PALAVRAS DE RECEPÇÃO DO PROF. JULIO FIDELIS AO PROF. CORRÊA NETO
Prezados
senhores e senhoras e demais autoridades presentes nesta cerimônia.
Estamos reunidos
na celebração de um grandioso momento por se tratar do ingresso de
do prof. Estevão Corrêa neto à academia de história militar
terrestre do Brasil.
Associar-se, ou
seja, viver em sociedade ou ser aceito por um determinado grupo é
uma das indispensáveis necessidades do ser humano. Segundo Maslow,
somente as necessidades fisiológicas: como alimentação, descanso; e
necessidade de segurança: como saúde, emprego, casa própria; são
mais importantes para o ser humano do que as necessidades de
relacionamentos sociais.
A família, o clã
e a cidade fazem parte das coisas naturais. A integração social ou
aceitação pelo grupo é uma conquista humana. O homem é por natureza
um ser gregário, como disse Aristóteles. Por natureza, e não
simplesmente por acidente, aquele que não se relaciona socialmente é
um ser degradado ou um ser acima dos homens, segundo Homero.
Tratando-se de alguém sem linhagem, sem lei, sem lar.
Neste momento
estou aqui para homenagear um homem de linhagem, de lei, de lar, um
homem honrado ,militar, mestre, professor , amigo ...
CEL. Prof.
ESTEVÃO ALVES CORREA NETO
- Cadeira
Especial – Augusto Leverger – Barão de Melgaço.
RAZÃO DO SEU
NOME
1.Nascido em 2
de março de 1941 (60 anos do seu avô).
Local
Aquidauana MS (onde seu genitor servia no Batalhão de Engenharia)
Nasce no dia do
aniversário do seu avô Dr. Estevão Alves Correa Neto – médico e
político em Cuiabá – MT. Ex- Governador do Estado de Mato Grosso.
Orgulha-se de
ter nascido em Mato Grosso e ser neto do Dr. Estevão político
saudado pelo historiador Professor Nilo Povoas da Academia
Mato-grossense de letras.
“Dr. Estevão
exercera com elevado espírito público os cargos: de Diretor Geral da
Instrução, Diretor do Liceu Cuiabano, Deputado Estadual, Presidente
da Assembléia,
Presidente da
Assembléia Constituinte em 1935,Governador de Mato Grosso
(25-10-1924 a 22-10-1926)”
2. Filiação
Filho de ESTEVÃO
ALVES CORREA FILHO – GENERAL DO EXÉRCITO E VICTÓRIA SANTOS COSTA
ALVES CORREA PROFESSORA eles que cultivaram seus amigos com especial
carinho, e realizaram até o final de suas vidas um trabalho diuturno
na Igreja N. Srª de Copacabana e na Rádio Catedral no Rio de
Janeiro. O professor Estevão considera-se herdeiro deste modo de
ser, pois aprendeu a respeitar o próximo como sempre aprendeu e
confia sempre em Deus que o protege.
3. Formação
Estudos iniciais
em Cuiabá e Corumbá. Curso Ginasial completo em Campo Grande (MS).
2º Grau (hoje EM) no Colégio Militar do Rio de Janeiro.
Cursos
Superiores
Academia Militar
– Aspirante de Infantaria 1963.
Graduação em
Psicologia – UERJ – 1969.
Tem orgulho de
pertencer a turma de 1963 da AMAN por ter inclusive essa turma de
três ex comandantes Gen. Ivan Bastos, Gen. Cupertino e Gen. Curado.
4. Vida
Profissional
Aspirante no
Regimento Escola de Infantaria – 1964
Classificado
nessa unidade por sua escolha.
Nesta unidade
tradicional onde vivenciou a coesão, a vibração e o profissionalismo
consolidou os ensinamentos dos instrutores e professores da AMAN e
fortaleceu a sua personalidade militar para toda a sua conduta na
carreira.
Por suas
qualidades foi designado como 2º tenente para integrar a Força
Interamericana de Paz. Nos 6 meses que esteve destacado na
República Dominicana, entre outras missões substituiu a tropa de
pára-quedistas do Exército dos Estados Unidos na segurança do
Quartel General da FIP(Força Interamericana de Paz). Delicada missão
que cumpriu com louvor.
Recebe então sua
1ª condecoração a medalha de mérito da OEA.
5. Serve no 2º
Batalhão de Infantaria Blindada sendo subordinado do então Cel.
Ernani Ayrosa (AYROSA) da Silva e do Gen. Tasso Villar de Aquino
Neste período
ocorre seu Casamento casa-se com a senhora Ana Maria e tem início a
sua vida familiar.
6. Promovido a
Capitão é classificado para servir no 2º Batalhão de Fronteira em
Cáceres no seu estado natal. Para lá segue com sua família: o seu
filho Carlos Estevão com pouco mais de um ano hoje médico e
advogado, sua esposa Ana Maria grávida e cheia de coragem para
enfrentar a aventura de imprevisíveis louvores como muitas esposas
de militares. Nessa unidade comanda sete destacamentos comandados
por sargentos. Todos distantes e de difícil acesso. Em setembro
poucos dias antes da comemoração da Independência nasce Eulália
Alves Correa hoje capitão do Exército e esposa do Cel. Eduardo Paiva
Maurmann de tradicional família resendense. Retorna com essa família
aumentada porém ainda incompleta. Retorna para ser Ajudante de
Ordens do General de Infantaria – Herói da FEB e Ernani Ayrosa da
Silva e assim o acompanha na Diretoria de Armamento e Munição e na
Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais.
7. Enriquecido
pela experiência de ter sido ajudante de Ordens do General Ayrosa
(Herói da Força Expedicionária Brasileira) e pelo curso de
Psicologia realizado no CEP È novamente designado para servir em
nova localidade distante do Rio de Janeiro. No comando Militar da
Amazônia e no Colégio Militar de Manaus. Novamente desafiado, o
então capitão Correa Neto pode demonstrar sua potencialidade no
Colégio Militar de Manaus, pois simultaneamente comandou a Companhia
de alunos internos da 5ª série, chefia a seção psicotécnica e o
Serviço de Orientação Educacional e organiza duas edições da revista
anual desse colégio. Organiza a Páscoa Acadêmica com coral de alunos
e músicas de Roberto Carlos despertando o amor e respeito ao
Criador. Reconhecido os alunos escolhem-no para paraninfar sua turma
de formandos do 2º grau, prestando-lhe essa imorredoura homenagem.
Desta época muitos alunos são oficiais das três forças armadas.
8. Após três
anos em Manaus aceita o convite para servir em Brasília no
Departamento de Ensino e Pesquisa como Ajudante de Ordens do
exemplar chefe de cavalaria o General de Divisão Tasso Villar de
Aquino que o considerava desde o tempo de segundo tenente no 2º BIB,
nos conturbados anos de 1969.
9. Em Brasília é
convidado para ministrar aulas no 5º ano do curso de psicologia do
CEUB retornando suas atividades acadêmicas participando de
seminários e congressos como palestrante. Em Brasília, nasce sua
filha Ana Cristina futura psicóloga, atleta de excelente desempenho
e de reconhecido valor.
10. Estimulado e
incentivado por seus dois motivadores chefes Gen Exército Dilermando
Gomes Monteiro e General Tasso Villar de Aquino prepara-se para o
concurso do magistério superior do Exército na cadeira de Psicologia
da AMAN. Concorre com cinco outros preparados candidatos e obtêm a
1º colocação.
11. Cursa a
Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais e é nomeado pelo Presidente da
República Professor Permanente do Magistério Superior do Exército na
cadeira de Psicologia na Academia Militar das Agulhas Negras.
12. Ainda é
capitão quando ingressa na AMAN. Com seus cabelos ainda pretos
convive com muitos dos seus antigos e respeitadíssimos mestres.
Renova e fortalece os valores para cooperar na formação dos oficiais
do Exército Brasileiro. Vivencia a importância da missão do
professor.
13. Na AMAN é
promovido a Major, Tenente Coronel e Coronel todas as promoções por
merecimento. Nesta instituição exerce a função de professor, chefe
de cadeira, chefe de seção e decano dos professores. Dirigiu o
Instituto dos Docentes Militares eleito por unanimidade de votos
(com uma conduta firme e corajosa) conforme palavras do General de
Exército Max Hertel; promove concurso para o magistério, seminários
de ensinos e coopera com pesquisas e orientações de monografias.
14. Na AMAN como
professor busca seu aperfeiçoamento constante realizando cursos de
pós-graduação em: Metodologia do Ensino Superior, Administração e
Psicologia do Trabalho e o seu mestrado em Educação realizado na
UNISAL e avaliado na UNICAMP.
15. Seu trabalho
na AMAN foi reconhecido e recompensado tendo recebido as medalhas de
10, 20 e 30 anos de serviço e as almejadas condecorações, Medalha do
Pacificador e a Ordem do Mérito Militar, ordem na qual também foi
promovido.
16. Trabalhos
Científicos apresentados.
Revistas
publicadas no Colégio Militar de Manaus com artigo de docentes,
alunos e civis.
Material de
apoio didático sobre testes psicológicos para alunos do 5º ano do
curso de psicologia do CEUB – Brasília.
Artigo – A
metodologia de Dom Bosco publicado no Anuário de Ensino da AMAN e na
revista do Clube Militar.
Poesia premiada
publicada no livro “Cânticos Poéticos” livro da Biblioteca do
Exército.
Dissertação de
Mestrado acerca da avaliação de atributos da área afetiva. Trabalho
elogiado pelas bancas de doutores da UNISAL e da UNICAMP.
Saudação a
Portugal publicado na revista do Exército de Portugal.
Trabalho
publicado em seminário de ensino na AEDB COM título “A pergunta do
aluno”. Trabalho elogiado pelo chefe do Departamento de Ensino do
Exército.
Pesquisa com
alunos do 1º ano da AEDB na Semana de Acolhimento com análise dos
resultados.
Autoridades e
presentes o que tenho a dizer do professor Corrêa Neto após
desvelar a todos um pouco de sua vida está sintetizado nas palavras
de Gaspar Melchor de Jovellanos :
"a verdadeira
honra é a que resulta do exercício da virtude e do cumprimento dos
deveres." Assim não é de se esperar após ouvir a síntese da vida
de novo acadêmico que honra as tradições de seu patrono nas virtudes
e no cumprimento dos deveres merecendo mesmo carregar como lema o “
sempre prompto” do Almirante Leverger. Seja bem vindo!
SAUDAÇÃO AO PATRONO ALMIRANTE AUGUSTO LEVERGER – BARÃO DE MELGAÇO
PELO NOVO ACADÊMICO CORONEL ESTEVÃO ALVES CORREA NETO
A história de
Augusto João Manoel Leverger, nascido em 30 de janeiro de 1802, faz
parte de páginas da história da Marinha Brasileira. Esta Instituição
o acolheu e o promoveu por seus méritos. Acolheu conforme documenta
Boiteux (1921) p. 215 e 216, pois Leverger se identificando com os
filhos do país elabora sua petição ao Imperador:
“desejando
continuar por um modo mais permanente a servir ao Brasil
cuja Boa e
Justa Causa tem abraçado e ajudado…”.
E
assim inicia, com esta justificativa do seu desejo, a sua devoção ao
Brasil. A avaliação do Almirante Rodrigo Lobo também mencionado por
Boiteux (1921) também contribuiu para essa justa e futura admissão:
“Relativo ao
piloto, o que posso dizer por experiência que gostei de o ver mandar
quando a Corveta entrou n´este Porto”.
Referia-se o
Almirante Rodrigo ao Piloto Leverger, que serviu na Corveta “General
Lécor” de 4 de agosto de 1820 até 28 de dezembro de 1822.
Comissionado e posteriormente efetivado no posto de Segundo Tenente
em 1825, ainda jovem inicia sua vida na Marinha. Exemplifica, por
suas atitudes, como esta Instituição consolida personalidades que se
destacam como exemplares. E foram as missões desafiadoras recebidas
que o conduziram a gradual glória e o reconhecimento histórico que
será perpetuado pela pesquisa humilde e ética. Humilde pelo respeito
que evidente deve-se ter. Ética para ser precisa e justa. Segui
estes dois princípios como orientação neste singelo trabalho que se
transforma em juramento necessário, justificando o meu ingresso
nesta Academia de História Militar. Nada me foi cobrado pelo Coronel
Cláudio Moreira Bento, porém, estas minhas palavras são necessárias
para abrir os corações dos que me ouvem e reviver a vida de tão
querido antepassado, que, como os notáveis, passam a ser mais do que
bens comuns. Passam a ser bens públicos tocáveis como disse com
respeito e ética. Abri páginas de livros e documentos preservados
como fontes de inspiração que certificam o nascimento e a vida
sendo, portanto, as certidões de vida de tão honrado patrono.
Ingresso, com a singela semelhança e em decorrência desta herança
imortalizada no “SEMPRE PROMPTO”, conforme afirma Taunay, (s.d.) p.
145:
“Sempre
Prompto era sua divisa heráldica, a que obedecia, desde que não lhe
melindrasse a altivez, sobranceira às conveniências e acomodações
subalternas”
E assim respondo
aceitando o convite para nesta nova e salutar missão compor: o
quadro de acadêmicos da Academia de História Militar.
Aqui estão
outros descendentes do Almirante Augusto Leverger representando o
seu legado genético e seu eterno estímulo. Assim destaco:
Dr. Luiz Alves
Correa, e meus queridos netos Mateus e Luana filhos de Eduardo Paiva
Maurmann e Eulália Alves Correa Maurmann nascida em Cáceres em 1970,
ocasião em que eu servia como Capitão no Segundo Batalhão de
Fronteira.
A passagem de
Augusto Leverger pela Marinha do Brasil
Este oficial do
Império e do Imperador, viveu sua exemplar vida na Marinha do Brasil
e foi reformado em 22 de maio de 1857 com cinqüenta e cinco anos de
idade. Suas promoções e condecorações:
·
Cavaleiro da Ordem do Cruzeiro
·
Cavaleiro da Ordem da Rosa
·
Cavaleiro da Ordem de São Bento Aviz
São as
recompensas justas e meritórias para uma dedicação reconhecida e
hoje por nós relembrada. Com apenas dezoito anos, ao final de sua
adolescência, ofereceu o saudável exemplo, pois já estava embarcado
na “General Lécor” conforme relata Boiteux (1921) na sua importante
obra. Recomendo sua leitura como incentivo para as futuras
lideranças de nosso país. Que belo final de adolescência que nos
permite repetir como os nossos antepassados:
“Que belo
exemplo”
Imaginemos
também o que significou esse gesto para os jovens do nosso Império
ao qual Dom Pedro se declarava
“Defensor
Perpétuo”
Conforme
registra carta do brasão outorgado a Augusto Leverger. A História
registra a carreira deste Almirante e suas passagens por corvetas,
fragatas, bombardeiras em situações de combate real e sua
sobrevivência para hoje novamente saudarmos o “bretão cuiabanizado”.
Saudamos também a sua existência que possibilitou esta única e rica
herança inquestionavelmente histórica. Sobreviver exige liderança; é
o que podemos constatar ao longo do estudo da História. Cedo o nome
de Augusto Leveger se tornou respeitado, pois assim diz Virgílio
Correa Filho (1930):
“já era então
sobremaneira prestigiado e popular o nome de Augusto Leverger em
toda a Marinha Brasileira. Maior realce ainda alcançou no combate de
Ponta de Lara, a 16 de junho de 1828.”
Hoje leio
saudoso tio Virgílio, pois ainda cadete eu o lia, tranqüilo, na rede
repousando e a mim dedicando um olhar de afetivo estímulo, que hoje
decifro.
Percebe-se que o
estudo da História não permite que os homens pelos seus feitos sejam
esquecidos. Este estudo enriquece a personalidade dos futuros chefes
militares. Reconhecendo o valor do Almirante Leverger, os alunos do
Colégio Naval do ano de 1980 e os Guardas-Marinha formados em 1984 o
escolheram para paraninfar suas turmas e assim reviveram a
imorredoura gratidão preservando seus feitos. Eternizaram-no com
essa homenagem que a nós, seus descendentes, cabe agradecer. Essa é
a nosso ver a maior recompensa oferecida pela Marinha do Brasil ao
seu dedicado e fiel servidor.
“Barão de
Melgaço, Exemplo de Cultura”
Pedro Rocha Jucá
(2002), participando da revista do Instituto Histórico e Geográfico
de Mato-Grosso, na edição comemorativa do bicentenário de nascimento
do Barão de Melgaço, assim o descreve:
“é um exemplo
de cultura e por isto deve ser sempre lembrado pelo povo
mato-grossense”.
Jucá,
reconhecendo em Leverger o gosto de escrever textos de melhor
qualidade e seu amor a Mato-Grosso, recomenda a leitura de pelo
menos 35 de seus trabalhos, conforme relação em anexo por nós
reproduzida.
Essa
versatilidade de Leverger são os mais fortes sinais de amor ao
Brasil, percebidos também pela saudosa professora Maria de Arruda
Müller (2002), em seu artigo publicado na mesma revista comemorativa
do bicentenário de Augusto Leverger. Maria Muller, mulher e poeta,
exemplo de mãe cuiabana e educadora de líderes, relata como Leverger
amálgama culturas pelo casamento com Ignez d´Almeida Leite, em 1842,
conforme testamento entregue pelo Comendador Luiz Alves Correa que
nos honra com sua presença. Com este casamento, assimila por amor e
por completo a cultura luso-brasileira. Os descendentes dessa união
deram origem, conforme registros, às tradicionais e importantes
famílias oriundas do nobre e bravo “bretão cuiabanizado” que
naturalizou-se em 1844.
Ele mesmo
certificou a sua irmã freira, residente na França, o seu definitivo
e consagrado amor a Mato-Grosso. Em conhecida carta assim escreveu
unindo-se também aos poucos poetas do Império:
“Pujem-me, às
vezes dolorosas saudades da pátria, a nossa cara França (…). Poderia
eu, porém deixar hoje o meu agarrador Mato-Grosso, que tão bem soube
prender-me a si? Não, não, impossível!”
“Agarrador
Mato-Grosso” caracterizado pelo historiador e professor Lourembergue
Alves no artigo “Augusto Leverger: o cronista e sua obra” (2002).
Esta foi a
influência de Leverger, é seu legado cultural de inigualável valor
conforme Trindade (2001), o valor de Leverger:
“Por conta
disso, as gerações de pesquisadores, que se seguiram ao longo dos
tempos, puderam ter contato com esses textos” (Alves, 2002 p.66)
A Liderança e o
Apogeu de Augusto Leverger
A prática da
liderança aprendida pelo exemplo na Marinha do Brasil e sua lealdade
demonstrada, tornaram-no confiável, para missões de maior
responsabilidade. Ainda na ativa, a missão diplomática junto ao
Paraguai permitiu-lhe prenunciar o futuro. Obedeceu fielmente ao
“Defensor Perpétuo” do Brasil que o conduziu à Presidência da
Província de 1851 a 1857. Os permanentes realísticos e respeitosos
relatórios, a constante lealdade, o caráter herdado e preservado e
assim por ele caracterizado:
“O único
préstimo que tive foi de servir com lealdade, zelo e dedicação no
trabalho”
Reconduziram-no, por três vezes à Presidência de Mato Grosso. Deu
exemplos para os dirigentes e políticos do Estado que o acolheu.
Porém o seu apogeu não foi político e sim militar, pois acudiu em
defesa de Cuiabá e do Brasil. Em defesa de uma “população em pânico”
e de um “país humilhado”. Já não mais era só o bravo bretão. Era
agora também o brasileiro naturalizado. Era também a parcela do
sangue português de fácil e explicável transfusão reconhecida
posteriormente na simbologia de seu lindo e
histórico brasão. O brasão do barão de Melgaço que hoje
orgulhosamente é valorizado pela 13ª Brigada de Infantaria
Motorizada
“Esta honrosa
homenagem do Exército ao Barão de Melgaço se manifesta no profundo
respeito que, hoje inspira desde os jovens aos comandantes
agraciados com as mais altas patentes a defenderem a nossa Pátria.
Ao lado da Bandeira Brasileira encontra-se o Estandarte Histórico do
Barão de Melgaço, com o brasão onde foi esculpida a divisa – SEMPRE
PROMPTO que expressa seus ideais de trabalho e dedicação ao Brasil”.
Assim escreveu
Sônia Regina Romancini e Aníbal Alencastro no artigo “Homenagens ao
Barão de Melgaço” (2002). Se me permitirem este gesto do meu
Exército fortalece a importante integração das três forças que
compõem a necessária Defesa do nosso País e da nossa vasta
fronteira.
Leverger não
queria morrer de um modo triste e graças ao bom Deus assim não foi.
Não queria morrer por um tiro de um desconhecido, por um tiro de um
filho de país também histórico e também bravo, porém na época nosso
inimigo. E nunca mais nosso inimigo. Se tivesse que morrer
que fosse como Antonio João Ribeiro e a tantos quantos hoje devemos
nossa gratidão.
O Legado Final
do Barão de Melgaço
Agora ele não é
só meu antepassado ele é o nosso antepassado.
Triste seria
Leverger, se não tivesse descendentes. Triste se Ignez de Almeida
Leite não o aceitasse para esposo. Triste é o país que não tem
História. Triste é o homem que não tem História. Nós temos muito
mais, temos honrosa História. Tenho certeza de que todos saberão um
dia mais do que eu sei e que serão muito mais orgulhosos do que eu.
Reconhecem que me orgulho deste país e como poderão contribuir para
a preservação deste orgulho, desta poderosa Nação. Sem conhecer a
História pouco poderemos fazer.
Compartilho com
todos a História de Mato-Grosso, a História do Barão de Melgaço, a
História da nossa Marinha, a minha história. É a nossa História que
compartilhamos.
Estou feliz,
muito mais feliz, pois esta posse aqui nesta casa foi efetivada na
Associação Educacional Dom Bosco, que hoje denomino – A casa de
Antonio Esteves, um exemplo na História.
Muito Obrigado a
todos
Sempre Prompto.
PALAVRAS
FINAIS DO CEL. CLÁUDIO MOREIRA BENTO, PRESIDENTE DA ACADEMIA DE
HISTÒRIA MILITAR TERRESTRE DO BRASIL EM SUA DELEGACIA CEL ANTONIO
ESTEVES, NA ASSOCIAÇÃO EDUCACIONAL DOM BOSCO (AEDB) NA POSSE DO CEL
ESTEVÂO ALVES CORREIA NETO NA CADEIRA ESPECIAL ALMIRANTE JOÃO MANOEL
AUGUSTO LEVERGER E BARAO DE MELGAÇO, EM 28 DE AGOSTO DE 2010 .
É uma
satisfação, depois de 14 anos de
fundada a AHIMTB, retornar a esta Associação Educacional Dom Bosco
hoje sede de sua Delegacia Cel ANTONIO ESTEVES para empossar como
seu Delegado e também como seu acadêmico, o mato-grossense Cel
Estevão Alves Correia Neto na cadeira especial homenagem ao cuiabano
de coração Almirante João Manuel Augusto Leverger e Barão de
Melgago ,” O Bretão de Cuiabá” na expressão do grande historiador
brasileiro natural de Cuiabá Virgilio Correa Filho.
O Barão de
Melgaço foi personagem naval brasileira cintilante, estreitamente
ligado a História Militar Terrestre Brasileira que nossa Academia
desenvolve, por haver construído e liderado a resistência militar
terrestre brasileira nas Fortificações de Melgaço durante a Guerra
do Paraguai,.depois de haver lutado na defesa do Forte de Coimbra.
Fortificações do Melgaço para impedir a conquista de sua amada
Cuiabá pelos paraguaios E também por haver exercido o comando com
presidente de Mato Grosso em mais de uma ocasião das forças
terrestres lá estacionadas, razão de haver sido consagrado pelo
Exército como denominação histórica de uma de suas brigadas de
Infantaria articuladas em Mato Grosso;
O Almirante
Leverger nasceu em Saint Malo na França em 30 de janeiro de 1802 e
faleceu em Cuiabá em 14 de janeiro de 1880 prestes a completar 78
anos. sendo sepultado no Cemitério da Trindade . Casou aos 43 anos
com D Leite Foi historiador e
geógrafo com especial interesse para a cartografia fluvial na Bacia
do Prata .Autor de obra literária notável consagrando-se em seu
tempo como a mais importante figura da literatura mato-grossense..E
considerado autor de um dos mais antigos relatos de óvnis em seu
tempo E então considerado um fenômeno metrológico e não ufológico
como seria hoje quando se deslocava em junho de 1846 de Cuiabá a
Assunção a bordo de uma canhoneira
Sua obra
vasta de cerca de 35 itens esta ainda para ser publicada e
refere-se basicamente a história, geografia e a cartografia fluvial
de Matogrosso o que o consagra como o nosso Almirante fluvial,
Resta- me
cumprimentar o nosso novo acadêmico e delegado da AHIMTB da
Delegacia Cel Antõnio Esteves aqui nesta faculdade, e que ele possa
contribuir como nos tem declarado para o desenvolvimento da nossa
AHIMTB aqui em Resende, confraria que ora atravessa uma fase muito
promissora sob a liderança de seu 3º vice presidente de Honra e
acadêmico da cadeira Marechal José Pessoa o Gen Bda Edson Leal
Pujol e contribuição de seus oficiais também acadêmicos Cel Alberto
Claudio Weirich que ocupara a cadeira Especial General Médici, Cel
Claudio Dorneles que ocupa a cadeira Cel, Deoclecio de Paranhos
Antunes, o acadêmico Cel Carlos Roberto Peres 4º vice presidente da
AHIMTB que ocupara a cadeira General Umberto Peregrino e o Cel
Ernildo Agostini que ocupara a cadeira Gen Moacyr Lopes Resende
reforçarão os nossos acadêmico eméritos coronéis Mallebranche
Alceu Paiva e Coronel Antônio Carlos Esteves e mais acadêmicos Cel
Edgar Fonseca Filho , o professor Julio Fudelis e Alda Bernardes
Faria Silva que atuarão em conjunto para manter a sede nacional da
Academia de História Militar Terrestre do Brasil em Resende .
Antes de
concluir quero proceder a leitura de importante carta que esta
Presidência dirigiu ao Fórum Nacional a qual define o grande
objetivo da AHIMTB, o de cooperar para o fortalecimento de poder
militar dissuasório de nossas Forças Terrestres a altura do
desenvolvimento econômico e social do Brasil, coerente com esta
idéia Pais rico devê ser forte militarmente para
defender suas riquezas. E ai estão nossas Amazônias Verde e Azul
clamando por proteção militar dissuasória compatível
“Resende - A
Cidade dos Cadetes - 8 de agosto de 2010
Ilmo. Sr. João Paulo dos
Reis Velloso
Presidente do Fórum
Nacional
Agradeço a V. Sª o
convite para participar do FÓRUM NACIONAL, com entrega prevista aos
candidatos e candidatas à Presidência da República, do PLANO
NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO - A HORA E A VEZ DO BRASIL.
Recebi o convite como
sócio emérito do INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO BRASILEIRO (IHGB),
mas permita V.Sª manifestar-me como presidente da ACADEMIA DE
HISTÓRIA MILITAR TERRESTRE DO BRASIL AHIMTB), instituição que há 14
anos desenvolve a HISTÓRIA DAS FORÇAS TERRESTRES BRASILEIRAS:
Exército, Fuzileiros Navais, Infantaria da Aeronáutica, Polícias e
Bombeiros Militares. E de nossa rica e História Militar de cinco
séculos, mas insuficientemente inexplorada criticamente, à luz dos
fundamentos da Arte Militar para, dela, retirar lições de Arte e
Ciência Militar Brasileiras, que foram responsáveis em grande parte
pelas dimensões continentais do Brasil e por sua preservação.
Atividade que visa a
formação, em Arte e Ciência Militar Brasileira, dos quadros de
nossas forças terrestres, e produzir subsídios para o
desenvolvimento de uma Doutrina Militar Terrestre Brasileira
genuína, como a sonhou em 1861 o Duque de Caxias, como Ministro da
Guerra e Presidente do Conselho de Ministros.
Naquela oportunidade,
Caxias adaptou a Doutrina Militar de Portugal, de influência
inglesa, e coerente com as realidades operacionais européias, às
realidades operacionais sul-americanas, que ele vivenciara como
comandante militar de quatro campanhas pacificadoras no Maranhão,
Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul. E também na guerra
externa contra Oribe e Rosas em 1851-53. Dizia ele:
“até que o nosso
Exército dispusesse de uma doutrina militar terrestre genuína”.
Sonho ainda a realizar!
E foi o que fizeram as grandes potências, que se tornaram ricas
econômica e socialmente, e militarmente fortes.
Isto foi o que
aprendemos e lições que ensinamos, de 1978/80, na condição de
instrutor de História Militar Terrestre Crítica, na Cadeira de
História Militar da Academia Militar das Agulhas Negras.
Lições
traduzidas na seguinte síntese:
- PAÍS
RICO DEVE SER MILITARMENTE FORTE -
E, no caso
do Brasil, possuir poder
militar dissuasório compatível, para proteger as riquezas das suas AMAZÔNIAS VERDE e AZUL e, nelas, as suas
grandes reservas de água e petróleo, alvos de ambições
internacionais crescentes.
Desconhecemos existir
outra solução para um país econômica e socialmente rico ser
militarmente fraco. O Barão do Rio Branco, um diplomata com alma de
soldado, preocupava-se com este importante tema.
Creio, assim, caber razão de o Brasil ser classificado, pelo
historiador e pensador militar brasileiro, General Luiz Eduardo
Rocha Paiva, ocupante da cadeira Marechal Humberto de Alencar
Castello Branco em nossa Academia, como PSEUDO POTÊNCIA, por estar
enriquecendo econômica e socialmente, mas enfraquecendo
militarmente, sem dispor, como potência econômica e social
emergente, de poder militar dissuasório compatível, ou em
desenvolvimento efetivo neste sentido.
Creio que isto deva
preocupar o FÓRUM NACIONAL, presidido por V.Sª e deve ser
transmitido aos candidatos e candidatas à Presidência da República
para que, com o concurso dos militares das nossas FORÇAS ARMADAS e
de nossos DIPLOMATAS, carreiras de Estado compromissados com o
futuro do Brasil e não com os seus governos, desenvolvam
estratégias compatíveis para conciliar nossa riqueza com o poder
militar dissuasório compatível para proteger a AMAZÔNIA E O PRÉ-SAL.
E arrisco-me a ir mais
longe, ou seja, formularem-se Estratégias e Planos Militares
conjuntos entre os países do Bloco Econômico do MERCOSUL, para o
proteger militarmente.
É o que me cumpria como
brasileiro e historiador militar, e também jornalista, expor a V. Sª,
como Presidente do FÓRUM NACIONAL que, creio, salvo melhor juízo,
não pode deixar de lado a sua preocupação com o desenvolvimento do
poder militar dissuasório do BRASIL e do MERCOSUL.
A propósito do Soneto
45 de Camões, que abre o PLANO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO,
justificando-o, recorremos ao referido texto, que se aplicaria ao
Plano de Desenvolvimento de uma DOUTRINA MILITAR TERRESTRE
BRASILEIRA, compatível com um BRASIL-POTÊNCIA ECONÔMICA E SOCIAL:
“A disciplina militar prestante
Não se aprende,
Senhor, na fantasia,
Sonhando,
imaginando ou estudando,
Senão vendo,
tratando e pelejando”.
(Os Lusíadas)
Traduzindo este
pensamento para nossa realidade militar, a Doutrina Militar
Terrestre Brasileira não se formulará na fantasia, sonhando,
imaginando ou estudando, senão analisando criticamente nosso passado
militar de cinco séculos, à luz dos fundamentos da Arte e Ciência
Militar. E isso isolando as lições de nossas seculares pelejas
predominantemente vitoriosas, testando-as em manobras militares e
regulamentando-as em um Corpo de Doutrina Militar Terrestre
Brasileira.
Atenciosamente
Acadêmico Emérito Cláudio Moreira Bento, Coronel
- Presidente da Academia de História Militar Terrestre do
Brasil eSócio Emérito do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.


