FORÇAS EM PRESENÇA

  

- Luso-brasileiras - 2.640 homens, assim distribuídos:

FRAÇÃO

EFETIVO

 

FONTE

Terço Francisco Figueroa

300

homens  
Terço Vidal de Negreiros

300

homens  
Terço Diogo Camarão

320

homens

Lopes Santiago

Terço Henrique Dias

330

homens

João Fernandes

Terço Fernandes Vieira

1.350

homens

Vieira. v II, de

2 companhias de cavalaria (Antônio Silva e Manoel Araújo)

40

homens

J.A.G. de Mello

 

- Holandesas - 3.650 homens, organizados em 6 (seis) regimentos (Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro).

 

- Personalidades luso-brasileiras:

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Comandante luso-brasileiro (veterano da 1ª Batalha);

 

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Comandou o ataque principal nessa batalha, levado a efeito através do Boqueirão (veterano da 1ª Batalha);

 

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Comandou o ataque envolvente, levado a efeito sobre o flanco direito do inimigo (veterano da 1ª Batalha);

 

 

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Comandou um ataque secundário e, ao final, juntou seus esforços ao ataque principal;

 

 

Era sobrinho de Dom Antônio Felipe Camarão, Governador e Capitão-Mor dos índios brasileiros e, com a morte por doença do tio, um mês após a 1ª batalha, sucedeu-lhe em suas funções (veterano da 1ª Batalha);

 

Havia chegado à Bahia em 1647, comandando um terço de 500 homens que recrutara por ordem de D. João, com a finalidade de socorrer Pernambuco (era madeirense e o único não veterano nessa batalha);

 

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Atacou com quatro troços a retaguarda do regimento holandês que havia tomado posição no monte onde se situa a Igreja N. S. dos Prazeres.

Este bravo foi o organizador militar da Restauração Pernambucana e por esta razão recebera o título inicial de Sargento-Mor e Governador das Armas.

Era um militar profissional aposentado, quando o foram buscar para organizar, militarmente, a Insurreição Pernambucana.

Ele comandou, na Batalha do Monte das Tabocas, com raro brilho militar, e enquadrados por alguns oficiais veteranos, 900 civis pernambucanos armados com 250 armas de fogo, chuços e paus tostados.

Com esta força improvisada, ele infligiu fragorosa derrota ao Tenente Coronel Hendrick Van Hans, que comandava 1.200 homens bem armados.

No combate da Casa Forte, coube a Antônio Dias Cardoso comandar a vanguarda, dispor as tropas e executar o ataque inicial que pôs em cerco os holandeses e culminou com o aprisionamento do Tenente Coronel Hendrick Van Hans, então, comandante-em-chefe dos holandeses no atual Nordeste.

Em termos militares modernos, Antônio Dias Cardoso atuou como um elemento de forças especiais, mandado pelo Governador Geral Teles, da Bahia, com finalidade de levantar o povo em armas e prepará-lo e conduzi-lo militarmente, o que fez com raro brilho.

Em Restauradores de Pernambuco, o emérito historiador José Antônio Gonsalves de Mello, fornece valiosos subsídios históricos, que fazem justiça histórica a Dias Cardoso, como o tático, o estrategista, enfim a espada e o arquiteto militar da Insurreição, além de outras qualidades.

Por motivos diplomáticos, não lhe foi reconhecida e premiada de direito sua decisiva participação na Restauração Pernambucana, pois era enviado pelo Governador Geral Teles para levantar em armas os pernambucanos, e o reconhecimento de sua atuação implicaria no reconhecimento de violação da trégua concertada entre Portugal e Holanda (1640-1650).

Mas, decorridos três séculos da expulsão dos holandeses, é justo que este bravo ocupe, de direito, um lugar de destaque na História do Brasil — como o "arquiteto militar da Insurreição Pernambucana" e, talvez mesmo o de "fundador do espírito do Exército Brasileiro, por sua ação no Monte das Tabocas (era veterano na 1ª batalha).

 

 

- Personalidades holandesas:

regimento;

 

Observações:

-alguns relatórios sobre a 1ª batalha deram por mortos os coronéis Van Elst e Hauthyn que aqui aparecem, bem como o Ten Cel Claes;

-o comandante-em-chefe dos holandeses era o Tenente General Sigismundo Von Schkoppe, que, ferido na primeira batalha, seria dispensado desta expedição;

-participaram desta expedição 250 marinheiros ao comando do vice-almirante Mathhifs Gillissen, secundado pelo Capitão de Marinha Cornelis Toelast, encarregados da impedimenta e do manejo de 5 peças leves de artilharia, estas, tomadas durante o combate por Fernandes Vieira (João Fernandes Vieira. vol II, de J. A. G. de Mello).

 

 

Comentário

 

A composição étnica dos luso-brasileiros pode ser caracterizada pela descrição de Van Goch.

"Compõem-se de brasileiros, tapuias, negros, mulatos, mamelucos, gente toda do Brasil, e também de portugueses e italianos, possuem muita analogia com os naturais do país no tocante à sua constituição, de maneira que atravessam e cruzam matas e brejos, sobem os morros numerosos aqui, e descem tudo isto com rapidez e agilidade verdadeiramente notáveis."

Esta é a raça e a gente que teve consciência de seu valor no Monte das Tabocas e afirmou-se e glorificou-se em Guararapes.

Esta mesma raça, que constitui a maior "Democracia Étnica do Mundo", herdou a sadia, humana e sobretudo tolerante convivência social do português, povo que sempre enxerga nos semelhantes, não o preto, o amarelo, o mulato, o caboclo ou o curiboca, mas sim e, fundamentalmente, o ser humano.

Por isso penso: está fadada a um grande papel nos destinos da humanidade.

 

 

ANÁLISE DAS FORÇAS BELIGERANTES

Comentário

As informações a seguir, complementam a análise das forças feita na 1ª batalha.

- Luso-brasileiras

a) Armamento

O armamento básico continua a ser a espada, em cujo manejo eram inexcedíveis.

Nesta batalha não fizeram uso de artilharia por não ser necessário na ocasião. Os oficiais usavam espada e um pequeno escudo.

Os escudos, ao que parece, possuíam uma carranca (Ver sobre capa de João Fernandes Vieira, de J. A. G. de Mello).

Utilizaram-se bastante de mosquetes que, segundo os holandeses, possuíam maior alcance que os seus, conforme conclui-se de relatório de Van Goch.

Nesta batalha, usaram duas companhias de cavalaria, que desempenharam importante papel como reserva móvel; inclusive, tirando de sérios apuros o Terço de Diogo Camarão. O efetivo total da cavalaria era de 40 homens.

Grande parte dos pretos e índios era armada com chuços (varas tendo na extremidade um aguilhão de ferro), bordões e paus tostados (paus tostados no fogo para eliminar a casca, e afilados numa das extreminades).

Utilizaram, também, muito armamento capturado dos holandeses na 1ª batalha e armamento mais moderno vindo da Bahia com Figueiroa.

 

b) Instrução

O grau de instrução tinha melhorado bastante desde a 1ª batalha.

 

c) Táticas

Tinham desenvolvido, em alto grau, o combate tipo emboscada, quando tiravam judicioso partido do terreno que conheciam muito bem, do corpo à espada e da surpresa.

O relatório de Van Goch diz bem da tática luso-brasileira na 2ª batalha.

"As tropas do inimigo, saindo dos matos, dos pântanos e dos outros lugares, tinham a vantagem da posição, atacavam sem ordem e em completa dispersão, e aplicavam-se a romper os diversos quadrados.

"As tropas do inimigo são ligeiras e ágeis de natureza, para correrem para diante e para trás, ou para se afastarem, e por causa de sua crueldade inata são também temíveis. Disto resulta que eles, rompendo nossos batalhões e pondo-nos em fuga, matam-nos um maior número de soldados na perseguição, do que teriam feito no próprio combate."

Os patriotas luso-brasileiros procuravam combater em frentes estreitas, para anular, pela diminuição da frente de combate adversária, o poder desta, baseada no fogo. Nesta situação, os patriotas emassavam-se e rompiam o dispositivo do inimigo à espada em diversos locais.

Quando obrigados a atacar em frentes largas, o faziam na maior dispersão possível, e em todas as direções, para evitarem tornar-se alvos da artilharia holandesa.

Nessa situação, tinham toda a liberdade de manobra e portavam-se com bravura, astúcia e inteligência e quando utilizavam armas de fogo, o faziam dentro do alcance útil.

O moral dos luso-brasileiros neste combate esteve melhor do que na primeira batalha, que consolidou o sentimento de nacionalidade brasileira.

Além de receberem reforços da Bahia, sabiam das dificuldades por que passavam os holandeses confinados no Recife, abandonados à própria sorte, após a 1ª batalha, e sem recompletamentos de monta.

 

d) Logística

(1) Alimentação

Era obtida de recursos locais da imensa área que dominavam, e na forma de gado, milho, mandioca e outros artigos.

Com freqüência, organizavam expedições logísticas à Bahia, Paraíba e até o Rio Grande do Norte.

O apoio de Portugal era difícil, porquanto os holandeses dominavam o mar litorâneo.

(2) Armamento e munição

Para esta batalha, receberam reforços da Bahia.

No entanto, a maior fonte de armamentos para esta batalha foram os próprios holandeses, nas diversas emboscadas, combates do Monte das Tabocas, Casa Forte, 1ª Batalha dos Guararapes, retomada de Olinda, etc.

Dos holandeses, obtiveram como presas de guerra várias peças de artilharia, nos ataques vitoriosos a seus fortes.

 

 

- Holandesas

a) Organização

Nessa batalha, eles procuravam uma maior dispersão, formando núcleos de regimento.

Derrotados durante a troca de mortos, travou-se um diálogo a que já nos referimos antes entre um capitão e o bravo Sargento-Mor Dias Cardoso.

Dias Cardoso, ao fazer uma observação sobre a maneira errada de combater dos holandeses, recebeu a raivosa e chorosa resposta: "Doravante iremos lutar dispersos como vós.", ao que Dias Cardoso respondeu: "Melhor para nós, pois para os holandeses lutarem dispersos com eficiência, será necessário que para cada soldado exista um capitão, enquanto para nós isto é fácil, porquanto cada soldado patriota é um capitão".

 

b) Armamento

Continuou o mesmo da 1ª batalha, com a seguinte inovação: parcelas das tropas holandesas são armadas com chuços e lanças, com vistas a atenuar, no corpo a corpo, a ação mortal das espadas luso-brasileiras manejadas com invulgar maestria.

Levaram artilharia para esta batalha, a qual foi utilizada pelo Vice-Almirante Gielissen, que conseguiu colocá-la em posição no Boqueirão.

Durante a batalha, segundo expressão de Van Goch, as peças de artilharia tornaram-se verdadeiras charruas.

 

c) Estratégia

Nessa batalha, tentaram copiar a estratégia luso-brasileira, por procurarem uma batalha decisiva nos Montes Guararapes, tirando partido do terreno.

Isto o leitor interessado será levado a concluir da descrição da batalha.

 

e) Tática

Obedecia aos padrões europeus e baseava-se precipuamente no poder de fogo.

Atacavam e defendiam em larga frente, emassados, procurando tirar o máximo proveito desta característica.

Nesta batalha buscaram adaptar suas táticas de combate às dos luso-brasileiros, procurando maior dispersão entre os regimentos.

Confinados no Recife, não possuíam terreno próprio para instruir-se adequada e realisticamente neste tipo de combate.

A vida sedentária, dentro dos limites de fortalezas, tirava a resistência dos holandeses, razão por que muitos foram alcançados em fuga, pelos luso-brasileiros, em completa exaustão física e moral.

 

f) Moral

O moral dos holandeses nesta batalha foi baixo, isto em decorrência dos seguintes fatos:

- condição de mercenários da soldadesca;

- distância da pátria;

- situação de cerco prolongado no Recife;

- derrota fragorosa sofrida na 1ª Batalha;

- abandono por parte da Companhia das Índias Ocidentais, sofrendo o Recife crise de alimentos;

- falta de liderança, pois grande número de seus oficiais foi morto na 1ª Batalha;

- dificuldades decorrentes da tropicalidade do clima (verão);

- espera de um dia em posição nos Montes Guararapes, expostos ao sol causticante de fevereiro e com dificuldade de água, além de serem inquietados à noite por incursões dos luso-brasileiros.

A prova do baixo moral foram a desordem, a confusão e a deserção, que tiveram lugar quando do ataque de surpresa dos patriotas.

 

j) Adaptabilidade

Os holandeses não se adaptaram ao terreno, que pouco conheciam e do qual não sabiam tirar partido, bem como às condições climáticas de um Brasil tropical, ao contrário dos portugueses, provenientes de um clima que se aproxima ao do Brasil.

 

 

TERRENO

 É o mesmo da 1ª Batalha

- Conhecimento anterior

Os patriotas o conheciam bem desde a primeira batalha, incluindo-se os pântanos, matas adjacentes e desfiladeiros.

Os holandeses tiveram, antes desta batalha, a oportunidade de reconhecimento durante meio dia, da área dos Montes Guararapes, menos as matas e pântanos das imediações, onde se camuflam os patriotas.