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OS PATRONOS NAS FORÇAS ARMADAS DO BRASIL (EXÉRCITO, MARINHA E AERONÁUTICA) Pesquisa ,texto e interpretação : Cel CLÁUDIO MOREIRA
BENTO Patrocínio
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norberto@centroin.com.br
ÍNDICE
APRESENTAÇÃO
Com o objetivo de divulgar de modo integrado, expressivo e condigno, aspectos basilares da História e Tradições das Forças Armadas do Brasil e, assim, contribuir para o desenvolvimento e divulgação da Cultura Militar Brasileira, oferecemos mais este trabalho Os patronos nas Forças Armadas do Brasil, de autoria do Coronel Cláudio Moreira Bento, atual presidente da AHIMTB ,também autor dos trabalhos anteriores já divulgados pela FHE -POUPEX : Escolas de Formação de Oficiais das Forças Armadas (1987); Quartéis generais das Forças Armadas (1988) e A Guarnição do Rio de Janeiro na Proclamação da República (1989). O trabalho focaliza vinte e seis personalidades das quais 24 ilustres soldados e 2 destacados civis que foram consagrados como patronos, dos quais 15 no Exército, 5 na Marinha e 6 na Aeronáutica. O autor procura focalizar cada patrono de forma sintética, enfatizando a obra respectiva, responsável por sua elevação a patrono, ou a padrão ou símbolo, ao lado de aspectos básicos de suas vidas e obras, bem como as Virtudes Militares que sublimaram ou em cuja prática se destacaram. Convencidos de estarmos preenchendo uma grande lacuna na Cultura Militar Brasileira, é com grande prazer cívico e com a sensação de estarmos cumprindo um sagrado dever cívico - cultural que patrocinamos e apresentamos o presente trabalho, com caráter original. Esperamos ele sirva de forte emulação e preciosa lição profissional a todos os níveis hierárquicos, além de valioso meio auxiliar de instrução em nossas Forças Armadas, as quais, através dos 26 patronos aqui evocados, se integrarão e se unirão, ainda mais, no relevante objetivo comum previsto em suas destinações constitucionais A Segurança do Brasil sob a égide do novel Ministério da Defesa . O trabalho é complementado ao final por uma relação de fontes consultadas. Uma de ordem geral e outra particular versando sobre trabalhos já publicados pelo autor sobre o assunto. Ambas permitirão ao leitor e pesquisador interessados os aprofundamentos que desejarem. Finalizando, nossos sinceros agradecimentos a colaboração prestada, para tornar realidade presente trabalho, as seguintes instituições culturais de nossas Forças Armadas: Serviço de Documentação Geral da Marinha, Arquivo Histórico do Exército e Instituto Histórico Cultural da Aeronáutica (INCAER).E sem esquecer mais esta contribuição do Grande Colaborador da AHIMTB Capitão de Corveta Carlos Norberto Stumpf Bento em adaptar e implantar mais este trabalho da AHIMTB na INTERNET Rio de Janeiro ,6 de Junho de 2.000.
Cel ARIVALDO SILVEIRA FONTES Vice Presidente da AHIMTB
INTRODUÇÃO
De longa data as Forças Armadas do Brasil vêm tributando homenagens especiais a integrantes seus que se destacaram, sobremodo, na profissão das armas e, por isso, têm sido tomados como exemplos, símbolos, padrões. Assim, o Imperial Colégio Militar, antes de completar um ano, estabeleceu, por Dec. 10.202, de 5 mar 1855, medalhas prêmio com os nomes dos Duque de Caxias, Almirante Barroso, Marques de Herval, Visconde de Inhaúma e Conde Porto Alegre, heróis assinalados de nosso Exército e Marinha, na guerra do Paraguai. Decretos posteriores, na República, acrescentaram medalhas prêmio aos Almirante Tamandaré, Marechal Floriano, Marechal Carlos Bittencourt, General Polidoro, Benjamim Constant, Barão do Rio Branco e Santos - Dumont. Medalhas prêmio que ficaram reduzidas, por Portaria 2150, de 14 nov 1963, as denominações de Almirante Tamandaré, Duque de Caxias, Santos Dumont e Barão de Rio Branco. A oficialização generalizada dos patronos nas Forças Armadas do Brasil data do início dos anos 60. É uma tradição trazida da França nos anos 20, como se verá. É de Pedro Calmon esta definição de patrono que se aplica no Brasil a cada força armada e a seus segmentos mais expressivos: "Patrono é o chefe integral de uma instituição o seu modelo, a sua alma, a imagem maravilhosa do espírito que nela vibra, a síntese mágica de suas virtudes e de seus brios." E acrescentaria é o seu oráculo e padrão em momentos difíceis, para autocríticas e correção de caminhos, ou na busca da solução mais adequada em determinada conjuntura. É, além, na maioria das vezes, um soldado ou patriota destacado que sublimou ou praticou em alto grau as Virtudes Militares de Bravura, Coragem, Abnegação, Devotamento, Honra Militar, Solidariedade e Camaradagem, entre outras. Segundo o general e acadêmico Aurélio de Lyra Tavares, em depoimento à Revista do Clube Militar, nº 277, a instituição patrono foi trazida da França para o Brasil pela Missão Militar Francesa em nosso Exército (1920-39), através do Coronel francês Pierre Béziers la Fosse. Referido militar explicou aos cadetes do Realengo que na França as turmas egressas de suas escolas militares eram identificadas por nomes de patronos, em geral nomes de grandes chefes militares franceses ou de batalhas famosas. Em conseqüência, a turma que ingressou na Escola de Realengo, em 1923, escolheu como seu patrono o Duque de Caxias, sendo a primeira a fazê - lo. Esta prática desde então vem se consolidando como tradição nas escolas de nossas Forças Armadas. Neste mesmo ano o Ministro da Guerra, Geral Setembrino de Carvalho, estabeleceu o Dia do Soldado, por Aviso nº 443 de 25 ago 1923 e do seguinte teor: "Convindo para servir ao culto das nossas tradições que, a exemplo do que se pratica com Osório e Barroso, se renda a cada ano ao Duque de Caxias, a homenagem da nossa veneração, resolvi que se realize hoje, data natalícia desse grande general, uma formatura de tropas do Exército, às quais se hão de reunir destacamentos de Marinha e da Brigada Policial, no terreno adjacente a sua estátua (então no Largo do Machado). E, nenhuma ocasião é mais propícia do que esta, para instituir como o faço e com caráter permanente, a festa de Caxias, que se efetuará no dia 25 de agosto." Dois anos após, por Aviso nº 3322 de 4 set 1925, do Ministro da Marinha, foi estabelecida a Festa de Tamandaré, em 13 dez, data de seu aniversário e também o Dia do Marinheiro. De 1923 a 1962, por quase 40 anos, promoveram-se discussões e consagram-se alguns nomes como patronos do Exército e de suas armas e serviços. Assim, em 13 mar 1962, o antigo aluno em 1923-25 do Realengo, Aurélio de Lyra Tavares e também Presidente da Sociedade Acadêmica e editor da Revista da Escola Militar e agora no Gabinete do Ministro, redigiu o Dec. nº 51.425 que assinado pelos Presidentes João Goulart e 1º Ministro Tancredo Neves, homologou os nomes dos seguintes patronos no Exército: Exército Duque de Caxias; Cavalaria General Osório; Infantaria Brigadeiro Sampaio; Artilharia Mar Emílio Luiz Mallet; Engenharia Ten Cel Vilagran Cabrita; Saúde General Severiano da Fonseca; Veterinária Ten Cel Muniz de Aragão; Intendência Mar Machado Bittencourt; Assistência Religiosa Frei Orlando e Magistério Mar Trompowski. Posteriormente apareceriam os Ten Gen Napion Material Bélico; Ten Antônio João Oficiais QAO; Cel Ricardo Franco de Alemida Serra Engenheiros Militares , Maria Quitéria de Jesus -Quadro Complementar do Exército e Maj Correia Lima considerado por tradição patrono dos CPOR e NPOR. Na Marinha surgiram os C Alte Soares Meirelles, patrono do Serviço de Saúde; o Vice Alte João do Prado Maia, patrono dos Quadros Auxiliares de Oficiais; Francisco Braga, patrono das bandas de música e marcial da Marinha e, Comandante Henrique Antônio Batista, considerado, por tradição, patrono da Artilharia Naval. Na Aeronáutica, força criada em 1941, foram consagrados patronos: Santos Dumont, da Aeronáutica; Mar do Ar Eduardo Gomes, da Força Aérea Brasileira; Ten Brig do Ar Lavenére-Wanderley, do Correio Aéreo Nacional, Maj Brig Int Granja, da Intendência; Maj Brig Med Godinho dos Santos, da Saúde e Assis Chateaubriand da Aviação Aerodesportiva. Lista que aumentou com a consagração do Mar-do-Ar Casemiro Montenegro Filho como patrono da Engenharia da Aeronáutica e do Brigadeiro Nero Moura, como patrono da Aviação de Caça. Esta lista por certo se ampliará no Exército e Aeronáutica e mais ainda na Marinha, onde a tradição de patronos é mais restrita e o costume é homenagear seus grandes vultos em nomes de navios e instalações em terra e como nomes de turmas de escolas. Hoje o Dicionário Aurélio já traz como definição de patrono que não existia no Brasil em 1923: "Chefe militar ou personalidade civil escolhida como figura tutelar de uma Força Armada, de uma Arma, de uma Unidade etc." No presente estudo todos os patronos serão evocados mais por suas obras e respectivas repercussões históricas responsáveis por suas elevações à condição de patronos e figuras tutelares, bem como pelas Virtudes Militares que sublimaram ou praticaram alto grau do que por suas vidas, tudo em razão da natureza sintética e objetivos culturais do presente trabalho.
CLAUDIO MOREIRA BENTO Acadêmico presidente da AHIMTB |
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PRINCIPAIS FONTES CONSULTADAS
B. Trabalhos do autor sobre patronos
Sobre o Duque de Caxias
Sobre o Brigadeiro Sampaio
Sobre o Marechal Mallet
Sobre Villagran Cabrita
Sobre Antônio João
Sobre o Tenente General Napion
RIHGB Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. LM Letras em Marcha. |