AS ORIGENS DA POPULAÇÂO DE CANGUÇU-RS EM 1812, AO SER ELEVADO A FREGUESIA
Cel Claudio Moreira Bento(x)
Presidente da ACANDHIS
No transcurso em 31 de Janeiro do bicentenário da criação da Freguesia de N.S da Conceição de Canguçu, vale recordar a contribuição da genealogista Ilka Guittes Neves, sócia efetiva da ACANDHIS e professora no inicio da década de 1940, do hoje centenário educandário Irmãos Andradas, e em seu livro; Canguçu – RS, primitivos moradores, primeiros batismos.1800-1813. Pelotas; Ed. Universitária - UFPEL, 1998. Obra que a seu convite tivemos a honra e o prazer de apresentar. Obra em que ela registra os nomes dos primeiros moradores de Canguçu e seus filhos nascidos de 1808-1813, dados em sua maioria anteriores à elevação de Canguçu a Freguesia um ano antes.
Ela registrou de 3 fev.1800 a 24 setembro de 1813, os 833 forasteiros provenientes de diversos destinos no Brasil, bem como de Portugal, Argentina, Uruguai e Paraguai. E de igual forma seus filhos nascidos em Canguçu, dos quais 702 foram meninos e 624 meninas. Delas 1148 eram brancas, 83 afro-descendentes, 97 índias e 48 expostos (abandonados) segundo costumes da época, por enjeitados sem maternidade e paternidade definidas, ou deixados em rodas de instituições para serem criados.
Os índios eram migrantes de Aldeia dos Anjos em Gravataí, atual. Das crianças batizadas em 1813, ano seguinte a criação da Freguesia, nasceram 61 crianças, sendo 24 meninos e 37 meninas.
Das crianças nascidas de 1800 a 1813, 537 eram meninos e 474 meninas. E os nomes dos pais e filhos são encontrados neste precioso trabalho de Ilka, bem como os mais diversos locais de origem dos primitivos habitantes. Vale a pena este tesouro genealógico ser consultado pelos canguçuenses de 200 anos interessados em suas raízes. Os pais dos canguçuenses nascidos entre a fundação de Canguçu e a Freguesia tinham as seguintes origens:
- Do Rio Grande do Sul de então 59;
-De São Paulo 149
- De Santa Catarina 24;
- Do Rio de Janeiro 18;
- De Minas Gerais 09;
- Da Bahia 03;
- De Pernambuco 02;
Os 594 nascidos no Rio Grande do Sul, 175 eram de Rio Grande, 95 de Estreito, 76 de Rio Pardo, 69 de Triunfo, 44 de Mostardas, 39 de Viamão, 27 de Gravataí, 18 de Santo Antonio da Patrulha, 11 de Porto Alegre, 09 de Vacaria, 05 das Missões, 05 de Taquari, 01 de Conceição da Serra 01 de Jaguarão, e 01 de Encruzilhada.
Os paulistas( o Paraná pertencia a São Paulo) 38 de Curitiba, 17 de São Paulo, 11 de Itapetininga, 13 de Castro, 13 da Lapa,12 de Sorocaba, 11 de Lages, 11 de Taubaté, 03 de Faxina (? ), 03 de Itu, 02 de Mogi Guaçu, 02 de Santa Ana da Paraíba, 01 de Atibaia, 01 de Caraguatatuba, 01 de Guaratinguetá, 01 de Iguape, 01 de Itanhaen, 01 de Jundiaí. 01 de Mogi das Cruzes, 01 de São Carlos e 01 de São Roque.
Dos 24 catarinenses, 21 eram da Ilha de Santa Catarina e 03 de Laguna. Dos fluminenses, 09 eram da cidade do Rio de Janeiro, 02 de São Marcos, 02 de São José, 02 de Santa Rita e 01 de Piraí. Dos mineiros, 02 eram de Minas, O2 de Vila Rica ( Ouro Preto) , O2 de Arraial dos Prados e 01 de Pouso Alto..
Originários de outros países: Portugueses do continente e das ilhas 35 e das seguintes localidades; 12 de Braga, 08 do Porto, 04 de Lisboa, 02 de Aveiro, 02 de Evora, 02 de Lamego , 02 de Leiira, 01 de Bragança, 01 de Coimbra e 01 de Vizeu.. Das Ilhas de Portugal 06, sendo 05 das ilhas sem outros dados e 01 da ilha da Madeira e dos Açores 65 sendo 50 da ilha do Faial, 05 da Ilha Terceira, 04 da Ilha de São Miguel, 02 da Ilha do Pico, 02 da Ilha São Jorge.
Provenientes de outros países: 15 da Espanha, 08 do Uruguai, 03 da Argentina e 03 do Paraguai. Origens dos espanhóis, 07 da Espanha sem identificar o local, 04 da Galiza, 01 de Calahorra, 01 de Córdoba, 01 de Correntes.
Origem dos uruguaios (orientais); 07 de Maldonado e de Colônia
do Sacramento. Origem dos argentinos, todos os três de Buenos Aires. Origem dos Paraguaios, 02 sem especificação e 01 de Vila Rica do Paraguai. Estes dados mostram as origens diversas dos povoadores de Canguçu. E seus nomes constando precioso trabalho de Ilka Neves.
Pesquisando o livro de Ilka Neves na Apresentação dele conclui as origens das seguintes famílias povoadoras de Canguçu entre 1800/1813.
Do Rio de Janeiro temos os Picanço e os Coutinho da Rocha de São Marcos, antiga Vila Príncipe, hoje submersa. De Minas temos os Claro da Cunha, de São João dei Rei os Rodrigues Cardoso. Da Bahia os Favila que deram nome à região Favila.
Os Gomes e os Dias, famílias tradicionais de estancieiros procedem de Maldonado no Uruguai. Do arquipélago dos Açores vieram os Ávila, os Baladão, os Duarte, os Farias, os Goularte, os Mattos, os Nunes, os Oliveira, os Santos. De Santa Catarina os Saraiva do Amaral, dos quais descende Gumercindo Saraiva, com origem nos Açores, após transitarem por Mostardas e permanecerem por uma geração em Canguçu em cuja toponímia deixaram seus sobrenomes.
Os Vaz de Bragança de Portugal; os Borbas, de Triunfo, com origem açoriana; os Cunha de Portugal e os Soares de Paiva de Rio Pardo.
A acadêmica da ACANDHIS, Alda Maria Moraes Jaccottet, prosseguiu a pesquisa dos batismos em Canguçu de 1813 – 1819 em Cadernos de Genealogia Obstinadas Famílias de Canguçu -RS. (Livro nº 1 B de Batismos ( 1813-‘819).Canguçu tem contado com a contribuição de outros genealogistas. De minha parte escrevi a obra Dos Lemes da ilha da Madeira aos Mattos, Moreiras e Bentos de Canguçu.Itatiaia, ACANDHIS, 2006.
Obra que contamos com o concurso dos genealogistas Carlos Grandmassom, Ilka Neves, Heloisa Assunção Nascimento,Cairo Moreira Pinheiro, com suas pesquisas sobre os Mattos e os Moreiras e mais com Luiz Carlos Barbosa Lessa e Moacir Mattos com suas pesquisas na ADALEME (Associação dos Descendentes e afins dos Lemes), a partir do casamento de Anna Rodrigues de Sene , descendente dos Lemes da ilha da Madeira..
Contribui para a Genealogia Canguçuense Adolfo Fetter Junior com seu livro Os Vetter/Fetter- 170 anos no Rio Grande do Sul e Brasil. Pelotas:Ed do autor. Nesta obra esclarecemos as p.485/490, a atuação do Capitão Jacob Fetter, raiz dos Fetter de Pelotas, na Revolução Farroupilha, como sargento da força do Ten Cel Francisco Pedro de Abreu, o Moringue que usou Canguçu como base de operações a partir de Agosto de 1843 para pacificar a revolução nas Serras do Sudeste. Contribuíram para a Genealogia canguçuense Marlene Barbosa Coelho, inclusive com o levantamento de óbitos ocorridos e registrados na Igreja Matriz e constantes de trabalho de minha autoria denominado Índice dos índices de documentos históricos. v.1 e v.2 com exemplares diversos inclusive, o v.1 encadernado que integrara o Arquivo da Academia Canguçuense de História, junto com os arquivos Conrado Ernani Bento e Cel Claudio Moreira Bento .Este constante de cerca de 15 caixas e contendo documentos que eu reuni ou produzi desde 1970 quando comecei a escrever sobre História.
Ajudam a Genealogia Canguçuense as obras dos seguintes historiadores de Piratini e Cerrito:
D`ÁVILA. Jayme Lucas. Povoadores de Piratini- casais de El Rei, militares, tropeiros,aventureiros e outros. Porto Alegre: SulianiLetras&Vida.2007.
BENTO,Diacono. Genes Leão. Raizes de nossa História. Cerrito: Stilus Artes Gráficas Pelotas,2005. E mais as seguintes obras recentes por nós prefaciadas:
RIGO,Cecília(Org) Conhecendo Canguçu um novo olhar.Canguçu;CFENSA,2007.(Obra sobre a História Contemporânea de Canguçu a partir de 1983, realizada por onze professoras respondendo a desafio do autor.
NASCIMENTO, Eloah Moreira Morales do. Era uma vez em Canguçu....quando as crianças faziam arte.Pelotas:.RL, 2007. e sem esquecer o casal Amilton Valente da Silveira e sua esposa Professora Luiza Helena Moreira Silveira sobre a descendência dos Soares Louzada de Canguçu.
Estes dados e outros constam de meu livro Bicentenário da Freguesia N.S. Conceição de Canguçu a ser lançado pela Academia Canguçuense de História (ACANDHIS) no inicio de março como parte dos festejos do Bicentenário da Freguesia.