Palavras finais em Itajubá, 19 de maio de 2007.

 

Cel Cláudio Moreira Bento

Presidente da AHIMTB

 

 

   Hoje depois de 25 anos de exercício do 2-º ano de comando do 4-º BECmb, aqui estamos de volta. E hoje para aqui instalar a Delegacia, historiador Armelin Guimarães da nossa Academia de História  Militar Terrestre do Brasil, em seu 11-º ano de profícua existência e de marcantes realizações em prol do objetivo   Atual   n-º 1 do Exército, assim definido pelo Comando do Exército: “ Preservar, pesquisar, cultuar e difundir a História, as Tradições e os valores morais , culturais e históricos do Exército brasileiro.

   E justamente com a inauguração da Delegacia Armelin Guimarães, empossamos como seu Delegado de Honra, o comandante do 4-º Batalhão de Engenharia de Combate, o Tenente Coronel André Luiz Ribeiro e como seu Delegado Executivo o cabo Michel Dias Rosa, também historiador de vocação, com  curso universitário de História, e o  encarregado, de longa data, do Museu Marechal Juarez Távora do 4-º Batalhão de Engenharia de Combate  o qual tivemos a felicidade de funda-lo há 25 anos e constatar que ele tem progredido, sido bem conservado e preservado.

   Empossamos como correspondente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil, o Cel. João Otero Diniz, que preside a Academia Itajubense de História, surgida como continuação da Delegacia de Itajubá, da Academia Brasileira de História que criamos em Itajubá, tendo por Delegado inicialmente o saudoso e dedicado Ten. José Sâmia, um dos veteranos, no comando de um destacamento do 4-º BECmb, que operou meios descontínuos de transposição em águas de mar alto em Fernando de Noronha na 2-ª Guerra Mundial para receber suprimentos as forças baseadas na ilha

   Coronel Diniz que hoje nos brindou com uma palestra em que traçou o lindo perfil do historiador de Itajubá, Armelin Guimarães e também seu historiador militar terrestre ao abordar em sua História de Itajubá e Efemérides de Itajubá aspectos das histórias do 4-º Batalhão de Engenharia de Combate e da Fábrica de Armas de Itajubá da qual foi notável funcionário.

   Armelin Guimarães é biógrafo do grande filho de coração de Itajubá, o ilustre presidente Wenceslau Braz ao qual o Exército e a Aeronáutica estão muito a dever, por suas  históricas decisões que por oportuno as recordo, delas  retirando a patina  dos tempos que quase as sepultou.

    Ao Presidente Wenceslau Braz se deve a instalação do Serviço Militar Obrigatório em 1916,  o poderoso fermento para transformar um Exército Profissional, sem formação  reservas num  Exército Nacional com grande poder potencial, pela capacidade de mobilizar suas reservas na Sociedade Brasileira.

   Decretou a extinção da Guarda Nacional em 1918 que ao seu tempo se transformou militarmente numa fantasia militar e com a qual não pode contar para qualquer ação que fosse necessário na 1-ª Guerra Mundial. Transformara-se num “Exército Brancaleone”.

   Envio de uma Missão Médica Brasileira para a Europa e, em caráter secreto,  uma Comissão de 20 oficiais do Exército para lá comprarem material bélico e absorverem as novas doutrinas militares e de lá trazerem idéias novas. E foi o caso do Tenente de Cavalaria José Pessoa que combateu num Regimento de Cavalaria Francesa, no comando de soldados turcos, aliados.

    Marechal José Pessoa que lá estudou brindados e que os introduziu no Brasil e sobre o assunto escreveu precioso livro.    Marechal José Pessoa que cursou a Academia Militar de Saint Cyr, de onde trouxe idéias que introduziu em nossa atual Academia Militar das Agulhas Negras e onde se transformaram em belas tradições.

  A Wenceslau Braz se deve a construção de nossa primeiro campo de Instrução o de  Gericinó, E  a ele se deve a instalação do 4-º BECmb em Itajubá para construção da então ferrovia  estratégica ligando Itajubá a Piquete.

   Por tudo tentamos, sem êxito,  em 1981 que o 4-º Batalhão de Engenharia de Combate recebesse a denominação histórica de Batalhão Wenceslau Braz. Mas na época, a  instituição vedava dar-se com denominação histórica nome de autoridades civis. Foi uma pena!  . Mas como historiador já consagrado cumprimos nossa obrigação, como ato de justiça na voz da História dentro do lema que História é verdade e Justiça!

    Hoje entregamos a Delegacia, dentre outros subsídios para o seu arquivo  plaqueta que editamos em 1982, há 25 anos intitulada:.    História do 4º BECmb e fruto de nossas pesquisas do passado do batalhão e que então resgatamos e divulgamos. Trabalho apoiado  pela Indústria e Comercio  e editada  sob a coordenação   do Ten. Silvio Cochlar.    Trabalho divulgado para todo o Exército pela Revista Militar Brasileira n-º 119, 1982, tendo como capa uma vista aérea do Batalhão.

   Entre outras ações que se enquadram no que hoje é definido como objetivo atual do Exército relacionado com sua História, Tradições e Valores.

Colocação na entrada do Pavilhão de duas placas, frente a frente, com os nomes  dos ex combatentes da FEB que saíram do Batalhão  e a outra com os nomes dos integrantes dos 3  contingentes do Batalhão que atuaram na defesa da ilha de Fernando de Noronha.na atividade de embarque e desembarque de cargas

 

Colocação de placas no Portão Monumental então reformado, assinalando os locais de parada do Batalhão: Rio Pardo, Marechal Câmara, Lorena e Itajubá.

Denominação do Museu de Juarez Távora e da Biblioteca profissional e de cultura geral de General Raul Silva de Mello e do edifício do Museu  de Coronel Malan d’Angrone, antigos integrantes do Batalhão que se  destacaram   com historiadores, escritores militares e como  notáveis soldados.

  Ao General Raul  Silveira de Mello coube em Itajubá, dar início a vitoriosa recatolização do Exército que a separação da Igreja do Estado havia quebrado aquele vínculo secular.

  A Malan d ’Angrone coube, como aliado Militar na França durante a 1a Guerra Mundial contratar ao final da guerra a Missão Militar Francesa para o nosso Exército.l.

  A Juarez Távora  liderar no Nordeste a vitoriosa Revolução 30 etc...

Reforma da cozinha e do refeitório dos soldados, dando  a ele o nome de praças do Batalhão que se destacaram no combate a Revolução de 24 e, na cozinha, o nome de cozinheira Eva;

             Apoio aos soldados para construir em torno do pau d’alho que deu o primitivo nome à área do Batalhão o de um pequeno Santuário em invocação a N.S Aparecida;

         No dia do soldado de 1982 franquear os muros brancos do Batalhão para alunos dos jardins de infância de Iitajubá pintarem a vontade temas alusivos à data;

        Passeio motociclístico a Maria da Fé, por nós promovidos com a condição de uso de capacete, pois ao chegarmos na cidade registravam-se muitos acidentes de moto com jovens. Parece que funcionou!

        Intenso intercâmbio e integração do Batalhão com a Família Itajubense, dentro do princípio que o Exército é protetor e mão amiga e não tropa de ocupação. Muitas outras atividades foram realizadas.

       Lembro a iniciativa que tivemos na incorporação de recrutas de escrever amigável carta a seus pais dizendo que o Batalhão tomaria conta  de seus filhos em seus lugares, E ao final escrevermos cartas ao pais mencionando os que se destacaram e conferindo diplomas de Honra ao que não tiveram punições .Diplomas que casualmente vi expostos em. Era uma experiência baseada no  futuro general Osório que escrevia aos pais de seus soldados do regimento que comandava, Em Brasília eu fora encarregado de analisar experiência neste sentido feita pelo Batalhão de Policia e a publicamos sob o titulo Integração Quartel, pais e conscritos na Revista Cultura Militar do EME em 1974.E muitas outras atividades foram realizadas como a recuperação de nossa passadeira e botes da B4-A1.

     A frustração profissional depois que deixamos o comando foi saber que o represamento do rio no Sapucaí no fundo do quartel o que chegou a permitir exercícios de pontagem a baixíssimo custo havia sido levada águas abaixo .Ela fora executada como projeto de engenheiro oficial residente em Pouso Alegre.Mas ela começou a vazar debaixo da represa e não houve intervenção oportuna para a salvar e ele acabou por se auto destruir. Foi uma pena, me acompanhou nesta o Cel Alceu Paiva acadêmico da AHIMTB e seu Presidente do Comitê Fiscal e que foi subcomandante do Batalhão ao tempo do falecido Coronel.

   Ao chegar ao Batalhão deparei com o seu expressivo lema: “Tudo que merece ser feito, merece ser  bem feito”.

   Pesquisando cheguei a conclusão que fora o cel Alan o responsável pela introdução deste lema, que honra a qualidade total! Pois era o tema de seu mestre quando jovem oficie boy do escritório de Engenheiro do Dr. Tácito Vianna, o maior resendense do século XX.

   Homem idealista que acompanhou o Coronel José Pessoa em 7 de outubro de 1931 no Maciço do Itatiaia para lá apanhar uma pedra par servir de pedra fundamental de nossa AMAN.

   Coronel a minha satisfação de hoje estar aqui entre amigos e recordar os amigos Dr. Pedro Mendes, Prefeito de Itajubá, Cel Stefany, da fábrica de Itajubá, D. Nair Prado, secretária  de Ensino, Dr. José Abel, Diretor da EFEIL, Dr. Benny David, o Diretor do Dep. Regional e prefeito da região que muito facilitaram o meu trabalho e sem esquecer o apoio do Jornal “ O Sul de Minas.