INFORMATIVO GUARARAPES- 2009              

 


 

Fundada em 1o de março de 1996

 

O GUARARAPES

ÓRGÃO DE DIVULGAÇÃO DAS ATIVIDADES DA

ACADEMIA DE HISTÓRIA MILITAR TERRESTRE DO BRASIL

CGC 01.149.526/0001-09

Posse como Acadêmico do
Cel Cláudio Skôra Rosty,
 na Cadeira Especial
 Prof. Dr. José Antônio Gonsalves de Mello

 

NOV 2009        ESPECIAL

    

Sessão Solene da AHIMTB

A seguir será transcrita na íntegra, a Sessão Solene no Arquivo Nacional que empossou o Cel Cláudio Skôra Rosty na Academia, e que obedeceu ao rito tradicional, conforme descrito nesta Edição Especial.

 

 

Mesa Diretora: Gen Geraldo Luiz Nery da Silva, Gen Jonas de Moraes Correa Neto, Cel Cláudio Moreira Bento, Gen Paulo César de Castro, Profa. Maria Isabel de Oliveira coordenadora geral de Gestão do Arquivo Nacional.

Sessão Solene de Posse de Acadêmico Cel Cláudio Skôra Rosty.Recebido em nome da Academia pelo Acadêmico Cel Darzan Neto da Silva

Cadeira Especial Patrono: Prof. Dr. JOSÉ ANTÔNIO GONSALVES DE MELLO

1°. Ocupante: Prof. Dr. Frederico Pernambucano de Mello

Delegacia da AHIMTB no Rio de Janeiro Marechal João Baptista de Mattos

ARQUIVO NACIONAL Praça da República, 173 – Centro – Rio de Janeiro - RJ

Quinta-Feira 22 de outubro de 2009 às 09 h

Sumário

1- Abertura - Palavras iniciais do Presidente da Academia Cel Cláudio Moreira Bento

2- Oração da Academia na Abertura da Sessão

3- Palavras de homenagem ao Patrono da Delegacia Gen João Batista de Matos

4- - Posse de Acadêmico - Oração de Recepção pelo Acadêmico Cel Eng Darzan Neto da Silva  

5- Oração de Posse do Acadêmico Cel Cláudio Skôra Rosty 

6- Palavras Finais do Cel Cláudio Moreira Bento Presidente da AHIMTB

7- Palavras finais pelo Presidente de Honra da Sessão, acadêmico emérito Gen Ex Jonas de Moraes Correa Netto

8- Confraternização

 

 


1 – ABERTURA

 

- Formação da Mesa Diretora:  O Presidente da AHIMTB Cel Bento nomeou o Presidente de Honra, Acadêmico Emérito Gen Ex Jonas de Moraes Correa Netto e, 1º ocupante da cadeira 34, Patrono Gen Jonas Correa e declarou aberta a Sessão.

- Canto do Hino Nacional Brasileiro
- Palavras iniciais e Finalidade da Sessão, pelo Cel CLÁUDIO MOREIRA BENTO, Presidente da AHIMTB.

- Leitura da Oração da Academia pelo 3º. Vice Presidente  e Delegado da Delegacia Mar João Batista de Mattos, Acadêmico Ten R/2 Art Prof Israel Blajberg.

 


2 - ORAÇÃO DA ACADEMIA NA ABERTURA DE SESSÃO

 

PEDIMOS A DEUS QUE NOS DÊ SABEDORIA, PARA DESCOBRIR AS MELHORES LIÇÕES E A VERDADE HISTÓRICA, NAS PESQUISAS E REFLEXÕES DA

ACADEMIA DE HISTÓRIA MILITAR TERRESTRE DO BRASIL. CORAGEM MORAL E VONTADE CULTURAL, PARA ESCOLHER AS MELHORES LIÇÕES E A VERDADE HISTÓRICA. FORÇA, GARRA E DETERMINAÇÃO PATRIÓTICA,

PARA FAZER COM QUE A VERDADE HISTÓRICA E AS MELHORES LIÇÕES TRIUNFEM SOBRE AS FALSIDADES, DETURPAÇÕES, INDIFERENÇA E IGNORÂNCIA.TUDO PARA A MAIOR GLÓRIA E DESENVOLVIMENTO DAS FORÇAS TERRESTRES DO BRASIL, NO EXERCÍCIO O MAIS COMPETENTE POSSÍVEL DE SUAS MISSÕES CONSTITUCIONAIS.

QUE ASSIM SEJA !!!

 


3- PALAVRAS DE HOMENAGEM AO PATRONO DA DELEGACIA

GEN JOÃO BATISTA DE MATOS

O  Patrono da Delegacia(síntese pelo 3º Vice Presidente da AHIMTB e Delegado da AHIMTB no Rio de Janeiro Eng Israel Blagberg)

MARECHAL JOÃO BAPTISTA DE MATTOS, nascido no alvorecer do século, neto e bisneto de escravos. Em 1918, poucos anos decorridos da Abolição torna-se um Cadete do Realengo, ingressando no Exército que o acolhe e o irmana à juventude, independente de berço de qualquer origem, transformando a todos em soldados brasileiros.

Declarado aspirante a oficial da arma de Infantaria, depois de haver recebido instrução por dois anos da Missão Indígena. A sua turma de 1920 da antiga Escola Militar daria ao Brasil outros Marechais, como Castello, Costa e Silva, Kruel, Maurell, e Levy Cardoso, o último falecido neste ano. Esteve à frente de tropa em combate, tornou-se o historiador dos monumentos Brasileiros. Presidiu o IGHMB, e o SBG.

A Delegacia RIO desta Academia tem o privilégio de ostentar o seu nome honrado de soldado exemplar, educador dedicado e historiador eminente, Marechal João Baptista de Matos.

 


4 - POSSE DE ACADÊMICO

 

Oração de Recepção em nome da AHIMTB ao novo Acadêmico Cel Cláudio Skôra Rosty pelo Acadêmico Cel Eng Darzan Neto da Silva Ocupante da Cadeira nº. 45, Patrono Gen Flamarion Barreto.

 

ACADEMIA DE HISTÓRIA MILITAR TERRESTRE DO BRASIL (AHIMTB)

Rio de Janeiro, 22 de outubro de 2009.

Saudação de Posse ao Cel Cel Cláudio Skôra Rosty

 

Senhor Cel Cláudio Moreira Bento, Presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil, Excelentíssimos Senhores Oficiais Generais, Senhoras e Senhores e Senhores Acadêmicos.

Recepção na Academia de História Militar Terrestre do Brasil do Cel Cláudio Skôra Rosty, que ocupará a Cadeira Especial, José Antônio Gonsalves de Mello.

 Estimado Cel Rosty!

Tenho a satisfação de recebe-lo em nome da Academia de História Militar Terrestre do Brasil, que, com justificado júbilo, lhe recebe como Acadêmico.

A Academia foi fundada em 1º de março de 1996, em Resende, “Cidade dos Cadetes”, pelo renomado historiador militar Coronel Cláudio Moreira Bento, que escolheu o dia de sua fundação para coincidir com o do término da Guerra da Tríplice Aliança e o inicio do ensino militar em Resende.

O Cel Rosty nasceu em 23 de agosto de 1952 na cidade de Piraí do Sul, no Paraná.  Ingressou na Carreira das Armas em 1º de Março de 1971 foi declarado Aspirante a Oficial de Infantaria da Turma de 1975 e concluiu os cursos militares da EsAO em 1985, ECEME 1995.

Cursou a Pós-Graduação em Supervisão Escolar, no ano de 1999, pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e a Pós-Graduação lato sensu em História Militar Brasileira, em 2007, pela Universidade Federal do Estado Rio de Janeiro (UNIRIO), em convênio com Departamento de Ensino e Pesquisa do Exército (DEP), Coordenado pelo Instituto de Geografia e História Militar do Brasil (IGHMB).

Das funções militares desempenhadas pelo Cel Rosty destacamos:- Instrutor da Academia Militar das Agulhas Negras;- Subcomandante do Batalhão da Guarda Presidencial;- Comandante do 14º Batalhão de Infantaria Motorizado – Regimento Guararapes;- Responsável pela Segurança e Administração do Parque Histórico Nacional dos Guararapes.

O Cel Rosty realiza, atualmente, as seguintes atividades:- Consultor técnico-científico em História Militar do Laboratório de Arqueologia do Departamento de História da Universidade Federal de Pernambuco;- sócio titular e Diretor 1º Secretário do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil;- Assessor e Gestor Cultural da Diretoria do Patrimônio Histórico e Cultural do Exército (DPHCEx).

Das atividades culturais desenvolvidas pelo Cel Rosty, salientamos:Sócio Correspondente da- Academia da História Militar do Paraguai;- do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano;- do Instituto Histórico e Geográfico de Vitória de Santo Antão – Pernambuco.

Publicações:- A Batalha do Monte das Tabocas - o início do fim;- As Batalhas do Monte das Tabocas e dos Montes Guararapes - as grandes vitórias.

- Artigos publicados na Revista Verde Oliva do Exército Brasileiro;- 350 Anos da Restauração Pernambucana;- Arraial Novo do Bom Jesus (1º Quartel General do Exército Brasileiro); Batalha do Monte das Tabocas; - Cabo de Santo Agostinho;- Forte Real, ou Arraial do Bom Jesus;- Matias de Albuquerque – herói de dois Mundos;

Do Século XVII, as Invasões Holandesas no Brasil foram os assuntos que ocupam sua maior área da sua pesquisa – os artigos de sua autoria e publicados destacam os aspectos relevantes da História Militar da Força Terrestre na luta contra o invasor holandês, bem como a atuação dos seus principais líderes, a organização militar da força, o armamento e, principalmente, a Guerra Brasílica. - 350 Anos da Restauração Pernambucana – assim nasceu o Exército; - A Batalha do Monte das Tabocas e o Exército Brasileiro;- A Batalha do Monte das Tabocas: Princípios de Guerra, Meios e Formas de Combate;- A Invasão Holandesa em Pernambuco e o Exército Brasileiro;- Arraial Novo do Bom Jesus. O Primeiro Quartel General do Exército; - As Batalhas da Restauração Pernambucana; - Insurreição Pernambucana, a Batalha dos Guararapes e a rendição na Campina do Taborda; - O Compromisso Imortal e o Despertar do Sentimento Patriótico Pernambucano; - O Imperador D. Pedro II nos Campos da Batalha da Insurreição Pernambucana.

Do Séc. XIX, Duque de Caxias, “O Pacificador”, Herói Nacional e Patrono do Ex Brasileiro, é revelado para seus leitores nos aspectos mais relevantes que o distinguiram como o Militar, o Cidadão, e o Político.

- A Vida do Duque de Caxias; - Caxias – 200 Anos Soldado e Pacificador; - Caxias - o Patrono do Exército; - Caxias e a Integridade Nacional;- Caxias e o Império; - Caxias nas lutas internas e externas; - Duque de Caxias – Herói Nacional e Patrono do Exército Brasileiro; - Duque de Caxias – o Cidadão, o Homem e o Político; - Luiz Alves de Lima e Silva – Duque de Caxias.

Do Séc. XIX, com a Guerra da Tríplice Aliança, o Cel Rosty, no mês de setembro, realizou a sua segunda visita histórica cultural aos campos de batalha da guerra da Tríplice Aliança, percorrendo o itinerário do Brigadeiro Sampaio (Três Bocas, Itapiru, Passo da Pátria, Estero Belaco. Tuyuty, Curupayty, Passo Pocu, Fortaleza de Humaitá e Pilar). Visitou a fundição de Casa Rosadas (IBYCUY) e a fazenda onde nasceu Bernardino Cabalero, complementando, com a prática, a sua fortuna crítica.

- A Grande Guerra Maldita: Nova História de uma Velha Guerra contra López; - A Guerra da Tríplice Aliança – Mariana Amália a Heroína da Vitória; - A Guerra da Tríplice Aliança – os Caminhos dos Voluntários da Pátria de Pernambuco; - As Destinadas na Guerra da Tríplice Aliança.

Do Séc. XX, o Brasil na 2ª Guerra Mundial, a atuação da FEB na campanha da Itália e os feitos heróicos dos pracinhas brasileiros são relatados nos seguintes artigos:

- 60 Anos de participação da F.E.B. na II Guerra Mundial; - Força Expedicionária Brasileira – 60 anos, a Cobra Fumou; - Força Expedicionária Brasileira (FEB) - O Soldado Brasileiro na História do Brasil. - Montese e a Vitória da FEB na II Guerra Mundial- Apresentou no 1º Seminário de Estudos sobre a FEB” na Universidade Federal do Rio de Janeiro a palestra: “O roteiro da FEB na campanha da Itália”.

Outros temas de História foram abordados pelo Cel Rosty, dos quais destacamos;- A Formação do Exército Brasileiro;- As Conseqüências Militares da Vinda da Corte Portuguesa para o Brasil;- Antônio Dias Cardoso, o Herói Esquecido;- Dia da Bandeira Nacional com a apresentação das Bandeiras Históricas.

Participou no XXXV – Congresso Internacional de História Militar na cidade do Porto no período de 27 Agosto a 5 de Setembro de 2009 apresentando:- A Invasão da Guiana Francesa: tomada de Caiena;

Pelo seu amplo e categorizado trabalho, fundamentado no estudo e na pesquisa de fontes primárias apresentadas quando da elaboração de livros e artigos sobre História Militar Brasileira, e na certeza do muito com que contribuirá para a Academia de História Militar Terrestre do Brasil, temos a satisfação de recebê-lo para ocupar a Cadeira Especial, cujo patrono é José Antônio Gonsalves de Mello.

Cel Darzan Neto da Silva-Cadeira Gen Flamarion Barreto Lima

 


   5 - ORAÇÃO DE POSSE DO ACADÊMICO

 

Oração de Posse do novo Acadêmico Cel Cláudio Skôra Rosty  na Cadeira Especial, Patrono Prof. Dr. JOSÉ ANTÔNIO GONSALVES DE MELLO, Exaltação ao Patrono e saudação ao ocupante anterior, (1°.), Prof. Dr. Frederico Pernambucano de Mello, elevado a Acadêmico Emérito, ao qual sucede.

 

Bom Dia!

Senhor Presidente!  Da AHIMTB Cel Cláudio Moreira Bento. Acadêmico Emérito  Gen Ex Jonas de Moraes Correia Neto , Acadêmico Sr Gen Ex Paulo César de Castro antigo chefe do DECEx, Professora Maria Isabel de Oliveira coordenadora geral de Gestão do Arquivo Nacional. E todos que abrilhantam esta cerimônia com suas presenças!

Muito me honra a distinção de ser admitido nesta Academia, aqui no auditório do Arquivo Nacional, ainda mais ter como patrono de Cadeira Especial o Prof. Dr. José Antônio Gonsalves de Mello, sendo o 1º ocupante seu sobrinho, o Prof. Dr. Frederico Pernambucano de Mello, meu amigo de pesquisas históricas sobre Guararapes e agora, elevado à categoria de Acadêmico Emérito.

A alegria de ser acolhido nesta casa dedicada à pesquisa e ao estudo da história militar brasileira é ainda maior, quando sou recebido, por um dileto, ilustre confrade do IGHMB – Cel Darzan Neto da Silva. Que há muito aprendi a respeitar, por seus conhecimentos de história militar do Período Imperial, principalmente sobre as Campanhas do Prata, da Guerra dos Farrapos e da Tríplice Aliança. Homem dotado de invulgar tirocínio, comedido em suas manifestações e absolutamente sóbrio, quando tem de opinar ou manifestar um parecer, e que muito me tem ajudado na honrosa tarefa, que desempenho atualmente como 1º Diretor Secretário do IGHMB.

Cel Darzan muito obrigado por me fazer recordar os momentos vividos pesquisando, estudando, escrevendo e preparando palestras e trabalhos sobre a História Militar.

Reconheço que ser acadêmico da AHIMTB e ter como patrono o “Grão Mestre da História de Pernambuco e do Nordeste” – José Antônio Gonsalves de Mello é ter sobre os ombros a responsabilidade da divulgação, da preservação e da continuidade dos estudos e das pesquisas voltadas para o período das Invasões Holandesas no Brasil. Período este contemplado por tão vasta e rica bibliografia nacional e estrangeira, se tornando um dos mais documentados e estudados do Brasil Colonial.

O primeiro titular desta cadeira especial – Prof. Dr. Frederico Pernambucano de Mello, possui formação em História e Direito, sendo Procurador Federal (aposentado) no Recife, cidade onde nasceu em 1947.

É documentarista, advogado, sociólogo, escritor e historiador, destaca-se pela contribuição ao entendimento de inúmeros fatos e episódios militares da formação de nossa nacionalidade, como a guerra dos holandeses, os fenômenos do banditismo nordestino e os conflitos civis no Nordeste.

Os serviços que emprestou ao Exército no campo da história militar são inúmeros e reconhecidos por todos nós. Ele é sócio colaborador do IGHMB, honrado com o diploma de Colaborador Emérito do Exército, Oficial da Ordem do Mérito Militar, Medalha do Pacificador, Medalha do Mérito Guararapes, Medalha do Mérito da Fundação Joaquim Nabuco, sendo convidado para proferir inúmeras conferências em estabelecimentos de ensino militar, tais como Escola de Estado-Maior e de Aperfeiçoamento do Exército, participou dos simpósios realizados pelo 14º BIMTz – Regimento Guararapes e pelo Comando da 7ª RM e 7ª DE – Região Mathias de Albuquerque, nos quais deixou notável lembrança de erudição, cultura e firmeza na interpretação dos fatos.

Tudo isto é comprovado pela publicação de excelentes livros e artigos de interesse para a História Militar Brasileira, dentre os quais se destacam: “A TRAGÉDIA DOS BLINDADOS”, “A GUERRA TOTAL DE CANUDOS”, “ASPECTOS DO BANDITISMO RURAL NO BRASIL”, “QUEM FOI LAMPIÃO”, “TAMBORES DE MARTE EM GUARARAPES”, “GUERREIROS DO SOL”, e no prelo, o livro ESTRELAS DE COURO: a estética do cangaço, resultado de estudo profundo a que se dedicou desde o ano de 1997.

Pela originalidade de seus estudos, pelo volume das obras que produziu, e por se dedicar a aspectos profundos de nossa história considerados ásperos e de pesquisa difícil ou penosa, tem sido considerado, sobretudo no meio acadêmico paulista, o “Historiador do Brasil Profundo”.

Como diretor da Fundação Joaquim Nabuco órgão que dirigiu por muitos anos, me honrou com a possibilidade de pegar em minhas mãos o único exemplar no Brasil, da Medalha de Prata da Companhia das Índias Ocidentais, conferida ao Cel polonês Arciszewiski pela conquista do Arraial do Bom Jesus e da Batalha da Mata Redonda.

Seu campo de ação cultural e intelectual é vastíssimo foi superintendente do Instituto de Documentação e fez parte, por mais de quinze anos da equipe do sociólogo Gilberto Freire na Fundação Joaquim Nabuco.

Foi curador internacional da Fundação Bienal de São Paulo por cinco anos. É curador de muitos institutos e fundações do País, sendo sócio efetivo do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano e sócio correspondente de inúmeros institutos similares em Alagoas, Rio de Janeiro, Sergipe e Rio Grande do Norte.

Atuou com destaque em áreas culturais do exterior e teve êxito no campo das letras, sendo presidente da União Brasileira de Escritores - Seção Pernambuco e membro efetivo da Academia Pernambucana de Letras e ocupa ainda, a cadeira número 36 desde o ano de 1988.

É uma grande honra ser o sucessor de tão distinto, ilustre e destacado acadêmico.

Discorrer sobre o legado de José Antônio Gonsalves de Mello é tarefa que muito me traz satisfação, por ter constatado em meus cinco anos vividos nos sítios históricos em terras pernambucanas, o trabalho deixado por Zé Antônio, como é mais conhecido pelos amigos.

O bairro recifense da Jaqueira, às margens do Rio Capibaribe na Rua Leonardo Cavalcanti, casa do seu avô materno, Professor Virgínio Marques Carneiro Leão, foi o berço do grande brasileiro, que veio a este mundo, em 16 de dezembro de 1916. Filho de Albertina Carneiro Leão de Mello e Ulysses Pernambucano de Mello, reconhecido médico psiquiatra e cientista social. José Antônio Gonsalves de Mello teve desde cedo, sua atenção despertada para os estudos pernambucanos pelo seu avô paterno (de quem herdou o nome), então sócio do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano.

Teve influência do seu primo e amigo, Gilberto de Mello Freyre, desde 1929, o qual o convidou para colaborar na elaboração da primeira edição de Casa-Grande & Senzala (1933), para a qual contribuiu reunindo anúncios e notícias compilados das coleções dos jornais: Diário de Pernambuco, A Província, Jornal do Recife e outros, arquivados na então Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco. Ainda, por sugestão de Gilberto Freyre veio, a partir de 1933, dedicar-se aos estudos da língua holandesa, tendo por professores os padres holandeses do Colégio do Sagrado Coração na Várzea e no Convento do Carmo do Recife, estabelecidos no subúrbio recifense.

Já estudante da Faculdade de Direito do Recife, onde se formou em 1937, participou do 1º Congresso Afro-Brasileiro do Recife, organizado por Ulysses Pernambucano de Mello e Gilberto Freyre, tendo apresentado o trabalho "A situação do negro sob o domínio Holandês" ([1]).

Iniciava assim os seus estudos acerca da presença holandesa no Brasil (1630-1654), tema de sua obra clássica, Tempo dos Flamengos - Influência da ocupação holandesa na vida e na cultura do Norte do Brasil ([2]), hoje em quarta edição e uma tradução para o holandês.

Com prefácio de Gilberto Freyre, o livro se transformou numa ampla análise sobre influência da ocupação holandesa na vida urbana e na vida rural do Nordeste do Brasil naquela primeira metade do século XVII. Um estudo apurado sobre a atitude dos holandeses para com os negros e a escravidão, para com os índios e a catequese e para com os portugueses e os judeus, bem como para com as religiões católica e a israelita, transformando-se, assim, em um dos marcos da moderna historiografia nacional.

Para a produção de Tempo dos Flamengos, José Antônio Gonsalves de Mello, então com 28 anos incompletos, valeu-se da documentação reunida por José Higino Duarte Pereira (1885-86), conservada no Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, bem como de uma extensa bibliografia, resultando assim no mais completo estudo sobre a importância de tal período de formação da nacionalidade brasileira.

Com a criação por Gilberto Freyre do Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, em 1949, hoje Fundação Joaquim Nabuco, coube-lhe a tarefa de organizar a nova instituição na qualidade de seu primeiro presidente, função que ocupou até 1950, quando retornou ao Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado - IPASE, sua repartição de origem, na qual ingressou em 1935.

Convidado pelo Prof. Joaquim Amazonas - reitor da então Universidade do Recife realizou pesquisas em arquivos portugueses, entre 1951-1952, objetivando a elaboração das biografias dos Restauradores de Pernambuco ([3]), publicadas em separado a partir de 1954, quando das comemorações do Tricentenário da Restauração Pernambucana, bem como de outros temas, inclusive um levantamento histórico-cartográfico do Recife, de interesse para a história do Nordeste do Brasil.

Transferindo-se do IPASE para a Universidade do Recife, em 1953, veio ocupar a cadeira de História da América na Faculdade de Filosofia. Em 1964 passou a exercer a função de Diretor do Instituto de Ciências do Homem, na mesma Universidade, acumulando com as funções de professor de História do Nordeste, Paleografia, Métodos Históricos e Técnicas de Pesquisa. Com a transformação daquele Instituto em Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas e a conseqüente mudança de centro de formação de pesquisadores em curso de bacharelado e licenciatura, continuou ministrando aulas no Curso de Mestrado de História até sua aposentadoria em 1977.

Em sua segunda estada na Europa (1957-1958), sob o patrocínio da Universidade do Recife, trabalhou nos arquivos dos Países Baixos, onde pôde consultar a farta documentação da Companhia das Índias Ocidentais, empresa responsável pela conquista do Nordeste brasileiro, na qual estão incluídos milhares de manuscritos da maior importância para o entendimento de nossa história social. Por ocasião de uma terceira estada nos Países Baixos pôde consultar a documentação notarial existente no Arquivo Municipal de Amsterdã, onde se conservam vários documentos relativos à Comunidade Judaica do Recife.

Durante sua gestão no Instituto de Ciências do Homem reuniu a invejável coleção de 60.000 documentos ([4]) de interesse para os estudos brasileiros na área do Norte e Nordeste do Brasil, trazidos de arquivos de Portugal, Espanha, Grã-Bretanha e Países Baixos, além de uma coletânea de mapas da região, cidades e monumentos, especialmente copiados em aquarelas pela artista portuguesa Isabel Sangareau da Fonseca ([5]).

Não somente os arquivos da Europa mereceram a sua atenção, mas também, e principalmente, os arquivos públicos estaduais, as listas dos reservados da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro e da Biblioteca Nacional de Lisboa, os arquivos das irmandades religiosas, os arquivos notariais, os arquivos de sociedades civis, as coleções de jornais e sobretudo os arquivos do Instituto Arqueológico Histórico e Geográfico Pernambucano e do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

Na sua obstinação de pesquisador, custeou a grande maioria de suas estadas nos mais diversos arquivos da Europa, realizando assim um trabalho sem precedentes em favor da história colonial do Norte do Brasil. Grande parte do produto dessa vida dedicada à pesquisa faz parte da invejável bibliografia de trinta títulos, além de contribuições outras em revistas, jornais e obras compendiadas publicadas no Brasil e no exterior, hoje relacionados no opúsculo José Antônio Gonsalves de Mello - Cronologia e Bibliografia (Recife 1995) ([6]).

Gonsalves de Mello chegou à livre-docência da Real Universidade de Utrecht e recebeu a Ordem de Orange-Nassau, no grau de oficial, outorgada pela Rainha Juliana, sem esquecer o Portugal da Ordem Militar de Cristo e a Academia Portuguesa da História na qual se iniciou como correspondente, chegando a acadêmico da cadeira 37.

No que diz respeito a sua contribuição em obras coletivas, vale salientar a sua participação na elaboração de mais de cem verbetes do Dicionário de História de Portugal e a publicação da “História da Religião do Novo Mundo” ([7]), com o artigo “Holandeses e calvinistas e a tolerância religiosa na América Portuguesa”; no livro comemorativo ao tricentenário do falecimento de João Maurício de Nassau (1604-1679), “Um príncipe humanista na Europa e no Brasil”, publicado em língua inglesa ([8]), com o artigo “Vicente Joaquim Soler no Brasil holandês”; nos “Aditamentos e Correções” à 2ª ed. dos Anais Pernambucanos, de Pereira da Costa ([9]) e na Revista do Instituto Arqueológico Histórico e Geográfico Pernambucano, por ele dirigida a partir de 1965.

Entre suas obras, além de Tempo dos Flamengos citaríamos a publicação da obra em três volumes, “Restauradores de Pernambuco”, reunindo as biografias de João Fernandes Vieira ([10]), Francisco de Figueiroa, Antônio Dias Cardoso, Henrique Dias, Dom Antônio Filipe Camarão, Filipe Bandeira de Melo, Francisco Barreto e Frei Manuel Calado do Salvador, escritas sob encomenda da então Universidade do Recife e publicadas separadamente (1954-56), e Antônio Fernandes de Matos, em 1957, bem como do livro exemplo de metodologia histórica, com capítulos modelares de como se deve conduzir uma pesquisa na área das ciências sociais: Estudos Pernambucanos e Crítica e problemas de algumas fontes da história de Pernambuco, publicado em 1960 ([11]). 

Outras de suas obras mereceriam figurar nesta relação, mas em Gente da Nação. Cristãos-Novos e judeus em Pernambuco 1542-1654 ([12]), Gonsalves de Mello veio superar a si próprio no seu afã de descobrir a verdade no complicado quebra-cabeças da pesquisa histórica. Esgotada em três meses, a obra recebeu uma segunda edição em 1996 ([13]), repetindo Evaldo Cabral de Mello seu primo em Olinda Restaurada ([14]).

José Antônio Gonsalves de Mello fez jus aos títulos não apenas “o grão-mestre da história de Pernambuco e do Nordeste”, como também “o mais vigilante guardião dos valores que ela encerra”.

Na noite chuvosa de 18 de março de 2002 estava a Rua do Bom Jesus engalanada para festejar a reconstituição da Sinagoga Kahal Kadosh Zur Israel (Santa Comunidade Rochedo de Israel), a primeira em funcionamento nas três Américas. A ausência de José Antônio Gonsalves de Mello turvava a solenidade. Tudo que ali acontecia devia-se, tão-somente, a ele. Sem a sua obstinação de pesquisador, sem o denodo do seu trabalho diuturno, sem o seu desprendimento pelas coisas materiais, sem os seus constantes estágios em arquivos de Portugal, Holanda, Espanha e Inglaterra, nada daquilo que estava ocorrendo poderia acontecer. Só a José Antônio, somente a ele, se deve os estudos reveladores acerca do passado da comunidade judaica de Pernambuco e a identificação dos dois prédios da Rua do Bom Jesus, no bairro do Recife, onde, entre 1636 e 1654, funcionou a primeira sinagoga das Américas.

Somente com a confrontação da planta do início do século passado, existente no arquivo da Empresa de Urbanização do Recife – URB, encontrada pelo arquiteto José Luiz da Mota Menezes, foi novamente confirmada a identificação do local da Sinagoga Zur Israel do Recife, e escavada pelo arqueólogo Marcos Albuquerque do Laboratório de Arqueologia da UFPE.

Era tão grande a paixão de José Antônio pela causa que, ele mesmo, se considerava um judeu. O sonho de José Antônio foi finalmente realizado. Ele, porém, dois meses antes, no dia 7 de janeiro de 2002, deixou o nosso convívio em busca da eternidade, deixando três filhos: Diva Maria Gonsalves de Mello, Maria Dulce Gonsalves de Mello e Ulysses Pernambucano de Mello, neto, não assistiu a conclusão de suas obras, mas nos deixou seu riquíssimo legado.

Concluo este trabalho reafirmando a minha alegria de ter sido distinguido para ocupar tão significativa cadeira especial de José Antônio Gonsalves de Mello.

Traços e itinerário da fulgurante vida desse insigne pernambucano tentei mostrar, mas suas obras aí estão, para serem consultadas e seguidas, como guia aos pesquisadores. Ele foi a imagem do historiador completo, por engajar-se de corpo e alma nas pesquisas e é para todos nós, este momento, um momento de grande sorte por nos reunirmos agora, aqui neste auditório do Arquivo Nacional, em torno do autor e de sua obra: Tempos dos Flamengos.

Agradeço a quantos aqui vieram compartilhar comigo esse momento, tão importante para mim. Marco de minha atuação como estudioso da História Militar Brasileira. Agradeço os integrantes do Arquivo Nacional pelo inestimável apoio.

Um especial agradecimento a Sra Diva Maria Gonsalves de Mello (filha do patrono) e ao historiador Leonardo Dantas por contribuírem com seus apontamentos para que esta pesquisa fosse concluída.

Estamos vivendo a I Semana do Patrimônio Histórico e Cultural Militar com a realização do II Encontro de Gestão de Arquivos Militares, I Encontro de Bibliotecas Militares, IV Encontro de Museu Militar de Cultura no Museu Militar Conde de Linhares e I Seminário de História Militar aqui no Arquivo Nacional com o tema: 120 Anos da Proclamação de República e Adoção da Atual Bandeira Nacional. Por isso o auditório está ornamentado com o Mal. Deodoro da Fonseca. Quero agradecer a Sociedade Brasileira de Belas Artes na pessoa de sua presidente Therezinha Hilau por ter a Prof Pintora ISABEL reproduzido em menos de vinte dias o quadro que adorna o púlpito nesta cerimônia. Agradecer o presidente, secretário, autoridades, acadêmicos, confrades, irmãos e a todos, que muito me honraram e prestigiaram com suas presenças.

A todos enfim, meu muito obrigado! 

     Após as palavras do novo acadêmico o Cel Bento cumprimentou a brilhante exposição sobre estas duas brilhantes figuras: José Antônio Gonsalves de Mello e o Prof. Dr. Frederico Pernambucano de Mello, personalidades com  quem conviveu em 1970 e 71 no Recife, por ocasião da construção do Parque Histórico Nacional dos Guararapes (PHNG) e na elaboração do seu livro As Batalhas dos Guararapes: descrição e análise militar

Após a Assinatura do Termo de Posse, o Gen JONAS fez a Entrega do Diploma da AHIMTB ao Cel Rosty e o Gen Castro e a Professora Isabel realizaram a Aposição da Insígnia ao novo Acadêmico.

Academico Emérito Gen Ex Jonas Morais Correia entregando o diploma de acadêmico ao Cel Rosty e o acadêmico Gen Ex Paulo César de Castro entregando a insígnia de acadêmico da AHIMTB ao Cel Rosty auxiliadopela Profa. Maria Isabel de Oliveira coordenadora geral de Gestão do Arquivo Nacional.

 


 

6 - PALAVRAS FINAIS DO PRESIDENTE DA AHIMTB  Cel CLAUDIO MOREIRA BENTO  NO ENCERRAMENTO DA POSSE DO CEL ROSTY

 

Hoje, depois de perto de 14 anos de fundada a Academia de História Militar Terrestre do Brasil empossa como seu acadêmico o Cel Cláudio Skora Rosty na cadeira especial historiador José Antônio de Mello Neto, o grande e imbatível historiador da dominação holandesa no Nordeste e, em especial, da série Restauradores de Pernambuco, que tanto utilizamos em 1971 para escrevermos nosso 1º Livro; As Batalhas dos Guararapes, descrição e análise militar e depois para escrevermos o capítulo Guerras Holandesas, como historiador, convidado pelo Chefe do Estado-Maior do Exercito Gen Ex Alfredo de Souto Malan, hoje patrono de cadeira na AHIMTB para a História do Exército Brasileiro - perfil militar de um povo editada em 1972, pelo Estado-Maior do Exército em comemoração ao sesquicentenário da Independência, bem como nos ajudou na coordenação, projeto e inauguração do Parque Histórico Nacional dos Guararapes em 19 de abril de 1971 pelo Presidente Emílio Médici. O novo acadêmico foi recebido em nome da AHIMTB pelo acadêmico Cel Darzan Netto da Silva, Diretor da Revista do Clube Militar da qual no centenário do Clube tivemos a honra de produzi-la em obra coletiva sob a coordenação do saudoso mestre General Jonas Correra, hoje patrono de cadeira na AHIMTB e que havia sido o editor da Revista do cinqüentenário do Clube. Assim foi resgatada a bela História da entidade, berço da Abolição e da República e em seu número 280 – Edição Histórica.

        O Cel Darzan ao receber o Cel Rosty sintetizou muito bem o alentado currículo de 56 páginas do novo acadêmico, um ilustre paranaense que desempenhou intenso e muito produtivo trabalho como conferencista sobre a guerra da Restauração de Pernambuco aos holandeses, em especial sobre as Batalhas dos Guararapes e do Montes das Tabocas, e sobre o Major Antônio Dias Cardoso, um esquecido restaurador de Pernambuco, cujo valor militar ficou evidenciado numa análise militar nossa em nosso livro As batalhas dos Guararapes com apoio em nossa análise e interpretação militar ,na obra de José Antônio de Mello Neto na série Restauradores de Pernambuco, fato reconhecido pelo mestre Câmara Cascudo em depoimento na 4ª capa de nosso livro citado sobre as Batalhas dos Guararapes. E que  desde então adotado extra oficialmente como patrono das Forças Especiais até sua oficialização  como seu patrono  por empenho do Gen Ex Lima Fajardo então comandante do COTER.

       Tivemos o prazer de conhecer o Cel Rosty no contexto do 1º Seminário Guararapes, promovido em abril de 1999 pelo CMNE.

       Então o Cel Rosty comandava o histórico 14º Batalhão de Infantaria, o Batalhão Guararapes, encarregado da administração do Parque Histórico Nacional dos Guararapes que fora inaugurado 25 anos antes, quando tivemos a ventura de coordenarmos no então IV Exército, o seu projeto, construção e inauguração e lá lançarmos em sua inauguração em 19 de abril nosso primeiro livro citado sobre As Batalhas dos Guararapes uma interpretação militar pioneira das  mesmas, à luz dos fundamentos da Arte Militar, apreendidos no nosso Curso na ECEME 1966/69.

      Neste Seminário fomos convidados junto com o acadêmico Cel Maia Pedrosa e acadêmico Frederico Pernambucano de Mello, o qual o Cel Rosty hoje substitui na cadeira José Antônio de Mello Neto. Assim fomos encarregados de pronunciarmos palestra na SUDENE para toda a Guarnição Militar do Recife. E lá estava firme no apoio eficiente a este evento, o Cel Rosty e seu Regimento Guararapes.

       No outro dia no Parque Histórico dos Guararapes lá estava o Cel Rosty e seu Batalhão, coordenando de maneira exemplar tudo e fazendo demonstrações de aspectos dos ataques patriotas na 1ª Batalha.

       Lembro neste dia haver sido alvo de uma surpresa desconcertante da parte do comandante da 4ª Divisão de Exército, o General Paulo Yog Uchoa.

       Toda a Guarnição formada junto de Belvedere dos Montes Guararapes. Na hora do hasteamento do Pavilhão Nacional, muito surpreso fui chamado para hastear a Bandeira sob o argumento de “reconhecimento a nossa atuação em 1971 para tornar realidade aquele empreendimento e pela primeira interpretação militar das batalhas à luz dos fundamentos de Arte Militar”.

       E foi a aplicação de ensinamentos da ECEME, as descrições minuciosas do grande historiador, hoje patrono de cadeira da AHIMTB e na época presidente do Instituto Histórico de Pernambuco onde  lá comparecemos para informar o andamento do projeto.

         Creio que  o Cel Rosty deve ter se apoiado nas descrições de José Antônio para produzir seu  livro; A Batalha de Monte das Tabocas, e divulgado intensamente as Batalhas dos Guararapes, cuja primeira batalha  passou ser o Dia do Exército. E acredito que como historiadores militares eu e o Cel Rosty e o acadêmico, Cel Manoel Soriano Neto contribuímos para a conquista deste objetivo.

       De lá para cá são impressionantes as atividades desempenhadas pelo novo acadêmico na historiografia militar brasileira e particularmente como conferencista.

       Não poderia aqui deixar de mencionar o que escrevi no meu livro; Como estudar e pesquisar a História do Exército Brasileiro, editado pelo Estado-Maior em 1978 e reeditado em 1999. Fizemos esta distinção:

        Historiador é o que resgata um evento com a maior riqueza de detalhes e isenção, com apoio em fontes íntegras, autênticas e fidedignas. E aquele que restaura um evento, o descrevendo com todas as suas características.

        Historiador de Estado-Maior é  um profissional militar na ativa ou na reserva, conhecedor de Arte e Ciência Militar, que apoiado em descrições de um historiador civil ou militar, retira da mesmas subsídios de História Militar Crítica, á luz de fundamentos de Arte e Ciência Militar, visando a formação profissional do militar nessa área e isola  subsídios na forma de erros e acertos para o desenvolvimento no nosso caso de uma Doutrina Militar Brasileira pelo planejador e o pensador militar brasileiro incorporá-la ao Corpo de Doutrina do Exército impresso para conhecimento de toda a força

         A Academia dentre os seus objetivos destaca a sua preocupação em levantar experiências doutrinárias militares brasileiras genuínas, para subsidiar a hipótese do desenvolvimento de uma Guerra de Resistência na Amazônia, a estratégia do fraco contra o forte, como a definiu, o Cel Golbery Couto e Silva, em sua obra; Planejamento Estratégico em 1955.

        Guerra de resistência ou de guerrilhas baseadas em doutrinas militares brasileiras genuínas, como Guerra Brasílica que conseguiu expulsar os holandeses do Nordeste do Brasil em 1654, a Guerra a Gaúcha que conseguiu expulsar e manter fora do Rio Grande do Sul os espanhóis em 1776, sem esquecer a Guerra Amazônica liderada pelo Capitão Pedro Teixeira que conseguiu expulsar da nossa Amazônia os holandeses e ingleses que ali haviam se fixado. E ali, mais as guerras de resistência no Amapá e no Acre lideradas pelo general Cabralzinho e Plácido de Castro, enfrentando forças regulares estrangeiras. Guerras de Resistência Brasílica. Gaúcha, Amazônica, do Amapá e do Acre que ajudaram a definir o destino brasileiro em suas dimensões continentais. que não foram obra de um milagre. Guerras de Resistência em que estiveram presentes o pensamento militar lusitano interpretado  pelo General Paula Cidade que foi meu patrono no IHGMB :” Julgada a causa justa ,pedir proteção divina e atuar ofensivamente. Mesmo em inferioridade de meios.” Pensamento militar decorrente do pensamento político de Portugal tão presente em vivo em Lusíadas de Camões ;Dilatar a Fé ( católica ) e o Império( Portugal)

         E mais experiência de guerra de Resistência teve o Brasil, como a secular Guerra do Mato, desenvolvida por ambos os contendores  na Guerra dos Palmares. Modalidade que o guerrilheiro José Bonifácio, contra forças de Napoleão em Portugal, planejava desenvolver no Brasil, caso ele fosse invadido. Enfim, doutrinas militares terrestres genuínas que solucionaram graves problemas do Brasil, sem o concurso predominante que nos tem influenciado; a espanhola, a inglesa, a alemã, a francesa e a norte-americana desde 1939.

       A História Militar Terrestre do Brasil que nossa Academia se concentra é o seu ramo; História Crítica, aquela de cuja análise, por profissionais militares da Ativa , Reserva e Reformados à  luz dos fundamentos da Arte e Ciência Militar, o soldado desenvolve a sua cultura profissional e o pensador e o planejador militar dela retira subsídios doutrinários. E não prioriza a História Descritiva, que é escrita e divulgada sem a preocupação com a aprendizagem da Arte Militar e a coleta de subsídios que possam contribuir para o desenvolvimento de uma doutrina militar terrestre brasileira, infelizmente este ramo, importante para fortalecer a identidade e perspectiva histórica dos integrantes do Exército  tem predominado entre nós, mas que não tem contribuído para a formação em Arte e Ciência Militar brasileira dos profissionais do nosso Exército e para o desenvolvimento de uma Doutrina Militar genuína , como a sonhou o Duque de Caxias patrono do Exército e de nossa Academia em 1865.    E nos parece que uma doutrina militar terrestre brasileira genuína calcada em sua rica História Militar se impõe mais do nunca. Pois basta uma análise sumária do Bloco BRIC Brasil- Rússia China- Índia em que o Brasil forma ao lado de três grande potencias nucleares com doutrinas militares genuínas e o Brasil por realizar os sonhos de Duque de Caxias e marechais Floriano Peixoto e Castelo Branco e coronéis e dos coronéis J. B. Magalhães e nosso Amerino Raposo Filho entre outros. Parece chegada a hora!   Pais  é rico deve ser forte. E no nossa caso possuir poder dissuasório compatível para defender hoje a nossa Amazônia e o projetado Pré Sal. O Executivo e o Legislativo do Brasil estão atentos a esta realidade?

  Agradecemos à presença dos que prestigiaram esta cerimônia. Obrigado pela atenção e um convite para que participem e prestigiem a Academia de História Militar Terrestre do Brasil, na sua nobre tarefa de ajudar a conquistar o Objetivo Estratégico atual nº 1 do Exército definido na administração do Ministro General Zenildo de Lucena e reafirmado por seus sucessores. Ou seja

   “Pesquisar, preservar, cultuar e divulgar a História, as Tradições e os Valores morais, culturais e históricos do Exército”.

    Espera a AHIMTB estar hoje recebendo um grande reforço com a inclusão em seu Colégio Acadêmico do dinâmico e vibrante acadêmico Cel Cláudio Skora Rosty.

   Em tributo a Disciplina e a Hierarquia, fundamentos do Ordenamento Jurídico do Brasil, como é da  tradição desta  Academia, convido o acadêmico Emérito Gen Ex Jonas Correia Neto, a ,maior autoridade hierárquica aqui presente e Presidente de Honra desta sessão, para a encerrar e proferir algumas palavras de estímulo para nós.

 


7 - PALAVRAS FINAIS E ENCERRAMENTO

 

Presidente de Honra da Sessão, Gen Ex Jonas de Morais Correia Neto, como a mais alta autoridade hierárquica presente a cerimônia, segundo tradição da AHIMTB.

Palavras recolhidas de memória na medida do que foi possível pelo Acadêmico Delegado no Rio Ten R/2 Art Eng Israel Blagberg.

 

“ Senhoras e senhores!

Já que me foi concedida a palavra para dizer alguma coisa, queria assinalar o ingresso do Cel ROSTY, nosso companheiro e confrade do IGHMB, aqui nesta Academia de História Militar Terrestre do Brasil em tão boa hora fundada por este “Bandeirante dos Institutos”, que é o Cel BENTO. Sobre o que eu não abro mão de dizer esta palavra Bandeirante. Bandeirantes foram aqueles que plantaram e criaram às vezes do nada, algo a serviço do País. Como é o caso desta Academia de Historia Militar Terrestre do Brasil.

Acho que cabe a esta academia, a que tenho a honra de pertencer, devido à sua finalidade marcada na sua denominação de História Militar Terrestre do Brasil, isto é aquela, que fixa as suas pesquisas e as suas conclusões, em especial na parte Terrestre da nossa História Militar. Parte que muito diz respeito ao Exército Brasileiro. E entre todas as coisas que podem ser ditas do Exercito são os símbolos e sentimentos sobre uma Instituição Nacional, indispensável e permanente com a sua  história, dentro da História do Brasil.

Dizem que sou historiador porque pertenço a estas instituições. Não sou não. Sou historiógrafo, sobretudo um estudioso, um repetidor procurando melhorar tudo aquilo o que já foi dito, por isto a mim faltam os elementos para aceitar de maneira convicta que o Exército Brasileiro tenha nascido em Guararapes. A Nacionalidade, sim, nasceu em Guararapes. E há um livro escrito por um aviador, Brigadeiro Lysias Augusto Rodrigues. O que é um belíssimo livro, pouco conhecido, porque foi publicado pela Biblioteca Militar. Chama-se Formação da Nacionalidade Brasileira. É uma análise técnica, esplêndida de se ler. Livro apreciável, de agradável leitura, não reeditado. Creio que em Guararapes surgiu a Nacionalidade. Ali a fusão das etnias foi concretizada, o que hoje é explorado noutro sentido, altamente negativo. Então, Cel Rosty, agora com esta minha observação, quem sabe na AHIMTB, e no IHGMB  o senhor assumiria esta tarefa: de dizer a razão do dia 19 de abril de 1648 ser o Dia  do Exército Brasileiro. Fica colocada a questão, que espero, o senhor tratará bem. Destaco tudo o que foi dito aqui nesta ótima sessão, com presenças excelentes de todos. E a declaro encerrada...   Muito Obrigado!


8- CONFRATERNIZAÇÃO MEMBROS ACADÊMICOS PRESENTES

Acadêmicos Presentes a Sessão. Da esquerda para a Direita : Cel Luiz Carlos Carneiro de Paula, Cel Darzan Neto da Silva, Cel Cláudio Skôra Rosty, Cel Cláudio Moreira Bento, Gen  Ex Jonas de Moraes Correa Neto, Gen ExPaulo César de Castro, Gen Bda Geraldo Luiz Nery da Silva, Prof. Israel Blajberg, Eng. Luiz Alberto da Costa Fernandes( D. Beto)

 

Ano 2009                                 Edição Especial Novembro           

Edição da Academia de História Militar Terrestre do Brasil Tiragem: 100 exemplares impressos

Editor:Jornalista  Cel Cláudio Moreira Bento Redação: Prof. Israel Blajberg, 3°. VP e Delegado – RIO – iblaj@telecom.uff.br Impressão: Editora Acadêmica

Esta edição poderá ser encontrada se em www.ahimtb.org.br/informativo

e-mail: bentocm@resenet.com.br  e  bento1931@gmail.com. Tel: (24) 3388-4788 AMAN


 

[1] Publicado in Novos Estudos Afro-Brasileiros. Rio 1937; 2ª ed. Recife: Massangana, 1988.

[2] Rio: José Olympio, 1947.

[3] Recife: Imprensa Universitária, 1967. 2 v.

[4] 51.874 de arquivos portugueses.

[5] No dizer de José Honório Rodrigues, “trata-se do mais notável acervo de documentos históricos já reunidos pelo Brasil em uma Universidade”; in A Pesquisa Histórica no Brasil. Sua evolução e problemas atuais. 4 ed. São Paulo. Editora Nacional, 1982.

[6] Cronologia e Bibliografia (Recife 1995), elaborado pela bibliotecária Lúcia Maria Coelho de Oliveira Gaspar, da Fundação Joaquim Nabuco.

[7] Washington 1958.

[8] Amsterdam 1979.

[9] 10v. Recife: FUNDARPE, 1983-1985, Coleção Pernambucana; 2ª fase, v. 2-11.

[10] Com segunda edição em Portugal, 2001.

[11] E a 2 ed. Recife 1986.

[12] Editado no Recife pela Editora Massangana da Fundação Joaquim Nabuco, em 1989.

[13] Com apresentação do interesse do bibliófilo José E. Mindlin e do patronato do Banco Safra.

[14] São Paulo: USP, 1975.

 

"Para alimentar o cérebro de um Exército na paz, para prepará-lo para a eventualidade indesejável de uma guerra, não existe livro mais fecundo em meditações e lições do que o da História Militar."