Palavras finais do Presidente da Academia em 27 de abril de 2005 no 6º GRUPO DE ARTILHARIA DE CAMPANHA- GRUPO MARQUES DE TAMANDARÉ na instalação da a Delegacia Cel Honorário do Exército ANTÔNIO CARLOS LOPES o idealizador e criador do Tiro de Guerra Brasileiro no Clube Caixeiral de Rio Grande, em 7 de setembro de 1901

Hoje, decorridos 9 anos de fundada em Resende, A Cidade dos Cadetes, a Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB) realizou esta sessão nesta caserna histórica hoje ocupada pelo 6º GAC – Grupo Marquês de Tamandaré, justa homenagem do nosso Exército a este ilustre riograndino patrono de nossa gloriosa Marinha . Caserna mandada construir pelo General Osório, o patrono da Cavalaria e usando material de trincheiras construídas na Revolução Farroupilha pelo patrono da Artilharia do Exército e na época Major da Guarda Nacional .Caserna a frente da qual consta haver sido sepultado o primeiro tropeiro gaúcho o intrépido Cel de Ordenanças Cristovão Pereira de Abreu. Cerimonia que deve ter emocionado o comandante do 6ºGAC, neto de um Almirante de nossa gloriosa Marinha e também a min como pai de filhos integrantes da Marinha do Brasil, sendo dois de nossa Marinha de Guerra e um na Marinha Mercante e para ela certo levados pelo grande encanto que meu pai Conrado Ernani Bento possuía por assuntos do mar, depois de passar sua infância junto a barra de Rio Grande, onde aos 6 anos presenciou entrar pela barra parte da Armada revoltada ao comando do Almirante Custódio de Mello. Episódio que abordamos no 2º volume da História da 3ª Região Militar

Sessão memorável em que AHIMTB reverenciou a memória do Cel Honorário do Exército ANTÔNIO CARLOS LOPES , o idealizador e criador do Tiro Brasileiro aqui em Rio Grande, em 7 de setembro de 1902, o tornando patrono de sua Delegacia em Rio Grande e Região.

Iniciativa de Antônio Carlos Lopes, a qual, como ato de justiça na voz da História a consideramos de grande projeção estratégica nacional e não só municipal, ao revisarmos esta grande iniciativa adotada de pronto pelo Marechal Hermes da Fonseca, gaúcho de São Gabriel e grande reformador do Exército como Ministro da Guerra e Presidente da República, ao tempo que o Exército não possuía reservas para mobilizar o que só ocorreria em 1916, com a adoção do Serviço Militar Obrigatório.

Empossamos como Delegado de Honra da citada Delegacia o dinâmico, culto e acolhedor comandante do 6º GAC o Ten. Cel de Artilharia QEMA Augusto Cesar Martins de Oliveira e como Delegado da citada delegacia e correspondente da nossa Academia o ilustre ex comandante do 6º GAC, de 23 fev 1987 a 24 fev 1989, o Cel Art QEMA Maurilio Araçatu Baldino que passou o comando para o único neto do heróico Marechal Mascarenhas de Morais, ilustre filho de São Gabriel que comandou há 60 anos, na vitória, a nossa Força Expedicionária e lá lembrou os ensinamentos de Artilharia do grande filho de Rio Grande e seu admirado amigo General Bertoldo Klinger o modernizador da nossa Artilharia e que tivemos a honra de resgatar sua vida e obra, tendentes ao esquecimento em artigo na Defesa Nacional nº 711,em 1984 e agora dando o seu nome a nossa Delegacia no Estado de São `Paulo.

Recordação dos comandos dos coronéis Maurílio e seu substituto , conforme conclui da obra por nós escrita em parceria com o Cel Ernani Caminha Giorgis, 8 º Brigada de Infantaria Motorizada , que tem por patrono o heróico fronteiro rio- grandino Manoel Marques de Sousa 1º, aqui nascido em 27 de fevereiro de 1743, decorridos 6 anos da fundação de Rio Grande pelo Brigadeiro de Infantaria José da Silva Pais. Este bem resgatado pelo historiador Walter Piazza com orelhas de nossa lavra em obra editada pela Universidade de Rio Grande .

Brigada de Infantaria Motorizada cujo seu 8º Esquadrão de Cavalaria Mecanizada tem por patrono a maior espada continentina o Brigadeiro Rafael Pinto Bandeira, nascido aqui em Rio Grande em 17 dezembro de 1740, decorridos cerca de 4 anos de sua fundação e que foi o 1º oficial general brasileiro nascido na área do Comando Militar do Sul e, em cuja história por nós escrita reinterpretamos a sua vida e obra notável, e cujos veneráveis restos mortais repousam desde 1795 na Catedral de São Pedro, que segundo me informam ser a única afora a catedral do Vaticano, em invocação a São Pedro. Personagem que desenvolveu a guerra de guerrilhas contra o invasor que militarmente a classificamos como Guerra a gaúcha, uma modalidade da estratégia militar do fraco contra o forte, na definição do destacado estrategista riograndino o Cel de Artilharia Golberi do Couto e Silva.

Aqui hoje estamos lançando duas obras de muito ilustres brasileiros ligados a Rio Grande .A primeira Hipólito da Costa o gaúcho fundador da Imprensa Brasileira que em Rio Grande se preparou para a sua grande obra. Livro premiado em 2º lugar em concurso nacional, há 32 anos, pela Assembléia Legislativa Gaúcha e Associação Rio-Grandense de Imprensa .E lembro que no ato de premiação na Assembléia, o único parlamentar a deixar o seu lugar e vir cumprimentar-me foi o distintíssimo deputado riograndino Carlos dos Santos. Gesto nobre que nos levou a concorrer no concurso nacional sobre a presença do negro no Rio Grande do Sul, premiado e, 1º lugar e que foi por ele prefaciado a nosso convite.

Este livro sobre Hipólito da Costa revela que ele aqui foi alfabetizado e educado por seu tio materno o Padre Doutor Pedro Pereira Fernandes Mesquita que foi o pároco da Vila de Rio Grande de 1783 a 1793, período dos 8 aos 18 anos de Hipólito, em que ele o preparou ora em Rio Grande ,ora em Pelotas, sede de sua estância, para ingressar na Universidade do Coimbra que ele havia freqüentado. Padre Doutor que também educou nos mesmos locais os dois irmãos de Hipólito sendo que o padre Felício seria o primeiro pároco de São Francisco de Paula, atual Pelotas . E a seguir e ate 1805 o padre Doutor seria o vigário da Vara de Rio Grande o que eqüivalia a representante do Bispo do Rio de Janeiro no atual Rio Grande do Sul .

Padre Doutor o educador de Hipólito da Costa o fundador e patrono da Imprensa Brasileira faleceu em sua propriedade em Capão do Leão atual, em 27 ago 1813, sendo sepultado na então igreja Matriz de Rio Grande.

Vale lembrar que o nome primitivo de Pelotas de São Francisco de Paula foi em homenagem ao Santo do Dia, de 1º de abril de 1776, em que os espanhóis foram expulsos da Vila de Rio Grande. Este livro sobre Hipólito da Costa é rico sobre a História de Rio Grande de 1737 data da sua fundação até 1782 e nele publicamos a primeira planta de Rio Grande pirografada em couro, que integra o patrimônio histórico do Exército, Um filho de Hipólito da Costa combateria lado a lado , ombro a ombro com o futuro Almirante Tamandaré, como jovens marinheiros na Guerra Cisplatina. Ambos feitos prisioneiros participaram de um golpe de mão que tomou o navio aos argentinos.

A outro livro é sobre o Conde de Porto Alegre, comemorativa de seu bicentenário em 2004, grande cabo de guerra aqui nascido e neto do Marechal Manoel Marques de Souza 1º , o padrinho de batismo do patrono deste Grupo de Artilharia e também parente próximo do Tamandaré .Herói que ao falecer no Rio mereceu de nossa Marinha de Guerra singular homenagem. Foi transportado por um navio de guerra do Rio ao Rio Grande onde foi recebido com grandes homenagens por seus conterrâneos .E de Rio Grande a Porto Alegre onde foi sepultado, foi transportado num navio menor ,em razão de o que o trouxera do Rio , a Lagoa dos Patos não possuir calado para ele.

Em 9 anos nossa Academia difundiu um conjunto precioso de conhecimentos em todo o Exército em especial em sua rede de ensino na forma de artigos e em especial de livros por elas editados e distribuídos gratuitamente em suas escolas com o objetivo de reforçar no seu público alvo a consciência da identidade e perspectiva históricas nacionais, procurando demostrar a validade desta sentença:

Construir é fazer História. Só resiste ao tempo a construção que tenha substância e valor. Mais do que apenas construir com cimento, ferro e blocos , é preciso construir com alma, para que o tempo se encarregue de confirmar a obra, para que ela supere o tempo .

E hoje nossa Academia tem a consciência de haver avançado muito o que o comprovam seus arquivos os trabalhos de seus membros espalhados por todo o Brasil, e inclusive no Timor Leste, Estados Unidos e Portugal e a divulgação de seus trabalhos em seu site ,hoje com mais de 34.000 visitas , em sua Revista Eletrônica de História Militar Terrestre no site Militar e em Resende ,em Caserna ,no Portal Agulhas Negras dirigido para os cadetes de nossa AMAN.

Acervo onde se destacam a documentação de posses; coleção de seu Informativo O Guararapes; valioso arquivo biográfico; a História do Exército na Região Sul já com 9 volumes editados e 2 encaminhados e, os compêndios de Lutas Internas e Externas para a ECEME e mais o de História Militar Terrestre da Amazônia já editado

E grande parte de seu acervo em CDs E, mais trabalhos recentemente lançados sobre Caxias, A Batalha do Passo do Rosário, As Batalhas dos Guararapes, a Participação das Forças Armadas e da Marinha Mercante do Brasil na 2a Guerra Mundial e Hipólito da Costa o gaúcho fundador da Imprensa Brasileira hoje aqui lançado e o livro O Conde de Porto Alegre e ambos a serem lançados no Parque Osório em 7 de maio no Dia as Cavalaria. E no prelo esta o resgate das 6 escolas do Exército que existiram em Rio Pardo de 1856 a 1911, assunto que estava esta coberto pela patina dos tempos.

Por oportuno vale lembrar aos presentes.

Ser o passado comparável a uma enorme planície onde correm dois rios .Um reto e de margens bem definidas que é o rio da História. Esta fruto da razão e da análise isenta da fontes históricas autênticas ,fidedignas e integras, à luz de fundamentos de crítica escolhidos.

O outro é um rio cheio de curvas e meandros e de margens indefinidas e por vezes com perigosos alagamentos. Este. é o rio do Mito. E este fruto das paixões humanas, das fantasias , da ignorância , das manipulações, das deformações ,dos preconceitos e da injustiça etc

O Brasil de assistiu a novela A Casa das sete mulheres onde foram linchados moralmente dois grandes soldados brasileiros, os generais Bento Manoel Ribeiro e David Canabarro, aos quais o Brasil muito esta a dever a preservação de sua Integridade, Soberania e Unidade no Rio Grande do Sul .

Foram manipuladas as imagens destes dois heróis que abordamos em O Exército farrapo e seus chefes, editado em 1992 pala Biblioteca do Exército. Livro onde estudamos o General Farroupilha Bento Gonçalves da Silva e coronel de Estado –Maior do Exército, com o qual temos distantes ligações familiares e que é nosso patrono na Academia Piratiniense de História que fundamos e presidimos. Heróica personagem cujos restos mortais são guardados aqui em Rio Grande desde 1907. Neste livro também estudamos o bravo riograndino General Antônio de Souza Netto , nascido em Povo Novo em 25 maio de 1803 e tio do General Zeca Netto .Este filho de Rafaela Mattos irmã de nosso bisavô Ten Cel Honorário de Souza Mattos, que comandou os canguçuenses na Guerra do Paraguai, onde foi comandado do heróico riograndino Conde de Porto Alegre.

A História Militar Terrestre do Brasil , tem sido tradicionalmente no mundo ,uma atividade nobre para soldados inativos e uma maneira de continuarem a contribuir para o progresso da instituição com a experiência que adquiriram . E neste objetivo vem se aplicando a nossa Academia num toque de reunir soldados inativos e ativos e civis interessados em delegacias espalhadas pelo Brasil.

Dentre os objetivos que a Academia persegue registre-se o de resgatar, preservar e divulgar as obras de historiadores militares e civis terrestres e com elas, expressivamente, a História Militar Terrestre do Brasil, indiscutivelmente o Laboratório da Tática , da Logística e da Estratégia terrestres brasileiras. E entre os historiadores riograndinos que nos ajudaram nesta ação destaco e reverencio aqui Alfredo Ferreira Rodrigues esta gigante do estímulo a atividade literária e de preservação da memória da Revolução Farroupilha e da gaúcha com seu precioso Almanaque Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul que durou 18 anos onde colaboraram com poesias meu avô Carlos Norberto Moreira, meu patrono na Academia Canguçuense de História por nós fundada em 1988 e meu tio avô Franklin Máximo Moreira, veterano do Paraguai, comandado pelo Conde de Porto Alegre e fundador do centenário Clube Harmonia em Canguçu.

A coleção do citado Almanaque depois de seus citados colaboradores falecidos, caiu em mãos do jovem Luiz Carlos Barbosa Lessa, bisneto de Carlos Norberto que fascinado com este material em em férias em Canguçu, se tornaria mais tarde o filósofo do tradicionalismo gaúcho e um dois gaúchos do século.

Lembro aqui os preciosos ensinamentos colhidos com Décio Vignoli Neves ao focalizar ilustres riograndinos bem como evoco Abeillard Barreto com quem convivi no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, como sócio e que cooperei no Simpósio do Bicentenãrio da Restauração do Rio Grande do Sul em 1976, por ele coordenado e por nós sugerido ao General Jonas Correia presidente do Instituto de História e Geografia Militar do Brasil que este simpósio fosse realizado o que ele transmitiu nossa idéia a Pedro Calmon que a aceitou batizou o episódio como A Guerra da Restauração do Rio Grande, ao invés de A expulsão dos espanhóis da Vila de Rio Grande. Evento expressivo que originou 4 volumes .Ao evocar Abeillard Barreto , não pode ser esquecida a sua monumemtal e imortal Biobliografia Rio Grandense.

Evoco aqui a figura de Olavo Albuquerque meu guia nos locais históricos de Rio Grande ligados a sua fundação e a expulsão dos espanhóis quando aqui estivemos em pesquisas de interesse da Comissão de História do Exército e que nos guiou no histórico edifício da Alfândega de Rio Grande para que eu pudesse ver peças de mármore que meu bisavõ José ferreira Monteiro, vindo do Rio de Janeiro ,as havia lavrado em Canguçu com blocos de mármore vindos de Caçapava , segundo J. Simões Lopes Neto no nº 4 da Revista do Centenário das freguesias de Pelotas e Canguçu em 1912 .

E agradeço a Gilberto Centeno Cardoso as respostas gentis as nossas solicitações relativas a notável Biblioteca Rio Grandense para a qual sempre tenho enviado nossos trabalhos .E também evoco o riograndino Dr Osvaldo Muller Barlém, juiz em Canguçu, que me deliciava quando adolescente ouvindo sua orações sobre História. Dr Barlém que levou o 1º avião a Canguçu em acidentada aventura foi prefeito de Canguçu, ao final do Estado Novo e orador convidado para o Centenário de Canguçu em 1957, quando da Biblioteca Riograndense levou como subsídio para sua oração, os relatórios como intendente de nosso avô Cel Genes Gentil Bento de 1905 a 1917 e que com sua morte repentina em Piratini do Dr Barlém os citados relatórios se extraviaram pois não retornaram ao seu lugar na Biblioteca, nos fazendo imensa falta ao escrevermos o obra Canguçu reencontro com a História publicada em 1983 pelo IEL com prefácio de Barbosa Lessa.

E finalmente a Daoiz de La Roche com o qual temos trocado informações históricas e que publicou no centenário da morte do Almirante Saldanha da Gama, em Campo Osório, artigo nosso no jornal da Sociedade local de Amigos da Marinha e nos deu informações sobre a exumação dos restos mortais do Ten Gen Veiga Cabral o criador em 1800 de Canguçu, meu município natal .

Aqui vale lembrar o Marechal Ferdinand Foch que saiu da cadeira de História Militar da Escola Superior de Guerra para comandar a vitória aliada na 1a Guerra Mundial e sob cujo comando lutaram 24 oficiais de nosso Exército e inclusive o então Ten de Cavalaria José Pessoa, patrono da Delegacia de Brasília e futuro idealizador da AMAN, o qual como seu comandante, dinamizou o ensino de História Militar e introduziu o de Geografia Militar, como a Geografia do Soldado, a serviço do maior esclarecimento nos mais diversos escalões do fator da decisão militar - 0 TERRENO .Falou o marechal Foch:

"Para alimentar o cérebro (entenda-se Comando ) de um Exército na paz, para melhor prepará-lo para a indesejável eventualidade de uma guerra ,não existe livro mais fecundo em lições e meditações do que o livro História Militar.

Nossa Academia tenta despertar vocações adormecidas de historiadores militares terrestres brasileiros, categoria que se acha em fase de extinção, por razões várias ,e em especial por invasões indébitas de sua função social pela avalanche suicida de silenciadores deformadores da História Militar do Povo Brasileiro com os mais variados e até inconfessáveis fins.

O que é lamentável , pois a História que possui o poder de solidificar o patriotismo, o civismo , a auto estima de um povo e a identidade e perspectiva históricas do mesmo, vem sendo silenciada ou deformada com o apoio talvez inconsciente da Mídia, sem o direito ao contraditório um pressuposto democrático da Liberdade de Imprensa,

Cabe pois aos que nos ouvem , saber distinguir como foi assinalado a História do Mito .Deste hoje tem sido as vítimas preferidas as nossas Forças Armadas e Auxiliares de parte de agentes da Mídia em especial .

Mas as falsidades, os silêncios e deformações de nossa História continuam produzindo seus efeitos como se verdadeiras, no seio da juventude que não teve contado com as Forças Armadas. Disto resulta uma desorientação de parcela desta juventude que se entrega a prática de valores que confrontam e mesmo agridem os enumerados pela Sociedade Brasileira na Carta Magna .Fato diagnosticado por alguns analistas como falta de Religião e de História e do que decorre a falta de identidade e de perspectiva históricas. E nisto vem a Academia se aplicando em esclarecer silêncios e manipulações que distorcem e comprometem a verdadeira imagem das forças terrestres, com calúnias , deformações e manipulações que circulam com foros de pretensa História .Ou seja não se limita a AHMTB a indignação pura e simples. Parte como ONG para o debate defendendo a sua verdade! E o que atualmente vem fazendo para se contrapor a calúnia potencializada contra Caxias em programa a Ferro e Fogo da TV RBS em que Caxias foi apresentado como tendo realizado uma combinação com lideres farrapos para que simulassem a surpresa militar em Porongos para que a infantaria e os lanceiros negros farrapos fossem exterminados pelos imperiais. Fato provado inverídico pelo grande historiador riograndino citado Alfredo Ferreira Rodrigues, cuja obra sob o título Vultos e Fatos da Revolução Farroupilha, organizado pelo senador Paulo Brossard no centenário da Republica e publicado pelo Senado Federal .

E lá consta a inocência de Canabarro, de Caxias , de Antônio Netto, de Vicente da Fontoura e outros farrapos que " Magarefes da honra alheia " como diria Rui Barbosa, tentaram este ano em Porongos com apoio da Mídia comprometer usando documento forgicado.

Na peça de Júlio Cezar de Shakespeare ,Marco Antônio diz a certa altura a Brutus :"As boas obras que os homens praticam são sepultadas com os seus ossos. No entanto só o mal sobrevive ."

Outro papel da Academia tem sido o desenterrar junto dos ossos as obras dos historiadores militares terrestres brasileiros, civis e militares e com elas, por via de conseqüência,o valioso patrimônio cultural militar terrestre brasileiro, riquíssimo em valores morais, culturais e históricos do Exército acumulado em quase 5 séculos de lutas e vigílias por várias gerações de militares de terra ,os quais foram, em grande parte, responsáveis pelo delineamento, exploração, conquista , segurança e manutenção de um Brasil Continente que cabe as atuais e futuras gerações preservar e defender. E às gerações do 3 o Milênio caberão responder aos graves desafios reservados à soberania do Brasil na sua Amazônia, E nesta defesa a Academia se engajou ao preparar edição no ano passado a pedido da escola de Comando e Estado- Maior do Exército da obra Amazônia Brasileira - A conquista, consolidação e manutenção –História Militar Terrestre da Amazônia 1616-2003.

E especial atenção tem dado a Academia ao resgate e culto das memórias de soldados terrestres que no curso do processo histórico brasileiro deram suas vidas em holocausto a pátria brasileira, os quais, segundo Péricles, que viveu em Atenas, cujo século V antes de Cristo levou o seu nome, por haver se constituído no apogeu da civilização grega e, com ela, a da Democracia que ele ajudou a construir como chefe de Estado e estratego por 14 anos :

" Aquele que morre por sua pátria ,serve-a mais em um só dia que os outros em toda a vida ."

Foi uma renovada emoção passar algumas horas em Rio Grande que conhecemos em 1941 ao 10 anos e onde tomamos contato pela primeira vez com uma tropa do Exército ao qual estamos servindo desde 1950 há mais de 50 anos. Foi há 63 anos assistir de um lado do canalete próximo a uma instalação de Bombeiros, a passagem para um exercício militar de uma tropa de Infantaria com suas cozinhas de campanha fumegando. E mais tarde em companhia de meu pai Tabelião de Canguçu e que fora menino em Rio Grande, me deslocar até a barra e lá ele relembrar sua infância feliz e aventurosa próximo a barra e depois com ele irmos almoçar na Gruta Baiana e depois incursionar na confeitaria Sol de Ouro. Destas lembranças de sua infância em Rio Grande e depois em Itapuâ, resultou esta inscrição que ele tanta declamava . Oh que saudades que eu tenho da aurora da minha vida da minha infância querida que os anos não trazem."

E creio que isto tenha me influenciado a escrever o meu terceiro artigo no Diário Popular de Pelotas em 5,12,19 e 26 de abril de 1970 intitulado" A Barra diabólica do Rio Grande" depois de escrever sobre As charqueadas de Pelotas e sobre Canguçu por volta de 1780-1804.

Como historiador militar abordando criticamente fatos militares a luz de fundamento da Arte e Ciência Militar na Região Sul éramos sempre atraídos para o Rio Grande .E na nossa História da 3ª Região Militar 1808-1889 e Antecedentes publicada pela 3ª Região Militar em 1994 e que ora patrocinou a reedição do Conde de Porto Alegre e que veio a lume publicado em 1996 pela Biblioteca do Exército nosso livro A Guerra da Restauração do Rio Grande, com apoio no Relatório em francês do Ten Gen Henrique Bohn, o discípulo do Conde de Lippe que comandou o Exército do Sul e que auxiliado pelo Capitão- de- Mar e~~ Guerra Georges Hardcastle, comandante das Forças Navais de Portugal em Rio Grande , expulsaram os espanhóis da Vila de Rio Grande que dominavam há 13 anos. Local que o primeiro a penetrar foi coronel Sebastião Xavier da Veiga Cabral da Câmara , comandante do Regimento de Bragança e que depois foi o governador por 20 anos do atual Rio Grande do Sul subordinado ao Rio, tendo falecido solteiro, durante a Guerra de 1801 e sepultado na Catedral de São Pedro. Foi um herói injustiçado na historiografia rio grandense. Ele comandou de Rio Grande a conquista dos Sete Povos e a dilatação da fronteira Sul do Piratini ao Jaguarão e do Taim ao Chui, território onde se situa Santa Vitória do Palmar .

Agradecemos a presença ´das autoridades que prestigiaram esta seção solene de confraternização de militares , historiadores civis e militares da Guarnição de Rio Grande.

. Renovando os agradecimentos a todos e em especial ao Ten Cel Augusto César que nos solicitou falar mais sobre história, o que não poderia fazer noutra oportunidade, finalizo minha intervenção que teve um fundo de memória sobre vultos e história da cidade de Rio Grande a e pessoais de nossas ligações familiares com esta Princesa do Mar.

Em tributo a Disciplina e a Hierarquia ,suportes do ordenamento jurídico brasileiro, convido o Presidente de Honra da presente sessão a encerrar e fazer as considerações que julgar oportunas.

Cel Cláudio Moreira Bento

Presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil