CRÍTICA DE UMA MANOBRA OU APA  E HISTÓRIA MILITAR CRÍTICA OU AHMPA (SEMELHANÇAS) - MEMÓRIA

 

  

 

 

  (Cel Bento sócio emérito do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro na Sala de Consultas de seu acervo , tendo atrás a Galerias Presidentes da Republica,  seus Presidentes de Honra em 2014).

 

 

Cel Cláudio Moreira Bento

 Presidente da FAHIMTB e da AHIMTB  Resende Academia Marechal Mário Travassos

                   Turma AMAN Asp. Francisco Mega 15 fev 1955)

 

         Nós militares do Exército nos acostumamos a realizar uma  a Crítica, hoje denominada Análise Pós Ação (APA), depois de uma manobra ou exercício militar. Esta consistente em apontar os erros e acertos no exercício ou manobra, e os  destacar na instrução dos quadros e da tropa, ou, para que possam contribuir para o  progressivo desenvolvimento da Doutrina Militar da Força, a cargo do Estado-Maior do Exército.

         Palavra Critica que para a maioria no Brasil tem um significado de  censura ou, na gíria castrense de marreta. E ela  foi substituída pela feliz expressão APA - Análise pós ação, eliminando confusões freqüentes sobre o seu negativo significado.

         Em nosso  livro  – A Revolta do Contestado 1912 – 1916, nas Memórias e nos Ensinamentos Militares de seu Pacificador, mostramos o comandante das operações que resultaram na Pacificação Militar do Contestado, fazer uma profunda crítica da Operação de Pacificação  ou hoje com mais propriedade a citada  APA ( Análise pós ação)  e a traduzir na forma de Ensinamentos Militares e os incluir no seu Relatório ao Ministro da Guerra.

         O pioneiro entre nós neste tipo de trabalho foi o Duque de Caxias, como Ministro da Guerra. pela 1ª vez ,ao realizar uma Análise Militar Crítica, ou  AHMPA (Análise Histórica Militar Pós Ação),  da Batalha do Passo do Rosário, ocorrida em 20 de fevereiro de 1827.Análise solicitada pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro(IHGB) em 1856, do qual Caxias era Sócio Honorário.Instituição que desde 1925 é a proprietária de sua invicta espada de 6 campanhas, onde, em 1930, o Cel José Pessoa a mandou copiar, como comandante da Escola Militar  do Realengo, para servir  de modelo do Espadim de Caxias, arma privativa dos Cadetes da AMAN. Símbolo cuja História abordamos em diversas publicações e em especial na Revista do Exército Brasileiro, v. 114,1978. Revista que em seu nº 116 de 1980, publicamos artigo Fontes da Cultura em Arte da Guerra  do Duque de Caxias.

        Mais tarde, em 1861, mais uma vez  Ministro da Guerra e também Presidente do Conselho de Ministros, realizou a adaptação da Doutrina Militar de Portugal,  às realidades operacionais sul- americanas que ele vivenciara no comando de Força do Exército, na pacificação das Revoltas na Regência, do Maranhão, de São Paulo ,de  Minas Gerais e do Rio Grande do Sul  e ,na Guerra contra Oribe e Rosas 1851-1952.

       Por estes pioneirismos, a Federação de Academias de História Militar Terrestres do Brasil (FAHIMTB) desde 23  de abril de 2011 acolhida em instalações internas da AMAN, junto com a sua federada AHIMTB Resende Academia Marechal Mário Travassos, o elegeu como seu Patrono e a sua invicta espada para figurar  em seu brasão. Escolhas estas, desde que ela foi criada em 1º de março de 1996 em Resende, como Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB) e desde então acolhida pela AMAN em suas instalações externas ,ao lado da Casa do Laranjeira do 4º Ano da AMAN.

         Nos demais  casos de emprego da Força Terrestre do Brasil em operações de Guerras Externas e de Lutas Internas, não se tem conhecimento da realização de críticas militares das operações ou APA por seus comandantes, exceto o caso da FEB , em que o seu comandante, o Marechal João Batista Mascarenhas de Moraes, ex – Comandante da Escola Militar no Realengo ,nos legou um precioso acervo bibliográfico crítico, realizado com o apoio do General Carlos de Meira Mattos, seu capitão na FEB.e ex-comandante da AMAN e destacado chefe militar, que no posto de Coronel, comandou a Força Brasileira, que atuou em São Domingos, em missão da OEA, e da qual também, realizou uma preciosa Crítica ou APA, registrada em  obra literária de sua autoria.

         Ainda, em meados do século passado, na publicação pela ECEME, Marechal Castelo Branco e seu pensamento militar, do Cel Francisco Ruas   Santos e do Major José Fernando Maia Pedrosa, eles registraram  exemplos de História Militar Crítica,ou AHMPA realizados por aquele chefe militar e pensador militar brasileiro, hoje consagrado, como ato de justiça na voz da História, patrono de nossa ECEME.

         Autoridade que atuara como Oficial de Operações da FEB e que no pós guerra, como instrutor da Escola de Estado –Maior do Exército, influenciou, segundo nos informou o Cel Francisco Ruas Santos, em 1972,   a introdução na Academia Militar das Agulhas Negras do Ensino Militar Crítico de História Militar, á luz dos Fundamentos de Arte e Ciência Militar , os quais abordamos na Capítulo 4, em nosso Manual Como pesquisar a História do Exército, Brasília: EGGCF.1999, do qual a AMAN foi contemplada pelo Estado- Maior do Exército com 100 exemplares.

      Orientação de Estudo de História Militar Crítica ou AHMPA ( Análise de História Militar pós Ação,  que foi introduzido na AMAN em 1961, pelo então Cel Inf QEMA Francisco Ruas Santos, veterano da Defesa Territorial no Brasil , no Pará e depois da FEB, como integrante do 11º Regimento de Infantaria de São João Del Rei.

       Ensino de História Militar que assim deveria ser conduzido, tendo por base a Diretriz nº 61 do Estado- Maior do Exército para as atividades do Exército no campo História Militar com os seguintes objetivos:

“ -Contribuir para a formação dos quadros e da tropa.

 -Contribuir para o desenvolvimento da  Doutrina Militar das Forças Terrestres Brasileiras.

- Preservar e divulgar o Patrimônio Histórico e Cultural do Exército.”

 

          Posteriormente, a Comissão de História do Exército, integrante do Estado-Maior do Exército, presidida pelo Cel Francisco Ruas Santos e me tendo como seu adjunto e, e também como  historiador convidado pelo Chefe do Estado- Maior  para escrever o Capítulo sobre as Guerras Holandesas, publicou a História do Exército Brasileiro – perfil militar de um povo ,em 1972, como resultado de um grande esforço pioneiro e  coletivo de historiadores militares convidados pelo Chefe Estados – Maior do Exército e de alunos da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército.

         A falta de História Militar Crítica ou do que hoje denomino AHMPA (Análise de História Militar pós ação) a ser  realizada por profissionais militares, à luz dos fundamentos da Arte da Ciência da Guerra (Princípios de Guerra, Fatores da Decisão etc), e visando colher os necessários subsídios a serem utilizados nas instruções dos quadros e da Tropa, e no desenvolvimento progressivo da Doutrina Militar da Força Terrestre, não tem sido prática corrente entre nós.

         Subsídios que quando colhidos deverão ser compatibilizados com o que de melhor existir nas doutrinas militares de outros exércitos, para que possam servir de base para os trabalhos de desenvolvimento da  Doutrina Militar do Exército a cargo do EME.

         Este trabalho de História Militar Crítica, ou hoje  AHMPPA (Analise de História Militar Pós Ação) é o que vem procurando fazer, há 18 anos, a Federação de Academias de História Militar Terrestre do Brasil(FAHIMTB)  e suas Academias federadas.

Para a esse objetivo muito contribuiu o exemplo legado pelo Marechal Setembrino de Carvalho. com seu trabalho de História Crítica da Campanha  do Contestado ,consubstanciado em nosso livro sobre o assunto acima,  lançado na AMAN,em 26 de junho ,  na sessão da  FAHIMTB de posses  como 3º presidente de Honra da  FAHIMTB e   da  AHIMTB  Resende  Academia Marechal Mário Travassos, do Comandante da AMAN Gen Bda Tomas Miguel Miné Ribeiro Paivaa e como 2º Presidente de Honra da AHIMTB Resende  Academia Marechal Mário Travassos  do Cel Cláudio Magni Rodrigues, que já possui como 3º Presidente de Honra de Honra o empossado Ten Cel Durland Puppin Faria, Chefe da Cadeira de História Militar E mais empossado  como acadêmico da FAHIMTB do Cel Anvagleber Souza Linhares, na cadeira General Liberato Bittencourt, grande professor e educador do Magistério Militar além de inspirado historiador militar brasileiro no início do século XX.

 

  

 

          Foi dentro do Espírito de Análise de História Militar Crítica que em 1978, como instrutor de História Militar na AMAN, já com grande experiência em assuntos de Historia Militar do Brasil,inclusive cerca de quatro anos como adjunto do Cel Francisco Ruas Santos na Comissão de História do Exército do EME que coordenamos e enriquemos os livros azuis patrocinados pelo Estado-Maior do Exército: História da Doutrina Militar e História Militar do Brasil ( Textos e mapas),contendo no primeiro as p.155-195 , o  Processo de Ensino de História Militar, para tornar mais fácil aos novos instrutores , a adaptação ao processo de ensino de História Militar Crítica á luz dos Fundamentos de da Arte e Ciência Militar. Estes livros prestaram serviços ao ensino de História Militar na AMAN , até serem aposentados em 1999, E neles estudarem e foram meus alunos todos os generais de Brigada combatentes bem como  parte expressiva dos generais de Divisão. E neles estudaram os oficiais egressos da AMAN até 1999.

          Mas para  ser possível uma AHMPA ( Análise de História Militar pós ação) de uma guerra externa ou uma luta interna do Brasil , constante da Teoria de História do  Exército Brasileiro, desenvolvida pela Comissão de História do Exército Estado- Maior do Exército, é fundamental que ela seja resgatada por profissionais com cursos de História, em faculdades específicas, onde aprendem a caracterizar fontes primárias de História confiáveis, por serem classificadas como sendo Fidedignas, Integras, Autenticas e. fundamentais para reconstituições históricas, cabendo ao profissional militar, como atividade profissional e não hobby, realizar a AHMPA ( Análise de História Militar pós ação) para dela à luz dos Fundamentos de Arte e Ciência Militar. isolar subsídios de valor  para a instrução dos quadros e da tropa e para o desenvolvimento progressivo da Doutrina Militar das Forças Terrestres do Brasil a cargo do Estado-- Maior do Exército. E, de uns tempos para cá o Exército dispõe de profissionais formados em História e com formação militar ministrada em Escola do Exército em Salvador –BA. Creio que o Ensino de História Militar na AMAN poderia aproveitar a experiência destes oficias formados em História, ministrando aos cadetes regras de seleção de fontes de históricas confiáveis,  com a atuação de oficiais com curso de Estado – Maior em analises de História Militar Crítica ou AHMP(Analises de História Militar pós ação)  á luz dos fundamentos da Arte e Ciência Militar que praticaram e aplicaram intensamente no Curso da ECEME.Pois a atividade de reconstituição de fatos de História Militar é estranha a atividade profissional militar. E lembro que no meu 1º livro As Batalhas dos Guararapes descrição e analise mlitar,  fui forçado a fazer a reconstituição histórica da mesmas, para em seguida fazer a AHMPA( Análise Militar Pós Ação) das citadas batalhas onde, segundo consenso histórico, despertou o Espírito de Exército Brasileiro junto com o de  Pátria Brasil, razão a justificar a criação do Dia do Exército, na data de 19 de Abril. da 1ª Batalha dos Guararapes, por Decreto Presidencial de 24 de março de 1994.

     Isto é o que me cabe abordar como Memória com apoio em meus 44 anos de intensa atividade relacionada com a História Militar do Brasil , como historiador e instrutor de Historiador  Militar e hoje também jornalista  e aos 83 anos.

(x) O autor é sócio Emérito do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, conforme a foto inicial e Benemérito do Instituto de História e Geografia Militar do Brasil. E foi Diretor do Arquivo Histórico do Exercito de 1985-1990.