
Mesa
Diretora: Gen Boabaid, Gen Eustáquio, Cel Bento, Cel Caminha, Dr.
Waldir
Sumário
1ª PARTE – Posse de Acadêmicos
1 - Abertura - Palavras iniciais do
Presidente da Academia, Cel Cláudio Moreira Bento
2 -
Canto do Hino Nacional Brasileiro
3 - Leitura da Oração da Academia
4 - Posse de Acadêmico
a. Oração de Recepção ao
Acadêmico Sgt Carlos Fontes, proferida pelo Cel Caminha
b. Oração de Posse do
Acadêmico Sgt Carlos Fontes
5 - Posse de Acadêmico
a. Oração de Recepção ao
Acadêmico Cel Reinaldo Correia, proferida pelo Cel Claudio Moreira
Bento
b. Oração de Posse do
Acadêmico Cel Reinaldo Goulart Correia
6 - Palavras finais do Cel Cláudio
Moreira Bento, Presidente da AHIMTB
2ª PARTE - Lançamento do livro
“1ª Brigada de Cavalaria Mecanizada”
1 - Apresentação da obra, feita
pela Gen Eustáquio Cmt da 1[ Bda C Mec
2 - Palavras de encerramento pelo
Presidente de Honra da Sessão, Gen Eustáquio, comandante da 1ª Bda C
Mec
3 - Sessão de autógrafos e
confraternização
RECEPÇÃO AO Sgt CARLOS FONTTES,
pelo Cel CAMINHA

O prezado amigo, ao qual tenho a
honra de recepcionar na nossa Academia de História, é o ST CARLOS
FONTTES, uruguaianense, militar, historiador, escritor,
tradicionalista e artista plástico de mão cheia.
É o nosso delegado, da AHIMTB em
Uruguaiana, Delegacia General Setembrino de Carvalho.
Tive a satisfação de conhecê-lo em
Alegrete, quando no comando do 10° B Log. Depois disso, em diversas
ocasiões trabalhamos juntos. E agora, nesta história da 1ª Bda C Mec,
devo destacar que é dele o pioneirismo de elaborar o primeiro
trabalho sobre a Brigada José Luiz Menna Barreto.
O livro que hoje é lançado aqui é
baseado na obra do nosso prezado Carlos Fonttes, do qual exponho
algumas informações:
- o novo acadêmico é correspondente
de diversos jornais e revistas, além de ter sido diretor do jornal
“Centauro”, free-lancer do jornal Zero Hora na coluna regionalismo;
- há alguns anos, realizou
reportagem na argentina para a Revista do Exército Brasileiro sobre
os exercícios de operação de paz;
- possui diversas matérias
publicadas em revistas do Exército e da Marinha;
- pertence à Academia Uruguaianense
de Letras, ao Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de
Tambaú (sp), ao Instituto Histórico e Geográfico de São Luiz
Gonzaga, ao Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de
Brasília e à Comissão Gaúcha de Folclore;
- palestrante em diversas
entidades, sobre tradicionalismo, história e assuntos afins;
- possui diversas medalhas e
prêmios por trabalhos em arte plástica em exposições no brasil e no
exterior;
- foi curador do 1° Salão
Interestadual de Artes Nativas, em Uruguaiana, em 1992;
- foi coordenador cultural da
Semana Farroupilha de 2004 em Uruguaiana;
- possui a Medalha de Prata de bons
serviços do EB, menção honrosa da 1ª Bda C Mec e diplomas concedidos
por diversas unidades do Exército, Marinha e Brigada Militar;
- participou de diversos projetos
culturais em organizações militares de Quaraí e Uruguaiana, com
destaque para o marco e homenagem prestada ao Patrono da Cavalaria,
Marechal Osorio, em Barra do Quaraí, patrocinada pela LDN;
- em 1998, o jornal A Gazeta, de
Alegrete, conferiu a Carlos Fonttes o chamado Troféu da Paz;- como
artista e agente cultural, participa ativamente do já famoso
carnaval fora de época de Uruguaiana;
- possui diversas obras publicadas,
das quais destacamos as seguintes, algumas já esgotadas, devido ao
sucesso das publicações:
. Uruguaiana, Atalaia na História,
1991;
. Regimento Conde de Porto Alegre –
8° R C MeC, Uruguaiana, 1994;
. Retomada de Uruguaiana na Guerra
do Paraguai, 1994;
. Brigada José Luiz Menna Barreto –
1ª Bda C Mec, 1999;
. Uruguaiana, aqui te canto, 1995;
. Regimento Dragões do Rio Grande –
4° RCB, São Luiz Gonzaga, 2001;
. As estâncias contam a história –
Uruguaiana, 2002;
. As estâncias contam a história –
Bagé, 2005; e
. Histórico do Hospital de
Guarnição de Uruguaiana, 2009, entre outras obras.
Ao empossar o prezado amigo Fonttes
na Cadeira Alcebíades Miranda Júnior, pintor natural de São Borja
que se dedicou a temas militares, temos certeza da continuidade e
também da seriedade do seu trabalho na Delegacia General Setembrino
de Carvalho.
Seja bem vindo Obrigado. Cel
Caminha.
ALOCUÇÃO DE POSSE DO Sgt CARLOS
FONTTES

Exmº Sr. Gen. Bda, JOSÉ EUSTÁQUIO
GUIMARÃES, MD CMT 1ª Bda C Mec – BRIGADA JOSÉ LUIZ MENNA BARRETO;
Autoridades mencionadas no
protocolo
Senhoras e Senhores.
Cumpre-nos, com a mais alta
satisfação, aliando-nos a este momento muito importante em que
fazemos o relançamento da obra histórica sobre a gloriosa 1ª Brigada
de Cavalaria Mecanizada - Brigada José Luiz Menna Barreto, quando
então, por solicitação do General de Bda Luiz Cesário da Silveira
Filho, lançamos a 1ª edição da obra em 15 de julho de 1999, no
Comando do Gen. Bda Fernando Sérgio Galvão e hoje, concretizando a
continuidade da história, com a nossa aquiescência, completamos a 2ª
edição da trilha histórica desta consagrada Brigada de Cavalaria, em
parceria com o Presidente da Academia de história militar terrestre
do Brasil e do nosso Delegado estadual da Academia.
Nossa assunção, como Delegado da
Academia, com a criação da Delegacia Marechal Setembrino de Carvalho
em Uruguaiana em 2002, nos traz como regozijo, a satisfação ímpar em
bem servir à nossa história castrense quando ocupo, hoje, também, a
cadeira especial que temos como patrono o vulto de um grande pintor
que soube consagrar a história nas próprias imagens plásticas que
criou e que hoje, nesse momento de consagração à história, no
relançamento das memórias desta Brigada, e que ocupamos
definitivamente uma cadeira na Academia de história militar
terrestre do Brasil foi que, escolhemos, como patrono o vulto do
pintor:
ALCEBÍADES MIRANDA JÚNIOR
Nasceu esse ilustre artista
plástico, na cidade gaúcha de São Borja, em 27 de maio de 1903 sendo
filho de um oficial do nosso Exército, de mesmo nome,
notabilizou-se, principalmente, na iconografia plástica militar. Com
as constantes transferências do seu pai, ele estudou, além da sua
cidade natal, em Curitiba até fixar-se no Rio de Janeiro em 1919,
onde se diplomou em 1924, na Escola Nacional de Belas Artes, tendo
sido premiado com uma viagem à Europa, especializando-se na
Alemanha.
Seus trabalhos ilustram os
principais acervos militaesr como, o gabinete do Comando do
Exército, Palácio Duque de Caxias, Comando Militar do Leste e tantos
outros e ainda muitas revistas do Exército, Aeronáutica e da
Marinha. Na obra “História do Exército Brasileiro – Perfil de um
povo”, editado em 1972 pelo EME, vemos seus traços magníficos
contando a própria história. Em 1960, a Revista do Exército
Brasileiro, consagrou-o como o “pintor do Exército”.
Nosso ilustre biógrafo veio a
falecer em um hospital do Rio de Janeiro, em precárias condições de
pobreza, em 4 de junho de 1976, aos 73 anos de idade.
Aí está, senhoras/senhores, a
resposta justificada à escolha do meu patrono nessa tão conceituada
Academia, o meu agradecimento, a minha mais alta consideração e o
meu grande apreço por fazer parte desta história. Obrigado – Carlos
Fonttes
ORAÇÃO
DE RECEPÇÃO DO CEL
REINALDO GOULART CORREIA
Pelo
Cel Claudio Moreira Bento
Presidente da AHIMTB

Em 1976,
por ocasião do Bicentenário da Reconquista do Rio Grande do Sul aos
espanhóis conhecemos o General
Jonas
Correia, então Presidente modelar do
Instituto de Geografia e História Militar do Brasil, e teve inicio
uma grande amizade em função da admiração que ele me provocou, como
historiador e líder cultural. Foi então que lhe sugeri a
comemoração, em Simpósio, do Bicentenário da Reconquista do Rio
Grande do Sul aos Espanhóis. Acolhida nossa sugestão, ele a
transmitiu a outro admirável historiador e líder cultural notável, o
saudoso Professor Pedro Calmon, que mudou Reconquista para
Restauração. Então promoveram um simpósio conjunto IHGB / IGHMB sob
o título; Bicentenário da Guerra da Restauração do Rio Grande do
Sul, em que o tema foi pioneiramente resgatado em profundidade, em 4
volumes dos Anais do Simpósio da Restauração do Rio Grande, do qual
fomos um dos conferencistas.
E aí
surgiu uma grande admiração aos historiadores
General
Jonas Correia
e Pedro Calmon, e especialmente como
líderes culturais notáveis no setor de historiografia militar do
Brasil. Modelos que até hoje me inspiram, bem como outros
historiadores e líderes culturais gaúchos:
Dante
de
Laytano
e
Arthur
Ferreira Filho.
E hoje os
quatro estão consagrados patronos de cadeiras na Academia de
História Militar Terrestre do Brasil, que fundamos e dirigimos
inspirados nestes quatro ícones da historiografia brasileira em
geral e na militar.
Oficial de
Engenharia, como cadete, ao
retornarmos do Parque de Instrução na
AMAN,
sempre ouvia do comandante da tropa.
"Atenção, Pelotão, a Canção da Engenharia, pelo Cadete Bento,
começar”! E eu a iniciava e todos me acompanhavam.
"Se for
mister partir um dia para a guerra, pra defender o brasileiro solo
amado, marchará na Vanguarda nossa tropa galharda, cujo peito
inflamado fortes surtos encerra ...” E assim por diante.
Mais tarde
soube que a canção fora
de autoria de um oficial de Engenharia,
Jonas Correia,
e a música de
sua primeira esposa, D.
Valmirina, avós
do acadêmico Cel Cav
Reinaldo
Goulart Correia, que ora tenha a
honra de receber em nome da AHIMTB. Cel Cav
Reinaldo
Goulart Correia, por sua vez filho
do ilustre acadêmico emérito Gen Ex
Jonas
de Morais
CorreIa
Neto,
continuador
das tradições de seu pai, as quais
temos certeza de que o Cel
Reinaldo dará a
continuidade e brilho.
E o faço
muito feliz por haver tido a honra de haver sido recebido, como
sócio do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil e do
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, por seu avô, General
Jonas Correia.
Orações manuscritas que
conservo como preciosidades em meu arquivo pessoal.
O Cel
Reinaldo
nasceu no Rio de Janeiro e foi
declarado oficial da Cavalaria em 14 de dezembro de 1976.Possui
todos os cursos do Exército: Cavalaria na
AMAN,
Escola de Aperfeiçoamento de
Oficiais e de Comando e Estado - Maior, onde foi titulado Doutor em
Ciências Militares, além do Curso de Mestre em Equitação.Todas as
suas promoções de Oficial Superior foram por Merecimento.Seu último
curso no Exército foi o de Política, Estratégia e Alta Administração
do Exército.
Possui os
cursos civis de Análise Prospectiva, Gestão Empresarial e
Excelência em Gestão, Como influenciar pessoas, Liderança,
Apresentações em Público, Negociação, Gestão de Pessoas, Gestão de
Equipes.
Realizou
estágios de Repressão a Entorpecentes e drogas afins, Básico de
Inteligência, Proteção Radiológica em Soluções de Emergência e
Gerenciamento de Crises. Isto atesta a sua primorosa e notável
bagagem cultural acumulada.
Foi
instrutor de Cadetes na Academia Militar das Agulhas Negras,
subcomandante do Regimento Dragões da Independência, em Brasília,
oficial do Estado-Maior da 4a Brigada de Cavalaria Mecanizada, no
Mato Grosso do Sul, da 6a Divisão de Exército – Divisão Voluntários
da Pátria e Comandante do 2o Regimento de Cavalaria
Mecanizado, Regimento João Manoel, em São Borja. Serviu com seu pai
em duas oportunidades: no CMSE e no EMFA.
Foi
agraciado com as seguintes medalhas militares; Cavaleiro e Oficial
da Ordem do Mérito Militar, Cavaleiro da Ordem do Mérito Forças
Armadas, Medalha Militar de Ouro, Medalha Corpo de Tropa, Medalha do
Pacificador e Medalha Brigadeiro João Manoel.
Condecorações civis: Cavaleiro de Ordem de Rio Branco, Medalha
Duquesa de Caxias e Medalha D. João VI.
É membro
da Legião de Honra do Colégio Militar de Porto Alegre; assinou o
Livro de Honra da AMAN, por havê-la cursado sem nenhuma punição; e
obteve o maior conceito de aptidão para o oficialato da Turma de
1976, da AMAN.
Possui
diversas distinções culturais, entre as quais registramos.
- Sócio
honorário de Centro Nativista Boitatá, de São Borja.
- Membro
da Augusta Ordem de Santa Bárbara da Guarnição de Santiago
- Comenda
Apparicio Mariense, pela Câmara de São Borja.
- Membro
Vitalício do Conselho de Vaqueanos do Piquete de Tradições Gaúchas
João Manoel, do 2o R C Mec, São Borja;
- Membro
do Instituto de História e Tradições do RGS, e seu delegado em São
Borja;
- Sócio
acadêmico da Academia de História Militar Terrestre do Brasil, e seu
delegado em São Borja;
Integrou
representações do Exército no exterior: Paraguai, Uruguai, Chile,
Argentina, Timor Leste. Historiador militar autor dos seguintes
trabalhos:
- A FEB e
a Ofensiva da Primavera -1977;
- A
Primavera de Praga 1978;
- A
Geopolítica da Prata - 1992;
- A EMFA -
situação atual e perspectivas - 1992;
- A
Estratégia Americana pós 11 de setembro - 2002;
- O Chefe
Militar do século XXI - 2002:
-
Desmobilização da UNMISET e Perspectivas para o Timor Leste - 2003;
- A
Logística Militar Terrestre no Alvorecer do século XXI
- O
Comando Logístico;
- Osório:
o soldado e o cidadão - 2008.
É notável
a sua atuação como tradicionalista gaúcho e no hipismo, tendo
fundado a Liga Hípica de Fronteira Oeste, em 1988, e o Núcleo Sul -
matogrossense de Hipismo.
Tem o
orgulho de haver servido nos comandos militares do Sul, Sudeste,
Leste, Oeste e Planalto e na área das 4 brigadas de Cavalaria
Mecanizada do Exército; na área das duas Divisões de Exército do Rio
Grande do Sul e nas fronteiras com o Uruguai, Argentina e Paraguai.
O Cel
Reinaldo foi transferido para a Reserva em 31 de março de 2007 e
atualmente é o Delegado, em São Borja, da FHE e POUPEX.
É casado
com Carmen Lúcia, pai de Marcelo e Leandro, avô de Isabella e sogro
da historiadora e acadêmica, da Academia de História Militar
Terrestre do Brasil, Lauriane Fernandes Wild, que irá inaugurar a
Cadeira Especial Presidente Getúlio Vargas. Seja bem vindo! Ocupe o
seu lugar na cadeira General Jonas Correia, que foi inaugurada por
seu pai, Gen Ex Jonas de Morais Correia Neto, no Colégio Militar do
Rio de Janeiro.
ORAÇÃO
DE POSSE DO CEL
REINALDO GOULART CORREIA

Ao ser empossado
acadêmico da Academia de História Militar Terrestre do Brasil, sejam
de agradecimento as minhas primeiras palavras.
À Academia, na pessoa
do Cel Cláudio Moreira Bento, seu presidente, pela honraria do
convite para fazer parte dos seus quadros.
Ao Gen Eustáquio,
Comandante da 1ª Brigada de Cavalaria Mecanizada; ao Gen Boabaid;
aos comandantes de Organizações Militares da Guarnição Militar de
Santiago aqui presentes e, particularmente, aos diletos amigos, Cel
Ribas Flores, desde a Academia Militar, e Cel Caminha, companheiro
de bancos escolares na ECEME, historiador e tradicionalista.Aos
convidados, que valorizam ainda mais esta Sessão Solene com o
prestígio de suas presenças.
Estou extremamente honrado e
desvanecido por ter sido admitido como acadêmico da AHIMTB, do que
muito me orgulho e sinto até, por que não dizer, uma ponta de
vaidade por ombrear com tantos expoentes da nossa historiografia,
civis e militares, e por integrar uma instituição cultural na qual
foi consagrado, ainda em vida, como Patrono de Cadeira, meu avô, Gen
Div Jonas de Morais Correia Filho, e da qual faz parte meu pai, Gen
Ex Jonas de Morais Correia Neto. Com ambos aprendi, ainda criança, a
gostar de estudar História: estudar, pesquisar, entender...não
decorar.
Não sou um historiador, mas um
leitor assíduo, um apreciador da História, com a convicção de que
devemos estudar quaisquer eventos históricos com o olhar crítico,
levando em consideração as peculiaridades do período histórico em
que ocorreram.
No campo específico da História
Militar, creio que ela deva ser analisada sob duas vertentes: a
puramente militar, que se refere à Arte da Guerra,
verificando-se aspectos de liderança que decidiram batalhas, os
acertos e erros de estratégias e táticas empregadas, e os reflexos
dos resultados no Campo Militar, na Expressão Militar do Poder
Nacional (adequação de meios operacionais e logísticos,
aperfeiçoamento da doutrina, etc...); e a vertente política /
diplomática, com as causas remotas e imediatas do conflito, isto
é, os antecedentes, os fatores condicionantes nas demais Expressões
do Poder e suas consequências para a ordem mundial e/ou regional,
que serão sempre trágicas para as populações civis
envolvidas.
Clausewitz, em sua obra “Da
Guerra”, afirmou que “A guerra é a continuação da política por
outros meios”. É uma verdade! Mas é
também, como bem disse Bessiéres, “antes de tudo, um combate
interior; é na alma de cada soldado que a batalha é ganha ou
perdida”.
Vejo, nos dias atuais, o papel
primordial da Forças Terrestres como sendo a defesa da paz; para
isso, prepara-se para a guerra. Quando ocorre um conflito armado
alguém errou e deixou a crise ou o problema ir longe demais. E é
isto que, nesta Academia, nós devemos pesquisar!
Hoje, graças à sensibilidade do
nosso Presidente, Cel Cláudio Moreira Bento, estou sendo empossado
na Cadeira cujo Patrono é meu avô, e que teve, como primeiro
ocupante, meu pai. São três gerações de acadêmicos...da mesma
família. Três gerações de militares que iniciaram sua trajetória no
mesmo educandário: o Colégio Militar do Rio de Janeiro.
Confesso que, ao pensar em como
desenvolveria esta Oração de Posse, fiquei em dúvida se utilizaria
uma abordagem mais técnica ou mais sentimental, do tipo “meu avô e
eu”. Optei pela primeira, até para não me deixar trair pela emoção
ao relembrar uma longa convivência de profunda amizade e aprendizado
constante.
Antes de lhes falar sobre o meu
Patrono, devo fazer uma breve referência aos meus antecessores nesta
Cadeira. Tenho plena consciência de que será uma pesada
responsabilidade a missão de substituí-los.
Meu pai, infelizmente, não pôde
estar presente a esta Sessão Solene. Permanece como o meu exemplo de
militar, cidadão e, acima de tudo, pai. Sua vocação para a carreira
das Armas foi forjada naquela
Casa de Thomaz Coelho, onde ingressou, por concurso, e
da qual foi Comandante-Aluno. Cinquenta anos depois de cruzar o
portão daquele Colégio era promovido a General-de-Exército.
Ainda jovem oficial começou a
escrever acerca de temas relacionados à História Militar, seus fatos
e personagens. Orador nato, foi palestrante nas principais escolas
militares das três Forças, de todos os níveis, sendo membro e
conferencista de institutos, academias e entidades culturais civis e
militares, do Brasil e do exterior.
Ao longo do tempo acumulou notável
e diversificado conhecimento, e grande domínio do tablado. Suas
palestras empolgavam a assistência, seja de jovens capitães, na
EsAO, seja de Oficiais Generais e destacados civis, na Escola
Superior de Guerra.
Sempre leu muito, estudou muito e
escreveu muito, mas foi, sobretudo, e ainda o é, um soldado.
Parece-me que se referia a ele Castro Alves quando escreveu “Nem
cora o livro de ombrear co'o sabre, nem cora o sabre de chamá-lo
irmão”.
Por ter sido meu pai elevado à
condição de Acadêmico Emérito, a Cadeira nº 34 foi ocupada, em 2007,
pelo Gen Bda Geraldo Luiz Nery da Silva, que também iniciou sua vida
militar nas alamedas do Colégio Militar do Rio de Janeiro.
Conheci-o quando comandava o 20º
Grupo de Artilharia de Campanha, Grupo Bandeirante, em Barueri - São
Paulo, Unidade de Artilharia que integrou a AD Cordeiro de Farias
durante a 2ª Guerra Mundial. Creio que não foi aleatoriamente que o
Exército o nomeou para comandar aquele histórico Grupo.
Àquela época já se mostrava
consolidado o seu gosto pela História Militar. Sua perseverança para
erigir e inaugurar um Monumento aos Veteranos da FEB, no seu
quartel, foi louvável.
Anualmente, no dia
29 de abril, reunia os ex-combatentes
para comemorar a última Missão
de Tiro da Artilharia nos campos da Itália, que
foi executada pelo seu Grupo,
às 13:45h do dia 29 de abril de 1945, em Monte
Castelo. Única tropa de Artilharia do
estado de São Paulo na II Guerra Mundial,
foi responsável por mais de 41 mil tiros
dados em campanha. Naquelas cerimônias faziam-se presentes
artilheiros febianos de renome, como o Gen
José de Souza
Carvalho, Comandante do
Grupo na FEB, então
Ten Cel; o
Gen Rubens Resstel e o
Cel Amerino
Raposo Filho, Acadêmico Emérito desta Casa.
Durante considerável período de sua profícua carreira o Gen Nery
realizou trabalhos voltados para a História Militar, sempre visando
à preservação das tradições castrenses e, desde o ano 2000, vem-se
dedicando ao Projeto História Oral do Exército.
Reitero que será necessário muito empenho da minha parte para bem
substituir os dois primeiros ocupantes desta Cadeira.
É chegado o momento de falar sobre o meu Patrono, meu
saudoso
e querido avô.
Quase um menino de calças curtas, saiu de Parnaíba, no Piauí, sua
terra natal, para estudar no Rio de Janeiro, onde foi acolhido por
seu tio que, mais tarde, seria General. Pouco tempo depois ficou
órfão de pai, fato que o abalou profundamente.
Em 1916 ingressou no Colégio Militar, tendo sido oficial-aluno,
Presidente da Sociedade Literária e Porta-Bandeira. Ao término do
curso foi condecorado com a medalha-prêmio “Conde de Porto Alegre”,
em ouro, da qual se orgulhou pelo resto da vida.
Disse-me que chegou ao Rio trazendo apenas uma pequena mala, com
alguns pertences pessoais e duas mudas de roupa que praticamente não
usaria, pois, naquele tempo, os alunos iam passear na cidade
envergando, garbosos, o uniforme do Colégio Militar.
Para que façam uma idéia da sua personalidade, ainda em formação, ao
passar para o último ano seria promovido, mas pediu para continuar
no posto de Tenente-Aluno, a fim de permanecer como Porta-Bandeira
do Batalhão Escolar. Foi atendido!
Ao ingressar direto na Escola Militar do Realengo optou pelo Curso
Especial de Engenharia, o que faria com que escrevesse a letra da
atual Canção do Engenheiro, cuja música é de autoria de minha avó,
pianista, à época sua noiva. Ao final dos anos 1960 foi composta a
Canção da Engenharia mas, quando entrei na AMAN, em 1973, a Canção
do Engenheiro ainda era a preferida dos cadetes, e a mais cantada.
Aluno da Escola Militar, motivou-se para o estudo da História ao
participar dos trabalhos de uma comissão que tinha por objetivo
erigir um “Monumento aos Heróis de Laguna e Dourados”. É o monumento
que vemos hoje na Praia Vermelha.
Estando entre os alunos rebelados por ocasião da Revolução de 1922,
foi preso e, logo após, expulso da Escola e do Exército. Foi um rude
golpe em seus sonhos e na esperança de prosseguir na carreira.
Relembrava este episódio com justificada tristeza e certa amargura,
pois viu que fora manipulado, juntamente com outros companheiros,
por instrutores a quem emprestaram irrestrita confiança e lealdade.
Mas, como sempre fez ao longo da vida, assumiu sua cota de
responsabilidade, mesmo sabendo que pagaria um alto preço por isso.
Como precisava dar prosseguimento a sua vida, aos vinte anos prestou
concurso para o Banco do Brasil, onde ascendeu rapidamente,
diplomando-se Contador e Guarda Livros. Escreveu o livro
“Contabilidade Bancária”, editado em 1929 e, por cerca de quarenta
anos, bibliografia básica e obrigatória para os candidatos à
carreira bancária, particularmente para aquela instituição. Nesse
período foi o idealizador e um dos fundadores da Associação Atlética
Banco do Brasil, a AABB, no Rio de Janeiro.
Tendo a Revolução de 1930 sido vitoriosa, foi anistiado e optou
por retornar ao seu Exército, como 1º Tenente de Engenharia. Seus
colegas de trabalho não entenderam tal decisão, até porque ganharia
menos da metade do seu salário no Banco. Não compreendiam o poder
que tem uma verdadeira vocação. Resignados, como prova de amizade
ofertaram-lhe uma bela espada, com expressiva gravação.
Classificado no então 4º Batalhão de Engenharia, em Itajubá - MG,
naquele quartel iniciou sua vida de oficial do Exército. Lá, meu
pai, aos cinco anos, teve seu primeiro contato com a rotina de um
corpo de tropa: montava a cavalo com meu avô e chegou a acompanhá-lo
em uma marcha, seguida de um acampamento.
No início de 1932 meu avô foi convidado para lecionar no
Colégio Militar do
Rio de Janeiro. Aceito o convite, retornou ao Rio e, pouco depois,
já Capitão, foi voluntário para seguir com as tropas que iriam
combater os paulistas durante a Revolução Constitucionalista.
Chefiou o serviço de Engenharia de um dos setores e foi,
posteriormente, Prefeito Militar de Campinas. Encerrado o conflito
retornou ao Colégio Militar, agora em definitivo. Sua carreira
estava traçada: foi como professor e educador que mais se afirmou e
projetou.
Em 1938 ingressou, voluntariamente,
no Magistério Militar, sendo promovido a Major, na reserva e, no ano
seguinte, a Tenente Coronel. Em virtude do seu desmedido amor ao
Exército e encantamento pelas coisas castrenses, certa vez meu pai,
já oficial, perguntou-lhe o que o levara a deixar a ativa. Meu avô
respondeu que “na tropa havia se dado conta do descompasso prático
de quase dez anos entre ele e os tenentes recém-saídos do Realengo
e, havendo a chance, preferira produzir muito mais, fazendo o que
sabia fazer de melhor, a se acomodar numa legião de desatualizados
malvistos”.
Entre 1933 e 1938 lecionou no
Colégio Militar, na Escola de Intendência do Exército e na Escola
Superior do Comércio do Rio de Janeiro, período em que se diplomou
bacharel em Direito.
Foi um dos fundadores, em 1936, do
Instituto de Geografia e História Militar do Brasil, o qual presidiu
por quase quinze anos.
Sócio atuante do Clube Militar por
mais de seis décadas, do qual foi Conselheiro e Diretor do
Departamento Cultural, ainda Capitão dirigiu a sua Revista, tendo
preparado, em 1937, a edição comemorativa do cinquentenário do
Clube.
Em 1939 foi criada, na Escola
Militar, uma nova disciplina chamada Revisão de Português. Dezessete
anos após ser expulso meu avô retorna vitorioso ao Realengo, nomeado
Catedrático da nova cadeira.
No início do ano seguinte assumiu a
direção do Departamento de Educação Primária do Distrito Federal e,
em 1942, tornou-se Secretário-Geral de Educação e Cultura. À frente
do ensino público desenvolveu uma obra educacional digna dos maiores
louvores. Promoveu, em 1944, a Reorganização do Ensino Primário, à
qual o conceituado mestre Lourenço Filho, em conferência para
educadores cariocas, assim se referiu: “A Reforma Jonas Correia é
uma das mais adiantadas, é a real expressão da pedagogia moderna”.
Em outubro de 1945, com a queda de
Getúlio Vargas, em virtude da aprovação e do reconhecimento da
população ao seu trabalho na área do ensino, meu avô foi convencido
a se candidatar, pelo PSD, à Câmara dos Deputados, tendo sido o
Deputado Federal mais votado no Rio de Janeiro. Comentava-se, à
época, que ele havia sustentado, e arrastado, no Distrito Federal, a
votação do Gen Dutra à Presidência da República. Na Câmara integrou
as Comissões de Educação e Cultura e de Diplomacia. Mas não era um
político e, divergindo de várias posições adotadas pela situação,
rompeu com a sua legenda, mudando de Partido.
Suas convicções e atitudes sempre
foram muito bem definidas e do conhecimento de todos. Isto ficou
evidenciado por ocasião da histórica sessão da Câmara, de janeiro de
1948, quando, como 3º Secretário, assumiu o ônus da leitura do ato
de cassação dos mandatos dos deputados do Partido Comunista
Brasileiro, encargo que o 1º e o 2º Secretários não quiseram
assumir, a fim de evitar um provável desgaste de suas imagens. Meu
avô o fez, mostrando sua firmeza de caráter e coragem moral perante
uma Casa repleta e com a opinião pública não totalmente convencida
da justeza do ato.
Sua experiência como político
trouxe-lhe mais decepções e dissabores do que satisfações e, assim,
não se reelegeu. Em determinada ocasião perguntei-lhe acerca desse
período e ele me disse que os valores que se cultuavam naquela Casa
eram muito diferentes daqueles que aprendemos a cultivar e a cultuar
no Exército Brasileiro, e que só não renunciara ao mandato para
honrar a confiança do povo que o elegera com milhares de votos.
Retornou ao Colégio Militar em
1951, como chefe do Departamento de Ensino de Português, mas sem
deixar de lecionar, que era o que mais gostava de fazer.
Em 1955 foi convidado pelo
Comandante, Cel Adalberto Pereira dos Santos, que viria a ser
Vice-Presidente da República no Governo Geisel, para ser o
Subdiretor do Ensino Geral, a mais elevada função do Magistério, no
Colégio, que exerceu até meados do ano seguinte, quando se reformou,
sendo promovido, na inatividade, a Gen Bda, mais tarde corrigido
para Gen Div.
A respeito de sua possível ascensão
ao generalato quando ainda professor do Colégio Militar, valho-me
das lembranças do meu pai: “Enquanto nas tarefas letivas,
acenaram-lhe com a possibilidade de ser promovido a General e
permanecer em serviço. Recusou! Um dia, conversando sobre isso,
perguntei-lhe o motivo da recusa. Pedindo-me reserva, para não
parecer que estivesse criticando algum colega, disse-me mais ou
menos o seguinte: ‘Eu não ia me sentir bem dando aulas fardado de
General. Além disso, é um posto que sempre respeitei e reconheço que
não fui preparado para alcançá-lo; e só o tenho como inativo por
causa das vantagens legais que interessam também à minha família’.”
Após sua reforma, em 1956, meu avô
não teve mais ligações de trabalho com o Colégio Militar, mas os
laços de afeto e gratidão o acompanharam até a sua morte. Gostava de
ir ao “seu” Colégio! Quantas vezes, aos sábados pela manhã, no final
dos anos 1950, levou-me ao Esquadrão de Cavalaria para montar o
cavalo Pagé!
Reformado, dedicou-se integralmente
às atividades culturais, especialmente à História Militar, sempre
preservando suas raízes, vinculado ao ambiente militar.
Integrou o Conselho Estadual de
Educação do Rio de Janeiro e o Conselho Editorial da Biblioteca do
Exército, do qual foi Benemérito.
Participou da elaboração dos três
volumes da História do Exército Brasileiro. No que tange à “revisão
dos aspectos históricos das monografias básicas”, compunham o grupo
de trabalho, além dele, nomes como Artur César Ferreira Reis, Prado
Maia, Lavanère-Wanderlei, Salm de Miranda, Victorino Portella,
Claudio Moreira Bento e outros. Na equipe que tratou do “estudo de
problemas de forma e comunicação da obra” esteve ao lado de Pedro
Calmon, Josué Montello, Jacobina Lacombe e D. Pedro Gastão de
Orleans e Bragança.
Fez pesquisas de campo, escreveu
artigos, ensaios, pareceres e livros; dezenas de palestras e
conferências. Era frequentador assíduo de todas as instituições de
que foi membro. O fato de residir no Rio de Janeiro, e possuir o
título de “Cidadão Carioca”, fez com que priorizasse o Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro, do qual foi sócio emérito, orador
e vice-presidente; o Instituto Histórico e Geográfico do Rio de
Janeiro; a Academia Carioca de Letras, da qual foi decano; a
Academia Brasileira de Filologia, onde foi presidente; a Academia
Luso-Brasileira de Letras e o Clube Militar. Porém, reservava um
carinho especial a todas as demais instituições, como os Institutos
Históricos de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul; o PEN
Club do Brasil; a Academia Portuguesa de História e outros.
Culto e erudito, foi excelente
escritor e primoroso orador. Dentre os inúmeros trabalhos
publicados, alguns merecem destaque: Estudos de Português;
Introdução ao Vocabulário da Gíria Militar; Linguajar e Anedotário
Militar no Rio de Janeiro; Sentido Heróico da Poesia de Castro
Alves; Olavo Bilac, o Patriota, o Poeta; Santos Dumont na
Literatura, na Poesia e na Música; O Espírito de Caxias; Deodoro e
seus Dois Momentos Históricos; Floriano; A Glória de Rio Branco;
Mallet na História; Tuiuti, perfil histórico de uma batalha; e O
Ensino Militar no Brasil, lançado quando representou o Exército em
São Paulo, em 1939, no cinquentenário da Proclamação da República.
Em página do início dos anos 1940,
ao referir-se ao General Osório chamou-o “A Lança do Império”,
expressão que passou a ser acolhida no meio militar e por diversos
historiadores, principalmente os gaúchos, sem que fosse indicada a
sua autoria.
Existe, entretanto, um traço da sua
personalidade muito pouco divulgado: era um mestre em criar e em
contar histórias infantis. Quando éramos crianças, ainda bem
pequenos, no Rio de Janeiro, eu e meu irmão do meio dormíamos no
mesmo quarto. Quase todas as noites meu avô nos contava histórias
versando sobre as arriscadas e temerosas aventuras de dois irmãos,
Alfredinho e Marilda, que moravam em um sítio repleto de locais e
entes misteriosos. Nas noites em que não podia estar conosco era uma
decepção muito grande, pois ele sempre terminava o “capítulo”
anterior em um momento realmente empolgante, e ficávamos ansiosos
para saber como os irmãos resolveram a perigosa e assustadora
situação que se apresentava. Creio que nem ele mesmo sabia! Algumas
vezes minha mãe reclamava porque, quando ele saía do nosso quarto,
sempre após uma rigorosa inspeção para verificar se havia alguma
bruxa escondida embaixo das nossas camas, demorávamos a pegar no
sono.
Havia alguns personagens fixos, mas
quase diariamente novos figurantes surgiam naquele ambiente surreal,
enquanto outros saíam de cena, para retornar em momento oportuno.
Quatro ou cinco anos após essa época nasceria minha irmã, em
Uruguaiana, que recebeu o nome de...Marilda.
Pouco tempo depois de ser
alfabetizado, sem dúvida motivado pelas histórias do meu avô, li
toda a coleção infantil de Monteiro Lobato.
Retornando às coisas sérias, desde
menino eu gostava de admirar uma grande caixa de vidro onde meu avô
expunha uma expressiva quantidade de condecorações. Cada uma tinha a
sua história e ele valorizava todas, mas, de acordo com meu pai,
parece que tinha certa predileção por três delas: a Medalha de Ouro
“Conde de Porto Alegre”, do Colégio Militar; a Comenda da Ordem do
Mérito Militar; e a Comenda da Ordem Nacional do Mérito Educativo,
que lhe foi imposta pelo seu ex-aluno Presidente João Figueiredo.
Sua última contribuição à cultura
nacional encontra-se no livro, editado pelo SENAI em 1994, Símbolos
Nacionais da Independência. Produto de demorada e minuciosa
pesquisa, o tema foi abordado de forma bastante ampla, sendo a obra
mais completa, do gênero, existente no País. Os originais, com
ilustrações em cores, foram doados por meu pai ao Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro.
Em 1964 estudei História e
Geografia com minha avó, para prestar o concurso de admissão ao
Colégio Militar. Ele, sempre atento, dizia que as duas matérias eram
inseparáveis; que para bem entender a História deveríamos ter,
sempre, um mapa à mão; que a História inscreve o fato no tempo e a
Geografia o imprime no espaço.
Ao final daquele ano, sendo meu pai
instrutor da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, foi meu avô quem
me levou, durante quatro dias, para realizar as provas do concurso.
Permanecia lá, conversando, cercado de amigos, quase todos seus
ex-alunos. Quando eu saía, ao término da prova, apenas me olhava,
analisava a minha reação e dava um sorriso.
Minha querida avó viria a falecer
em abril do ano seguinte, mas a tempo de me ver envergando o
uniforme do Colégio Militar, que ela achava lindo. E como meu avô
tinha orgulho daquela farda! Certa vez, convidou a mim e a meu irmão
para um passeio no bondinho do Pão de Açúcar, mas impôs uma
condição: deveríamos ir fardados. E nós fomos!
Criança ainda, decorei uma estrofe
que havia em um pequeno quadro, na sua grande biblioteca: “Filhos,
estudem! Na vida, o quanto nós aprendemos é fortuna sempre havida e
bem que nós nos fazemos.”
Sempre gostou de poesia, talvez
influenciado pela minha avó Valmirina, primorosa poetisa. Apreciador
das obras de Castro Alves, lembro-me até hoje de um trecho da poesia
O Livro e a América, que ele não se cansava de repetir:
Oh! Bendito o que semeia
Livros... livros à mão cheia...
E manda o povo pensar!
O livro caindo n'alma
É gérmen - que faz a palma,
É chuva - que faz o mar.
Jamais se cansou de estudar. Citava
Leonardo da Vinci, dizendo que “Aprender
é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e
nunca se arrepende”.
Meu avô viveu intensamente. Teve
uma vida rica em conhecimentos, trabalho e produção. Deixou inúmeros
amigos e admiradores. Foi soldado e cidadão.
A última vez em que estive com ele
foi em maio de 1997, por ocasião das Bodas de Ouro dos meus pais. Já
apresentava problemas de saúde, mas a sua cabeça permanecia a mesma.
Conversamos bastante e, como sempre, aprendi muito. Foi a última
aula que tive com meu avô, que faleceria oito meses depois.
Minhas senhoras e meus senhores!
Creio ter-lhes dado uma idéia acerca do insigne Patrono da Cadeira
que terei a honra de ocupar.
Mais uma vez, peço que aceitem
minha gratidão pela presença e pela atenção a mim dispensada.
Muito Obrigado Cel Reinaldo Correia
PALAVRAS FINAIS – SANTIAGO, EM
18 SET 2010
É com grande satisfação castrense
que estivemos hoje aqui em Santiago, no Círculo Militar dos
integrantes da 1ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, hoje ao comando
de destacado ex-aluno nosso em História Militar, em 1978, o
General-de-Brigada José Eustáquio Nogueira Guimarães e filho de
nosso apreciado colega de ECEME Cel Lázaro Rodrigues Guimarães . E
para presidir esta cerimônia histórica, da Academia de História
Militar Terrestre do Brasil e do Instituto de História e Tradições
do Rio Grande do Sul, de lançamento da História da 1ª Brigada de
Cavalaria Mecanizada, dentro do Projeto História do Exército na
Região Sul, faltando, do Comando Militar do Sul, somente a História
em andamento da AD/3 - Artilharia Divisionária da 3º Divisão de
Exército Divisão - Encouraçada, a herdeira das tradições da 3ª
Divisão do Brigadeiro Sampaio, em Tuiuti , cujo 4º Batalhão de
Fuzileiros, que atuou na sua Vanguarda nesta batalha, foi
reorganizado aqui em Santiago como 9º Regimento de Infantaria e,
desde a década de 20, aquartelado em Pelotas, e hoje como 9º BI
Motorizado e denominado Regimento Sampaio, por ser a unidade mais
ligada ao Patrono da Infantaria.
Nesta reunião, além do lançamento
do citado livro, empossamos como acadêmico o Cel Reinaldo Goulart
Correia, na cadeira General Jonas Correia, seu avô, e na qual
sucede os acadêmicos eméritos General de Exército Jonas de Moraes
Correia Neto, seu pai, e o General Geraldo Luiz Neri da Silva, o
coordenador do excelente Projeto História Oral do Exército. O Cel
Reinaldo é o Delegado da AHIMTB em São Borja, da Delegacia da AHIMTB
General Souza Docca, da qual a AHIMTB muito espera em realizações
nesta região das Missões. É uma “Mensagem a Garcia”, que temos
certeza ele a entregará.
Empossamos, igualmente, o
historiador e artista plástico Sargento de Saúde Carlos Fonttes, na
cadeira Pintor Alcebíades Miranda Jr, grande pintor que, no passado,
ilustrou publicações do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, e com
o qual muito contatamos no Projeto História do Exército, em 1972,
como integrante da Comissão de História do Exército de Estado-Maior.
Carlos Fonttes é autor da primeira História da 1ª Bda C Mec, hoje
aqui relançada bastante ampliada. É o Delegado da AHIMTB Marechal
Fernando Setembrino de Carvalho, em Uruguaiana, e divide sua cadeira
com o acadêmico emérito Cel Pedro Paulo Cantalice Estigarribia,
grande pintor do Exército, com obras espalhadas por diversas
casernas do Brasil.
Resta-nos agradecer ao General
Eustáquio, e a sua equipe, o apoio da 1ª Bda C Mec a esta histórica
cerimônia de lançamento da História deste grande comando, e de
posses de acadêmicos; e lamentar a ausência neste evento, por motivo
de força maior, do último comandante desta Brigada, que assina as
orelhas desta obra, o General Edson Leal Pujol, Presidente de Honra
de nossa Academia, seu incentivador e que ocupará, como acadêmico,
em 2011, a cadeira Marechal José Pessoa, o idealizador da AMAN, como
parte das comemorações dos 200 anos da AMAN, nossa mãe profissional,
sobre a qual a Academia de História Militar Terrestre do Brasil
lançará, ainda este ano, o livro 2010 - 200 anos da criação da
Academia Real Militar, a AMAN. Obra prefaciada pelo Cel Caminha,
com abas ou orelhas da lavra do Gen Ex Clovis Jacy Burmann,
presidente da FHE e da POUPEX, e apresentação do Gen Bda Edson Leal
Pujol, atual comandante da AMAN e o último comandante desta Brigada.
Com votos de que os integrantes da
1ª Bda C Mec apreciem os trabalhos de seus acadêmicos na História da
Brigada. E é com prazer que aqui deixo instalada a Delegacia da
AHIMTB de Santiago Marechal Carlos Flores de Paiva Chavestendo como
seu delegado o Ten Florian e como seu Delegado de Honra o presado
General Eustaquio Comadante da 1ª Brigada C Mec Muito Obrigado! Pela
AHIMTB e IHTRGS,
Cel Claudio Moreira Bento,
Presidente da AHIMTB e IHTRGS.
LANÇAMENTO DO LIVRO DA 1ª Bda C
Mec

APRESENTAÇÃO
DO LIVRO
É com grande satisfação e honra que
apresento a obra “1ª Brigada de Cavalaria Mecanizada – Brigada
José Luiz Mena Barreto”. A obra do Cel Cláudio Moreira Bento,
com as contribuições do Cel Luiz Ernani Caminha Giorgis e do
historiador Carlos Fonttes, traz uma contribuição importante para a
preservação da memória das atividades da nossa Brigada.
Em uma abordagem ampla e didática,
os autores iniciam a obra apresentando os traços da história militar
terrestre da região missioneira do Rio Grande do Sul, espaço
geográfico que coincide com a área de responsabilidade da nossa
Grande Unidade. Fruto de pesquisa detalhada, o livro registra, com
precisão, os fatos históricos que nos permitem fazer uma viagem ao
passado para entender nosso presente. Nesse primeiro capítulo,
participamos dos combates entre portugueses, espanhóis e guaranis,
na luta pelo território que herdamos, desde a fundação da Colônia do
Sacramento até a sangrenta campanha da Guerra da Tríplice Aliança,
passando pelas batalhas da Guerra Guaranítica. E foram essas três
culturas, hispânica, lusitana e indígena, que nos legaram os traços
culturais tão peculiares que sintetizam a alma missioneira. A
integração dos costumes, aliada à miscigenação racial, permitiu a
fusão que gerou a cultura missioneira, manifestada por esse povo
orgulhoso e amistoso, combativo e cavalheiresco.O livro aborda
também as origens de Santiago, acolhedora cidade que recebe os
integrantes da 1ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, desde os idos de
1922, quando ainda éramos a 1ª Divisão de Cavalaria, contribuindo em
sua pesquisa para os anais do município. Na obra, podemos também
conhecer um pouco mais da figura histórica de nosso patrono – José
Luiz Mena Barreto – integrante de uma das mais tradicionais famílias
de militares gaúchos que nos deixaram tantas páginas de glória e
heroísmo nas campanhas militares, especialmente do século XIX.Ainda
no segundo capítulo, os autores relatam o envolvimento da Brigada e
de suas unidades nas campanhas tenentistas, desde a revolução de 22,
passando pela Coluna Prestes, até as participações nas Revoltas de
32. Tais fatos nos mostram um Exército politizado e participativo.
Para a evolução política da Nação, o envolvimento dos “tenentes”
foi, sem sombra de dúvida, um sopro de renovação. Para
Exército, no entanto, as divisões ideológicas geradas no seio de
cada unidade, com suas facções beligerantes, não deixaram boas
lembranças.
Nos dois últimos capítulos, cumpre
destacar o detalhamento do registro histórico do currículo dos
comandantes da Brigada e o resumo histórico das organizações
militares que integram nossa Grande Unidade, tornando esta obra
referência obrigatória para quem queira conhecer um pouco do passado
de nossa Brigada.
Assim, como comandante da 1ª
Brigada de Cavalaria Mecanizada, cabe-me agradecer aos autores pelo
grande esforço e marcante colaboração que deram para o registro da
História da nossa Grande Unidade e da sua participação militar na
formação e no desenvolvimento das comunidades da Região dos Sete
Povos das Missões.
Com a publicação deste livro, o
Comando da 1ª Brigada de Cavalaria Mecanizada está convencido de que
se oferece à comunidade e, em especial à missioneira, uma
contribuição valiosa ao esforço de reconstituição da memória
militar.Graças aos esforços dos que trabalharam na elaboração desta
obra, fica preenchida uma lacuna há muito sentida e reclamada por
todos que, por dever de ofício, ano a ano, buscam conhecer as
origens e a história da 1ª Bda C Mec. Ao Cel Cláudio Moreira Bento,
nosso instrutor de História Militar na AMAN em 1978 e à equipe
dirigida por este consagrado historiador militar, que tornaram
realidade um sonho de quantos tiveram a honra de integrar as
fileiras desse Grande Comando, os cumprimentos e a eterna gratidão
da 1ª Brigada.
Que os feitos de nossos
antepassados, revividos na leitura desta importante obra histórica
continuem a inspirar e orientar, no presente e no futuro, as ações
dos integrantes da nossa Brigada José Luiz Menna Barreto.
Gen Bda JOSÉ EUSTÁQUIO NOGUEIRA
GUIMARÃES
Comandante da 1a
Brigada de Cavalaria Mecanizada