MARECHAL JOÃO DE SOUZA FONSECA COSTA (1823-1902)

 O HERDEIRO DA ESPADA DE CAMPANHA DO DUQUE DE CAXIAS

 

 

Cel Claudio Moreira Bento(x)

 

 

        O Marquês de Caxias assim se referiu a este esquecido personagem como registro em nosso livro Caxias e a unidade Nacional (Porto Alegre: AHIMTB, 2003), ao tratarmos do Espadim de Caxias, arma privativa dos cadetes do Exército, e cópia fiel em escala da invicta espada de 6 campanhas do Patrono do Exército e da Federação de Academias de História Militar Terrestre do Brasil (FAHIMTB)  e academias federadas . Herói esquecido que como tenente fora o seu Ajudante de Ordens de Caxias na Guerra contra Oribe e Rosas 1851-1852 e mais tarde, como coronel, o seu chefe de Estado-Maior na Guerra do Paraguai 1866-1868.

  

 Marechal João de Souza Fonseca Costa

 

        “Prestou-me como chefe de meu Estado-Maior a mais dedicada cooperação em tudo quanto tem dependido de seu alto emprego, não só na condução regular de todos os negócios de meu  serviço político a seu cargo, como nas batalhas e combates a que tem assistido sempre a meu lado, recebendo, transmitindo minhas ordens e expondo-se com sangue frio e abnegação dos riscos e perigos decorrentes”.

 

 

          Tanto era o apreço de Caxias pelo então Barão da Penha que em seu testamento em 1874, assim manifestou sua vontade e consideração ao seu heróico Chefe de Estado-Maior na Guerra do Paraguai.

         “Deixo ao meu amigo e companheiro de trabalho João de Souza Fonseca Costa, como sinal de lembrança, todas as minhas armas, inclusive a espada com que comandei seis vezes, em campanha, e o cavalo de minha montaria, com os arreios melhores que  tiver no momento de minha de minha morte”.

          O Marechal de Exército e Visconde da Penha, foi esquecido e permanecia sob espessa camada de pátina dos tempos de onde o resgatamos em homenagem ao Duque de Caxias, que pioneiramente  sonhou, segundo o historiador e pensador militar brasileiro e acadêmico emérito da FAHIMTB cel Amerino Raposo Filho, com uma Doutrina Militar Terrestre Brasileira genuína em 1861, no exercício de suas funções como Ministro da Guerra e Presidente do Conselho de Ministros. Ocasião em que adaptou às realidades operacionais sul- americanas  que vivenciara em 6 campanhas vitoriosas, a Doutrina Militar Terrestre de Portugal de influência inglesa, feita para as realidades operacionais européias. E enfatizou:  “até   que o Brasil disponha  de uma Doutrina Militar Terrestre genuína” .E sonho ainda por realizar! 

         Assim  estamos revelando a vida e obra  deste notável soldado esquecido, que partilhou como Ajudante de Ordens e  Chefe de Estado-Maior de todas as  glórias conquistadas por seu chefe amigo, companheiro nas guerras contra Oribe e Rosas 1851-52 e a do Paraguai de 1866- 1868 e que o consagramos como patrono de cadeira especial da FAHIMTB como o pioneiro das Comunicações em combate,  a serviço do comandante do Exército Brasileiro em Operações em duas guerras externas .

      João nasceu no Rio  em 30 de abril de 1823 e faleceu em Paris em 9 de janeiro de 1902, com cerca de 78 anos. Cidade para onde imigrara para acompanhar no exílio a Família Imperial, decorrente da Proclamação da República e levando com ele a invicta espada e armas do Patrono do Exército recebidas por Testamento.

.               O Marechal Fonseca Costa cursou a Escola Militar do Largo de São Francisco, bicentenária em 2011 (início).E por nós focalizada em nosso livro recém lançado: 2010-200 anos da criação da Academia Real Militar a Academia Militar das Agulhas Negras.(Resende:AHIMTB,2010)

         A espada de campanha do Duque de Caxias que lhe coube por Testamento, a manteve consigo por 12 anos na França.         Em 1902 esta relíquia que figura no brasão da FAHIMTB, como a mais representativa do Brasil,  retornou ao Brasil  tendo  ficado por cerca de 23 anos em poder de seu neto o Contra Almirante( post mortem) Caetano Taylor Fonseca Costa, Oficial que num gesto de nobreza e patriotismo decidiu doá-la em 1925, através do Dr Eugenio Vilhena Morais ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

         E lá a foi encontrar em 1930, o Cel José Pessoa, comandante da Escola Militar do Realengo, para a copiar. E com apoio do Ministro de Guerra Gen Leite de Castro criar, a sua semelhança o Espadim de Caxias, arma privativa dos cadetes do Exército, para que  “Caxias, O Duque da Vitória, pairasse no seio dos cadetes do Exército, de igual forma que Napoleão no seio dos cadetes de Saint Cyr”.

        E foi no Largo do Machado, na Praça Duque de Caxias e defronte a casa onde residiu o Visconde da Penha que teve lugar em 16 de Dezembro de 1932 e junto a Estátua Eqüestre do Duque de Caxias ( hoje defronte ao Palácio Duque de Caxias para onde ela foi transferida) a primeira entrega do Espadim de Caxias ao cadetes do Exército. Cerimônia que detalhamos em Histórico da Espada e do Espadim de Caxias em nosso já citado Caxias e a Unidade Nacional as p.175/181 e em artigo O espadim dos cadetes do Exército,histórico, tradições, simbolismo na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (326-93-105,jan/mar.1980)

          E do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, onde se encontra há 85 anos ao  que sei somente de lá saiu levada por oficiais do Exército seus sócios, e com pompa e circunstância.exigidas pelo professor Pedro Calmon então presidente do IHGB

         A primeira até a Escola Militar do Realengo, em 1939, levada pelo historiador Major Jonas Correa e colocada defronte o Corpo de Cadetes formado e tendo ao lado da espada do General San Martins trazida pelos cadetes argentinos A segunda e terceira vez por mim levada na condição de oficial instrutor da Academia Militar das Agulhas Negras e de sócio  do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e no comando de uma Guarda de Honra e Segurança integrada por Cadetes, do Instituto  a AMAN. E em 1978  em homenagem ao Presidente João Figueiredo, o primeiro detentor do Espadim de Caxias a atingir a Presidência da República. E, em 1980, no Centenário da morte do Duque de Caxias, comemorado nacionalmente na AMAN.  (Condensação de artigo no Anuário da AMAN, nº1,2011,p.64/71)

 


 

 

         (x) Historiador militar brasileiro e jornalista Presidente da FAHIMTB e AHIMTB/Resende  Marechal Mário Travassos