MARECHAL DO EXÉRCITO
JOÃO DE SOUZA
FONSECA COSTA (1823-1902)
BARÃO E VISCONDE DA PENHA
Cel Cláudio Moreira Bento -
Presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil
Sumário
- O Conceito de Caxias do Visconde da
Penha;
- O Visconde da Penha recebe, por
testamento de Caxias, a sua invicta espada de 6 campanhas, suas armas e
cavalo encilhado com os seus melhores arreios;
- Visconde da Penha, um herói esquecido;
- A criação do Centro de Doutrina do
Exército em 10 de agosto de 2010;
- Visconde da Penha, patrono de cadeira
especial na Academia de História Militar Terrestre do Brasil, como
pioneiro em Comunicações em combate a serviço de Caxias;
- O Visconde da Penha e seu pai o
Marques da Gávea;
- O Visconde da Penha e sua esposa, a
Viscondessa D. Maria da Penha e sua formação na bicentenária Academia
Real Militar do Largo de São Francisco;
- Condecorações por campanhas militares
e títulos no Império;
- Obras que produziu e foram divulgadas;
- O C Alte (post mortem) Caetano Taylor
Fonseca Costa o doador da espada de Caxias, em 1925, ao Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro;
- Caminhos da invicta espada de Caxias
depois de sua morte;
- O Marques da Gávea - o Ajudante
General do Exército de 1872 a 1888;
- Saudade e gratidão da Princesa Isabel
ao Visconde da Penha e Senhora;
- Síntese da carreira no Exército do
Visconde da Penha: 1841- 1842-1890.
O Conceito de Caxias do Visconde da
Penha
O Marquês de Caxias assim se
referiu a este esquecido personagem, o Marechal de Exército João de
Souza Fonseca Costa, Visconde da Penha, conforme registramos em nosso
livro Caxias e a Unidade Nacional. Porto Alegre: AHIMTB, 2003, ao
tratarmos do Espadim de Caxias, arma privativa dos cadetes do Exército,
e cópia fiel, em escala, da invicta espada de 6 campanhas do Patrono do
Exército e da Academia de História Militar Terrestre do Brasil.

Visconde da Penha e Marechal de Exército João Manoel da Fonseca Costa que
como tenente foi Ajudante de Ordens de Caxias, na Guerra contra Oribe e
Rosas 1851-52 e como coronel e brigadeiro foi o Chefe do Estado Maior de
Caxias na Guerra do Paraguai 1866-1868 e para quem ele deixou em
testamento a sua invicta de espada de 6 campanhas que comandou, da qual
o Espadim de Caxias, arma privativa dos cadetes do Exército e cópia fiel
em escala desta relíquia. Foto cedida por João Simões Lopes Filho por
intermédio do acadêmico da AHIMTB Ten R/2 Eng Luiz Alberto da Costa
Fernandes (D.Beto)
Herói esquecido que como tenente fora o
Ajudante de Ordens de Caxias na Guerra contra Oribe e Rosas 1851-1852 e
mais tarde como coronel e brigadeiro, o seu chefe de Estado-Maior na
Guerra do Paraguai 1866-1868 e que recebeu de Caxias o seguinte elogio
antes de deixar vitorioso o comando das forças do Império, depois da
conquista do objetivo político da guerra a conquista de Assunção.
“Prestou-me como chefe de meu
Estado-Maior a mais dedicada cooperação em tudo quanto tem dependido de
seu alto emprego, não só na condução regular de todos os negócios de meu
serviço político a seu cargo, como nas batalhas e combates a que tem
assistido sempre a meu lado, recebendo e transmitindo minhas ordens e
expondo-se com sangue frio e abnegação aos riscos e perigos
decorrentes”.
Visconde da Penha recebe, por
testamento de Caxias, a sua invicta espada de
6 campanhas e suas armas e cavalo encilhado
com os seus melhores arreios
Tanto era o apreço de Caxias pelo então
Barão da Penha que em seu testamento em 1874, assim manifestou sua
vontade e a enorme consideração que dispensava ao seu heróico Chefe de
Estado-Maior na Guerra do Paraguai.
“Deixo ao meu amigo e
companheiro de trabalho João de Souza Fonseca Costa, como sinal de
lembrança, todas as minhas armas, inclusive a espada com que comandei
seis vezes, em campanha, e o cavalo de minha montaria, com os arreios
melhores que tiver no momento de minha morte”.
O Duque de Caxias, além deste
destaque ao seu Ajudante de Ordens na Guerra contra Oribe e Rosas
1851/52 e mais tarde seu chefe de Estado-Maior na Guerra do Paraguai,
fez mais as seguintes determinações testamentárias:
Não permitir ser embalsamado e a
feitura de convites para seu sepultamento, e nem honras militares. E, em
lugar disto, que mandassem soldados antigos e de melhor comportamento
para pegar nas argolas de seu caixão e no fim de enterro dar a cada um
30.000 reis de gratificação. Os nomes destes soldados estão inscritos
sob o busto de Caxias na Academia Militar das Agulhas Negras.
Deixar a seu criado Luiz Alves
(seu homônimo), toda a roupa de seu uso e quatrocentos mil réis. Criado
no sentido de filho de criação e não de empregado. Seu criado fora um
pequeno índio órfão que trouxera do Maranhão e batizara com o seu nome e
o criara no seio de sua família.
Deixou para a irmã, Baronesa de
Suruí, as condecorações de brilhantes da Ordem de D. Pedro I. A seu
irmão, o Visconde de Tocantins, deixou candeeiro de prata (castiçal) que
herdara de seu pai. A seu amanuense (escrivão), leal Capitão Salustiano,
deixou seu relógio de ouro. À sua afilhada Anna Eulália legou dois
contos de reis. E o que mais possuía foi repartido com suas filhas Anna
e Luiza.
O amanuense de Caxias era o
escrevente de sua correspondência, o equivalente hoje a um datilógrafo
ou digitador.
O Marechal de Exército e
Visconde da Penha, ao contrário de seu pai, o Tenente General Manoel
Antônio da Fonseca Costa e Marquês da Gávea, não foi focalizado pelo
Capitão Alfredo Manoel da Costa Pretextado na obra Generais do
Exército Brasileiro. Rio de Janeiro: M. Osório,
1907. E nem focalizado em outras
sínteses biográficas de generais do Exército Brasileiro no Império e nem
em livros de outros autores. Só foi focalizado por Laurênio Lago em
Os Generais do Exército Brasileiro 1860 a 1869.( Rio de
Janeiro: Imprensa Nacional,1942.p.62ss) conforme sintetizamos ao final
sua carreira militar.
Visconde da Penha, um herói esquecido
Foi esquecido e permanecia sob
espessa camada de pátina dos tempos de onde estamos tentando resgatá-lo
em homenagem ao seu amigo patrono do Exército Brasileiro e da Academia
de História Militar Terrestre do Brasil. Instituição esta que há 14 anos
estamos tentando implantar com os seus alevantados objetivos, a serviço
do desenvolvimento de uma Doutrina Militar Terrestre Brasileira genuína
como a sonhou Caxias em 1861, no exercício de suas funções de Ministro
da Guerra e Presidente do Conselho de Ministros. Nesta ocasião adaptou
às realidades operacionais sul- americanas que vivenciara em 5 campanhas
vitoriosas, a Doutrina Militar Terrestre de Portugal, de influência
inglesa, feita para as realidades operacionais européias. E enfatizou:
“até que o Brasil disponha de uma Doutrina Militar Terrestre genuína”.
Sonho ainda por realizar!

Brasão da Academia de História Militar Terrestre do Brasil onde aparece a
invicta espada de campanha do Duque de Caxias, pioneiro do estudo
crítico de nossa História Militar, ao realizar estudo crítico da Batalha
do Passo do Rosário a pedido do Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro, do qual era membro honorário, e como pioneiro do
desenvolvimento de uma Doutrina Militar Terrestre do Brasil, genuína, em
1861 como Ministro da Guerra, e Presidente do Conselho de Ministros.
(Desenho realizado pelo falecido acadêmico Cel Geraldo Levasseur França,
segundo nossa concepção e sugestões do falecido acadêmico General Plínio
Pitaluga).
A criação do Centro de Doutrina do
Exército em 10 de agosto de 2010
Assunto que esperamos que venha a
ser dinamizado pelo Centro de Doutrina do Exército criado pelo
Comandante do Exército Gen Ex Enzo Martins Peri, pela sua Portaria nº
691 de 10 de Agosto de 2010. Centro vinculado ao Estado-Maior do
Exército para aprimorar o Sistema de Doutrina Militar Terrestre (SIDOMT).
Assim, pela primeira vez vamos
tentar preencher esta lacuna da vida e obra deste notável soldado
esquecido, que partilhou como Ajudante de Ordens e Chefe de Estado-Maior
de todas as glórias conquistadas por seu chefe amigo, companheiro e
primo nas guerras contra Oribe e Rosas 1851-52 e a do Paraguai de 1866-
1868 e na própria pacificação da Revolução Farroupilha.
Visconde da Penha - patrono de
cadeira especial na Academia de História Militar Terrestre do Brasil,
como pioneiro em Comunicações em combate a serviço de Caxias
Pesquisando fontes diversas
conclui-se relativamente ao nosso esquecido herói, consagrado patrono de
cadeira especial da Academia de História Militar Terrestre do Brasil,
que foi pioneiro em Comunicações, em combate, a serviço do comandante do
Exército Brasileiro, em duas guerras externas. E na guerra do Paraguai
de Tuiuti até entrada vitoriosa em Assunção do Exército Aliado ao
comando de Caxias .
João nasceu no Rio de Janeiro em
30 de abril de 1823, cerca de 8 meses da Proclamação da Independência do
Brasil em 7 de setembro de 1822. Faleceu em Paris, em 9 de janeiro de
1902, com cerca de 78 anos. Cidade para onde imigrara para acompanhar o
exílio da Família Imperial, decorrente da Proclamação da República em 15
de novembro de 1889, e levando com ele seguramente a invicta espada e
armas do Patrono do Exército recebidas por Testamento 9 anos antes.
O Visconde da Penha e seu pai o Marques
da Gávea

Marquês da Gávea e
Marechal do Exército Manoel Antônio da Fonseca Costa,
pai do Visconde da Penha (Foto com os mesmos créditos da foto do
Visconde da Penha)
O Visconde da Penha era filho do
Marquês da Gávea e Marechal de Exército Manoel Antonio da Fonseca Costa
que fez carreira na Cavalaria, no hoje Regimento dos Dragões da
Independência de Brasília e que comandou um esquadrão e atuou no combate
à Confederação do Equador em 1824, ao comando do pai de Caxias, o então
Coronel Francisco Lima e Silva, seu parente. E a seguir foi seu Ajudante
de Ordens, em 1828, no Comando da Armas de São Paulo.
Com a Abdicação de D. Pedro I,
foi Ajudante de Ordens, do tio de Caxias, o Visconde de Magé que
comandara o Batalhão do Imperador e o Exército Libertador da Bahia em
1824.
Na Revolução Liberal de São Paulo,
em 1842, atuou como Ajudante de Ordens do então Barão de Caxias e como
encarregado de Detalhe (nome de Boletim Interno da época).
Seu filho João viria a ser o
Ajudante de Ordens de Caxias, no posto de Tenente, na Guerra contra
Oribe e Rosas 1851-1852 e seu Chefe de Estado-Maior na Guerra do
Paraguai.
Vê-se a ligação estreita dos
Fonseca Costa com os Lima e Silva. A mãe de João era a Marquesa Maria
Almeida de Mendonça de Corte Real.
O Visconde da Penha e sua esposa a
Viscondessa D Maria da Penha e sua formação na bicentenária Academia
Real Militar do Largo de São Francisco
João se casou com D. Maria da
Penha de Miranda Montenegro, sua prima, filha dos Viscondes de Vila Real
da Praia Grande.
Bacharelou-se em Ciências
Físicas e Matemáticas pela Escola Militar do Largo de São Francisco,
bicentenária em 2011 (início). E por nós focalizada em nosso livro recém
lançado:
2010-200 anos da criação da Academia
Real Militar a Academia
Militar das Agulhas Negras (Resende: AHIMTB, 2010)

A esposa do Visconde da
Penha, a Viscondessa da Penha D. Maria da Penha de Miranda
Montenegro, sua prima, filha dos Viscondes de
Vila Real da Praia Grande.
Condecorações por campanhas militares
e títulos no Império
Por ações em campanhas
militares o Visconde da Penha foi agraciado com as medalhas da Campanha
do Uruguai de 1852, a da Guerra do Paraguai 1866-68 e mais a Medalha do
Mérito ao deixar o Teatro de Guerra com Caxias em 1869
Foi Conselheiro de Guerra junto
com seu pai, Comandante do Corpo de Estado-Maior de 1ª Classe, Ajudante
de Campo do Imperador D. Pedro II, titulado Grande do Império, Veador de
S.M. a Imperatriz e Moço Fidalgo com exercício na Casa Imperial e
Dignitário da Ordem Imperial do Cruzeiro, Grã Cruz da Imperial Ordem de
São Bento de Aviz, Oficial da Imperial Ordem da Rosa e Cavaleiro da
Ordem de Cristo
]
Obras que produziu e foram divulgadas
O Visconde da Penha escreveu os
seguintes trabalhos:
- Compromisso da Irmandade
Santa Cruz dos Militares. Rio de Janeiro 1853, 49 páginas e também
assinado por Antônio Manoel de Mello, Conrado Jacob Niemayer e José
Gonçalves Victória;
- Projeto e Regulamento para
prisões militares. Rio de Janeiro, 1847
– (32 páginas com 2 tabelas);
- Prisões Militares. Rio
de Janeiro, 1847;
Caxias e seu Chefe de Estado-Maior na
Guerra do Paraguai solucionaram o problema de prisões militares em
campanha. As encontraram em acampamentos, cuja vigilância e guarda era
um suplício para os encarregados de as vigiar e guardar e evitar fugas
que ocorriam com freqüência com as punições decorrentes aos seus
guardas. Em decorrência, Caxias adotou o sistema de prisões em navios de
nossa Marinha.
- Posição das Forças
imperiais por ocasião da ação de Ponche
Verde
Trabalho que escreveu quando participou
como jovem oficial da pacificação da Revolução Farroupilha (O IHGB
possui o original em aquarela que lhe foi doada pelo Imperador D. Pedro
II).
Caminhos da invicta espada de Caxias
depois de sua morte
A espada de campanha do Duque
de Caxias que lhe coube por Testamento, supõe-se que ele a manteve
consigo por 12 anos na França.
Em 1902, esta relíquia que
figura no brasão da AHIMTB, como a mais representativa espada do Brasil,
teria retornado e ficado por cerca de 23 anos em poder de seu neto o
Contra Almirante (post mortem) Caetano Taylor Fonseca Costa, Oficial que
num gesto de nobreza e patriotismo decidiu doá-la em 1925, através do
Dr. Eugenio Vilhena Morais ao Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro.
E lá a foi encontrar em 1930 o
Cel José Pessoa Cavalcante de Albuquerque, comandante da Escola Militar
do Realengo, para a copiar. E com apoio do Ministro de Guerra General
Leite de Castro criar a sua semelhança. O Espadim de Caxias, arma
privativa dos cadetes do Exército, para que segundo o Cel José Pessoa e
o General Leite de Castro, ambos veteranos da 1ª Guerra Mundial no
Exército da França:
“Caxias, O Duque da Vitória,
pairasse no seio dos cadetes do Exército, de igual forma que Napoleão no
seio dos cadetes de Saint Cyr”.
E foi no Largo do Machado na
Praça Duque de Caxias e defronte a casa onde residiu o Visconde da Penha
(em local onde hoje se ergue o Edifício Visconde da Penha) que teve
lugar, em 16 de Dezembro de 1932 a 1ª entrega a cadetes do Espadim de
Caxias junto a Estátua Eqüestre do Duque de Caxias( hoje defronte ao
Palácio Duque de Caxias para onde ela foi transferida).
Cerimônia que detalhamos em
Histórico da Espada e do Espadim de Caxias em nosso já citado livro
Caxias e a Unidade Nacional as p.175/181 e em artigo O espadim dos
cadetes do Exército, histórico, tradições,simbolismo na Revista do
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro
(326-93-105,jan/mar.1980) e na Revista A Defesa Nacional
volume 114,1978, jul/set., no Jornal Agulhas Negras ago 1978 e em
Letras em Marcha, nº
82, Agosto 1978.Assunto disponível em Artigos no site da AHIMTB
www.ahimtb.org.br.
E do Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro, onde se encontra há 85 anos, ao que sabemos
somente de lá saiu levada por oficiais do Exército, seus sócios, e com
pompa e circunstância conforme exigia o saudoso presidente Pedro Calmon.
A primeira até a Escola Militar
do Realengo, em 1939, levada pelo historiador Tenente Coronel Jonas de
Morais Correa Filho, professor de nova cadeira - Revisão de Português e
colocada defronte o Corpo de Cadetes formado e tendo ao lado a espada do
General San Martim trazido por cadetes argentinos em visita ao Brasil.
A segunda e terceira vez foi
por mim levada na condição de oficial instrutor da Academia Militar das
Agulhas Negras e de sócio do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro
e no comando de uma Guarda de Honra e Segurança integrada por Cadetes.
E, do Instituto à AMAN. Em 1978 em homenagem ao Presidente João
Figueiredo, o primeiro detentor do Espadim de Caxias a atingir a
Presidência da República. E, em 1980, no Centenário da morte do Duque de
Caxias, comemorado nacionalmente na AMAN.

A invicta espada do Duque de Caxias, que conduzimos até a Academia
Militar das Agulhas em 1978 e 1980,
no comando de uma Guarda de Honra e de Segurança integrada por cadetes,
na cerimônias comemorativas
relativas às homenagens ao Presidente João e do centenário da morte do
Duque Caxias, ali comemorado nacionalmente.
O Marquês da Gávea o Ajudante General do
Exército de 1872 a 1888
- O Marquês da Gávea era o
Ajudante General do Exército em 1888, na ocasião em que o Clube Militar
através de seu Presidente, o Marechal Manoel Deodoro da Fonseca enviou
protesto contra o uso do Exército como Capitão de Mato, na perseguição
de escravos fugidos. Protesto que equivaleu a Abolição de fato da
Escravatura, proclamada de direito pela Lei Áurea de 13 de maio de 1888,
assinada pela Princesa Isabel, a partir deste momento consagrada como a
Redentora e o Exército por algum tempo, de Redentor. Razão de algumas
vezes denominarmos o Clube Militar de A casa da Abolição e da República,
desde que ali em 1987 em seu Centenário fomos o seu Diretor Cultural e
de sua Revista..
Estudamos o Marquês da Gávea em
nosso livro citado livro Caxias e a Unidade Nacional. p. 97/99.
E nele a função de Ajudante General do Exército, criada pelo Marquês de
Caxias em 1855. Função que em realidade comandava o Exército e
diretamente a Guarnição da Corte. Cargo que o Marquês da Gávea exerceu
de 1872 -1888, por 16 anos, período em que ocuparam o Ministério 19
Ministros, e dentre eles Duque de Caxias, General Osório, General
Câmara, Barão de Loreto (o fundador da Biblioteca do Exército) e Tomaz
Coelho (o criador do Colégio Militar do Rio de Janeiro). E o Marquês da
Gávea se projetou na execução das obras destes 19 ministros
conservadores ou liberais, no Ministério de Guerra. Existia no
Refeitório de Oficias da 1ª Região Militar dois óleos enormes lado a
lado. Um do Duque de Caxias e outro do Visconde da Gávea.
O C Alte (post mortem) Caetano Taylor
Fonseca Costa, o doador da espada de Caxias, em 1925, ao Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro
O Contra Almirante(Postem
mortem) Caetano Taylor da Fonseca Costa que doou a invicta Espada de
Caxias em 1925 ao IHGB,era filho do magistrado João Manuel Fonseca
Costa nascido no Rio em 9 jun 1851, quando o pai estava no Uruguai como
Ajudante de Ordens de Caxias e falecido em São João Del Rei, em 28 abr
1907 aos 56 anos. A mãe de Caetano era Adelaide Matilde Taylor
descendente do Almirante João Taylor, comandante da Fragata Niterói na
Guerra da Independência da Bahia em 1824 e que teve como piloto
praticante, o mais tarde Almirante Tamandaré o patrono da Marinha de
Guerra do Brasil e do 6º Grupo de Artilharia de Campanha em Rio Grande
-RS. Caetano Taylor integrou a guarnição do encouraçado São Paulo em
operações na 1ª Guerra Mundial.
Saudade e gratidão da Princesa Isabel ao
Visconde da Penha e Senhora
O Visconde da Penha o seu último
retrato tirado em Paris e que me foi fornecido pelo acadêmico citado D.
Beto e ao lado o seu brasão
A Princesa Isabel em seu precioso
documento auto biográfico publicado em 15 de maio de 1949, sob o título
Alegrias e Tristezas, menciona que o Visconde da Penha as 10
horas de 15 de novembro de 1889, foi o primeiro junto com o Barão de
Ivinheima a dar notícia à Família Imperial de estar ocorrendo no Rio o
movimento que culminou com a Proclamação da República . E que durante
este difícil momento o Visconde da Penha permaneceu junto ao Imperador.
E que por ocasião do embarque do Imperador para o exílio o acompanhou
até o Cais Faroux. E mais tarde em Paris visitou a Princesa Isabel que
incluiu o Visconde da Penha e família neste agradecimento:
”de tanto devotamento, na aflição
destes terríveis dias, a minha melhor saudade e simpatia sincera”.
Cumpriu assim com devotamento e
lealdade as suas funções de Veador (secretário) da Imperatriz Tereza
Cristina e Ajudante de Campo (secretário) do Imperador D. Pedro II.
Foi fiel até o fim a sua função
de Veador da Imperatriz e a de Ajudante de Campo do Imperador D Pedro
II. Concluímos este resgate com uma síntese de sua vida militar no
serviço ativo por cerca de 49 anos de efetivo serviço.
Síntese da carreira
no Exército do Visconde da Penha 1841- 1842-1890
Ingressou no
Exército como voluntário em 19 Mar 1842 com 19 anos, sendo reconhecido
1º cadete, em 20 ago. 1842, contando antiguidade de 6 Mar 1841, data de
sua matrícula na Escola Militar do Largo de São Francisco.
Foi destacado, em 2
Dez 1842, para o Rio Grande do Sul em plena Revolução Farroupilha, sendo
nomeado Alferes em comissão para o 2º Batalhão de Fuzileiros, por ato
do Barão de Caxias, presidente da Província e Comandante do Exército em
Operações que a pacificaria em 1º mar.1845.
Em 11 de Mar 1842
foi promovido a Alferes Aluno e a 2º Tenente, 3 dias depois e a 1º
tenente em 23 de julho 1843.
Integrou o
Destacamento do 1º Batalhão de Artilharia a Pé enviado a Bahia, em 26
dez 1845, onde permaneceu pouco mais de 2 meses, retornando ao Rio para
concluir seu curso na Escola Militar.
Em 13 Set 1847 foi
nomeado Ajudante de Ordens do Comandante das Armas da Corte, depois de
concluir seu curso de Engenheiro, tendo apresentado seu Diploma de
Bacharel em Matemática, em 5 Jan 1848.
Em 21 de junho de
1851 seguiu para a Província do Rio Grande do Sul, como Ajudante de
Ordens do Barão de Caxias, comandante do Exército em Operações na Guerra
contra Oribe e Rosas 1851-52.
Em 24 de março de
1851 foi classificado por Decreto no Corpo de Estado-Maior de 1ª Classe.
Promovido ao Posto
de Capitão em 19 de junho de 1852, decorrido e cerca de 4 meses do
final da citada guerra. Em 10 Jul 1852, foi nomeado Ajudante de Ordens
do Comandante das Armas da Corte.
Em 21 Fev 1855 foi
servir na Bahia com seu pai, o Brigadeiro Antonio da Fonseca Costa, como
seu Ajudante de Ordens.
Em Dez 1856, foi
promovido a Major por Merecimento, aos 33 anos e foi nomeado em 13 Fev
1857, Assistente do Ajudante General do Exército.
Em 2 Dez 1861 foi
promovido a Tenente Coronel por merecimento e, em 01 de junho de 1865,
foi nomeado comandante interino da Província de Santa Catarina.
EM 28 Jan 1866,
durante a Guerra do Paraguai, foi promovido a Coronel por Merecimento
aos 43 anos, sendo em 16 Mar 1866 nomeado interinamente para o cargo de
Quartel Mestre General. Era a cúpula (na época) do hoje Serviço de
Intendência.
E em 10 Out 1866
passou a disposição do Marquês de Caxias, Comandante e Chefe de todas as
forças do Império em Operações contra o Governo do Paraguai, sendo
nomeado Chefe do Estado-Maior de Caxias, em 11 Nov 1866.
Foi promovido a
Brigadeiro em 10 Jan 1868 com cerca de 45 anos, tendo sido elogiado por:
“haver se
portado com galhardia no ataque ao forte Estabelecimento em 19 fev.
1868, pela ajuda que prestou na execução das ordens que recebeu antes e
depois do combate”.
O Marquês de
Caxias em sua Ordem de Dia 19 Jan 1869 lhe fez o seguinte elogio, antes
de se retirar do Teatro de Guerra depois de conquistado o objetivo
político da Tríplice Aliança Brasil, Argentina Uruguai:
“Não posso nem
devo deixar de fazer expressa menção do Brigadeiro João de Souza Fonseca
Costa, pela inteligência e dedicação completa com quem desempenhado
constantemente as ordens e os variados deveres do elevado cargo de Chefe
do Estado-Maior do Exército, prestando-me em todas as ocasiões a mais
dedicada cooperação em tudo quanto tem dependido do seu alto emprego,
não só na marcha regular de todos os ramos do serviço público a seu
cargo, como nas batalhas e combates a que tem assistido sempre ao meu
lado, recebendo e transmitindo minhas ordens e expondo-se com sangue
frio e abnegação aos riscos e perigos decorrentes”.
Em 16 Fev 1869 se
apresentou a repartição do Ajudante General vindo do Teatro de Guerra
com seu comandante o Marquês de Caxias.
Em 30 de maio de
1869, decorrido cerca de mês e meio, retornou ao Teatro de Guerra
acompanhando o novo comandante da Forças do Império em Operações contra
o Governo do Paraguai, o Marechal Gastão de Orleans, o Conde D’Eu.
Personagem que estudamos na História da AD/3 - Artilharia
Divisionária da 6ª Divisão de Exército - Artilharia Marechal Gastão de
Orleans. (Porto Alegre: AHIMTB/Promoarte,2003), em parceria com o
Cel Luiz Ernani Caminha Giorgis. Obra apresentada pelo então Gen Bda
Gilberto Arantes Barbosa, comandante da AD/3.
Apresentou-se no
Rio de Janeiro em 22 de julho de 1869, licenciado para tratamento de
saúde.
Foi incluído nas
felicitações que a Assembléia Provincial do Rio Grande do Sul fez ao
Exército e Armada em 13 de julho de 1869.
Em 17 de maio de
1870, finda a guerra do Paraguai, foi nomeado Comandante do Corpo de
Estado-Maior de 1ª Classe do Exército.
Em 30 de agosto de
1870 foi encarregado de organizar o Almanaque Militar. Em 16 Nov
1870 foi nomeado o membro da Comissão de Promoções como encarregado de
organizar o quadro de preenchimento de vagas existentes no Exército e a
escala de promoções.
Em 16 Fev 1871 foi
nomeado Ajudante General interino em substituição a seu pai e por cerca
de mês e meio, assumindo o Comando Geral do Estado-Maior de 1ª Classe.
Ajudante General era a maior função no Exército. Comandava direto a
guarnição da Corte e todos os comandos de armas provinciais. Função
criada pelo Marquês de Caxias em 1855, e substituída pelo Estado-Maior
do Exército.
Em 20 de julho de
1876 foi promovido a Marechal de Campo (equivalente a General de
Divisão).
Em 7 Ago 1880 foi
promovido a Tenente General graduado (equivalente a General de Exército)
aos 57 anos. Foi efetivado neste posto em 13 Jan 1883.
Em 9 Ago 1888 foi
nomeado Conselheiro de Guerra, tomando acento no Conselho de Guerra
junto com seu pai. E, ironicamente, eram chamados de “gravatas de ouro”.
Em 31 Jan 1890, em
decorrência da Proclamação da República foi reformado a pedido, tendo a
seguir ido residir em Paris onde faleceu em 9 Jan 1902. Prestara ao
Exército cerca de 49 anos de efetivo serviço
E assim
devolvemos ao culto da História do Exército de ontem, de hoje e de
sempre a figura do Visconde da Penha, que acreditamos tenha sido o maior
amigo e colaborador de Caxias em nossa lutas externas de 1851 a 1869.

Composição
fotográfica que realizamos no Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro em maio de 1980l >80, como
comandante de Guarda de Honra e Segurança integrada por cadetes, para
transportar, com pompa e circunstância a invicta espada do Duque de
Caxias à Academia Militar das Agulhas Negras, nas comemorações em
caráter nacional ali realizadas do Bicentenário de Falecimento do Duque
de Caxias. Na foto a invicta espada de Caxias tendo ao lado o
Espadim de
Caxias, arma privativa dos cadetes do Exercito , cópia fiel em escala da
relíquia, o binóculo do herói, sua foto e peças do uniforme histórico
do cadete, criado pelo Cel José Pessoa l como elo entre o
Exercito do Império e o da República, o Exercito Brasileiro de sempre.