A REVOLTA DO
CONTESTADO 1912-15 NO CENTENÁRIO DE SUA ECLOSÃO
Cel Claudio Moreira
Bento (Presidente da FAHIMTB e da AHIMTB/Resende Marechal Mário
Travassos, Historiador militar e jornalista)

Cel Cláudio Moreira Bento(X)
Neste
ano comemora-se o centenário da Guerra do Contestado, que durou cerca de
46 meses, de out. de 1912 a agosto de 1916, com a prisão do último líder
da Revolta, Adeotato Ramos. Ela foi considerada por Nilson Cesar Fraga,
grande estudioso desta tragédia social, “como a maior guerra camponesa
ocorrida na América do Sul”. Ela superou a Guerra dos Muckers em 1874,
no Rio Grande do Sul e a de Canudos em 1897, no sertão baiano,
como resultado de omissões ou de impossibilidades de atender obrigações
sociais de parte dos governos federal, estaduais e municipais que
resultaram no abandono de populações pobres e injustiçadas e órfãs do
Poder Publico, levando-os à revolta, e obrigando os governos estaduais
recorrerem ao governo federal para
empregarem o Exército, para evitarem mal
maior, o caos e danos irreparáveis à
Unidade Nacional e a Paz Social.
A nossa
abordagem no centenário desta guerra é do ponto de vista militar, com
vistas a dela retirar lições preciosas no tocante à História Operacional
e Institucional do Exército no período e das policias militares de Santa
Catarina e do Paraná
Os aspectos
políticos, sociais e econômicos, acreditamos encerrem preciosas lições
para os historiadores estudiosos sobre Política, Sociologia,
Antropologia e Economia na Guerra Contestado, para deste mergulho
crítico, melhor entenderem o presente e fornecerem as ferramentas para
as atuais e futuras lideranças políticas construírem um Brasil mais
seguro, mais justo, com menos miséria e militarmente mais forte, a
altura de sua grande e crescente projeção econômica e social mundial e
com imensas riquezas do povo brasileiro a proteger.
Esta tragédia
creio, hoje, será colocada injustamente por muitos, como
responsabilidade do Exército e das Policias Militares do Paraná e Santa
Catarina, como o foi para muitos setores a tragédia social de Canudos,
sobre a qual em Seminário sobre Centenário de Canudos, na Câmara
Federal, a que fomos convidados a participar, e que em nome da Academia
de História Militar Terrestre do Brasil,(AHIMTB), hoje transformada em
FAHIMTB, e que desenvolve, desde 1996, a História das Forças Terrestres
do Brasil,(Exército, Fuzileiros Navais, Infantaria da Aeronáutica,
Polícias e Bombeiros Militares e outra forças que as antecederam, Guarda
Nacional e Voluntários da Pátria),. lá tivemos a oportunidade de
defender a atuação do Exército e de 11 Polícias Militares de
interpretações dominantes, as incriminando, quando a responsabilidade
histórica por aquela tragédia social foi da Sociedade Brasileira como um
todo, que não tomou, em tempo, ou não teve condições de tomar as
medidas preventivas para que aquela tragédia social não ocorresse com
pesadíssimos tributos em vidas imoladas de soldados brasileiros, e de
civis injustiçados e abandonados pelo Poder Público, naquele conflito
cruel.
Então procuramos
recordar aos presentes, bem com em entrevista na Globo News, de
que o Exército é o Braço Armado do Povo Brasileiro e que a sua presença
em Canudos foi determinada pelo Povo Brasileiro, através de seus
representantes no poder Executivo e no Legislativo. E esta é a conclusão
que se retira da Carta Magna. E lá registramos que o Exército Brasileiro
só atuou em Canudos por determinação da Presidência da República e de
igual forma na Pacificação do Contestado. E
mais, que historicamente o Exército só foi e somente irá onde os
poderes Executivo e Legislativo que representam o Povo Brasileiro
determine.
O Exército a época da Guerra do
Contestado
Em
1905, a Escola Militar da Praia Vermelha foi fechada em decorrência da
sua participação Revolta da Vacina Obrigatória em 1904. Ainda 1905, em
função dessa Revolta, foi baixado o Regulamento do Ensino de 1905 que
revogou Regulamento de Ensino 1874, de natureza bacharelesca, de que
resultou a criação de oficiais doutores, formados em Engenharia e
Ciências Físicas e Matemáticas e colocando numa 2ª classe e
discriminada pelos primeiros, os oficiais profissionais voltados para
atividades relacionadas com a Segurança Nacional e que passaram, por
preconceito social, a serem tratados por tarimbeiros. E os
oficiais bacharéis dominariam o Exército por 31 anos, não
priorizando as atividades ligadas à Defesa Nacional..E esta situação
pendurou até a edição do Regulamento de 1905, por influência de oficiais
veteranos ou filhos de veteranos da Guerra do Paraguai. De 1874 a
1905, por cerca de trinta e um anos, repetimos o Exército foi dominado
pelos bacharéis e teve de enfrentar em condições precárias e, por vezes
com operacionalidade inferior aos revolucionários nas Guerra Civil de
1893-95, na Região Sul, combinada com a Revolta na Armada irradiada do
Rio de Janeiro e, a seguir, a Guerra de Canudos, em 1897, no sertão
Baiano. A primeira reação dos até então denominados tarimbeiros,
veteranos e filhos de veteranos da Guerra do Paraguai, foram as
seguintes iniciativas lideradas pelo Ministro da Guerra Marechal João
Nepomuceno Medeiros Mallet, filho do heróico patrono da Artilharia do
Exército e que marcaram o inicio a Grande Reforma Militar do Exército
1898-1945,
- A criação do
Estado-Maior do Exército em 1898;
- A criação em 1903, da Fábrica de Pólvora sem fumaça em Piquete
-SP, que foi a primeira da América do Sul, liberando o Exército e a
Marinha de Importar este item estratégico.
Em 1905, o
Marechal Hermes da Fonseca, então comandante da atual 1ª Região Militar,
que leva seu nome como denominação histórica, por nossa sugestão e
orientação como oficial do EM/1ª RM em 1983/84, realizou com sua tropa
as Manobras de Santa Cruz, dando prosseguimento as manobras de 1885,
realizadas pelo Conde D’Eu, em Santa Cruz-RJ, Saicã e Porto Alegre no
Rio Grande do Sul e do qual ela fora o Ajudante de Ordens. Era mais uma
iniciativa da Reforma Militar.
Em 1908, como
Ministro da Guerra, o Marechal Hermes realizou profunda reorganização do
Exército, criando as Brigadas Estratégicas e a Arma de Engenharia e a
aquisição no exterior de grande estoque de fuzis Mauser, metralhadoras
Madsen e canhões Krupp, com respectivas fábricas de munições e
construiu novos e modernos quartéis. E nesta missão ele recebeu o apoio
do Ministro das Relações Exteriores, o Barão do Rio Branco, o Chanceler
da Paz que pacifista acreditava nesta lição da História: ”Se queres a
paz, prepara te para a guerra.”
O Marechal Hermes em
1910-1912 enviou para cursos no Exército Alemão oficiais das diversas
armas. Em 1912, ano da eclosão da Guerra do Contestado, oficiais do
Estado-Maior da 3ª RM, em Porto Alegre, fundaram a Revista dos
Militares. E em 1913, no Clube Militar, um grupo de oficiais
idealistas fundaram a histórica e benemérita Revista A Defesa
Nacional, os quais, por suas idéias renovadoras, foram
apelidados de Jovens Turcos.
Enquanto isto
em Porto Alegre, em 1906, foi recriada a Escola Militar e com a
denominação de Escola de Guerra de Porto Alegre e que lá funcionou de
1906 a 1911 e foi um celeiro de grandes líderes militares que
dinamizaram e consolidaram a Reforma Militar.
Por ocasião da
Guerra do Contestado o Exército era formado por profissionais e sem
dispor de Reservas, o que foi tentado compensar com a formação de
reservistas nos Tiros de Guerra, idealizado em Rio Grande/RS pelo Cel
Honorário do Exército Antônio Carlos Lopes, um farmacêutico com estagiou
na Suíça, de onde trouxe esta idéia para o Brasil que logo recebeu o
apoio do Ministro Hermes da Fonseca. Enquanto isto se passava, ao
final a Guerra do Contestado, no 2º ano da 1ª Guerra Mundial 1914/18, o
poeta Olavo Bilac, empenhou-se em Campanha Nacional em favor do Serviço
Militar Obrigatório e com o concurso da Liga da Defesa Nacional,
fundada por patriotas civis, visando fortalecer espiritual, moral e
materialmente o Brasil. Serviço Militar Obrigatório, inaugurado em
10 de Dezembro de 1916, no atual Palácio Duque de Caxias pelo Presidente
Wenceslau Braz. Serviço que fora instituído no Brasil em 1876, pelo
Duque de Caxias, mas não implementado.com a sua saída do Ministério da
Guerra e chefia do Gabinete de Ministros.
O Presidente
Wenceslau Braz, que assinou a Declaração de Guerra a Alemanha, extinguiu
a Guarda Nacional, que tanto prejudicava o desenvolvimento do Exército,
em razão de sua força política e econômica, mas então incapaz de prestar
qualquer serviço militar ao Brasil, num mundo em Guerra. E também
transformou as Policias Militares Estaduais em Reserva do Exército
aumentado assim as suas reservas.. E foi ele quem conseguiu um acordo
entre os Governos Paraná e Santa Catarina, para colocar um fim a
cruenta revolta social a Guerra do Contestado, motivada por injustiças
e desamparos sociais que provocaram a sua eclosão.. Terminado a 1ª
Guerra Mundial, de onde o Exército tirou grandes lições doutrinárias,
através de oficiais brasileiros que nela combateram ao seu final,
inclusive o mais tarde Marechal Jose Pessoa, o idealizador da Academia
Militar das Agulhas Negras e o Capitão Tertuliano
Potiguara de Albuquerque,
herói do Exército na Guerra do Contestado e que foi promovido a
tenente coronel por ato de bravura na batalha de San Quentin, na
França.combatendo em unidade do Exército Frances como outros oficiais
brasileiros Em 1919/21, funcionou na Escola Militar do Realengo, a
Missão Indígena, integrada por oficiais selecionados em concurso pelo
Estado-Maior do Exército, a qual formou uma geração de oficiais de alto
gabarito com expressiva atuação e projeção nas conquistas da Revolução
de 30. Missão Indígena que considero uma manifestação pioneira da
célebre Semana de Arte Moderna no Exército..
Causas remotas e imediatas da Guerra do Contestado
Quando foi criada a província do Paraná, em
1853, por desmembramento da de São Paulo, havia uma antiga questão de
limites que remontava ao período colonial.
Vários
atos sucessivos alteraram a divisão territorial do Rio Grande do Sul,
de Santa Catarina e de São Paulo, criando, ampliando, ou extinguindo
ouvidorias, comarcas e distritos, conforme as conveniências do governo
central e também dos próprios regionais.
Quando
da sua instituição, a novel província do Paraná herdou as questões
pendentes entre as províncias de Santa Catarina e de São Paulo.
Chegou-se ao fim o
século XIX sem que as dúvidas tivessem sido dirimidas. Santa Catarina
pretendia que os seus limites se estendessem, para o norte, atingindo os
rios Negro e Iguaçu, e para o sul, até a linha dos rios Canoas, Pelotas
e Uruguai, enquanto o Paraná afirmava serem esses três últimos rios, os
definidores dos limites, com o Rio Grande do Sul.
A área contestada
pelos dois Estados: uma região tipicamente serrana, cortada de campos
próprios para a pecuária, com vastas zonas intensamente arborizadas,
formando densas florestas e possuidora de solo extremamente fértil e
clima ameno, registrando-se no inverno, temperaturas bastante baixas.
A área
do Contestado poderia ser caracterizada numa visão geral, pelos rios
Peperi guaçu e Santo Antônio, a
oeste, Iguaçu e Negro, ao norte,. Pelotas e Canoas, ao sul,
e a leste por uma linha geral que, partindo das cabeceiras do rio
Marombas, afluente do Canoas, procurava as do rio Preto, seguindo por
ele até o rio Negro.

No esboço à
esquerda, em escuro tracejado, a região do Contestado. À direita,
esboço da área do Contestado com as suas localidades assinaladas que
melhor poderiam ser visualizadas com o uso de uma mapa da região
(Fonte: História do Exército, 1ª Ed. 1972).
Elaboraram-se vários
projetos, tanto no âmbito provincial, como no parlamentar, para decidir
a questão. O próprio governo federal fora forçado a marchas e
contramarchas na solução do problema, ao ponto de sustar a execução de
um decreto que definia os limites em litígio. Ao aspecto meramente
político-administrativo veio somar-se outro fator de ordem econômica. A
erva-mate produzida em grande quantidade pelos municípios
situados na faixa norte do Contestado em disputa, passou a obter
boa aceitação no mercado internacional. O beneficiamento feito no
Paraná, carreava bons rendimentos para o Estado.
No início da primeira
década do século XX, fundou-se uma usina para o mesmo fim, de
beneficiamento do mate, em Joinville, Santa Catarina.
Imediatamente o Paraná criou barreiras que taxavam a erva exportada da
região contestada para a cidade catarinense. E resultaram vários
choques, envolvendo as forças policiais dos dois Estados e produtores de
mate. Decorreu desta luta econômica em torno de beneficiamento do
ouro verde da época, o derramamento de sangue irmão e forneceu
terreno fértil às futuras violências.
Em 1901, Santa
Catarina propusera uma questão ordinária de reivindicações sobre limites
territoriais. Três anos depois, o Supremo Tribunal Federal deu-lhe ganho
de causa. Dois embargos, oferecidos pelo Paraná, foram rejeitados, por
aquela Corte, que, em 1910, confirmou, pela terceira vez a sentença
original.
O Monge
João Maria e sua influência mística no Contestado
Depois do derradeiro
pronunciamento daquele Tribunal, instalou-se em União da Vitória, uma
junta governativa composta de destacados cidadãos paranaenses, a fim de
criar o Estado de Missões, abrangendo toda a área do Contestado. O
governo do Paraná interveio de forma conciliatória, conseguindo o
adiamento desta resolução. A sentença da justiça, entretanto, não foi
posta em execução Interesses políticos e econômicos protelaram, e
impediram a implantação.
Expressivo número de
colonos estrangeiros, notadamente alemães, acorrera para a região, desde
o final do século passado. Os emigrantes aculturaram-se, lentamente, com
os habitantes do Contestado. Com as dificuldades de comunicação da
época, esta população vivia afastada dos centros de cultura do país,
possuindo educação precária e mentalidade limitada, onde a religião
marchava de mãos dadas com o misticismo e o fanatismo. Neste terreno
crédulo e facilmente impressionável, surgiu, por volta de 1882, um
personagem conhecido por João Maria, o Monge. Este homem passou a
percorrer os sertões, realizando curas e pregando uma religião, misto de
catolicismo e crendices sertanejas. Ancião sombrio, barbas brancas,
longas e sem trato, em pouco tempo adquiriu foros de apóstolo. A gente
tímida e ignorante ouvia-lhe a palavra serena como a de um emissário
divino. Quando faleceu, a notícia correu a região, enriquecida com um
detalhe messiânico: o Monge, dentro em breve, voltaria à terra,
redivivo, para continuar a sua pregação e realizar novas curas. A
ressurreição passou a ser aguardada no Contestado entre seus
seguidores..
Problema
Social - O abandono de trabalhadores na área da ferrovia construída
A existência de
dualidade de jurisdição, no Contestado, favoreceu o fortalecimento das
grandes fazendas, onde, sob o manto autoritário dos “coronéis”,
reuniam-se os foragidos da justiça. Era conhecida no Contestado, a poder
desses senhores de terras, que se tratavam como de nação a nação,
ameaçando-se, por vezes de armas nas mãos, quando surgia, entre eles,
alguma diferença.
A construção da
ferrovia estratégica São Paulo – Rio Grande, integrando o Rio Grande do
Sul ao Centro do Poder, atravessava o Contestado, e trouxe para a região
novo tipo de gente. Não havendo qualquer processo relativo na
contratação de operários, o Contestado acolheu variada gama de
malfeitores, oriundos de todas as partes do país. Concluída a linha
férrea, foram deixados nos mesmos sítios onde se encontravam as turmas
de trabalho a que pertenciam. Estes indivíduos cultivavam, pelos
próprios reflexos do meio em que viviam, os atributos de valentia e
violência, manejando com igual destreza a picareta e o facão.
O assassinato
tornou-se, entre eles, meio rápido e fácil de resolver pendências. Tais
violências, nem sempre se limitavam à solução de uma dívida entre dois
homens: algumas vezes tendo como pretexto à falta de pagamento ou o
desmando dos feitores, ocorreram revoltas que exigiram a presença da
Força Pública. Foi uma escola dos futuros líderes de acontecimentos mais
graves.
O problema social
agravou-se quando a concessionária da ferrovia resolveu explorar a faixa
de 15 km ao lado de cada margem da estrada, que lhe fora outorgada por
contrato. Antigos posseiros tiveram que se mudar. em busca de novo
refúgio para as suas sobrevivências.
O isolamento da
população explicava a rudeza de seus costumes e hábitos. A população em
geral era desconfiada e rústica. Esta última característica traduzia-se
por uma vida semi selvagem e embrutecida. O sertanejo nem sempre
procurava a luta, Mas se uma força superior mexia com os seus
interesses evidenciava toda a violência, tornando-se inimigo temível..
Um
falso monge que surgiu no Contestado em 1911
Surgiu em 1911, no
Contestado surgiu, um novo Monge, José Maria. Insinuava ser irmão
do falecido João Maria, um mito entre aquela gente crédula.
Na verdade, um
anticristo. ex-soldado do Exército e cabo desertor da Força Pública do
Paraná, dispusera-se a recolher os frutos da semente que o verdadeiro
Monge João Maria plantara na alma dos sertanejos. Como
consequencia de umas poucas curas bem sucedidas, ganhou a reputação de
Santo e foi conquistando a confiança da população,tornando
muitos seus seguidores. Lembrava os trágicos episódios de Jacobina
Maurer em 1874, na Guerra dos Muckeres no Rio Grande do Sul e que
tratamos na História da 3ª Região Militar v.1 e, de
Antonio Conselheiro na Guerra de Canudos em 1897, que tratamos no v.2.
da citada história. O novo Monge passou a percorrer o Contestado,
sem rumo e sem destino, precedido de áurea de santidade, prometendo bens
materiais e a salvação eterna àqueles que o seguissem. Em suas andanças,
organizava acampamentos, denominados os Quadros Santos.
Criou sua escolta pessoal com 24 sertanejos, robustos e valentes
denominados os Doze Pares de França, inspirados em Carlos Magno..
Cresceu de tal forma
a fama de santidade do novo Monge, que logo se viu cercado de
seguidores, fanáticos e doentes esperançosos de cura. Sua palavra era a
lei. De chefe espiritual arvorou-se em chefe temporal. Influenciado pela
leitura da obra Os Doze Pares de França, muito
conhecida no Contestado, extrapolou da ação religiosa para a política e
passou a pregar o restabelecimento da Monarquia. Para o homem inculto e
não politizado daquela região isolada, a fidelidade ao novel regime
republicano nada representava. Muito mais valia o conselho do Monge,
cheio de promessas de melhor vida, posse de terra e de liberdade do jugo
dos “coronéis” sertanejos republicanos
Seus acampamentos
adquiriram aspecto marcial. Ao arrastar de esporas, tilintar de armas,
relinchar de cavalos e toques de buzinas e tambores, juntavam-se os
gemidos e as preces. Quartel- Hospital-
Igreja, era a síntese das
características heterogêneas desses locais: e chefiando tudo, lá estava
o antigo cabo de polícia do Paraná, abusando do misticismo, valendo-se
das divergências internas, para atingir os seus desígnios.
O Monge
instalou-se em Taquaraçu, no município de Curitibanos, em outubro de
1912. O intendente da cidade, temendo a sua presença e de seus
seguidores, solicitou ao governo de Santa Catarina que enviasse tropas
para dissolver o acampamento dos seguidores do Monge, onde,
diziam ele, proclamara-se a Monarquia.
À aproximação de um
contingente da força policial catarinense, José Maria retirou-se, com
sua gente, através de Campos Novos, para Campos do Irani, município de
Palmas, Estado do Paraná.
Os adeptos do
Monge não tinham organização, nem instrução militar formal. Havia,
no entanto, uma revista matinal – A forma – por meio da qual o
chefe inspecionava os combatentes, averiguando se houve deserções. A
disciplina, era rigorosa, e as punições variavam, desde surras
aviltantes aos fuzilamentos. O armamento era variado: espadas, punhais,
facões; revólveres, garruchas, carabinas e espingardas. Exímios na
esgrima com facão por habituados ao seu manejo, desde a infância, e o
manejavam com tanta destreza que a arma parecia fazer-lhes parte do
próprio corpo.
Dada a preocupante situação gerada por choques
intermitentes, entre elementos da força policial do Paraná e de Santa
Catarina, questões de jurisdição no território contestado, o governo
paranaense, supondo ser a invasão de seu Estado, pelo Monge e
seus liderados, pretexto de Santa Catarina para inflamar ainda mais a
questão de limites, resolveu reagir,
expulsando-os de seu território. Iniciaram-se as ações de guerra no
Contestado, uma das mais cruentas lutas internas travadas no Brasil.
A morte
do Capitão do Exército João Gualberto no combate
de Irani, comandante da Força Publica do Paraná, pelo Monge, um cabo
desertor desta Corporação
A
Força Pública do Paraná e de Santa Catarina organizaram as suas
unidades em regimentos de Segurança, sediados em, Curitiba e
Florianópolis, respectivamente.
O do Paraná, ao
comando do coronel em Comissão João Gualberto de Sá Filho, mas Capitão
de Engenheiros do Exército. Ao tomar conhecimento da invasão do Monge,
em Palmas, o governo paranaense determinou a partida imediata do seu
Regimento de Segurança, ao mesmo tempo em que solicitava o auxílio do
governo federal.
Parte do
Regimento de Segurança do Paraná, ao partir de Curitiba, tendo bem a
direita com as pernas cruzadas. o Capitão de Engenheiros do
Exército João Gualberto, no posto de Coronel em Comissão pelo Governo
Paraná. (Fonte: História do Exército. 2ed, 1998).
O Capitão João
Gualberto chegou à União da Vitória, em 12 de outubro, e, no dia
seguinte, partiu para Palmas. Inexplicavelmente, muito antes desta
cidade, João Gualberto dividiu a sua tropa. Uma parte, ao seu comando,
com um efetivo inferior a 100 homens, inflectiu para o sul, rumo aos
Campos de Irani. O restante, cerca de 400 homens, prosseguiu para Palmas
com o chefe de Polícia, que possivelmente determinou esta divisão da
força..
Realizando marchas
forçadas, o coronel atingiu Campos do Irani, em 22 de outubro. Neste
mesmo dia, a coluna chocou-se com o Monge e seus seguidores que a
aguardavam, emboscados, prontos para a luta. O efetivo, nitidamente
inferior das forças policiais ser-lhe-ia fatal. Os revoltosos,
heterogeneamente armados, atacaram a força do Cel João Gualberto. e no
instante em que ele buscava pôr em
funcionamento a metralhadora Maxim, a única existente, e que
emperrara, foi atacado pelo Monge a facão, E morreu
depois de prostrar sem vida o seu agressor, com dois tiros de pistola.
Morto o comandante,
o remanescente da Expedição retirou-se, desordenadamente, para Palmas,
deixando, no campo, a metralhadora Maxim e cerca de 40 armas e
mais de 3.000 mil cartuchos. Foi primeiro espólio a enriquecer o arsenal
dos revoltosos
O governo do Paraná,
no instante em que ordenava a concentração de forças em Palmas,
reiterava ao Presidente da República o pedido de auxílio do Exército. A
solicitação foi prontamente atendida . E, mais uma vez, o Exército
interviria para restaurar a paz e garantir a tranqüilidade da família
brasileira.
Nota: João Gualberto Sá Filho nasceu
em Recife em 11 outubro de 1974. Cursou a Escola Militar da Praia
Vermelha 1890/94, tendo casado em Curitiba com D. Leonor de Moura Brito.
Voltou ao Rio e formou-se Engenheiro Militar e Bacharel em Ciências
Físicas e Matemáticas. E passou a servir no 13 º Regimento de Cavalaria
em Curitiba, tendo sido engenheiro na construção da Linha Telegráfica
Curitiba -Foz do Iguaçu e também o fundador e comandante do Tiro de
Guerra Barão do Rio Branco cujo centenário de morte ocorreu este ano,
,sendo homenageado pela FAHIMTB pelo Informativo o
Tuiuti nº16
da AHIMTB/RS. Em 1912 João Gualberto foi escolhido prefeito de
Curitiba, mas teria preferido o comando do Regimento de Segurança do
Paraná, como capitão, aos 37 anos incompletos. Tendo morrido 11 dias
depois de completar seu 38ª adversário no combate de Irani, em feroz
combate, corpo a corpo, com o Monge que foi por ele morto com dois tiros
de pistola, depois de atingido mortalmente pelo Monge com mortíferos
golpes de facão.(segundo o Capitão Rosa Filho,( vide fontes
consultadas).
A
Guarnição do Exército do 11º Distrito Militar, em Curitiba, dispersa
resistências da Revolta
As tropas
federais, sediadas no Paraná e em Santa Catarina, eram subordinadas ao
11ª Distrito Militar, com sede em Curitiba. Elas aquartelavam nesta
cidade, e em Florianópolis, Ponta Grossa, Foz do Iguaçu, Paranaguá e
Castro.
Ao receber a ordem
do Ministro da Guerra Gen Div Vespasiano Gonçalves de Albuquerque e
Silva para auxiliar a Força Estadual, o general Inspetor d 11ª Distrito
Militar determinou, em 11 de outubro de 1912, o deslocamento de um
Contingente, ao comando do tenente-coronel Álvaro Pereira Franco.
Viajou, por ferrovia
para Caçador em Santa Catarina, a fim de proteger esta região dos
revoltosos que se retirariam de Palmas. Chegaram ao seu destino, em 28
de outubro, acampando em Erval, sem tomar contato com os comandados do
Monge.
E, perante a gravidade dos
acontecimentos, em Palmas, o comandante do 11ª Distrito Militar
ordenou, em 24 de
outubro, que um destacamento, com base no 5º Regimento de Infantaria,
em Curitiba, reforçado com algumas peças de Artilharia e alguns
elementos de Cavalaria, marchasse para Palmas, para cooperar com a
Polícia na redução e dispersão do foco de revolta , na área do
Contestado.
O 54º Batalhão de
Caçadores, aquartelado em Florianópolis, se necessário, auxiliaria ao
comando, do coronel Antônio Sebastião Pyrcho, que, três dias depois do
recebimento da ordem, organizou a coluna e embarcou por ferrovia em
União da Vitória.
Nesta localidade
incorporou-se à sua tropa, o contingente do tenente-coronel Pereira
Franco que estivera em Caçador e Erval.
Nos primeiros dias
de novembro, a Expedição, com mais de 1.000 homens, deslocou-se pela
rodovia União da Vitória – Palmas. Adotando a Tática vigente na época,
explorou cuidadosamente a região Palmas – Irani. Gastou 2 meses nesta
missão, sem encontrar os revoltosos. Recebendo informações de que
partiram para o interior catarinense, e se dispersaram, a coluna
recolheu-se aos quartéis. Um contingente policial permaneceu, em Palmas
e elementos do 5º Regimento de Infantaria permaneceram em União da
Vitória.
Perigosa e ameaçadora concentração de revoltosos em Taquaraçu
O
território do Contestado dominado pela Revolta ficava balizado ao
norte, pelo rio Negro; a leste, por uma linha balizada por
Curitibanos - Papanduva; ao sul, por uma linha balizada por
Campos Novos- Curitibanos; e a oeste, por uma paralela, à
direita da ferrovia. Ou, a grosso modo, entre os rios Negros e Pelotas e
a ferrovia e a BR-116 atuais.
Um ano se passou.
Ninguém se lembrava dos revoltados. No Contestado, a morte do Monge,
pelo Capitão Jaó Gualberto, ao invés de conter, incentivara o
misticismo. A ressurreição do Monge era esperada, E dizia-se que ele
voltaria ao mundo, dirigindo uma Legião de Anjos para conduzir os fiéis
à terra prometida.
Surge novo chefe
espiritual, Euzébio Ferreira dos Santos, antigo negociante, bom chefe de
família, mas possuído de intenso fanatismo pela figura do Monge.
Uma de suas netas, menina ainda, tinha visões do Santo
José Maria, em cujos braços dormira, tempos atrás. Através dessas
visões, José Maria transmitia instruções, e por intermédio da menina, as
suas ordens eram divulgadas. Uma delas conferiu o poder temporal a um
filho de Euzébio, logo destituído .pois abusara, ofendendo as práticas
morais dos seguidores do Monge. Outro pronunciamento do Santo
e a chefia, foi entregue, desta vez, a um neto de Euzébio, menino de
12 anos, a cujas ordens, emanadas do avô, os seguidores obedeciam
cegamente.
As hostes sertanejas
cresciam. Estabeleceu-se um acampamento, em Taquaraçu, na região serrana
de Santa Catarina. Começou a acorrer para este acampamento todo o tipo
de gente: fugitivos da justiça, desempregados abandonados pelos
construtores da ferrovia, homens perseguidos pelos “coronéis” das
fazendas, e outros de cujas terras foram expulsos pela desapropriação do
leito da estrada de ferro. Famílias inteiras se agrupavam no Quadro
Santo de Taquaruçú. Gente válida, alguns em busca de uma
melhor vida, outros atrás de aventuras e lucro fáci e gente enferma
procurando cura. Moravam em ranchos de palha e casebres de madeira,
improvisadas, ostentando o distintivo do movimento: uma bandeira branca
com uma cruz ao centro e a imagem de S. Sebastião. Eram peões e
lavradores, aventureiros e facínoras. A concentração de pessoas
exigia grande quantidade de alimentos e de outros artigos. A necessidade
aumentou, Euzébio começou a pedir auxílio às fazendas próximas, e a
saqueá-las, quando não atendido.
O general Alberto de
Abreu, Inspetor a 11ª Distrito Militar, recebeu do coronel Vidal Ramos,
em 7 de dezembro de 1913, governador de Santa Catarina, telegrama,
expondo a situação nas matas do Taquaruçu, e informando que fizera
seguir um Contingente de sua Polícia. Na mesma ocasião, o Ministro da
Guerra Gen Div Vespasiano Gonçalves de Albuquerque e Silva ordenara a
intervir, cooperando, agora, com a Polícia catarinense.
Combate
de Taquaraçu
Afastando uma
touceira de espinhos, no alto de um outeiro, o cabo que comandava a
patrulha, e guiado por um vaqueano observou, atentamente, o emaranhado
de cabanas, semi-ocultas pela mata, que se estendia, ao longe, lá
embaixo. Taquaraçu à vista. Esta patrulha pertencia a uma companhia do
5º RI que, desde meados de dezembro de 1913, encontrava-se em Erval, com
a missão: observar o movimento dos revoltosos sem hostilizá-los. Uma
outra companhia, esta, do 6º Regimento de Infantaria, em Caçador, com a
mesma finalidade. As duas companhias, 160 homens. A de Erval, 60 e a de
Caçador, 100.
Em 20 de dezembro,
de 1913, o Inspetor do 11º Distrito Militar determinou o ataque ao
Quadro Santo de Taquaraçu. Poucos dias antes, um apelo aos
revoltosos, para se dispersassem em paz, pondo fim à revolta naquela
área. Não houve acolhimento.
Planejou-se o ataque
para ser executado, segundo 3 direções convergentes, ao comando do
capitão Esperidião de Almeida, participando também uma tropa de 50
praças da Polícia catarinense. A chegada simultânea das forças ao
reduto, foi prevista para 28 de dezembro de 1913. No dia 22 iniciou-se a
marcha das 3 colunas. O deslocamento, por ínvios sertões, entre brenhas
incultas, pontilhadas por grotões enormes. Terreno muito difícil. Alguns
vaqueanos acompanhavam a tropa para guiá-la no interior da mata.
Entretanto, ao aproximarem-se do reduto, prevendo o insucesso, a maioria
abandonou a Expedição. A Coluna Sul, sem os guias, e já com
escassez de víveres e sem condições de continuar, retraiu para Campos
Novos. No dia 25, dia de Natal a Coluna do Norte
reuniu-se com o contingente da Força Pública catarinense. Seu
comandante, o capitão Adalberto de Menezes, ignorando o que se passava
com a outra coluna, prosseguiu no plano. Precárias que eram as ligações
realizadas, apenas por mensageiros, na medida que o permitiam o terreno
difícil e as emboscadas dos adversários, acompanhantes da progressão dos
governistas. Ao acercar-se de Taquaraçu, a tropa federal seguiu por uma
direção, enquanto a polícia assaltaria o Quadro Santo por outro
flanco. O capitão Adalberto, em 29 de dezembro de 1913, atacou a
trincheira dos revoltosos com sua coluna. Antes de penetrá-la recebeu
violento fogo, vindo de todas as direções, estabelecendo-se a confusão.
Dispersaram-se os cargueiros de munição por entre a fuzilaria. No outro
flanco, a Polícia não logrou aproximar-se do aldeamento. Violenta
emboscada rechaçou-a, sendo obrigada a retirar-se para Curitibanos.
Sem o auxílio das
outras colunas, e com grande parte da munição perdida, o capitão não
teve outra alternativa: senão a retirada . Após longa marcha de
regresso, atingiu a localidade de Rio Caçador. Mais um mal resultado de
outra Expedição no Contestado e com o fortalecimento moral e material
dos revoltosos pela segunda vitória contra as forças legais, e pelo
segunda conquista de armas e munições, a reforçar seus arsenais.
Caragoatá novo centro de resistência
Após o
revés, concluiu-se: como o principal fator da derrota, o pequeno
efetivo. Deliberou-se preparar uma nova expedição, desta vez, ao
comando do tenente-coronel Aleluia Pires.
Um aspecto da
população da área do Contestado vendo-se nas duas fotos muitos trajes
típicos do gaúcho rio grandense
(Fonte: História do Exército. 2 ed,
1998).
Grupo de
vaqueanos, guias civis das tropas contratados para guiar as tropas
governistas na ausência de cartas topográficas da área.
(Fonte: História do Exército. 2 ed,
1998).
A Expedição
Aleluia Pires. foi organizada com elementos esparsos, devido ao pequeno
número de unidades prontas, na área, o 54º Batalhão de
Caçadores, forças policiais catarinenses,
e mais do Exército
um Esquadrão de
Cavalaria, duas seções de Metralhadoras e uma de Artilharia, esta vinda
do Rio de Janeiro, e mais duas companhias – uma do 4º Regimento de
Infantaria e outra do 6º Regimento de Infantaria . O efetivo total de
750 homens, concentrar-se-ia em Espinilho, dentro da área conflagrada.
Houve certa demora na concentração dos meios que se completou a 6 de
fevereiro de 1914. Nesta data partiu a Força Expedicionária rumo a
Taquaraçú, depois de cerca de um 1 ano e 3 meses do inicio ao combate
desta revolta no Contestado. Antes disso, a exemplo da anterior,
fizeram duas tentativas de pacificação recusadas novamente pelos
revoltosos. A progressão da coluna, foi morosa e cansativa. O seu
dispositivo estendia-se por 5 quilômetros de profundidade, em função da
estreiteza das picadas, da vegetação espessa e da irregularidade do
terreno.
Estabeleceu-se, no
dia 8 de fevereiro de 1913, o primeiro contato com os revoltosos que
mostraram saber tirar todo o partido possível, proporcionado pelo
profundo conhecimento do terreno. Houve sucessivos choques entre a
vanguarda da tropa do governo com os revoltosos, sendo, estes,
recalcados de tal forma, que foi possível instalar as metralhadoras e a
seção de Artilharia, há 600 metros do reduto. Enquanto essas armas
atiravam incessantemente, a Infantaria progredia no terreno, procurando
impedir ataques dos revoltosose aproximando-se do Quadro Santo.
N final do dia,
verificando os revoltosos ser a bravura inútil contra os melhores
recursos das forças legais, eles iniciaram a retirada de Taquaruçu,
acompanhados das famílias que ainda lá se encontravam.
Na manhã seguinte, os
expedicionários penetraram em Taquaruçu, encontrando dezenas de mortos e
a quase a totalidade dos casebres incendiados. Em vista das dificuldades
de suprimento e de deslocamento no sertão, a coluna retirou-se para
Espinilho,.
Os revoltosos em
retirada, concentraram-se em Caragoatá, mais no interior do Contestado.
No local, o pequeno agrupamento de revoltosos, entre rezas e incursões
às fazendas da redondeza, aguardavam a ressurreição do Santo.
Caragoatá o novo polo de resistência da Revolta
Depois do
revés, concluiu-se: como o principal fator da derrota, o pequeno
efetivo. Deliberou-se preparar uma nova Expedição,
O núcleo de
Caragoatá cresceu muito sendo necessárias 30 reses diárias para a
alimentação dos seus habitantes. Subsistia a organização temporal criada
pelo Monge: o Comandante da Forma e da Reza
e dos Doze Pares de França. No campo espiritual, uma pequena
virgem constituía o oráculo transmitindo as mensagens do Santo.
Bandoleiros, aventureiros e cabecilhas, ali encontravam-se, impondo-se
pela coragem e pela audácia. Movia-os o fanatismo e depois do desastre
de Taquaruçu, também o ódio.
O Ataque
a Caragoatá
O governo federal
tentou por diversos meios promover a dissolução pacífica do reduto de
Caragoatá. Todas as medidas tentadas foram inúteis. Tendo aumentado o
número de arruaças na região, o general inspetor do 11º Distrito Militar
determinou ao tenente-coronel Aleluia Pires nova investida. O oficial
deslocou as forças para Rio Caçador, onde adoecendo, passou o comando ao
tenente-coronel Freire Gameiro.
A coluna
atingiu o lugarejo de Perdizes, em 8 de maio de 1914, encontrando-o
abandonado. No dia seguinte, em formação de combate, rumou para
Caragoatá. Cerca de 30 minutos do início do movimento, os revoltosos
tentaram invadir Perdizes para se apossarem dos suprimentos
armazenados. A guarda do local os repeliu.
A 1 quilômetro além,
a tropa começou a ser hostilizada pelos revoltosos, emboscados. Ela
progredia lentamente, em terreno áspero e com constantes investidas dos
rebeldes. Grande foi a dificuldade para instalar as metralhadoras e as
peças de Artilharia, em virtude do emaranhado da vegetação e da
movimentação do terreno. Depois de 6 horas de luta, combatendo em
terreno adverso, contra inimigo tocaiado na mata, e sem poder
desenvolver convenientemente a tática da época, e ainda a difícil a
instalação de suas armas de apoio, a tropa viu-se obrigada a retirar-se
para Perdizes, com regular número de baixas. E rumou para Calmon, onde
chegou em 11 de março.de 1914.
Embora vitoriosos,
os revoltosos deixaram-se possuir pelo desânimo. A retirada da Expedição
para Calmon devolveu-lhes o estímulo. Como não fossem boas as condições
de higiene no Quadro Santo, de Caragoatá, resolveram mudar-se
para a região de Pedra Branca, à margem esquerda do rio Timbozinho, onde
se instalaram.
A população do
acampamento tornou-se numerosa e, nas suas proximidades, acabou
surgindo o reduto de Tamanduá. Para o proteger guarneceram pontes nas
Serras Santa Maria e Caçador. E foi criado forte reduto em Santo
Antonio;
Reforços
da 3ª Região Militar atual, do Rio Grande do Sul contra os revoltosos
O comandante da 11ª
Região Militar mostrou ao governo, a sua preocupação, referente àquele
caso. Impunha-se uma solução enérgica. Desta forma, chegaram à região
novas tropas, oriundas da 3ª Região Militar no Rio Grande do Sul e de
Curitiba: o 7º RI de Santa Maria-RS e uma companhia de Engenharia de
Combate e metralhadoras. Somavam-se, na área, cerca de 1.500 homens, que
passaram ao comando do general Carlo Frederico de Mesquita – veterano da
Guerra do Paraguai, da Guerra Civil 1893/95 no Rio Grande do Sul e da
Campanha de Canudos em 1897. Um dos principais atos do General Mesquita
foi dispensar a força policial, em vista de os revoltosos ocuparem áreas
em litígio, entre os dois Estados. A expedição Mesquita retomou o
movimento, em 16 de maio de 1914, reanimada com o novo comando e
confiante na vitória. À frente, marchavam 60 civis experimentados e
valentes, contratados como vaqueanos (guias).
Organizaram-se 3
colunas: uma reconheceria Caragoatá e investiria contra Tamanduá. As
outras 2 colunas seriam empregadas sobre Santo Antônio. Durante quase
todo o trajeto, os soldados, fustigados por atiradores escondidos no
meio da mata. De nada adiantava varrer os arredores com tiros de canhão
ou tirotear a esmo, descargas de fuzis ou rajadas de metralhadoras
contra a folhagem. Apesar de a morte e o medo rondarem a tropa, o
reduto, foi conquistado a carga de baioneta,
No dia seguinte,
ainda predominavam os comentários sobre os incidentes do combate, não se
sabendo de onde, uma chuva de balas os surpreendeu. Emboscados nos topos
de arvores , ocultos nas macegas ou troncos das imbuias, os revoltosos
atacaram,
Sem recursos para a perseguição contra um
adversário matreiro, em terreno hostil e desconhecido, o comandante
decidiu retirar-se e dissolver a Expedição.
Uma coluna,
comandada pelo capitão Matos Costa, cumprira a tarefa, reduzindo o que
restava do arraial de Caragoatá.
Gen Bda Carlos
Frederico Mesquita

(Fonte: Galeria
de comandantes da 3ª Região Militar, cuja História resgatamos em três
volumes e fornecida pelo Cel Luiz Ernani Caminha Giorgis, presidente da
AHIMTB/RS –
Academia Gen Rinaldo Pereira Câmara e vice-presidente do Instituto de
História e Tradições do Rio Grande do Sul, instalados no Colégio Militar
de Porto Alegre)
O general Mesquita
retornou com sua tropa para o Rio Grande do Sul e comandaria a atual 3ª
Região Militar até 1918 por cerca de mais de um ano, em três períodos
descontínuos. Retirou-se por decisão própria sob argumento de não
sacrificar sua tropa e os revoltosos num massacre continuado de irmãos
brasileiros, E mais, que assim continuando, a revolta não seria
solucionada e que deveria ser adotada uma solução mais eficaz, que na
implicasse no massacre recíproco de tropas do governo e revoltosos, E o
Governo adotaria outra solução mais eficaz como se verá. E ele não foi
punido.
A fermentação rebelde,
ao contrário de diminuir, progredia no Contestado, que ampliava as
condições de abrigo aos revoltosos e celerados e palco de jogo político
dos chefes locais. Por outro lado, aumentavam as questões entre os
moradores do Contestado e os donos de terras. As fazendas e outras
propriedades rurais, eram alvos de investidas de grupos para o saque.
Contrabandeavam-se armas, munições e provisões.
Matos
Costa, que ficara em União da Vitória, com 200 soldados, usara, até
então, meios suasórios para desarmar os revoltosos. Em Setembro de 1914,
à frente de um contingente uma emboscada o surpreendeu: lutou
bravamente, mas acabou sendo trucidado.
Gen
Setembrino de Carvalho no comando das operações no Contestado
Ciente dos
acontecimentos, o governo da República resolveu nomear o general
Setembrino de Carvalho para inspetor do então 11º Distrito Militar e,
simultaneamente, comandante das forças operacionais no Contestado.
Toda a autoridade
lhe fora outorgada de acordo com as disposições constitucionais, em
vista da requisição de ambos os Estados, pedindo a intervenção da União
“para restabelecer a ordem e a tranqüilidade em seus territórios”. A
decisão do general Carlos Frederico Mesquita de abandonar com sua tropa
o Contestado, forçou a União a tomar uma decisão mais
realista.Habilmente, o general Setembrino procurou ausentar-se das
querelas políticas e de interferência nos assuntos administrativos
locais. Assumiu o comando, em 12 de setembro.de 1914, decorridos quase 2
anos do inicio da revolta Verificando que a ação dos revoltosos se
estendia por larga área, concebeu o seguinte:
- Cercá-los a partir dos centros mais populosos e apertá-los
pouco a pouco, privando-os dos recursos indispensáveis;
-Ter o cuidado de não expor a sua tropa às emboscadas.

General
Fernando Setembrino de Carvalho, o Pacificador do Contestado, ilustre
filho de Uruguaiana no Rio Grande do Sul, onde foi consagrado pela
FAHIMTB como patrono de sua Delegacia naquela cidade. À direita sua foto
quando a cavalo em operações no Contestado à frente de tropa do Exército
a seu comando (Fonte: História do Exército. 2 ed, 1998).
Para execução do plano,
os meios existentes, eram precários, tanto em efetivo como em
organização. Resultado: o governo central deslocou, para aquela área,
várias unidades, constituindo a Grande Expedição, cerca de 7.000 homens,
4 vezes mais do que a Expedição do General Frederico Mesquita
Recursos de toda espécie, ao contrário do que ocorreu antes. Em
setembro e dezembro de 1914, os revoltosos desenvolveram grande
atividade,em que bandoleiros comandavam grupos volantes que saqueavam,
matavam indiscriminadamente e incendiavam:.
O território do
Contestado ocupado pelos revoltosos, compreendia cerca de 28.000 km2.
Calculavam em 20.000 os revoltosos, espalhados pelos redutos de
Tamanduá, Santa Maria, Colônia Vieira, Salseiro. Ou estimado em mais de
2/3 do efetivo da Expedição General Setembrino. Obtinham
suprimento, com : saques de fazendas e localidades, ou por contrabando
nos Estados de Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo..
Foi restabelecida a
circulação na estratégica Estrada de Ferro São Paulo – Rio Grande, cuja
linha ficou guarnecida para impedir nova interrupção. pelos revoltosos..
Em seguida, o
comandante da Expedição lançou, em setembro de 1914, um manifesto aos
habitantes do do Contestado, que tinha o anseio pela posse das terras:
“Fazendo um
apelo aos habitantes da zona conflagrada, que se acham em companhia dos
fanáticos, eu os convido a que se retirem, mesmo armados, para os pontos
onde houver forças, a cujos comandantes devem apresentar-se. Aí, lhes
são garantidos meios de subsistência, até que o governo do Estado do
Paraná lhes dê terras das quais se passarão títulos de propriedades”.
Para os oficiais em
comando ordenou que deviam ter toda a clemência para com os
prisioneiros, desde os capturados vagueando, até aqueles feitos em
combate, assim como os que permanecessem lutando. No mesmo dia em
que o general Setembrino assinou o apelo, um grande piquete rebelde
tomou a vila de Curitibanos, ficando prevista, nova investida, desta vez
para arrasar a localidade e vários povoados foram saqueados ou invadidos
por revoltosos O comandante da Expedição escalou a tropa que atuaria no
cerco da zonado Contestado controlada pelos revoltosos em, 4 linhas:
Linha norte –
União da Vitória – Rio Negro. Linha leste – Rio Negro – Papanduva.
Linha sul –
Freguesia do Sul – Lajes – Campos Novos. Linha oeste – Ferrovia
S.
Paulo – Rio Grande.
Organizou além de pequenos destacamentos, uma coluna móvel.
A tropa, assim
distribuída, permanecia em seus acampamentos, fazendo emprego judicioso
de fortificações passageiras, onde, muitas praças, exercitar-se-iam
pela primeira vez. Os revoltosos rondavam os acampamentos,
mantendo, contudo, atitude de expectativa. A ordem: era a de não
atacá-los. Esperava o General Setembrino, novos efetivos e iniciaria
pequenas ofensivas, nas quais obtivesse triunfos certos, e fortalecesse
o Moral da Expedição.. Deve-se acrescentar,
que auxiliando a ação militar do governo, fazendeiros abastados
mantinham, para a defesa das terras, numerosos homens em armas, que,
freqüentemente, travavam duros combates com os rebeldes.
As tropas, espalhadas
em suas posições, nas linhas de cerco, repetidas vezes, realizavam ações
de patrulhamento, eliminavam pequenos redutos e dispersavam grupos que
fugiam precipitadamente
para a mata. Estas pequenas ações, em que os rebeldes iam perdendo a
ousadia dos primeiros tempos, era o prenúncio de movimentos mais sérios.
A solução de cerco da revolta já havia sido adotada antes pelo Governo
de Pernambuco, na Guerra dos Cabanos em Pernambuco e Alagoas
1832/1835, mas não foi utilizada em Canudos . Solução que evitou o
massacres e foi conseguido melhores resultados e acolhimento e proteção
dos que decidiram se entregar.
Foto da sede de uma fazenda fortificada para a proteger
defender de ataques do revoltosos.(Fonte:História do Exército 1ed,1972)
. As chuvas
incessantes, a interrupção das comunicações, e outros fatores a
influenciarem na ordem de retirada. A tropa se recolheu para Canoinhas.
Uma noite, quase ao
raiar do dia, numa dessas tentativas, o tenente Armínio Moura, no
comando de 20 soldados, lançou-se contra os atacantes, e os fez recuar.
Os revoltosos disparavam contra aquele ataque que os
O cerco
aos revoltosos do Contestado vai se fechando
Ao
norte, com a missão de atacar os redutos de Salseiro e Colônia Vieira,
em 26 de outubro de 1914, a Coluna Móvel transpôs o rio Canoinhas
e surpreendeu o seu primeiro objetivo. A força de reconhecimento lançada
sobre Colônia Vieira voltou, a Salseiro. e sofreu ali dois ataques
seguidos, que demonstraram a impossibilidade de continuar a marcha.
As
chuvas incessantes, a interrupção
das comunicações, e outros fatores a influenciarem na ordem de retirada
A tropa se recolheu para Canoinhas.
Uma noite, quase ao
raiar do dia, numa dessas tentativas, o tenente Armínio Moura, no
comando de 20 soldados , lançou-se contra os atacantes, e os fez recuar.
Os revoltosos disparavam, contra aquele ataque que os perseguia e mato
denso, até há pouco impenetrável para a tropa. Salvou-os um rio, que,
forçou os soldados a um longo desbordamento o que lhes permitiu
escapar.Os ataques à vila de Canoinhas, finalmente cessariam.
No leste do
dispositivo da Expedição, os revoltosos hostilizaram várias vezes, e
inclusive à noite, a localidade de Papanduva. Mandou-se um batalhão de
Infantaria para lá.
Assumindo a
iniciativa, as forças da linha leste, nos últimos dias de
novembro, repeliram os insurgentes para o interior dos redutos, e vários
povoados ficaram sob ocupação das tropas. Após inúteis negociações,
entre o comandante da linha leste e o chefe rebelde Tavares, para
evitar derramamento de sangue, o coronel Júlio César decidiu atacar.
Quando o assalto já estava montado, um rebelde,
inimigo do chefe Tavares, convenceu muitos de seus companheiros a desistirem da luta.
Conseqüência, o ataque desfechado não encontrou o inimigo, destruindo-se
o reduto. Antônio Tavares, quando se sentiu abandonado, escapou, alta
noite, em companhia dos revoltosos mais comprometidos com a Justiça.
Na linha sul,
as localidades de Lajes e Curitibanos, organizadas, defensivamente,
serviram como base de partida para forças volantes que perseguiam bandos
de revoltos, espalhados por Cerrito, Corisco, Espinilho, Taquaraçu.
Em Lajes, apesar da
permanência de um Batalhão de Infantaria dentro da cidade, a população
vivia em constante sobressalto: Conheciam-se as atrocidades do bandido
Castelhano, temido e cuja ousadia espalhava-se em todas aquelas
paragens. Ele chegou a anunciar o dia do ataque à Lages. A sua população
começou, a cuidar, seriamente, da sua defesa. Sem distinção de classes
sociais e sujeitos praticamente à mesma disciplina dos soldados, num
belo gesto de civismo, cooperaram no trabalho de entrincheiramento.
Dividiu-se a praça em numerosos setores, confiando-se a defesa e a
vigilância de alguns setores ao patriotismo de filhos de Lages..
Uma
companhia marchou ao encontro dos rebeldes, conduzindo-se com brilho e
dispersando-os à bala, limpando as cercanias de Lajes dos revoltosos,
que foram em busca de outras posições, mais ao norte. Um Regimento de
Infantaria de Niterói (RJ), em fins de setembro de 1914, comandado pelo
tenente Estillac Leal, desembarcou em Itajaí, atingiu Curitibanos, Em
Campos Novos, a tropa desenvolveu intenso trabalho de patrulhamento e
dispersou os revoltosos próximos, e refez a linha telegráfica
interrompida por eles, inspirando confiança nos moradores, que
começavam a voltar aos seus lares abandonados.
O Exército
construiu em Caçador um campo de Aviação com três hangares, para abrigar
sua nascente aviação, 11 anos depois do 1º vôo em Paris do 14 BIS,
construído e pilotado por Santos Dumont, consagrado o Pai da Aviação.
Eram três aeronaves destinadas a reconhecimentos. Numa delas morreu
vitima de acidente aéreo, quando procedia um reconhecimento de um
acampamento dos revoltosos, o Capitão Ricardo Kirk, hoje patrono da
Brigada de Aviação do Exército, em Taubaté, SP, onde existe pintura
deste herói do acadêmico emérito da FAHIMTB o Cel Pedro Paulo Cantalice
Estigarríbia (Fonte: História do Exército, 1 ed, 1972).
Na linha oeste,foi
cumprida a missão de garantir a ferrovia e suas imediações. Repeliram,
algumas vezes, as investidas de pouco valor. Em janeiro de 1915, a marca
que delimitava a área dominada pelos revoltosos estava mais para o
interior do que a encontrada pela Expedição. Cessaram as incursões
predatórias. Cerca de 3.000 pessoas, a maior parte, mulheres, crianças e
inválidos fugitivos dos redutos, apresentavam-se às tropas legais.
Líderes rebeldes também se entregavam. Dos chefes políticos só Aleixo
Gonçalves, bandoleiro célebre, valia-se da religiosidade para
sobrepor-se aos fanáticos e bandidos, intitulando-se o Chefe Geral.
Antônio Tavares, antigo promotor público, depois de derrotado no reduto,
sem nome, homiziara-se no sul do Estado. Sua motivação para a luta, a
questão de limites, resolvida em sentença judicial, não foi cumprida
pelo Paraná A doença, a falta de recursos e as derrotas sucessivas
destruíam o moral dos revoltosos, abalando a de seus líderes. Apesar de
tudo, os chefes remanescentes recusaram as propostas conciliatórias.
Em fins de dezembro,
o general Setembrino fizera circular o seguinte apelo:
“Desde o dia 11 de
dezembro que lutamos e os nossos soldados cada vez mais se sentem
encorajados para a luta e a vitória final que não tarda. Mas é preciso
parar; é forçoso que se termine esta luta; que o sangue brasileiro não
continue a manchar nossas terras, onde a natureza acumulou recursos
inesgotáveis, para a grandeza de nossa pátria. Não venho trazer-vos a
morte ou o presídio pela vitória de nossas tropas, mas a concitar-vos a
depor as armas e a que aceiteis as garantias que vos ofereço em nome do
governo e da lei. Impõe-se, portanto, que volteis ao trabalho, meio
único capaz de garantir a felicidade da nossa grande pátria, que na
quadra atual tanto precisa
do patriotismo dedicado
de seus filhos”.
Vitórias
e rendições anunciam luta próximo do fim
As notícias
constantes de vitórias, de rendição dos rebeldes, vinham continuamente,
elevando o moral de toda a força de Pacificação.
Vejamos as operações
na Coluna Norte. É necessário destacar
a excepcional figura do capitão Tertuliano de Albuquerque Potiguara que,
fins de dezembro de 1914, depois de marchar 10 km por mata espessa,
atacou, subitamente, o reduto Piedade, concluindo a ação
com velhos guerreiros. Nesse ato, o
bravo oficial reiniciava a ofensiva, naquela área de operações.
Cel Inf
Tertuliano Albuquerque Potiguara, agora herói brasileiro na Batalha de
San Quentin, combatendo numa unidade do Exército da França onde foi
provido por bravura nesta batalha,
depois de consagrado herói do Exército na Guerra do Contestado (Fonte:
Mac Cann, Soldados da Pátria).
Nota: Nosso herói nasceu no interior de Sobral-CE. Foi declarado Alferes
pela Escola Militar do Ceará. no local do hoje Colégio Militar de
Fortaleza. Foi herói no combate a Revolta da Vacina na Escola Militar da
Praia Vermelha em 1904. Comandou a Brigada Potiguara em São Paulo no
combate à Revolução de 1924. Foi deputado federal pelo Ceará, sendo
vitima de um atentado a bomba, ao abrir encomenda a ele destinada,
perdendo em conseqüência um dos braços. Foi consagrado como denominação
histórica da 5ª Brigada de Cavalaria Blindada em Ponta Grossa- PR.
Atingiu em 6 nov 1926 o posto de General de Divisão. Faleceu no Rio, aos
87 anos. No Clube Militar existe pintura a óleo homenageando este herói
A partir de fevereiro
de 1915, a coluna foi atacando e destruindo, sucessivamente, fortins de
Santo Antônio, Gramado, Timbozinho, Pinheiros, Tomazinho, e enfrento
tenaz resistência em Pinheiros. Acampou em Reichard, em 4 de fevereiro
A Coluna Leste
que mudara a sua base para Colônia Vieira, depois de realizar alguns
reconhecimentos, dividiu-se em 2 destacamentos para assaltar os pontos
fortificados de Marcelo, Josefino e do Aleixo. No destacamento a que
coube destruir o de Marcelo ia o coronel Julio César. O chefe Marcelo
Alves, no dia seguinte, foi encontrado morto.
O segundo
destacamento depois de um dia de marcha, defrontou-se com a guarda de
Josefino, que, em posição favorável, impedia o prosseguimento da força.
Depois de frustradas tentativas, o comandante decidiu contornar aquela
posição, rompendo a mata. Esta manobra obteve sucesso, o local foi
ocupado, e a guarda fugiu. Grande número de prisioneiros, inclusive o
próprio chefe Josefino. O do Aleixo foi, dominado, em 16 de fevereiro de
1915 sem resistência. Estava abandonado. Ali estivera antes o capitão
Potiguara.
Estes ataques
simultâneos das Colunas Norte e Leste destruíram os arraiais
políticos do norte, mas não chegaram às principais posições da Revolta.
A maioria dos fugitivos do norte, dos redutos submetidos pelas Colunas
Norte e Leste se reuniram em Santa Maria do Sul. De 31 de janeiro
a 4 de fevereiro de 1915, o comandante da Coluna Sul realizou
reconhecimentos sobre aquela cidade que revelaram a existência de
inimigo, além da mata que orlava o Arroio Santa Maria. Duas
tentativas para a sua destruição não obtiveram êxito, devido às
condições do terreno, e à mata, quase impenetrável, dificultando o
assalto da Infantaria e o fogo da Artilharia. Convencido da
impossibilidade de vencer, atacando apenas pelo sul, o comandante da
expedição decidiu-se aproximar por ataques convergentes, através da
Coluna Norte e Leste, que atacariam Caçador, inicialmente. Ao mesmo
tempo a Coluna do Sul atacaria Santa Maria e a oeste
reforçaria a vigilância para impedir a fuga dos rebeldes para os Campos
do Irani..A Coluna Sul, no dia 12,de fevereiro de 1915, com
companhias que se revezavam, começou grande derrubada, a foice, a
machado, na mata para abrir extensa Picada que facilitasse o ataque. Os
revoltosos que não compreendiam a necessidade de derrubar toda a selva
para poder atacá-los, espreitavam, curiosos e intrigados , a gigantesca
e trabalhosa empreitada. Durante todo o mês de março de 1915, a coluna
bombardeou seguidamente o reduto, realizou reconhecimentos e reajustou o
dispositivo. Nos últimos dias de março de 1915 não pôde continuar o
trabalho. Os revoltosos, vendo-se atacados pelo norte, começaram a
hostilizar a Coluna Sul na mata, com cerrado tiroteio sobre os
trabalhadores e soldados encarregados da derrubada.
A
conquista do forte reduto de Santa Maria pela Coluna Norte de Potiguara
O comandante
Estillac Leal resolveu iniciar o assalto, em 30 de março,de 1915
executando uma preparação de fogos de Artilharia e metralhadoras durante
o dia inteiro.
Apesar disso, os
batalhões de Infantaria não conseguiam transpor o desfiladeiro que
conduzia ao ponto fortificado. A grande e bem armada Coluna Sul
não atacou à mata de Santa Maria, no dia 2 de abril, talvez por ser
Sexta- feira Santa. Mas um tiroteio longínquo, ouvido pela manhã, na
direção nordeste, motivou o comandante a determinar nova investida. que
fracassou. No Acampamento de Tapera, no sábado, 3 de abril.de 1915
ouviram-se, ao meio-dia, tiros esparsos na direção nordeste, e que logo
cessaram, não se lhes dando grande importância. À noitinha, foi visto um
clarão e uma fumaça a elevar-se no horizonte, na direção de Santa Maria,
não havia dúvida era um grande incêndio que lavrava, e uma vaga
esperança começou a ser esboçar...Realmente, o capitão Potiguara,
comandando o destacamento da Coluna Norte, já estava dentro de
Santa Maria. Estillac reajustou o seu dispositivo em 4 colunas,
que penetraria, sucessivamente, no vale, com ordem de avançar sempre até
operar junção com as forças do norte.
Como se deram os acontecimentos na Coluna
Norte? Comandada pelo bravo capitão Potiguara, em 31 de março,de
1915 atingira a região de Timbó Grande. Iniciou seu
deslocamento, em 1º de abril de1915. combatendo, e, às nove horas,
deparou com as primeiras casas de Caçador, instalado em terreno próprio
à defesa e apoiado no rio Santa Maria.. Depois de recalcar os revoltosos
para a margem esquerda e de reajustar o seu dispositivo, o
destacamento, enfrentando resistência rigorosa, transpôs o rio Santa
Maria e penetrou no reduto,Santa Maria, deparando numeroso
armamento e munição, e centenas de cadáveres insepultos. Depois de
arrasar quase 2.000 casebres, prosseguiu repelindo revoltosos
emboscados. Continuou os afastando em 2 de abril, até o assalto ao
dos Doze Pares de França, conquistado à base de arma branca.
Breve descanso, e reiniciou a marcha sobre Aleixo, assaltado e
conquistado, em luta corpo-a-corpo. No fim da missão, o destacamento
acampou no local, depois de provocar um grande incêndio nas moradias.
Sábado de Aleluia, 3
de abril de 1915, pela manhã cedo, o destacamento levantou o bivaque
para a última arrancada. No cemitério do reduto lutou com uma guarda,
dispersou-a e avançou. Mais adiante, em um desfiladeiro, a tropa foi
atacada por todos os lados, enquanto a vanguarda procurou abrir caminho,
a retaguarda, acometida por revoltosos que perderam quase 100 homens,
retirando-se, apressadamente, para a mata, em torno.
Às 15 horas, a
vanguarda, seguida de toda a tropa, depois de 10 dias de marcha e 8
combates sucessivos, entrava no célebre reduto de Santa Maria. O casario
fora abandonado! Nos matos e serras, em volta do aldeamento, os antigos
ocupantes. Em todos os redutos montões de cinzas! Durante a
noite de 3-4 de abril e na manhã de 4, o destacamento repeliu vários
ataques dos revoltosos. Enviou-se um grupo de 10 homens para a ligação
com a Coluna Sul. À tarde, as Colunas Norte e Sul operaram
junção. No dia seguinte, depois do arrasamento da aldeia, o destacamento
marchou de Tapera. A Coluna Leste,
enquanto isto, concentrada até fins de março em Colônia Vieira, em 21 de
março de 1915, dirigiu-se para Vaca Branca e Reichard, informando-se da
passagem do capitão Potiguara. A seguir, rumou para Caçador, também
destruído. Na realização de um reconhecimento sobre o reduto de Santa
Maria, encontrou outro, onde
prisioneiros disseram que ele se destinava a abrigar os fugitivos de
Santa Maria, então atacados pelas forças legais. Diante disso, o
destacamento da Coluna Leste permaneceu em bivaque, aguardando
ordens.
A
campanha chegou ao fim – finalmente a Pacificação
Com a posse dos
redutos de Caçador e Santa Maria, cessou a resistência organizada no
Contestado. Mesmo informado de que muitos revoltosos se reuniram num
acampamento, às margens do Arroio de S. Miguel, o General Setembrino
não determinou qualquer ação.
Grupos de
revoltosos se apresentaram em Catanduva, em atendimento ao apelo do
General Setembrino. Dentre eles, o 4º da esquerda para a direita, o
Henrique Wolland -
o Alemãozinho, um dos líderes da revolta e desertor da célebre
canhoneira Panther, e que atuava no Contestado como fotógrafo (Fonte:
História do Exército, 2 ed, 1998).
Desprovidos de
recursos, vitimados pela fome e pela doença, isolados das fontes de
suprimentos pelo cerco os revoltosos não poderiam reiniciar a luta e foi
dissolvida a Expedição que honrosa e vitoriosamente o General Setembrino
comandara.
O General Setembrino de
Carvalho se consagrou como o Pacificador do século 20, pois pacificara
o Ceará em 1911, o Contestado em 1915 e a Revolução de 1923 no Rio
Grande do Sul. E foi ele como Ministro da Guerra em 1923 que
restabeleceu o culto ao Pacificador do século 19, o Duque de Caxias que
fora esquecido pela República, por 25 anos, ao estabelecer o Dia 25 de
agosto data do seu nascimento, como o Dia do Soldado, conforme abordamos
em nosso livro Caxias e a Unidade Nacional, publicado em 2003 no
centenário de sua morte, sob a égide da Academia de História Militar
Terrestre do Brasil (AHIMTB) que o consagrou como seu patrono e
inspirador..Estudamos o General Setembrino em Escolas Militares de
Rio Pardo( vide na bibliografia consultada)

Demonstração
de agradecimento ao General Setembrino de moradores de Iracema, depois
de vencido o reduto liderado por Antônio Tavares (Fonte: História do
Exército, 2 ed. 1998).
Como medida de
segurança e determinação do Ministro da Guerra Gen Div José Caetano de
Farias, forças de ocupação, inclusive dos dois Estados, permaneceram por
algum tempo em pontos chaves, e nas principais estações da estrada de
ferro S. Paulo – Rio Grande. O domínio espiritual de habitantes do
Contestado ainda era tentado por espertalhões, embora agora a totalidade
das famílias aspirasse à paz e ao trabalho. Surgiram ainda alguns
redutos, principalmente, Tamanduá, sem preocupação maior, sendo
reduzidos por forças que permaneceram na região, combinadas com as
polícias estaduais.
A longa convulsão
armada, sucederia a luta política pela posse das áreas contestadas.
Forças policiais dos dois Estados estiveram prestes a entrar em choque,
e não eram cordiais as relações entre os governos respectivos.
Depois de enviar à
região um observador militar, o Presidente da República Dr Wenceslau
Braz determinou a ocupação militar das terras, onde mais tensa se
apresentava a situação, obtendo compromisso dos governos dos estados de
não insistirem nas reivindicações à viva força. Com a interferência
direta do Presidente da República,
Wenceslau Braz ,em 20 de outubro de 1916, a velha questão de limites
encontrou solução.
A Revolta do Contestado como Guerra Revolucionária
Se difere de Canudos em
seus aspectos bélicos, Contestado se lhe equipara como fenômeno social.
Ambos são rebeliões dos sertões, esquecidos pelos governos central e
estaduais Ambos foram trágicas advertências para a busca de melhores
fórmulas de integração nacional .
Reunião histórica
no Palácio do Catete, em 20 de outubro de 1916, quando na Europa ocorria
a 1ª Guerra Mundial, quando foi assinado tratado que solucionou a
questão de limites no Contestado, que se arrastava por mais de 63 anos,
desde a criação do Paraná por desmembramento de São Paulo. Na foto,
sentados, o Presidente Wenceslau Braz, no centro, ladeado pelos
governadores do Paraná e Santa Catarina (Fonte: História do Exército, 2 ed, 1998).
A Guerra do Contestado
durou 46 meses de Outubro de 1912, a agosto de 1916, até a prisão do
seu último líder Adeotado Ramos. Revolta liderada pelos seguintes
líderes aqui citados em ordem alfabética: Aleixo Gonçalves, Antônio
Tavares, Bonifácio Papudo, Henrique Wolland, o Alemãozinho,.Josefino,
José Maria O Beato, Marcel Alves e Venuto Baiano, cujas atuações
militares precisam ser mais aprofundadas no tocante as suas justas
reivindicações de Justiça ou se procuram tirar proveito pessoal da
revolta. Foi que começou a ser feito no final do século 19, em relação
aos farrapos por Assis Brasil. E hoje suas lideranças tem sido
consagradas com muito a nos ensinar sobre Arte Militar brasileira que
empregaram durante cerca de 10 anos como Guerra de Resistência . E
acreditamos que a Guerra de Resistência dos revoltosos do Contestado
encerra muitas lições a enriquecer a Arte e Ciência Militar das nossas
Forças Terrestres (Exército, Fuzileiros Navais, Infantaria da
Aeronáutica e Policias e Bombeiros militares ). Estimam que as Forças
empregadas para pacificar O Contestado atingiram a cifra de 8.000
homens, sendo cerca de 7000 do Exército e os restante das forças de
Segurança do Paraná e Santa Catarina e mais civis contratados.O efetivo
da revolta estimam em 10.000 revoltosos .. As baixas nas forças do
governo estimam entre 800 a 1000 entre mortos, feridos e desaparecidos e
as baixas entre a população civil estimam entre 5.000 e 8,000. A Revolta
do Contestado “é considerada a maior revolta rural ocorrida na América
do Sul”. E ela ocorreu decorridos 17 anos depois dos estados do Paraná e
Santa Catarina serem envolvidos pela violenta Guerra Civil de 1893/95
combinada com a Revolta na Armada.1893/95 Mas esta e outra história
sobre as quais muito escrevi( vides fontes consultadas) e aproveito a
oportunidade para registrar um dos seus heróis do Exército do cerco da
Lapa o General Augusto Julião Serra Martins, colocado em posição
inexpressiva no Monumento aos heróis da Lapa e que o resgatamos na obra
Comando Militar do Sul 4 décadas de História.1953/1995 e
Antecedentes . Porto Alegre:CMS,1995.p.251/258.
.
A 3ª
Região Militar na Pacificação do Contestado
A OM mais atuante da
3ª RM foi o 7ª Regimento de Infantaria, resultante da fusão do 17º
Batalhão de Infantaria, que a comando do esquecido e heróico Cel. Julião
Serra Martins se destacara na resistência da Lapa em 1893-94, e do 29º
Batalhão de Infantaria I de Pelotas, do Cel. João César Sampaio, que
nucleara a Divisão do Sul que libertou Bagé em 8 de janeiro de 1894 de
cerco federalista.
Esta unidade, ao
comando do Cap. Primo Pereira de Paula, desempenhou brilhante papel,
destacando-se no combate de Santo Antonio. Era integrada por
contingentes do 8º (Cruz Alta), 9º (Rio Pardo), 10º (São Gabriel) e 12º
(D. Pedrito) regimentos de Infantaria, conforme plaqueta do historiador
da 3ª DE, o falecido acadêmico Cel Mário José Menezes
O
ensino militar nas visões do Generais Setembrino e Eurico Dutra
: .No precioso relatório do General Setembrino citado,vide
fontes consultadas, de grande valor profissional, ele assinala uma
distorção cultural entre muitos oficiais. Ou seja, de ao invés da
cultura bacharelesca e matemática, terem enveredado para a cultura
literária, e não para a cultura em Arte e Ciência Militar, o que começou
a ser corrigido pelos Jovens Turcos em sua pregação na
Revista A Defesa Nacional, no sentido do equilíbrio da Cultura Geral
x Cultura Profissional,.segundo diretriz do então Ministro do Exército
General Eurico Dutra
"O ensino
militar entre nós tem variado em dois extremos: ou excesso de matérias
teóricas ou de cultura científica, ou a reação brusca no sentido de
preparação meramente profissional, com caráter prático. É oportuno
alertar sobre a inconveniência ou perigo de socorrer-se a qualquer
dessas soluções extremas. A sabedoria aconselha e mostra que a virtude
está no meio. Não se esqueçam os que têm a missão de formar os futuros
oficiais que é sob o imperativo do ensino profissional e da cultura
geral que se deve orientar aquela formação. Estamos num século
eminentemente técnico. Só se tornam poderosas, as instituições e nações
que têm solicitado à inteligência e às Ciências os conselhos e os
recursos a serem seguidos, no sentido de melhor se armarem e se tomarem
fortes. Mas tudo isto será incompleto e de resultado duvidoso, se o
comando, professores e instrutores não cogitarem também de formar
espíritos e personalidades".
( Diretriz emitida
em 1944 )
0 Marechal Dutra
foi aluno da Escola Militar da Praia Vermelha na ocasião de seu
fechamento, seguido de extinção, em conseqüência da política Revolta da
Vacina Obrigatória de 1904. Após passar um ano fora do Exército concluiu
o seu curso na Escola de Guerra de Porto Alegre, sob a égide do
Regulamento de 1905. Tendo aprendido duramente a lição da História, foi
que emitiu a Diretriz acima. Antes em 1937 fundou a Biblioteca do
Exército Editora nos moldes da Biblioteca do Oficial do Exército
Argentino que substituiu a antiga Biblioteca do Exército, comprometida
com a Literatura em geral,mas não voltada para a Cultura Militar em Arte
e Ciência Militar e que por esta razão foi extinta pelo General
Setembrino como Ministro da Guerra.Eis pois uma preciosa lição a ser
meditada a cada momento pelos responsáveis pela formação militar dos
futuros oficiais do Exército Brasileiro, dentro de um contexto de
primorosa Educação Militar que os tornem capazes, especialmente depois
de cursarem a ECEME., de atualizar e formular doutrinas militares e não
só capazes de executar a doutrina militar em vigor. Pois pensadores
militares definem uma Doutrina Militar como possuindo só duas constantes
invariáveis
- o Homem e a sua constante mudança.
Enfim capazes
de contribuírem ao desenvolvimento de uma Doutrina Militar genuína
brasileira como a sonhou o Duque de Caxias em 1861, como Ministro da
Guerra e Presidente do Conselho de Ministros, ao adaptar às realidades
operacionais sul-americanas que ele vivenciara em 5 campanhas vitoriosas
que ele comandara, a Doutrina Militar de Portugal própria para as
realidades .européias.E que a Universidade Brasileira participe desta
cruzada, da qual tem estado ausente, introduzindo em seus cursos de
História, estudos de História Militar do Brasil ,como a UNIRIO e mais
uma Universidade de Santa Catarina. Pois o Brasil hoje com sua grande e
crescente projeção econômica e social mundial, necessita como procederam
a grandes potencias econômicas mundiais contar com o concurso de suas
universidades, em apoio ao Poder Executivo e Legislativo para dotar o
Brasil de poder militar defensivo
dissuasório
compatível
para defender suas riquezas e seu povo de ambições internacionais e
também para pleitear, com os pés no chão,um assento no Conselho de
Segurança na ONU.
Fontes consultadas nesta pesquisa
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Paiva...Rio de Janeiro:BIBLIEx,1960.( O Cel Leogivildo combateu com seu
RC no Contestado).
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Org. Simões, 1954 ( Ele participou do combate à Guerra do
Contestado como sub tenente.Foi um notável historiador militar como
notável obra sendo consagrado pela FAHIMTB como patrono de uma de suas
cadeiras que hoje tem por acadêmico titular o
Dr Miguel
Frederico do Espírito Santo presidente
do IHGRGS, entidade fundada pelo General Souza Docca, que também
consagrado pelo Exército, como denominação histórica da Companhia de
Engenharia de Combate em São Borja seu berço natal.
EXERCITO. História do Exército
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e Vultos de Sobral. Fortaleza:Edições UFC,1989.( Estuda o General
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História do Exército Brasileiro 1889-1937.Rio de Janeiro:
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são-borjense ilustre, o Cel. Alcebíades era o pai do notável pintor do
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PINTO,Rui Carvalho.Bento Fernandes de
Barros e o Contestado. Boletim do IHGE do
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ROSA FILHO,Episódios da História da
Policia Militar do Paraná. Curitiba:Associação da Vila
Militar.2000.(Aborda o currículo do Cap Ex. João Gualberto Sá Filho
mártir do combate de Irani)
. (email
bento1931@gmail.com
site www.ahimtb.org.br.)