profissionais militares em todos os seus níveis e não por
historiadores descritivos, aos quais cabe resgatar com regras
próprias a História Descritiva com riqueza de detalhes, para
análises criticas por profissionais dos mais variados ramos, com
fundamentos de critica de sua especialidade.
Doutrina Militar genuína que incorpore o que de melhor
houver nas doutrinas dos melhores Exércitos do mundo. E ao que nos
parece, hoje mais que no passado, esta medida é vital para melhor
proteger os interesses do Brasil, com projeção mundial econômica e
social crescentes, que não pode descurar da construção de poder
militar defensivo dissuasório compatível, para proteger seu povo
e suas riquezas de ambições internacionais, de nações poderosas
militarmente, mas em crises econômicas. Atitude coerente com esta
lição da História da Humanidade:
“Nação rica deve ser forte militarmente!”
E construir poder militar defensivo dissuasório
compatível é em última análise de responsabilidade dos Poderes
Executivo e Legislativo eleitos pelo Povo Brasileiro, dos qual as
Forças Armadas do Brasil são o seu Braço Armado. E armá-lo à altura,
é missão dos poderes Executivo e Legislativo, deduzida da
Constituição e com a assessoria das carreiras de Estado, os
militares e os diplomatas. Isto deve ficar bem claro como
responsabilidade histórica, salvo melhor juízo.
Uma providência urgente nos transcurso do Centenário da
Revista a Defesa Nacional neste ano é ressuscitar a evolução do
Pensamento Militar Brasileiro sepultado em suas coleções que
pouco valem se o pesquisador não dispor de um Índice da mesma de
autores e assuntos, como o Instituto Histórico e Geográfico procedeu
no número 400 de jul/set 1998, uma síntese do que foi produzido em
mais de um século e meio. E mais, colocar esse índice na Internet
junto com uma coleção digitalizada de A Defesa Nacional à
disposição da inteligência nacional e em especial das pesquisas do
alunos de nossas escolas militares. Assunto que abordamos com
maiores detalhes no O Guararapes nº 13 FAHIMTB janeiro 2013
Centenário de A Defesa Nacional, que esta sendo distribuído em
forma de livro.
Assim a FAHIMTB dedica este Guararapes, em especial a
apreciação dos responsáveis pelo desenvolvimento da Doutrina do
Exército e aos instrutores e alunos das escolas do Exército EsSA,
AMAN, EsAO e ECEME, em razão dos seu extraordinário e original
conteúdo e significado.
Elaborado pelo jornalista e presidente da FAHIMTB e AHIMTB/Resende