São Gabriel - a Atenas e Esparta gaúchas

Cláudio Moreira Bento

 

 

O consagrado escritor e historiador e tradicionalista Osório Santana Figueiredo, que consideramos o mais inspirado destacado tabelião dos gloriosos tempos históricos da terra e gente gabrielense em seu excelente Terra dos Marechais(Santa Maria: Graf. E Ed. Pallotti, 2000) confirma o título do presente artigo.

Atenas rio-grandense, foi berço dos inspirados escritores Alcides Maya, Assis Brasil, João Borges Fortes, Jonathas Rego Monteiro, Ptolomeu Assis Brasil e hoje de Osório Santana Figueiredo entre muitas outras vocações literárias.

Esparta rio-grandense principalmente por ter sido berço nato ou adotivo de grandes soldados, como os que focaliza em seu citado livro como figuras exponenciais: Os marechais João Nepomuceno Medeiros Mallet e Hermes Rodrigues da Fonseca, os maiores reformadores do Exército no período 1898-1920; João Batista Mascarenhas de Morais o comandante da Defesa Territorial no Saliente Nordestino na 2ª Guerra Mundial e depois o comandante da Força Expedicionária Brasileira, que liderou as forças terrestres do Brasil na Europa em defesa da Democracia e da Liberdade Mundial e coroando brilhantemente a Reforma Militar liderada pelos seus conterrâneos marechais Hermes e Medeiros Mallet que ajudaram a arrancar o Exército, dos ultrapassados padrões operacionais revelados no combate a Guerra Civil 1893-95 na Região Sul, combinado com a Revolta na Armada e por fim no combate a guerra de Canudos em 1897.

Por mais profícuo Mena Barreto, veterano combatente das Guerras do Sul, 1825-65, culminando com o comando do Exército do Sul que conquistou Paissandu, ocupou Montevidéu e concorreu para a disposição de Atanázio. A Guerra, após o que solicitou dispensa por doença sendo agraciado Barão de São Gabriel com grandeza caracterizou-se por este pensamento: "O dever acima de tudo". " Mesmo moribundo, o soldado não tem o direito de negar a pátria, em seus dias mais difíceis, os serviços reclamados por ela". Pensamentos imortalizados pelo 9º RCB de São Gabriel do qual é patrono.

E finalmente Fábio Patrício Azambuja com uma vida militar singular por afastado como capitão do Exército de 1899-1918, por reformado, por sua participação na Guerra Civil 1893-95 ao lado de Gumersindo Saraiva. Chefe que ao retornar ao seu serviço ativo como coronel, atingiu o generalato em 1822, excedendo interinamente o comando da 3ª Região Militar, durante a Revolução de 23.

Como comandante do 2º DC em Alegrete durante a Revolução de 23, simpático à causa revolucionária, manteve sua tropa mestra, mas influiu na escolha e aclamação de Honório Lemes como general para liderar a revolução em sua área.

Foi prestimoso auxiliar o Ministro da Guerra General Setembrino de Carvalho para pacificar a Revolução de 23 em Pedras Altas, dada a sua capacidade de dialogar com os revolucionários cuja causa simpatizou e até influenciou.

O Marechal Fábio deixou o Exército em 1924 e dedicou-se as atividades de estancieiro com colaboração de prospectos de obras públicas, tendo sido provedor assinalado da Santa Casa, tendo falecido em janeiro 1955 aos 93 anos dos quais 35 de assinalados serviços a sua terra natal que o conheceu.

Osório Santana o classificou como homem simples, bondoso, alegre, gracioso de uma simpatia atraente e amável.

A Terra dos Marechais é rica em lições deixadas por estes ilustres soldados gabrielenses cujos retratos ornam o gabinete do Comando do 6º BE Cmb, na Caserna de Bravos. Este título de outra excelente obra de Osório Santana Figueiredo que li viveu longos anos de soldado a subtenente e obra já em sua 3ª edição.

Como historiador militar terrestre muito aprendemos com Osório Santana Figueiredo com as vidas e obras dos Marechais das quais conhecíamos expressivos fragmentos a exceção do Marechal Fábio. O Mal Hermes estudamos para argumentar proposta vencedora para sua consagração como denominação histórica da 3ª Região Militar e sobre o qual o autor fez o mais expressivo trabalho. Mascarenhas de Morais já havia nos estudado para sere o orador indicado por Pedro Calmom na comemoração de seu centenário pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, trabalho publicado em sua Revista.

João Propício Mena Barreto abordou a sua significação histórica na História da 3ª RM, como seu comandante em 1864-65 em operações no Uruguai contra Aguirre.

João Nepomuceno Medeiros Mallet e ponto obrigatório de passagens para quem estuda o Exército no início do século e que se consagrou como o criador do Estado-Maior do Exército e da Fábrica de Pólvora sem Fumaça em Piquete-SP, a primeira da América do Sul, etc.

O livro A Terra dos Marechais consagra o historiador militar terrestre brasileiro Osório Santana Figueiredo por rico em lições de vida e profissionais deixadas por cinco chefes exponenciais do Exército.

Assim livro que merece ser lido por profissionais militares, pois segundo o general Patton "A leitura objetiva da História Militar é condição de êxito para o militar que deve ler biografias e autobiografias de chefes militares, por quem assim proceder conduza que a guerra é simples".

E é justamente nesta linha que se agiganta a contribuição expressiva de A Terra dos Marechais de Osório Santana Figueiredo.

Merece destaque em sua obra o trato da figura humana do Marechal Hermes e seu histórico e feliz casamento com Nair de Tefi, filha do Almirante Tefe e neta do Alferes e conde von Hoonholtz que foi lançado e queimado no incêndio do campo de Batalha do Passo do Rosário em 20 fev 1827, como integrante do 27º BC de Alemães.

Osório faz um paralelo entre a exima amazona Nau de Tifé com o seu ídolo Maneca Pereira, filha do exponencial campeiro maneco Pereira que ele estudou e imortalizou em sua obra regionalista Maneco Pereira, o homem que laçava com o pé(Santa Maria, Ed. Pallot 1996 2ª ed.).

Ao finalizar sua modelar biografia de Marechal Hermes, o mais exponencial militar gabrielense ele reproduz a seguinte expressão do Mal Hermes de suas incursões na política e em especial na tentativa das Políticas das Salvações Nacionais tentado em 1912 para combater as oligarquias.

"Tarde reconhece o mal enorme que representou para mim a minha boa intenção de ferir de morte as oligarquias. Passei pela triste decepção de verficar que: amigos meus o eram mais das oligarquias".

Mais tarde as oligarquias o prenderiam, por largo tempo fechariam o Clube Militar que presidia eventos que serviram de estopim para as revoluções tenentistas de 1922, 1924-26 vitoriosas na Revolução de 30.

Sintetizando A Terra dos Marechais é um grande livro que o subtenete reformado Osório Santana Figueiredo dedicou a memória dos heróis que fizeram o passado das Forças Armadas, ao dos presentes que preservam este patrimônio cultural com devocional patriotismo e dedicação estremada e aos que no futuro se sacrificarem pelo Brasil, se nuvens sombrias toldarem o sol da paz da nação brasileira.

Conclui-se que a iniciativa do Marechal Hermes das Manobras de 1906 no Aerato de São Cruz ele dava curso de 19 anos mais tarde, a iniciativa do Conde D’Eu de que era ajudante de Orduis em 1884-85 da manobra em 1885 no Aerato de Santa Cruz no campo da Redenção em Porto Alegre e em Saicã.

 

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OSÓRIO SANTANA FIGUEIREDO

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