PEDRO OSORIO E CERRITO - ANTECEDENTES HISTÓRICOS
Cel Cláudio Moreira Bento(X)
A pesquisa a seguir foi motivada por carta enviada, em 22 de outubro de 1984, ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro ,do qual sou sócio emérito, e na época presidido pelo Dr. Pedro Calmon. A remetente foi D. Leda Maciel Echenique que em nome do prefeito de Pedro Osório desejava saber se o hoje Duque de Caxias, patrono do Exército e de nossa Academia de História Militar Terrestre do Brasil havia em sua campanha (1842-45) Revolução Farroupilha acampado ao sul do rio Piratini em Pedro Osório atual..
Esta carta foi para nós despachada pelo professor Pedro Calmon, em 29 out 1984, e lhe informamos o que vai a seguir, desconhecendo se chegou a resposta a D. Leda Maciel Echenique e dali ao Prefeito de Pedro Osório.
E a seguir do rascunho que nos ficou respondo o que escrevi a época para o Dr. Pedro Calmon, atualizando dados ocorridos em 26 anos , de lá para cá
Caxias em realidade só poderia ter estado na região no período 1842/45 de seu comando o que pode ser concluído de dois documentos,publicados pelo Exército..
O pesquisador conhecedor da região podera com apoio nestas obras tirar suas conclusões dos locais que Caxias acampou em Pedro Osório.
MUNICÍPIOS DE PEDRO OSÓRIO E CERRITO – DADOS HISTÓRICOS
Pedro Osório foi criado por lei nº 3.735 de 3 abr 1959, tendo como sede as localidades de Cerrito e Vila Olimpo , respectivamente a margem esquerda e direita do rio Piratini e unidas pelas pontes ferroviárias (Pelotas- Jaquarão) e rodoviária (Pelotas- Arroio Grande).Hoje são municípios separados.
As terras do município se estendem ao Sul e ao Norte do rio Piratini. As do Sul foram desmembradas do município de Arroio Grande e constituída da antiga área de Olimpo e parte das de Santa Izabel. As do Norte foram desmembradas do município de Canguçu e constituídas das terras de Cerrito (ex-Estação Cerrito e Vila Freire (ex-Cerrito Velho).
CONSTRUÇÃO DO FORTE SÃO GONÇALO 1755
Em 1755 o Exército Demarcador do Tratado de Madrid, ao comando do General Gomes Freire de Andrade, estabeleceu na margem direita do rio Piratini e próximo de sua foz, o Forte São Gonçalo. Assunto por nós abordado no Diário Popular de Pelotas no artigo "Forte de São Gonçalo" – 1755-1801, publicado na Coluna Querência em 3 e 10 dez 1972. Uma visão da campanha que envolveu o Forte São Gonçalo pode ser tirada de nosso artigo "Síntese Histórica das Forças Terrestres do Brasil na Área da 3ª Região Militar 1639-1755" publicada na Revista Militar Brasileira, jul/dez 1973.
Durante o período 1763-1777, o Rio Grande foi invadido por espanhóis. Serviu o atual município de Cerrito a partir de 1769, de base de guerrilhas contra os espanhóis em Rio Grande e levadas a efeito pelos Dragões do Rio Pardo e as tropas leves de Rafael Pinto Bandeira.
Este assunto o tratei em artigos do Diário Popular:
Detalhes da cerimônia são focalizadas pelo Diário Popular de 21 e 23 abr
CERRITO E PEDRO OSÓRIO NA GUERRA 1763-1764
Este assunto consolidamos em nosso livro Canguçu – reencontro com a História. Porto Alegre: IEL, 1984.
CERRO PELADO – PRIMEIRA DENOMINAÇÃO DA ÁREA
A primeira denominação geográfica referida na área de Cerrito é o Cerro Pelado. Expulsos os espanhóis da Vila de Rio Grande em 1º abr 1776, o Cerro Pelado tornou-se importante ponto de vigilância de um ataque espanhol a partir de Santa Tecla, em Bagé atual.
A partir do estabelecimento do Tratado de Santo Ildefonso de 10 out 1777 a fronteira Portugal- Espanha passou a correr, de fato, pelo rio Piratini. Para o município atual de Cerrito , ao norte do rio Piratini, migraram diversos súditos de Portugal. Piratini atual foi fundada em 1789, por casais açorianos, ano que coincide com a transferencia para São Leopoldo, da Real Feitoria do Linhocânhamo sediada em Canguçu Velho de 1783/89 .
Foi então procedido um levantamento de 1784-88, pela Comissão de Demarcação do citado tratado.
A parte de interesse de Pedro Osório e Cerrito publicamos sob a forma de mapa em nosso livro O Negro na Sociedade do RGS. Palegre: IEL, 1976, p. 185 (.
Do São Gonçalo, ao longo da margem direita do rio Piratini ,aparece o passo do Liscano, umas charqueadas, o Forte São Gonçalo, o posto de Estância da Charqueada, a Estância do Francisco Ruiz, a Estância do Correia Pinto, a Estância do José Cardoso (ao norte da confluência do Santa Maria – que já figura no mapa – com o rio Piratini).
Do São Gonçalo, ao longo da margem esquerda do Piratini aparecem Passo do Bica, Estância do Coronel Rafael Pinto Bandeira, Estância de Pedro Fagundes (na confluência com Arroio das Pedras que aparece com este nome) e entre o rio Piratini e o arroio das Pedras, as Estância do Major Manoel Marques de Souza e de seu irmão Luiz Marques de Souza (estabelecida antes de 1763 e base de guerrilhas que citei a partir de 1769). Aparece igualmente o Cerro Pelado.
O passo do Acampamento surge com este nome desde então. A dúvida se foi ponto de vigilância na guerra ou de acampamento da Demarcação.
Os estancieiros ao norte do Piratini ,em Cerrito atual, eram as figuras militares mais importantes das nascidas no Rio Grande do Sul e continuariam a sê-lo.
Isto denota a importância econômica da região aonde vinham ter manadas de gado do Sul do rio Piratini, com destino as charqueadas a sua margem direita (ver mapa citado) ou a Pelotas.
NA GUERRA DE 1801
Na Guerra de 1801 moradores de Cerrito atual, ao Norte do rio Piratini, irão ter papel de destaque ao mando do Cel Manoel Marques de Souza, proprietário na região, na expansão da fronteira pelas armas, do Piratini ao rio Jaguarão, conforme abordamos no Diário Popular sob o título: "Guerra de 1801" – 31 março 1971 e na citada História da 3ª Região Militar e na História da 8ª da Inf Motorizada- Brigada Manoel Marques de Souza 1º.
Com a expansão da fronteira, novo fluxo povoador, particularmente de portugueses, se verificou para a região em torno da Vila Freire (ex-Cerrito Velho e ex-Cerrito do Piratini e às vezes até Piratini).
Aspectos desse povoamento foi abordado por:
VACARIA, Frei Cristóvão de. Rebelião das Águas em Pedro Osório (ex-Olimpo e
Cerrito – abr 1959). Porto Alegre: Ed. Tip. Champagnat, 1960.
Entre os Vaz, originários de Bragança, os Bento, de Torre de Moncorvo, os Mattos de Guimarães, todos de Portugal e os Gomes dos Açores que ali se fixaram entre 1785-1816, encontro significativa parcela de seus ancestrais conforme abordamos no citado Canguçu – reencontro com a História.
PRIMEIRA DENOMINAÇÃO PROVÁVEL – PASSO MARIA GOMES
Vem dessa época o nome de Passo Maria Gomes, ligando, as sedes dos atuais Pedro Osório e Cerrito , as margens do Piratini. Isto em razão de Maria do Rosário Gomes (nossa tia trisavô) filha do proprietário da margem norte Manoel José Gomes (nosso tetravô) haver mandado abrir o passo citado para assistir missa na Capela da Estância Santa Cruz (ex-Olimpo).
Morreu afogado nesse passo, em 24 de agosto de 1799, o referido proprietário Manoel José, quando, atravessava o rio para fazer compras na estância de Pedro Só, ao Sul.
Decorrido um ano casaram-se (na futura Estância Cerrito) em oratório São Francisco do Piratini, então existente, nossos trisavôs Malaquias José Borba e Tereza Gomes de Jesus (25 jul 1800) irmã de Maria Gomes que foram residir na Armada no Vale do Camaquã. Armada lembrando as dificuldade passadas naquele passo pelo Exército( armada em espanhol) do General governador de Buenos Aires , o mexicano D. Vertiz y Salcedo. Exercito que obrigado a se retirar frente a Rio Pardo, por sofrer derrotas em Santa Bárbara e Tabatingai procurou atingir Rio Grande, tendo passado por Canguçu e Cerrito, para atingir Rio Grande.
CERRITO – HISTÓRICO PONTO DE PASSAGEM
A cidade de Cerrito atual, desde 1756 foi ponto de passagem de um dos mais históricos e estratégicos caminhos do Rio Grande do Sul que assim balizo hoje.
Forte do Rio Pardo, Encruzilhada do Sul, rio Camaquãm (passos Camaquã de Baixo – atual Vao dos Prestes e Armada) – Coxilha do Fogo (primitiva Encruzilhada do Duro) – Canguçu (Cerro Partido e Arroio das Pedras) – Coxilha dos Campos – Morro Redondo – Cerro Pelado – Pedro Osório – Estância Silvana – Forte São Gonçalo – Fazenda Liscano – Passo do Liscano no canal São Gonçalo – Povo Novo – Quinta – Rio Grande.
Foi ponto de passagem importante de produtos embarcados ou desembarcados no porto de Santa Isabel, provenientes ou com destino a fronteira do Quarai e Uruguai, conforme assinalou nosso irmão Ernani Moreira Bento que conhecia a região.
Fato a merecer pesquisa científica para determinar as causas do fastígio e decadência de Santa Izabel que chegou a ser vila e município durante quase nove anos (1984-1893) de igual qual forma que a Estação Cerrito, criado município em 2 abril 1891 sem chegar a instalar-se.
Presumo que a decadência de Santa Izabel ligue-se de certa forma a construção da Ponte do Império, no passo de Acampamento do rio Piratini em 1870.
ALGUMAS CONFUSÕES A EVITAR
O pesquisador deve estar alerta para a confusão acerca de certas denominações toponímicas antigas.
Cerrito éra a denominação histórica primitiva da atual Vila Freire. A origem do povoado data de 1812, quando ali foi erigida a Capela N. S. do Rosário do Cerrito ou Capela do Cerrito do Piratini ou até Piratini. Esta última denominação sendo confundida com a atual cidade de Piratini, na época da Independência chamada Vila dos Casais e Cerrito ,ou Vila Freire de Piratini.
É comum confundir-se o Cerrito do Piratini, com o Cerrito do Jaguarão, ou Vila de Espírito Santo do Cerrito (atual cidade de Jaguarão) conforme a pintou Debret e que predominava a época da Guerra Cisplatina 1825-28.
Com a construção da ferrovia Pelotas- Jaguarão, a região em torno do passo Maria Gomes, ao Norte do Piratini, passou a ser conhecida como Estação Cerrito, ou simplesmente Cerrito e o antigo Cerrito e atual Vila Freire, de Cerrito Velho, próxima do histórico e estratégico Passo do Acampamento (desde a guerra 1763-74), onde foi erigida a célebre e histórica Ponte do Império sobre o rio Piratini, de 1865-70 de grande projeção nacional e internacional,conforme abordamos em nosso Canguçu reencontro com a História .
A cidade de Canguçu atual foi fundada em 1800 e deu lugar a denominação de Canguçu Velho, onde funcionara o sobrado sede da Real Feitoria do Linhocânhamo do Rincão do Canguçu (1783-89), cujos vestígios que localizamos do sobrado de pedra e do mangueirão de pedra quadrada ainda estão bastante conservados. Em meu livro citado O Negro na Sociedade do RGS. Porto Alegre:IEL,1975, publico fotos que tiramos destas ruínas ao descobri-las
A cidade atual de Canguçu cujo nome primitivo foi de Arroio das Pedras. Era como se chamava o atual Arroio Grande, que possui nascentes próximo a cidade de Canguçu e que ajuda a abastecer com o nome de Arroio do Moinho a cidade de Canguçu Arroio Grande em razão de sua enorme extensão e que chamou-se já Canguçu e Turucu.
Documento importante que consultamos na Biblioteca Nacional nos permite esclarecer o seguinte.
A Real Feitoria do Linhocânhamo funcionou no Rincão do Canguçu 1785-89. O Rincão do Canguçu constituiu-se numa enorme extensão de terra entre os arroios Correntes e das Pedras (atual Arroio Grande) e Serra dos Tapes (vertente do Lagoa dos Patos abrangendo Canguçu Velho parte mais alta da Fazenda) e a própria Lagoa dos Patos. Incluía a Ponta do Canguçu já conhecida desde 1758, pelo menos no extremo da ilha depois chamada Canguçu e finalmente Ilha da Feitoria e na qual, segundo o documento citado, não foi nem sequer semeado o linho.
A Ponta do Canguçu deu origem a denominação do Rincão do Canguçu, a enorme Fazenda Real, entre o Correntes e o Arroio Grande, cuja primitiva sede foi em Canguçu- Velho atual para distinguir de Canguçu ,fundado 11 anos depois da transferência da Real Feitoria para São Leopoldo e as terras serem vendidas ao Capitão Mór Rodrigues Prates, genro do General Marques de Souza que foi grande sesmeiro em Cerro Pelado. Forneço detalhes em nossa plaqueta Real Feitoria do Linhocanhamo do Rincão do Canguçu 1783/89-Localização .Canguçu: ACANDHIS/Prefeitura Municipal,1992.
O documento refere a arroio do Tigre, que julgo tratar-se do arroio Quilombo atual. Isto visando alguma conotação de palavra Canguçu (onça onça palustres) com o lugar existente no Rincão do Canguçu a época.
Outra confusão que predominou por muito tempo, foi confundir-se a Encruzilhada do Norte do Camaquã (atual Encruzilhada do Sul, com a Encruzilhada ao Sul do mesmo rio, Encruzilhada do Duro (atual Coxilha do Fogo). O livro Canguçu – reencontro com a História esclarece o assunto.
NÚCLEOS GEO-HISTÓRICOS DE PEDRO OSÓRIO E CERRITO
Destacam-se cinco núcleos geo-históricos a saber: Vila Freire, Cerrito (antiga estação Cerrito), Olimpo e Santa Izabel.
Vila Freire: Povoamento teve início depois de expulsão dos espanhóis da Vila de Rio Grande em 1776, de parte de açorianos e descendentes vindos de Rio Grande (Mostardas, Estreito, Povo Novo). Após a Guerra de 1801 e Campanha de 1812 do Exército Pacificador forneceu grandes contingentes de povoadores das regiões incorporadas entre o Piratini e Jaguarão, entre os Ibicui e Quarai e Sete Povos. Uma pesquisa profunda revelará aspectos interessantes dessa região, do ponto de vista das famílias gaúchas importantes que ali residiram. Foi no Império um local movimentado e hoje um exemplo de involução. Até que ponto influíram negativamente no seu destino a Ponte do Império 187o e mais tarde, a ferrovia Pelotas- Jaquarão, passando por Estação Cerrito. Cerrito Velho chegou a possuir 5 capelas.E nelas foram batizados os irmãos Saraiva(Gumersindo etc).
Estação Cerrito ou Cerrito: O povoamento teve lugar por volta de 1785 quando ali se estabeleceu com 9 léguas de campo Manoel José Gomes( nosso tetravô) adquiridas do Major Manoel Marques de Souza. O local chamou-se inicialmente Maria Gomes conforme já referimos e que faleceu em 7 mar 1839 durante a Revolução Farroupilha.
Depois Joaquim José Vaz de Bragança, casado com Manoela de Souza Vaz (nossos tetravôs) adquiriram a herança de José Emílio Gomes, irmão de Maria Gomes.
Os herdeiros de Joaquim José Vaz de Bragança receberam a área da antiga Estação Cerrito e entre eles Antonio Joaquim Bento, casado com sua neta Izabel (nossos bisavós) e seu irmão Carlos Frederico Lecor Bento , casado com Maria Thamásia Vaz irmã de Izabel e tronco dos Bentos de Cerrito e Barnabé José de Souza (Cel Tututa) que casou sucessivamente com Maria Altina e Maria Madalena. Barnabé (Cel Tutula) loteou a mais tarde Estação do Cerrito, doando terrenos para a estação, capela e cemitério.
Entre os fundadores de Cerrito encontram-se os Gomes, os Vaz, os Bentos, os Caldeiras, os Souzas, os Portos e os Bernardes. Os dois últimos foram os primeiros oleiros, atividade que atingiu grande expressão no Cerrito.
Impõe-se uma pesquisa mais profunda inclusive em livros de registros (batismos, óbitos e casamentos) para recuperar-se a memória de Cerrito.( E isto acaba de ser feito expressivamente por Genes Leão Bento na sua excelente e esclarecedora obra Raízes de nossa História. Pelotas: Estiilus Artes Gráficas,2005)
Olimpo: A primeira denominação notável foi a do Forte São Gonçalo (1756-1801). Em 1784 é assinalada pela Estância que aparece num mapa na nossa obra O Negro e descendentes, p. 119. Creio que chegou a ser conhecido também como passo Maria Antonia e depois Santa Cruz, por desenvolver-se dentro da Estância de Santa Cruz, como também Paraíso, por situar-se próximo a Estância Paraíso e mais tarde Estação Piratini, o que resultava em abreviarem por Piratini, confundindo com Piratini, cidade e depois Ivo Ribeiro e finalmente Olimpo, segundo versão local com o sentido de Paraíso, nome anterior ligado a Estância do Paraíso.
Santa Izabel: Junto a Lagoa Mirim e que por certo uma pesquisa histórica aprofundada revelará uma importância histórica passada muito significativa no sentido de intercâmbio cultural da Fronteira do Uruguai, Centro do Estado com Rio Grande, Pelotas.
Estância esta estabelecida ao Sul de Piratini depois de 1776 e que atingiu razoável progresso, e assim possuiu :
Edifício com 300 aberturas e assobradado, capela de 13 x 30m, olaria, senzala, cemitério e movimentada por cerca de três centenas de escravos.
Estes foram os dados que conseguimos resgatar ao longe .Informações locais poderão precisar , corrigir estes dados e os incorporarem as histórias de Cerrito e Pedro Osório .
O Município de Piratini foi criado em 1830, por Decreto Imperial de 15 de dezembro e integrado pelos distritos de Canguçu, Cerrito e Bagé até o Pirai. Em 1846 perdeu o municipio de Bagé então criado e, em 1857 o de Canguçu então criado e que absorveu o distrito de Cerrito que fez parte de Canguçu por um século.. Piratini em 1878 perdeu o seu distrito de Cacimbinhas ,criado município e hoje Pinheiro Machado.
Em 1828 o Exército Imperial que havia combatido na Guerra Cisplatina 1825/28, com os argentinos e orientais ( uruguaios) foi desmobilizado em Piratini , que 2 anos depois seria criado município e onde passaram a residir veteranos desmobilizados e descontentes , dando início a insatisfações que 5 anos mais tarde alimentariam a Revolução Farroupilha . Foram tropas do Corpo da Guarda Municipal do termo de Piratini , recrutadas em seus distritos ,incluindo os de Canguçu, Cerrito e Bagé até o Pirai , que transformados em Brigada Liberal de Antônio Netto, venceram no município de Piratini, em Seival , em 10 de setembro 1836, tropa imperial ,o que criou condições, no dia seguinte, ainda no municipio de Piratini , em Campo do Meneses , a proclamação da Republica Rio Grandense 1836/45 , a única experiência republicana no Brasil , antes que ela fosse proclamada, em 15 de novembro de 1889, 46 anos mais tarde .
Portanto foram filhos de Piratini, Canguçu ,Cerrito e de Bagé que integraram as forças de Netto vencedoras em Seival e que no outro dia proclamaram a Republica Rio Grandense, ou do Piratini que durou cerca de 9 anos e que foi instalada em Piratini onde ela viveu os seus dias de maior glória.
Mas à pacificação seguiu-se um longo período de discriminações, perseguições e pressões políticas sobre os piratinienses, canguçuenses, cerritenses e bageenses que a conquistaram e proclamaram, de modo que estes se sentissem neste período complexados por haverem sido discriminados pelos governos do Império E passaram seus descendentes a padecer, como de um complexo de inferioridade pelas ações de seus ancestrais na revolução, mesmo depois de a Revolução haver sido exaltada na República e, seus símbolos serem adotados pelo Rio Grande do Sul em 1891 e o Palácio do Governo do Estado passar a ser chamado de Palácio Piratini. Mas para Piratini, Canguçu, Cerrito e Bagé suas participações relevantes para a adoção da Republica Rio Grandense ,que se projetam na Republica do Brasil foram cobertas pela patina dos tempos e por eles esquecidas. A própria data de 11 de setembro de 1838, até pouco tempo era dada pouca importância, em beneficio do 20 de setembro, cujas conquistas em Porto Alegre foram anuladas com a sua reconquista pelos imperiais e prisão do governo farroupilha que ali se instalara e que foi todo levado preso para o Rio de Janeiro.
Enfim esta na hora de Piratini, Canguçu, Cerrito e Bagé até o Pirai recobrarem e cultuarem a importância de suas participações na adoção da República Rio Grandense ,hoje tão festejada pelos gaúchos , inconscientes do que aqui estamos resgatando , fatos que de certa forma abordamos em nosso trabalho Piratini um sagrado símbolo gaúcho farrapo. Canguçu:IHTRGS/ACANDHIS,2001 que distribuímos bastante a interessados a época e repetimos ao fundarmos a Academia Piratiniense de História , em 6 de julho de 2003, em Piratini, no CTG 20 de setembro.
Esta na hora das lideranças e tradicionalistas de Piratini, Canguçu, Cerrito, Bagé e municípios deles originários reclamarem estas glórias que conquistaram .E Cerrito o fato de um filho seu o Tenente Farrapo Manoel Alves da Silva Caldeira, haver fornecido a historiadores gaúchos o muito de essencial sobre a Revolução que ele presenciou e escreveu .Personagem que estudamos em nosso O Exército farrapo e os seus chefes .Rio de Janeiro; Biblioteca do Exército,1992.v2.
(x)Presidente das Academias de História Militar Terrestre do Brasil, e das Canguçuense e Piratiniense de História e do Instituto de História e Tradições do RGS Rua Folrença 266 Jardim das Rosas –Itatiaia –RJ 0xx/24/33542988
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