Sessão Solene da AHIMTB
A seguir será transcrita na
íntegra, a Sessão Solene no Arquivo Nacional que empossou o Cel
Cláudio Skôra Rosty na Academia, e que obedeceu ao rito tradicional,
conforme descrito nesta Edição Especial.
Mesa
Diretora: Gen Geraldo Luiz Nery da Silva, Gen Jonas de Moraes Correa
Neto, Cel Cláudio Moreira Bento, Gen Paulo César de Castro, Profa.
Maria Isabel de Oliveira coordenadora geral de Gestão do Arquivo
Nacional.
Sessão
Solene de Posse de Acadêmico Cel Cláudio Skôra Rosty.Recebido
em nome da Academia pelo Acadêmico
Cel Darzan Neto da
Silva
Cadeira
Especial Patrono: Prof. Dr. JOSÉ ANTÔNIO GONSALVES DE MELLO
1°. Ocupante:
Prof. Dr. Frederico Pernambucano de Mello
Delegacia da AHIMTB no Rio de
Janeiro Marechal João Baptista de Mattos
ARQUIVO NACIONAL
Praça da República, 173 – Centro –
Rio de Janeiro - RJ
Quinta-Feira 22 de outubro de 2009
às 09 h
Sumário
1- Abertura -
Palavras iniciais do Presidente da Academia Cel Cláudio Moreira
Bento
2- Oração da Academia na Abertura
da Sessão
3- Palavras de homenagem ao
Patrono da Delegacia Gen João Batista de Matos
4-
-
Posse de Acadêmico - Oração de
Recepção pelo Acadêmico Cel Eng Darzan Neto da Silva
5- Oração de Posse do Acadêmico
Cel Cláudio Skôra Rosty
6- Palavras
Finais do Cel Cláudio Moreira Bento Presidente da AHIMTB
7- Palavras
finais pelo Presidente de Honra da Sessão, acadêmico emérito Gen Ex
Jonas de Moraes Correa Netto
8-
Confraternização
1 – ABERTURA
- Formação da Mesa
Diretora: O Presidente da AHIMTB Cel Bento nomeou o Presidente de
Honra, Acadêmico Emérito Gen Ex Jonas de Moraes Correa Netto e, 1º
ocupante da cadeira 34, Patrono Gen Jonas Correa e declarou aberta a
Sessão.
- Canto do Hino
Nacional Brasileiro
- Palavras iniciais e Finalidade da Sessão, pelo Cel CLÁUDIO MOREIRA
BENTO, Presidente da AHIMTB.
- Leitura da
Oração da Academia pelo 3º. Vice Presidente e Delegado da Delegacia
Mar João Batista de Mattos, Acadêmico Ten R/2 Art Prof Israel
Blajberg.
2 - ORAÇÃO DA ACADEMIA NA ABERTURA
DE SESSÃO
PEDIMOS A DEUS QUE
NOS DÊ SABEDORIA, PARA DESCOBRIR AS MELHORES LIÇÕES E A
VERDADE HISTÓRICA, NAS PESQUISAS E REFLEXÕES DA
ACADEMIA DE
HISTÓRIA MILITAR TERRESTRE DO BRASIL. CORAGEM MORAL E
VONTADE CULTURAL, PARA ESCOLHER AS MELHORES LIÇÕES E A VERDADE
HISTÓRICA. FORÇA, GARRA E DETERMINAÇÃO PATRIÓTICA,
PARA FAZER COM QUE
A VERDADE HISTÓRICA E AS MELHORES LIÇÕES TRIUNFEM SOBRE AS
FALSIDADES, DETURPAÇÕES, INDIFERENÇA E IGNORÂNCIA.TUDO PARA A MAIOR
GLÓRIA E DESENVOLVIMENTO DAS FORÇAS TERRESTRES DO BRASIL, NO
EXERCÍCIO O MAIS COMPETENTE POSSÍVEL DE SUAS MISSÕES
CONSTITUCIONAIS.
QUE ASSIM SEJA !!!
3- PALAVRAS DE HOMENAGEM AO
PATRONO DA DELEGACIA
GEN JOÃO BATISTA DE MATOS
O Patrono da Delegacia(síntese
pelo 3º Vice Presidente da AHIMTB e Delegado da AHIMTB no Rio de
Janeiro Eng Israel Blagberg)
MARECHAL JOÃO
BAPTISTA DE MATTOS, nascido no alvorecer do século, neto e bisneto
de escravos. Em 1918, poucos anos decorridos da Abolição torna-se um
Cadete do Realengo, ingressando no Exército que o acolhe e o irmana
à juventude, independente de berço de qualquer origem, transformando
a todos em soldados brasileiros.
Declarado
aspirante a oficial da arma de Infantaria, depois de haver recebido
instrução por dois anos da Missão Indígena. A sua turma de 1920 da
antiga Escola Militar daria ao Brasil outros Marechais, como
Castello, Costa e Silva, Kruel, Maurell, e Levy Cardoso, o último
falecido neste ano. Esteve à frente de tropa em combate, tornou-se o
historiador dos monumentos Brasileiros. Presidiu o IGHMB, e o SBG.
A Delegacia
RIO desta Academia tem o privilégio de ostentar o seu nome honrado
de soldado exemplar, educador dedicado e historiador eminente,
Marechal João Baptista de Matos.
4 - POSSE DE ACADÊMICO
Oração de Recepção
em nome da AHIMTB ao novo Acadêmico
Cel Cláudio Skôra
Rosty pelo
Acadêmico Cel
Eng Darzan Neto da Silva
Ocupante da Cadeira
nº. 45, Patrono Gen Flamarion Barreto.
ACADEMIA DE HISTÓRIA MILITAR
TERRESTRE DO BRASIL (AHIMTB)
Rio de Janeiro, 22 de outubro de
2009.
Saudação de Posse ao Cel Cel
Cláudio Skôra Rosty
Senhor Cel Cláudio Moreira Bento,
Presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil,
Excelentíssimos Senhores Oficiais Generais, Senhoras e Senhores e
Senhores Acadêmicos.
Recepção na Academia de História
Militar Terrestre do Brasil do Cel Cláudio Skôra Rosty, que
ocupará a Cadeira Especial, José Antônio Gonsalves de Mello.
Estimado Cel Rosty!
Tenho a satisfação de recebe-lo em
nome da Academia de História Militar Terrestre do Brasil, que, com
justificado júbilo, lhe recebe como Acadêmico.
A Academia foi fundada em 1º de
março de 1996, em Resende, “Cidade dos Cadetes”, pelo renomado
historiador militar Coronel Cláudio Moreira Bento, que escolheu o
dia de sua fundação para coincidir com o do término da Guerra da
Tríplice Aliança e o inicio do ensino militar em Resende.
O Cel Rosty nasceu em 23 de agosto
de 1952 na cidade de Piraí do Sul, no Paraná. Ingressou na Carreira
das Armas em 1º de Março de 1971 foi declarado Aspirante a Oficial
de Infantaria da Turma de 1975 e concluiu os cursos militares da
EsAO em 1985, ECEME 1995.
Cursou a Pós-Graduação em
Supervisão Escolar, no ano de 1999, pela Universidade Federal do
Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e a Pós-Graduação lato sensu
em História Militar Brasileira, em 2007, pela Universidade
Federal do Estado Rio de Janeiro (UNIRIO), em convênio com
Departamento de Ensino e Pesquisa do Exército (DEP), Coordenado pelo
Instituto de Geografia e História Militar do Brasil (IGHMB).
Das funções
militares desempenhadas pelo Cel Rosty destacamos:-
Instrutor da Academia Militar das Agulhas Negras;- Subcomandante do
Batalhão da Guarda Presidencial;- Comandante do 14º Batalhão de
Infantaria Motorizado – Regimento Guararapes;- Responsável pela
Segurança e Administração do Parque Histórico Nacional dos
Guararapes.
O Cel Rosty realiza, atualmente,
as seguintes atividades:-
Consultor técnico-científico em História Militar do Laboratório de
Arqueologia do Departamento de História da Universidade Federal de
Pernambuco;- sócio titular e Diretor 1º Secretário do Instituto de
Geografia e História Militar do Brasil;- Assessor e Gestor Cultural
da Diretoria do Patrimônio Histórico e Cultural do Exército (DPHCEx).
Das atividades culturais
desenvolvidas pelo Cel Rosty, salientamos:Sócio
Correspondente da- Academia da História Militar do Paraguai;- do
Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano;- do
Instituto Histórico e Geográfico de Vitória de Santo Antão –
Pernambuco.
Publicações:-
A Batalha do Monte das Tabocas - o início do fim;- As
Batalhas do Monte das Tabocas e dos Montes Guararapes - as grandes
vitórias.
- Artigos publicados na Revista
Verde Oliva do Exército Brasileiro;-
350 Anos da Restauração Pernambucana;- Arraial Novo do Bom Jesus (1º
Quartel General do Exército Brasileiro); Batalha do Monte das
Tabocas; - Cabo de Santo Agostinho;- Forte Real, ou Arraial do Bom
Jesus;- Matias de Albuquerque – herói de dois Mundos;
Do Século XVII, as Invasões
Holandesas no Brasil foram os assuntos que ocupam sua maior área da
sua pesquisa – os
artigos de sua autoria e publicados destacam os aspectos relevantes
da História Militar da Força Terrestre na luta contra o invasor
holandês, bem como a atuação dos seus principais líderes, a
organização militar da força, o armamento e, principalmente, a
Guerra Brasílica. - 350 Anos
da Restauração Pernambucana – assim nasceu o Exército; - A Batalha
do Monte das Tabocas e o Exército Brasileiro;- A Batalha do Monte
das Tabocas: Princípios de Guerra, Meios e Formas de Combate;- A
Invasão Holandesa em Pernambuco e o Exército Brasileiro;- Arraial
Novo do Bom Jesus. O Primeiro Quartel General do Exército; - As
Batalhas da Restauração Pernambucana; - Insurreição Pernambucana, a
Batalha dos Guararapes e a rendição na Campina do Taborda; - O
Compromisso Imortal e o Despertar do Sentimento Patriótico
Pernambucano; - O Imperador D. Pedro II nos Campos da Batalha da
Insurreição Pernambucana.
Do Séc. XIX, Duque de Caxias, “O
Pacificador”, Herói Nacional e Patrono do Ex Brasileiro, é revelado
para seus leitores nos aspectos mais relevantes que o distinguiram
como o Militar, o Cidadão, e o Político.
- A Vida do Duque de Caxias; -
Caxias – 200 Anos Soldado e Pacificador; - Caxias - o Patrono do
Exército; - Caxias e a Integridade Nacional;- Caxias e o Império; -
Caxias nas lutas internas e externas; - Duque de Caxias – Herói
Nacional e Patrono do Exército Brasileiro; - Duque de Caxias – o
Cidadão, o Homem e o Político; - Luiz Alves de Lima e Silva – Duque
de Caxias.
Do Séc. XIX, com a Guerra da
Tríplice Aliança, o Cel Rosty, no mês de setembro, realizou a sua
segunda visita histórica cultural aos campos de batalha da guerra da
Tríplice Aliança, percorrendo o itinerário do Brigadeiro Sampaio
(Três Bocas, Itapiru, Passo da Pátria, Estero Belaco. Tuyuty,
Curupayty, Passo Pocu, Fortaleza de Humaitá e Pilar). Visitou a
fundição de Casa Rosadas (IBYCUY) e a fazenda onde nasceu Bernardino
Cabalero, complementando, com a prática, a sua fortuna crítica.
- A Grande Guerra Maldita: Nova
História de uma Velha Guerra contra López; - A Guerra da Tríplice
Aliança – Mariana Amália a Heroína da Vitória; - A Guerra da
Tríplice Aliança – os Caminhos dos Voluntários da Pátria de
Pernambuco; - As Destinadas na Guerra da Tríplice Aliança.
Do Séc. XX, o Brasil na 2ª
Guerra Mundial, a atuação da FEB na campanha da Itália e os feitos
heróicos dos pracinhas brasileiros são relatados nos seguintes
artigos:
- 60 Anos de participação da F.E.B.
na II Guerra Mundial; - Força Expedicionária Brasileira – 60 anos, a
Cobra Fumou; - Força Expedicionária Brasileira (FEB) - O Soldado
Brasileiro na História do Brasil. - Montese e a Vitória da FEB na II
Guerra Mundial- Apresentou no 1º Seminário de Estudos sobre a FEB”
na Universidade Federal do Rio de Janeiro a palestra: “O roteiro da
FEB na campanha da Itália”.
Outros temas de História foram
abordados pelo Cel Rosty, dos quais destacamos;-
A Formação do Exército Brasileiro;- As Conseqüências Militares da
Vinda da Corte Portuguesa para o Brasil;- Antônio Dias Cardoso, o
Herói Esquecido;- Dia da Bandeira Nacional com a apresentação das
Bandeiras Históricas.
Participou no
XXXV – Congresso Internacional de História Militar na cidade do
Porto no período de 27 Agosto a 5 de Setembro de 2009
apresentando:- A Invasão da Guiana Francesa: tomada de Caiena;
Pelo seu amplo e categorizado
trabalho, fundamentado no estudo e na pesquisa de fontes primárias
apresentadas quando da elaboração de livros e artigos sobre História
Militar Brasileira, e na certeza do muito com que contribuirá para a
Academia de História Militar Terrestre do Brasil, temos a satisfação
de recebê-lo para ocupar a Cadeira Especial, cujo patrono é José
Antônio Gonsalves de Mello.
Cel Darzan Neto da Silva-Cadeira
Gen Flamarion Barreto Lima
5 - ORAÇÃO DE POSSE DO ACADÊMICO
Oração de Posse do novo Acadêmico
Cel Cláudio Skôra Rosty na Cadeira Especial, Patrono Prof. Dr. JOSÉ
ANTÔNIO GONSALVES DE MELLO, Exaltação ao Patrono e saudação ao
ocupante anterior, (1°.), Prof. Dr. Frederico Pernambucano de Mello,
elevado a Acadêmico Emérito, ao qual sucede.
Bom Dia!
Senhor Presidente! Da AHIMTB Cel
Cláudio Moreira Bento. Acadêmico Emérito Gen Ex Jonas de Moraes
Correia Neto , Acadêmico Sr Gen Ex Paulo César de Castro antigo
chefe do DECEx, Professora Maria Isabel de Oliveira coordenadora
geral de Gestão do Arquivo Nacional. E todos que abrilhantam esta
cerimônia com suas presenças!
Muito me honra a distinção de ser
admitido nesta Academia, aqui no auditório do Arquivo Nacional,
ainda mais ter como patrono de Cadeira Especial o Prof. Dr. José
Antônio Gonsalves de Mello, sendo o 1º ocupante seu sobrinho, o
Prof. Dr. Frederico Pernambucano de Mello, meu amigo de pesquisas
históricas sobre Guararapes e agora, elevado à categoria de
Acadêmico Emérito.
A alegria de ser acolhido nesta
casa dedicada à pesquisa e ao estudo da história militar brasileira
é ainda maior, quando sou recebido, por um dileto, ilustre confrade
do IGHMB – Cel Darzan Neto da Silva. Que há muito aprendi a
respeitar, por seus conhecimentos de história militar do Período
Imperial, principalmente sobre as Campanhas do Prata, da Guerra dos
Farrapos e da Tríplice Aliança. Homem dotado de invulgar tirocínio,
comedido em suas manifestações e absolutamente sóbrio, quando tem de
opinar ou manifestar um parecer, e que muito me tem ajudado na
honrosa tarefa, que desempenho atualmente como 1º Diretor Secretário
do IGHMB.
Cel Darzan muito obrigado por me
fazer recordar os momentos vividos pesquisando, estudando,
escrevendo e preparando palestras e trabalhos sobre a História
Militar.
Reconheço que ser acadêmico da
AHIMTB e ter como patrono o “Grão Mestre da História de Pernambuco e
do Nordeste” – José Antônio Gonsalves de Mello é ter sobre os ombros
a responsabilidade da divulgação, da preservação e da continuidade
dos estudos e das pesquisas voltadas para o período das Invasões
Holandesas no Brasil. Período este contemplado por tão vasta e rica
bibliografia nacional e estrangeira, se tornando um dos mais
documentados e estudados do Brasil Colonial.
O primeiro titular desta cadeira
especial – Prof. Dr. Frederico Pernambucano de Mello, possui
formação em História e Direito, sendo Procurador Federal
(aposentado) no Recife, cidade onde nasceu em 1947.
É documentarista, advogado,
sociólogo, escritor e historiador, destaca-se pela contribuição ao
entendimento de inúmeros fatos e episódios militares da formação de
nossa nacionalidade, como a guerra dos holandeses, os fenômenos do
banditismo nordestino e os conflitos civis no Nordeste.
Os serviços que emprestou ao
Exército no campo da história militar são inúmeros e reconhecidos
por todos nós. Ele é sócio colaborador do IGHMB, honrado com o
diploma de Colaborador Emérito do Exército, Oficial da Ordem do
Mérito Militar, Medalha do Pacificador, Medalha do Mérito
Guararapes, Medalha do Mérito da Fundação Joaquim
Nabuco, sendo convidado para
proferir inúmeras conferências em estabelecimentos de ensino
militar, tais como Escola de Estado-Maior e de Aperfeiçoamento do
Exército, participou dos simpósios realizados pelo 14º BIMTz –
Regimento Guararapes e pelo Comando da 7ª RM e 7ª DE – Região
Mathias de Albuquerque, nos quais deixou notável lembrança de
erudição, cultura e firmeza na interpretação dos fatos.
Tudo isto é comprovado pela
publicação de excelentes livros e artigos de interesse para a
História Militar Brasileira, dentre os quais se destacam: “A
TRAGÉDIA DOS BLINDADOS”, “A GUERRA TOTAL DE CANUDOS”, “ASPECTOS DO
BANDITISMO RURAL NO BRASIL”, “QUEM FOI LAMPIÃO”, “TAMBORES DE MARTE
EM GUARARAPES”, “GUERREIROS DO SOL”, e no prelo, o livro ESTRELAS DE
COURO: a estética do cangaço, resultado de estudo profundo a que se
dedicou desde o ano de 1997.
Pela originalidade de seus estudos,
pelo volume das obras que produziu, e por se dedicar a aspectos
profundos de nossa história considerados ásperos e de pesquisa
difícil ou penosa, tem sido considerado, sobretudo no meio acadêmico
paulista, o “Historiador do Brasil Profundo”.
Como diretor da Fundação Joaquim
Nabuco órgão que dirigiu por muitos anos, me honrou com a
possibilidade de pegar em minhas mãos o único exemplar no Brasil, da
Medalha de Prata da Companhia das Índias Ocidentais, conferida ao
Cel polonês Arciszewiski pela conquista do Arraial do Bom Jesus e da
Batalha da Mata Redonda.
Seu campo de ação cultural e
intelectual é vastíssimo foi superintendente do Instituto de
Documentação e fez parte, por mais de quinze anos da equipe do
sociólogo Gilberto Freire na Fundação Joaquim Nabuco.
Foi curador internacional da
Fundação Bienal de São Paulo por cinco anos. É curador de muitos
institutos e fundações do País, sendo sócio efetivo do Instituto
Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano e sócio
correspondente de inúmeros institutos similares em Alagoas, Rio de
Janeiro, Sergipe e Rio Grande do Norte.
Atuou com destaque em áreas
culturais do exterior e teve êxito no campo das letras, sendo
presidente da União Brasileira de Escritores - Seção Pernambuco e
membro efetivo da Academia Pernambucana de Letras e ocupa ainda, a
cadeira número 36 desde o ano de 1988.
É uma grande honra ser o sucessor
de tão distinto, ilustre e destacado acadêmico.
Discorrer sobre o legado de José
Antônio Gonsalves de Mello é tarefa que muito me traz
satisfação, por ter constatado em meus cinco anos vividos nos sítios
históricos em terras pernambucanas, o trabalho deixado por Zé
Antônio, como é mais conhecido pelos amigos.
O bairro recifense da Jaqueira, às
margens do Rio Capibaribe na Rua Leonardo Cavalcanti, casa do seu
avô materno, Professor Virgínio Marques Carneiro Leão, foi o berço
do grande brasileiro, que veio a este mundo, em 16 de dezembro de
1916. Filho de Albertina Carneiro Leão de Mello e Ulysses
Pernambucano de Mello, reconhecido médico psiquiatra e cientista
social. José Antônio Gonsalves de Mello teve desde cedo, sua atenção
despertada para os estudos pernambucanos pelo seu avô paterno (de
quem herdou o nome), então sócio do Instituto Arqueológico,
Histórico e Geográfico Pernambucano.
Teve influência do seu primo e
amigo, Gilberto de Mello Freyre, desde 1929, o qual o convidou para
colaborar na elaboração da primeira edição de Casa-Grande & Senzala
(1933), para a qual contribuiu reunindo anúncios e notícias
compilados das coleções dos jornais: Diário de Pernambuco, A
Província, Jornal do Recife e outros, arquivados na então Biblioteca
Pública do Estado de Pernambuco. Ainda, por sugestão de Gilberto
Freyre veio, a partir de 1933, dedicar-se aos estudos da língua
holandesa, tendo por
professores os padres holandeses do
Colégio do Sagrado Coração na Várzea e no Convento do Carmo do
Recife, estabelecidos no subúrbio recifense.
Já estudante da Faculdade de
Direito do Recife, onde se formou em 1937, participou do 1º
Congresso Afro-Brasileiro do Recife, organizado por Ulysses
Pernambucano de Mello e Gilberto Freyre, tendo apresentado o
trabalho "A situação do negro sob o domínio Holandês" ([1]).
Iniciava assim os seus estudos
acerca da presença holandesa no Brasil (1630-1654), tema de sua obra
clássica, Tempo dos Flamengos - Influência da ocupação holandesa na
vida e na cultura do Norte do Brasil ([2]),
hoje em quarta edição e uma tradução para o holandês.
Com prefácio de Gilberto Freyre, o
livro se transformou numa ampla análise sobre influência da ocupação
holandesa na vida urbana e na vida rural do Nordeste do Brasil
naquela primeira metade do século XVII. Um estudo apurado sobre a
atitude dos holandeses para com os negros e a escravidão, para com
os índios e a catequese e para com os portugueses e os judeus, bem
como para com as religiões católica e a israelita, transformando-se,
assim, em um dos marcos da moderna historiografia nacional.
Para a produção de Tempo dos
Flamengos, José Antônio Gonsalves de Mello, então com 28 anos
incompletos, valeu-se da documentação reunida por José Higino Duarte
Pereira (1885-86), conservada no Instituto Arqueológico, Histórico e
Geográfico Pernambucano, bem como de uma extensa bibliografia,
resultando assim no mais completo estudo sobre a importância de tal
período de formação da nacionalidade brasileira.
Com a criação por Gilberto Freyre
do Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, em 1949, hoje
Fundação Joaquim Nabuco, coube-lhe a tarefa de organizar a nova
instituição na qualidade de seu primeiro presidente, função que
ocupou até 1950, quando retornou ao Instituto de Previdência e
Assistência dos Servidores do Estado - IPASE, sua repartição de
origem, na qual ingressou em 1935.
Convidado pelo Prof. Joaquim
Amazonas - reitor da então Universidade do Recife realizou pesquisas
em arquivos portugueses, entre 1951-1952, objetivando a elaboração
das biografias dos Restauradores de Pernambuco ([3]),
publicadas em separado a partir de 1954, quando das comemorações do
Tricentenário da Restauração Pernambucana, bem como de outros temas,
inclusive um levantamento histórico-cartográfico do Recife, de
interesse para a história do Nordeste do Brasil.
Transferindo-se do IPASE para a
Universidade do Recife, em 1953, veio ocupar a cadeira de História
da América na Faculdade de Filosofia. Em 1964 passou a exercer a
função de Diretor do Instituto de Ciências do Homem, na mesma
Universidade, acumulando com as funções de professor de História do
Nordeste, Paleografia, Métodos Históricos e Técnicas de Pesquisa.
Com a transformação daquele Instituto em Faculdade de Filosofia e
Ciências Humanas e a conseqüente mudança de centro de formação de
pesquisadores em curso de bacharelado e licenciatura, continuou
ministrando aulas no Curso de Mestrado de História até sua
aposentadoria em 1977.
Em sua segunda estada na Europa
(1957-1958), sob o patrocínio da Universidade do Recife, trabalhou
nos arquivos dos Países Baixos, onde pôde consultar a farta
documentação da Companhia das Índias Ocidentais, empresa responsável
pela conquista do Nordeste brasileiro, na qual estão incluídos
milhares de manuscritos da maior importância para o entendimento de
nossa história social. Por ocasião de uma terceira estada nos Países
Baixos pôde consultar a documentação notarial existente no
Arquivo Municipal de
Amsterdã, onde se conservam vários documentos relativos à Comunidade
Judaica do Recife.
Durante sua gestão no Instituto de
Ciências do Homem reuniu a invejável coleção de 60.000 documentos ([4])
de interesse para os estudos brasileiros na área do Norte e Nordeste
do Brasil, trazidos de arquivos de Portugal, Espanha, Grã-Bretanha e
Países Baixos, além de uma coletânea de mapas da região, cidades e
monumentos, especialmente copiados em aquarelas pela artista
portuguesa Isabel Sangareau da Fonseca ([5]).
Não somente os arquivos da Europa
mereceram a sua atenção, mas também, e principalmente, os arquivos
públicos estaduais, as listas dos reservados da Biblioteca Nacional
do Rio de Janeiro e da Biblioteca Nacional de Lisboa, os arquivos
das irmandades religiosas, os arquivos notariais, os arquivos de
sociedades civis, as coleções de jornais e sobretudo os arquivos do
Instituto Arqueológico Histórico e Geográfico Pernambucano e do
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
Na sua obstinação de pesquisador,
custeou a grande maioria de suas estadas nos mais diversos arquivos
da Europa, realizando assim um trabalho sem precedentes em favor da
história colonial do Norte do Brasil. Grande parte do produto dessa
vida dedicada à pesquisa faz parte da invejável bibliografia de
trinta títulos, além de contribuições outras em revistas, jornais e
obras compendiadas publicadas no Brasil e no exterior, hoje
relacionados no opúsculo José Antônio Gonsalves de Mello -
Cronologia e Bibliografia (Recife 1995) ([6]).
Gonsalves de Mello chegou à
livre-docência da Real Universidade de Utrecht e recebeu a Ordem de
Orange-Nassau, no grau de oficial, outorgada pela Rainha Juliana,
sem esquecer o Portugal da Ordem Militar de Cristo e a Academia
Portuguesa da História na qual se iniciou como correspondente,
chegando a acadêmico da cadeira 37.
No que diz respeito a sua
contribuição em obras coletivas, vale salientar a sua participação
na elaboração de mais de cem verbetes do Dicionário de História de
Portugal e a publicação da “História da Religião do Novo Mundo” ([7]),
com o artigo “Holandeses e calvinistas e a tolerância religiosa na
América Portuguesa”; no livro comemorativo ao tricentenário do
falecimento de João Maurício de Nassau (1604-1679), “Um príncipe
humanista na Europa e no Brasil”, publicado em língua inglesa ([8]),
com o artigo “Vicente Joaquim Soler no Brasil holandês”; nos
“Aditamentos e Correções” à 2ª ed. dos Anais Pernambucanos, de
Pereira da Costa ([9])
e na Revista do Instituto Arqueológico Histórico e Geográfico
Pernambucano, por ele dirigida a partir de 1965.
Entre suas obras, além de Tempo dos
Flamengos citaríamos a publicação da obra em três volumes,
“Restauradores de Pernambuco”, reunindo as biografias de João
Fernandes Vieira ([10]),
Francisco de Figueiroa, Antônio Dias Cardoso, Henrique Dias, Dom
Antônio Filipe Camarão, Filipe Bandeira de Melo, Francisco Barreto e
Frei Manuel Calado do Salvador, escritas sob encomenda da então
Universidade do Recife e publicadas separadamente (1954-56), e
Antônio Fernandes de Matos, em 1957, bem como do livro exemplo de
metodologia histórica, com capítulos modelares de como se deve
conduzir uma pesquisa na área das ciências sociais: Estudos
Pernambucanos e Crítica e problemas de algumas fontes da história de
Pernambuco, publicado em 1960 ([11]).
Outras de suas obras mereceriam
figurar nesta relação, mas em Gente da Nação. Cristãos-Novos e
judeus em Pernambuco 1542-1654 ([12]),
Gonsalves de Mello veio superar a si próprio no seu afã de descobrir
a verdade no complicado quebra-cabeças da pesquisa histórica.
Esgotada em três meses, a obra recebeu uma segunda edição em 1996 ([13]),
repetindo Evaldo Cabral de Mello seu primo em Olinda Restaurada ([14]).
José Antônio Gonsalves de Mello
fez jus aos títulos não apenas “o grão-mestre da história de
Pernambuco e do Nordeste”, como também “o mais vigilante guardião
dos valores que ela encerra”.
Na noite chuvosa de 18 de março de
2002 estava a Rua do Bom Jesus engalanada para festejar a
reconstituição da Sinagoga Kahal Kadosh Zur Israel (Santa Comunidade
Rochedo de Israel), a primeira em funcionamento nas três Américas. A
ausência de José Antônio Gonsalves de Mello turvava a solenidade.
Tudo que ali acontecia devia-se, tão-somente, a ele. Sem a sua
obstinação de pesquisador, sem o denodo do seu trabalho diuturno,
sem o seu desprendimento pelas coisas materiais, sem os seus
constantes estágios em arquivos de Portugal, Holanda, Espanha e
Inglaterra, nada daquilo que estava ocorrendo poderia acontecer. Só
a José Antônio, somente a ele, se deve os estudos reveladores acerca
do passado da comunidade judaica de Pernambuco e a identificação dos
dois prédios da Rua do Bom Jesus, no bairro do Recife, onde, entre
1636 e 1654, funcionou a primeira sinagoga das Américas.
Somente com a confrontação da
planta do início do século passado, existente no arquivo da Empresa
de Urbanização do Recife – URB, encontrada pelo arquiteto José Luiz
da Mota Menezes, foi novamente confirmada a identificação do local
da Sinagoga Zur Israel do Recife, e escavada pelo arqueólogo Marcos
Albuquerque do Laboratório de Arqueologia da UFPE.
Era tão grande a paixão de José
Antônio pela causa que, ele mesmo, se considerava um judeu. O sonho
de José Antônio foi finalmente realizado. Ele, porém, dois meses
antes, no dia 7 de janeiro de 2002, deixou o nosso convívio em busca
da eternidade, deixando três filhos: Diva Maria Gonsalves de Mello,
Maria Dulce Gonsalves de Mello e Ulysses Pernambucano de Mello,
neto, não assistiu a conclusão de suas obras, mas nos deixou seu
riquíssimo legado.
Concluo este trabalho reafirmando
a minha alegria de ter sido distinguido para ocupar tão
significativa cadeira especial de José Antônio Gonsalves de Mello.
Traços e itinerário da fulgurante
vida desse insigne pernambucano tentei mostrar, mas suas obras aí
estão, para serem consultadas e seguidas, como guia aos
pesquisadores. Ele foi a imagem do historiador completo, por
engajar-se de corpo e alma nas pesquisas e é para todos nós, este
momento, um momento de grande sorte por nos reunirmos agora, aqui
neste auditório do Arquivo Nacional, em torno do autor e de sua
obra: Tempos dos Flamengos.
Agradeço a quantos aqui vieram
compartilhar comigo esse momento, tão importante para mim. Marco de
minha atuação como estudioso da História Militar Brasileira.
Agradeço os integrantes do Arquivo Nacional pelo inestimável apoio.
Um especial agradecimento a Sra
Diva Maria Gonsalves de Mello (filha do patrono) e ao historiador
Leonardo Dantas por contribuírem com seus apontamentos para que esta
pesquisa fosse concluída.
Estamos vivendo a I Semana do
Patrimônio Histórico e Cultural Militar com a realização do II
Encontro de Gestão de Arquivos Militares, I Encontro de Bibliotecas
Militares, IV Encontro de Museu Militar de Cultura no Museu Militar
Conde de Linhares e I Seminário de História Militar aqui no Arquivo
Nacional com o tema: 120 Anos da Proclamação de República e Adoção
da Atual Bandeira Nacional. Por isso o auditório está ornamentado
com o Mal. Deodoro da Fonseca. Quero agradecer a Sociedade
Brasileira de Belas Artes na pessoa de sua presidente Therezinha
Hilau por ter a Prof Pintora ISABEL reproduzido em menos de vinte
dias o quadro que adorna o púlpito nesta cerimônia. Agradecer o
presidente, secretário, autoridades, acadêmicos, confrades, irmãos e
a todos, que muito me honraram e prestigiaram com suas presenças.
A todos enfim, meu muito
obrigado!
Após as palavras do novo acadêmico o Cel Bento cumprimentou a
brilhante exposição sobre estas duas brilhantes figuras: José
Antônio Gonsalves de Mello e o Prof. Dr. Frederico Pernambucano de
Mello, personalidades com quem conviveu em 1970 e 71 no Recife, por
ocasião da construção do Parque Histórico Nacional dos Guararapes (PHNG)
e na elaboração do seu livro As Batalhas dos Guararapes:
descrição e análise militar
Após a Assinatura do Termo de
Posse, o Gen JONAS fez a Entrega do Diploma da AHIMTB ao Cel Rosty e
o Gen Castro e a Professora Isabel realizaram a Aposição da Insígnia
ao novo Acadêmico.
Academico
Emérito Gen Ex Jonas Morais Correia entregando o diploma de
acadêmico ao Cel Rosty e o acadêmico Gen Ex Paulo César de Castro
entregando a insígnia de acadêmico da AHIMTB ao Cel Rosty
auxiliadopela Profa. Maria Isabel de Oliveira coordenadora geral
de Gestão do Arquivo Nacional.
6 - PALAVRAS FINAIS DO
PRESIDENTE DA AHIMTB Cel CLAUDIO MOREIRA BENTO NO ENCERRAMENTO DA
POSSE DO CEL ROSTY
Hoje, depois de perto de 14 anos de
fundada a Academia de História Militar Terrestre do Brasil empossa
como seu acadêmico o Cel Cláudio Skora Rosty na cadeira especial
historiador José Antônio de Mello Neto, o grande e imbatível
historiador da dominação holandesa no Nordeste e, em especial, da
série Restauradores de Pernambuco, que tanto utilizamos em
1971 para escrevermos nosso 1º Livro; As Batalhas dos Guararapes,
descrição e análise militar e depois para escrevermos o
capítulo Guerras Holandesas, como historiador, convidado pelo Chefe
do Estado-Maior do Exercito Gen Ex Alfredo de Souto Malan, hoje
patrono de cadeira na AHIMTB para a História do Exército
Brasileiro - perfil militar de um povo editada em 1972, pelo
Estado-Maior do Exército em comemoração ao sesquicentenário da
Independência, bem como nos ajudou na coordenação, projeto e
inauguração do Parque Histórico Nacional dos Guararapes em 19 de
abril de 1971 pelo Presidente Emílio Médici. O novo acadêmico foi
recebido em nome da AHIMTB pelo acadêmico Cel Darzan Netto da Silva,
Diretor da Revista do Clube Militar da qual no centenário do
Clube tivemos a honra de produzi-la em obra coletiva sob a
coordenação do saudoso mestre General Jonas Correra, hoje patrono de
cadeira na AHIMTB e que havia sido o editor da Revista do
cinqüentenário do Clube. Assim foi resgatada a bela História da
entidade, berço da Abolição e da República e em seu número 280 –
Edição Histórica.
O Cel Darzan ao receber o
Cel Rosty sintetizou muito bem o alentado currículo de 56 páginas do
novo acadêmico, um ilustre paranaense que desempenhou intenso e
muito produtivo trabalho como conferencista sobre a guerra da
Restauração de Pernambuco aos holandeses, em especial sobre as
Batalhas dos Guararapes e do Montes das Tabocas, e sobre o Major
Antônio Dias Cardoso, um esquecido restaurador de Pernambuco, cujo
valor militar ficou evidenciado numa análise militar nossa em nosso
livro As batalhas dos Guararapes com apoio em nossa análise e
interpretação militar ,na obra de José Antônio de Mello Neto na
série Restauradores de Pernambuco, fato reconhecido pelo
mestre Câmara Cascudo em depoimento na 4ª capa de nosso livro citado
sobre as Batalhas dos Guararapes. E que desde então adotado extra
oficialmente como patrono das Forças Especiais até sua
oficialização como seu patrono por empenho do Gen Ex Lima Fajardo
então comandante do COTER.
Tivemos o prazer de conhecer
o Cel Rosty no contexto do 1º Seminário Guararapes, promovido em
abril de 1999 pelo CMNE.
Então o Cel Rosty comandava
o histórico 14º Batalhão de Infantaria, o Batalhão Guararapes,
encarregado da administração do Parque Histórico Nacional dos
Guararapes que fora inaugurado 25 anos antes, quando tivemos a
ventura de coordenarmos no então IV Exército, o seu projeto,
construção e inauguração e lá lançarmos em sua inauguração em 19 de
abril nosso primeiro livro citado sobre As Batalhas dos Guararapes
uma interpretação militar pioneira das mesmas, à luz dos
fundamentos da Arte Militar, apreendidos no nosso Curso na ECEME
1966/69.
Neste Seminário fomos
convidados junto com o acadêmico Cel Maia Pedrosa e acadêmico
Frederico Pernambucano de Mello, o qual o Cel Rosty hoje substitui
na cadeira José Antônio de Mello Neto. Assim fomos encarregados de
pronunciarmos palestra na SUDENE para toda a Guarnição Militar do
Recife. E lá estava firme no apoio eficiente a este evento, o Cel
Rosty e seu Regimento Guararapes.
No outro dia no Parque
Histórico dos Guararapes lá estava o Cel Rosty e seu Batalhão,
coordenando de maneira exemplar tudo e fazendo demonstrações de
aspectos dos ataques patriotas na 1ª Batalha.
Lembro neste dia haver sido
alvo de uma surpresa desconcertante da parte do comandante da 4ª
Divisão de Exército, o General Paulo Yog Uchoa.
Toda a Guarnição formada
junto de Belvedere dos Montes Guararapes. Na hora do hasteamento do
Pavilhão Nacional, muito surpreso fui chamado para hastear a
Bandeira sob o argumento de “reconhecimento a nossa atuação em 1971
para tornar realidade aquele empreendimento e pela primeira
interpretação militar das batalhas à luz dos fundamentos de Arte
Militar”.
E foi a aplicação de
ensinamentos da ECEME, as descrições minuciosas do grande
historiador, hoje patrono de cadeira da AHIMTB e na época presidente
do Instituto Histórico de Pernambuco onde lá comparecemos para
informar o andamento do projeto.
Creio que o Cel Rosty
deve ter se apoiado nas descrições de José Antônio para produzir
seu livro; A Batalha de Monte das Tabocas, e divulgado
intensamente as Batalhas dos Guararapes, cuja primeira batalha
passou ser o Dia do Exército. E acredito que como historiadores
militares eu e o Cel Rosty e o acadêmico, Cel Manoel Soriano Neto
contribuímos para a conquista deste objetivo.
De lá para cá são
impressionantes as atividades desempenhadas pelo novo acadêmico na
historiografia militar brasileira e particularmente como
conferencista.
Não poderia aqui deixar de
mencionar o que escrevi no meu livro; Como estudar e pesquisar a
História do Exército Brasileiro, editado pelo Estado-Maior em
1978 e reeditado em 1999. Fizemos esta distinção:
Historiador é o que resgata
um evento com a maior riqueza de detalhes e isenção, com apoio em
fontes íntegras, autênticas e fidedignas. E aquele que restaura um
evento, o descrevendo com todas as suas características.
Historiador de Estado-Maior
é um profissional militar na ativa ou na reserva, conhecedor de
Arte e Ciência Militar, que apoiado em descrições de um historiador
civil ou militar, retira da mesmas subsídios de História Militar
Crítica, á luz de fundamentos de Arte e Ciência Militar, visando a
formação profissional do militar nessa área e isola subsídios na
forma de erros e acertos para o desenvolvimento no nosso caso de uma
Doutrina Militar Brasileira pelo planejador e o pensador militar
brasileiro incorporá-la ao Corpo de Doutrina do Exército impresso
para conhecimento de toda a força
A Academia dentre os seus
objetivos destaca a sua preocupação em levantar experiências
doutrinárias militares brasileiras genuínas, para subsidiar a
hipótese do desenvolvimento de uma Guerra de Resistência na
Amazônia, a estratégia do fraco contra o forte, como a definiu, o
Cel Golbery Couto e Silva, em sua obra; Planejamento Estratégico
em 1955.
Guerra de resistência ou de
guerrilhas baseadas em doutrinas militares brasileiras genuínas,
como Guerra Brasílica que conseguiu expulsar os holandeses do
Nordeste do Brasil em 1654, a Guerra a Gaúcha que conseguiu
expulsar e manter fora do Rio Grande do Sul os espanhóis em 1776,
sem esquecer a Guerra Amazônica liderada pelo Capitão Pedro
Teixeira que conseguiu expulsar da nossa Amazônia os holandeses e
ingleses que ali haviam se fixado. E ali, mais as guerras de
resistência no Amapá e no Acre lideradas pelo general Cabralzinho e
Plácido de Castro, enfrentando forças regulares estrangeiras.
Guerras de Resistência Brasílica. Gaúcha,
Amazônica, do Amapá e do Acre que ajudaram a
definir o destino brasileiro em suas dimensões continentais. que não
foram obra de um milagre. Guerras de Resistência em que estiveram
presentes o pensamento militar lusitano interpretado pelo General
Paula Cidade que foi meu patrono no IHGMB :” Julgada a causa justa
,pedir proteção divina e atuar ofensivamente. Mesmo em inferioridade
de meios.” Pensamento militar decorrente do pensamento político de
Portugal tão presente em vivo em Lusíadas de Camões ;Dilatar
a Fé ( católica ) e o Império( Portugal)
E mais experiência de
guerra de Resistência teve o Brasil, como a secular Guerra do
Mato, desenvolvida por ambos os contendores na Guerra dos
Palmares. Modalidade que o guerrilheiro José Bonifácio, contra
forças de Napoleão em Portugal, planejava desenvolver no Brasil,
caso ele fosse invadido. Enfim, doutrinas militares terrestres
genuínas que solucionaram graves problemas do Brasil, sem o concurso
predominante que nos tem influenciado; a espanhola, a inglesa, a
alemã, a francesa e a norte-americana desde 1939.
A História Militar Terrestre
do Brasil que nossa Academia se concentra é o seu ramo; História
Crítica, aquela de cuja análise, por profissionais militares da
Ativa , Reserva e Reformados à luz dos fundamentos da Arte e
Ciência Militar, o soldado desenvolve a sua cultura profissional e o
pensador e o planejador militar dela retira subsídios doutrinários.
E não prioriza a História Descritiva, que é escrita e divulgada sem
a preocupação com a aprendizagem da Arte Militar e a coleta de
subsídios que possam contribuir para o desenvolvimento de uma
doutrina militar terrestre brasileira, infelizmente este ramo,
importante para fortalecer a identidade e perspectiva histórica dos
integrantes do Exército tem predominado entre nós, mas que não tem
contribuído para a formação em Arte e Ciência Militar brasileira dos
profissionais do nosso Exército e para o desenvolvimento de uma
Doutrina Militar genuína , como a sonhou o Duque de Caxias patrono
do Exército e de nossa Academia em 1865. E nos parece que uma
doutrina militar terrestre brasileira genuína calcada em sua rica
História Militar se impõe mais do nunca. Pois basta uma análise
sumária do Bloco BRIC Brasil- Rússia China- Índia em que o Brasil
forma ao lado de três grande potencias nucleares com doutrinas
militares genuínas e o Brasil por realizar os sonhos de Duque de
Caxias e marechais Floriano Peixoto e Castelo Branco e coronéis e
dos coronéis J. B. Magalhães e nosso Amerino Raposo Filho entre
outros. Parece chegada a hora! Pais é rico deve ser forte. E no
nossa caso possuir poder dissuasório compatível para defender hoje a
nossa Amazônia e o projetado Pré Sal. O Executivo e o Legislativo do
Brasil estão atentos a esta realidade?
Agradecemos à presença dos que
prestigiaram esta cerimônia. Obrigado pela atenção e um convite para
que participem e prestigiem a Academia de História Militar Terrestre
do Brasil, na sua nobre tarefa de ajudar a conquistar o Objetivo
Estratégico atual nº 1 do Exército definido na administração do
Ministro General Zenildo de Lucena e reafirmado por seus sucessores.
Ou seja
“Pesquisar, preservar, cultuar e
divulgar a História, as Tradições e os Valores morais, culturais e
históricos do Exército”.
Espera a AHIMTB estar hoje
recebendo um grande reforço com a inclusão em seu Colégio Acadêmico
do dinâmico e vibrante acadêmico Cel Cláudio Skora Rosty.
Em tributo
a Disciplina e a Hierarquia, fundamentos do Ordenamento Jurídico do
Brasil, como é da tradição desta Academia, convido o acadêmico
Emérito Gen Ex Jonas Correia Neto, a ,maior autoridade hierárquica
aqui presente e Presidente de Honra desta sessão, para a encerrar e
proferir algumas palavras de estímulo para nós.
7 - PALAVRAS FINAIS E ENCERRAMENTO
Presidente de Honra da Sessão, Gen
Ex Jonas de Morais Correia Neto, como a mais alta autoridade
hierárquica presente a cerimônia, segundo tradição da AHIMTB.
Palavras recolhidas de memória na
medida do que foi possível pelo Acadêmico Delegado no Rio Ten R/2
Art Eng Israel Blagberg.
“ Senhoras e senhores!
Já que me foi concedida a palavra
para dizer alguma coisa, queria assinalar o ingresso do Cel ROSTY,
nosso companheiro e confrade do IGHMB, aqui nesta Academia de
História Militar Terrestre do Brasil em tão boa hora fundada por
este “Bandeirante dos Institutos”, que é o Cel BENTO. Sobre o que eu
não abro mão de dizer esta palavra Bandeirante. Bandeirantes foram
aqueles que plantaram e criaram às vezes do nada, algo a serviço do
País. Como é o caso desta Academia de Historia Militar Terrestre do
Brasil.
Acho que cabe a esta academia, a
que tenho a honra de pertencer, devido à sua finalidade marcada na
sua denominação de História Militar Terrestre do Brasil, isto é
aquela, que fixa as suas pesquisas e as suas conclusões, em especial
na parte Terrestre da nossa História Militar. Parte que muito diz
respeito ao Exército Brasileiro. E entre todas as coisas que podem
ser ditas do Exercito são os símbolos e sentimentos sobre uma
Instituição Nacional, indispensável e permanente com a sua
história, dentro da História do Brasil.
Dizem que sou historiador porque
pertenço a estas instituições. Não sou não. Sou historiógrafo,
sobretudo um estudioso, um repetidor procurando melhorar tudo aquilo
o que já foi dito, por isto a mim faltam os elementos para aceitar
de maneira convicta que o Exército Brasileiro tenha nascido em
Guararapes. A Nacionalidade, sim, nasceu em Guararapes. E há um
livro escrito por um aviador, Brigadeiro Lysias Augusto Rodrigues. O
que é um belíssimo livro, pouco conhecido, porque foi publicado pela
Biblioteca Militar. Chama-se Formação da Nacionalidade Brasileira.
É uma análise técnica, esplêndida de se ler. Livro apreciável, de
agradável leitura, não reeditado. Creio que em Guararapes surgiu a
Nacionalidade. Ali a fusão das etnias foi concretizada, o que hoje é
explorado noutro sentido, altamente negativo. Então, Cel Rosty,
agora com esta minha observação, quem sabe na AHIMTB, e no IHGMB o
senhor assumiria esta tarefa: de dizer a razão do dia 19 de abril de
1648 ser o Dia do Exército Brasileiro. Fica colocada a questão, que
espero, o senhor tratará bem. Destaco tudo o que foi dito aqui nesta
ótima sessão, com presenças excelentes de todos. E a declaro
encerrada... Muito Obrigado!
8- CONFRATERNIZAÇÃO MEMBROS
ACADÊMICOS PRESENTES
Acadêmicos
Presentes a Sessão. Da esquerda para a Direita : Cel Luiz Carlos
Carneiro de Paula, Cel Darzan Neto da Silva, Cel Cláudio Skôra Rosty,
Cel Cláudio Moreira Bento, Gen Ex Jonas de Moraes Correa Neto, Gen
ExPaulo César de Castro, Gen Bda Geraldo Luiz Nery da Silva, Prof.
Israel Blajberg, Eng. Luiz Alberto da Costa Fernandes( D. Beto)
Ano 2009 Edição Especial Novembro
Edição da Academia
de História Militar Terrestre do Brasil Tiragem: 100 exemplares
impressos
Editor:Jornalista Cel Cláudio Moreira Bento Redação: Prof. Israel
Blajberg, 3°. VP e Delegado – RIO –
iblaj@telecom.uff.br Impressão: Editora Acadêmica
Esta edição poderá ser encontrada se em
www.ahimtb.org.br/informativo
e-mail:
bentocm@resenet.com.br e
bento1931@gmail.com.
Tel: (24) 3388-4788 AMAN
Publicado in Novos Estudos Afro-Brasileiros. Rio 1937; 2ª
ed. Recife: Massangana, 1988.
Recife:
Imprensa Universitária, 1967. 2 v.
51.874
de arquivos portugueses.
No
dizer de José Honório Rodrigues, “trata-se do mais notável
acervo de documentos históricos já reunidos
pelo Brasil em uma Universidade”; in A Pesquisa
Histórica no Brasil. Sua evolução e problemas atuais.
4 ed. São Paulo. Editora Nacional, 1982.
Cronologia e Bibliografia (Recife 1995), elaborado pela
bibliotecária Lúcia Maria Coelho de Oliveira Gaspar, da
Fundação Joaquim Nabuco.
10v.
Recife: FUNDARPE, 1983-1985, Coleção Pernambucana; 2ª fase,
v. 2-11.
Com
segunda edição em Portugal, 2001.
Editado no Recife pela Editora Massangana da Fundação
Joaquim Nabuco, em 1989.
Com
apresentação do interesse do bibliófilo José E. Mindlin e do
patronato do Banco Safra.